Cremação no Manikarnika Ghat (imagem 2.bp.blogspot.com) |
Moacir Pimentel
No dia seguinte fui levado pelo meu professor para o inevitável: as cremações. Para Raviji eu fui sincero. Disse-lhe que aquela complexa teosofia me escapava e que em Varanasi estava faltando um bocado de civismo e higiene ambiental, enquanto ele me fazia assistir às cremações de cima de um telhado e, com calma, cuidadosamente, ia explicando-me os ritos especiais conhecidos como “Antyeshi Sanskara”, enquanto os mesmos eram executados.
E finalmente lá estava eu no Manikatnika Ghat, ao lado do meu novo velho amigo, de pé no telhado sujo e rachado de um asilo de velhos caindo aos pedaços, com vistas para o sagrado Ganges, enfeitiçado pela atmosfera e oprimido por meus sentidos. A fumaça espessa, pungente, fazia meus olhos lacrimejarem fortemente, enquanto o cheiro nauseante de carne e cabelos humanos queimados afundava profundamente até o meu estômago. Eu podia ver o reflexo do fogo nos óculos escuros de Raviji. Pude ver as pilhas de madeira por todos os cantos. As toras esperando humildemente o seu último destino: ser empilhadas em uma pira funerária para os últimos ritos de um devoto hindu. Em uma pequena cobertura, um sacerdote guardava a chama que tinha acendido piras funerárias por quase um milênio e, de repente, o fogo eterno me pareceu muito pequeno. Um corpo recém-falecido, finamente enrolado da cabeça aos pés, em um pano de ouro e adornado com pérolas e flores estava sendo transportado em uma armação de bambu até as margens do rio, para ser lavado uma última vez, com o objetivo de dissolver qualquer carma mais persistente.
Raviji ia me dizendo como era preciso honrar os deuses vestindo os corpos com roupas novas, cobrindo-os com pétalas e rodeando-os com grinaldas de flores, mergulhando-os na água e deixando-os a secar sob o sol. Explicou-me que os homens, todos vestidos de branco, que lá embaixo carregavam as macas de bambu com os corpos, eram todos eles parentes próximos do falecido, orgulhosos de estar cumprindo o derradeiro dever de um descendente hindu: levar o baba até o Ganges. Falou-me que as toras de madeira pesadas dispostas em cima dos corpos, tinham uma razão de ser: com o calor do fogo os músculos poderiam relaxar ao perder a rigidez cadavérica e isto faria com que o corpo se movesse em meio às chamas podendo, inclusive, sentar-se. De repente, eu não tinha mais objeções a fazer aos grossos troncos.
Nós assistimos em silêncio enquanto um corpo era envolto por um lençol branco sobre a pira retangular. Ghee fresco, ou manteiga, foi passada então pelo corpo, juntamente com uma farinha branca e fardos de palha. A pira foi acesa pelo filho mais velho, que tivera a cabeça raspada e estava vestindo uma túnica branca. Em uma pira adjacente, um velho removia os restos de um outro corpo consumido pela metade pelo fogo. De uma terceira fogueira, do nada, dois membros carbonizados pularam para o chão. Acho que a visão daquelas formas negras, entre os cães, as cabras e as vacas que mastigavam os restos mortais das murchas flores de calêndula foi uma das coisas mais morbidamente fascinantes e humilhantes que já vi. Foi preciso respirar fundo e pensar sobre a natureza fugaz das coisas do mundo. Tudo passa.
Meu amigo indiano mostrou-me como o novo patriarca enlutado caminhava cinco vezes ao redor do corpo para representar os cinco elementos - fogo, terra, água, ar e éter. E contou-me, orgulhosíssimo, que já fizera o mesmo para muitos dos seus queridos, que já lançara muitas cinzas naquele rio, e se considerava muito honrado de ter tido tal privilégio. Disse-me ele que havia um período de luto, que durava vários dias, falou-me do jejum que as famílias obedeciam até que, finalmente, no décimo segundo dia o Antyeshti Sanskara, chegava ao fim e a divisão da essência espiritual do corpo físico era cumprida.
Questionado porque não havia mulheres junto às fogueiras ele respondeu que as mulheres se emocionam facilmente e que, junto às piras, as lágrimas são proibidas, é claro, já que todos os fluídos corporais são impuros. E antecipadamente, acabou com qualquer futura argumentação sobre os gêneros, ao me informar que muitas viúvas, antigamente, quando a presença feminina nos ghats ainda era permitida, se atiravam às chamas em cima dos corpos ardentes dos maridos.
Este ato arcaico de devoção, disse-me Raviji, tinha até nome: sati. E embora fosse proibido pelas leis da "moderna" Índia, ainda era praticado pelos hindus mais fervorosos, principalmente em áreas rurais. Um frio desceu-me espinha abaixo ao pensamento de uma viúva sendo queimada viva. Mas ao lado das piras funerárias, os homens conversavam entre si, faziam brincadeiras, por vezes riam, enquanto outros permaneciam em silêncio diante dos corpos incinerados. Raviji então me falou de como havia pouco luto em um funeral hindu, de como neles as pessoas expressam respeito, mas não tristeza. Pois os hindus acreditam que o corpo é algo descartável. E é aí que estava a questão: se o portão de saída definitivo é o fogo à beira do Ganges, eles sabem que estão indo para um lugar melhor, então não há nenhuma razão para dor. De repente, um estalo alto nas proximidades me assustou. Raviji me disse, com um meio sorriso, para não me preocupar, pois tinha sido apenas um crânio explodindo com o calor. Uma coisa boa, segundo ele, já que significava que outra alma já fora lançada para o céu do Senhor Shiva. E o meu estômago continuava emitindo sinais de perigo.
Naquela noite conversamos muito sobre a trindade hindu: Brahma o criador, Vishnu o mantenedor, Shiva o destruidor e o transformador. Raviji me soletrou que Varanasi era um reduto da seita de Shiva, onde a sua presença era imensa, na sacralidade da destruição e na onipresente renovação. Eu olhava em volta de mim e não via vida nenhuma acontecendo ao redor das fogueiras ardentes. Só enxergava a morte, sabedor que era que cerca de trezentos corpos eram ali queimados todos os dias, uns cem mil por ano. Não conseguia ver os nascimentos.
A plataforma mais alta era para a casta superior, disse-me Raviji, a dele, a dos brâmanes. Se podiam pagar, as pessoas eram queimadas em fogueiras de sândalo. Raviji chamou a minha atenção para a plataforma inferior, perto do rio, para as piras destinadas às pessoas das castas mais baixas que, como não podiam pagar por madeira suficiente, eram queimadas pela metade e, em seguida, eram postas para flutuar no santo Ganges, a decompor-se. Muito perto do rio, uma pira que tinha sido acesa há já algum tempo estava quase extinta. Um garoto com duas longas varas remexia entre as brasas e as cinzas, retirando delas com um grande osso, enegrecido. Raviji, de pronto,esclareceu -me que tratava-se do esterno que, assim como os ossos do quadril, muitas vezes, permanecia intacto. Eu vi quando o adolescente entregou ao filho mais velho do falecido o osso do pai para ser oferecido ao rio.
Depois que a família partiu, eu vi um pequeno grupo de crianças brincando e saltitando dentro rio, bem no lugar onde as cinzas haviam sido dispersas. Senti uma ligeira sensação de repugnância, como se eu tivesse assistindo as crianças mergulhando entre partes de corpos em decomposição em águas pútridas. Mas Raviji explicou-me que, em vez, eles estavam à procura de dentes de ouro e outras joias no leito do rio, pois pertenciam a uma sub-casta especial de pessoas - os “doms” - os intocáveis que cuidam dos locais de cremação e da manipulação dos restos mortais.
Perguntei-lhe como podiam seres humanos considerar seus semelhantes “intocáveis. Ele foi evasivo na resposta mas não perdeu a pose nem o humor ao garantir-me que, não era tão ruim assim para os tais “dalits” pois, além do “trabalho” dos mortos ser sagrado, como ninguém mais podia realizá-lo, os excluídos tinham um monopólio sobre os locais de cremação e, sendo assim, apesar de serem intocáveis, estavam entre as pessoas mais ricas de Varanasi. O fato é que as imensas perspectivas sobre este sistema arcaico de estratificação social que Raviji me oferecia, só confirmavam as razões para a fé geral na transmigração das almas: não havia outra maneira de mobilidade social.
Naquele momento, no entanto, o meu olhar ainda estava fixo nas crianças que vasculhavam o lixo humano nas águas sépticas. Raviji percebeu e tentou explicar que Mama Ganga purificava tudo e que, já que milhões de criaturas oravam e faziam sacrifícios e oferendas no rio, a água permanecia limpa e boa. Tomar banho em Varanasi é muito auspicioso, repetia ele, um monte de carma é queimado. Nope, not I, obrigado.
Após as cremações e sentados em uma mesa em um chai-shop, eu e Raviji continuamos conversando. Ele contou-me que pessoas muito idosas e muito doentes, de toda a Índia e além, vinham para Varanasi para morrer, para libertar a alma do ciclo de morte e renascimento, chamado samsara, alcançando assim moksha, ou nirvana. Lembro que Raviji apontou-me o prédio em cujo telhado estivéramos minutos antes, enquanto me dizia que antigamente, eram três os asilos para os moribundos no ghat, para onde os hindus eram trazidos pelas famílias para esperar a morte. Disse-me ele que muitos economizavam a vida toda para a última jornada, que viajavam de trem atravessando a Índia e que, quando chegam a Varanasi, lhes eram dadas apenas duas semanas para morrer. Se não morriam naqueles quinze dias, eram enviados de volta à casa
Eu devo ter olhado para Raviji de boca aberta de descrença. Prontamente ele me forneceu para tal absurdo uma explicação, qual seja a de que os antigos prédios usados como asilos, tinham sido transformados em hospedarias para atender os turistas, segundo ele, um "negócio" muito mais lucrativo. Lembro de ter olhado para o prédio, mais abaixo na rua, para descobrir um rosto magro nos observando de uma das janelas e o meu coração ficou apertado. Achei o rosto daquele homem velho, que vivia esperando a morte, muito mais perturbador do que os restos mortais carbonizados.
Meio hipnotizado pelo ritual das chamas, eu me senti tão egoísta, tão culpado por sair de casa, deixando a minha família e a minha noiva, sobrecarregando-os com saudade e preocupação. Era egoísta da minha parte sair viajando de novo e de novo enquanto os meus, muito longe, esperavam que eu, finalmente, cansasse de viajar e me estabelecesse. Eu pensei sobre a natureza do tempo, sobre o nascimento, o crescimento, a homeostase, a deterioração orgânica, e refletindo sobre tudo isso, sobre as palavras de Raviji, talvez eu tenha tido um insight sobre os aspectos culturais da morte, porque, de repente, eu senti muita...FOME! Não sei como, mas estava curado da minha tanatofobia, da minha doutrinação cultural e daquele persistente nojinho de tudo. Jamais imaginei que tais imagens, sons e cheiros evocariam como resposta a fome, mas o fato era que eu estava faminto.
Pensei que morte era definitivamente um tabu no ocidente, que nós a consideramos como uma patologia, algo pouco natural que não deve ser discutido, como tragédias. Mas isso era um absurdo. Parecia até que, embora as pessoas fossem vagamente conscientes de sua própria mortalidade, ninguém estava realmente esperando a morte vir bater à sua porta.
Enquanto duas mulheres amassavam a massa para fazer os meus chapatis, cheguei à conclusão de que ter visto, ouvido, sentido o cheiro da morte, nas ruas, nas piras, nos rostos das pessoas não tinha sido tão esmagador como eu pensara que seria. De um jeito estranho pensei que a maneira oriental de lidar com a morte, talvez fosse mais saudável do que a nossa negação completa, tirando a morte das conversas, por exemplo, na frente das crianças, fazendo com que não aprendessem a lidar com a finitude. Ponderei que ao evitar, ao máximo, a ansiedade existencial oriunda da consciência de que somos seres mortais em corpos finitos, talvez estivéssemos prejudicando o nosso desenvolvimento psicológico e espiritual. Eu sentado ali, bebericando chai, aos vinte e cinco anos, ainda não recebera nenhuma educação, nenhuma ferramenta que fosse para enfrentar a morte, para enfrentar o processo de morrer.
Pensei que essa postura talvez tivesse muito a ver com o paradigma metafísico subjacente da filosofia ocidental, com o modelo científico hiper materialista que não permite que qualquer tipo de "alma" exista. A "alma" não pode ser observada e medida, não pode ser descrita em termos físicos. O corpo físico terminou sendo tudo o que há e, assim, a sua destruição passara a significar o fim de tudo. Nada poderia sobreviver à morte biológica. E concluí que algo tão primário como a consciência, a própria essência da experiência humana, era considerada um epifenômeno: um subproduto desnecessário de uma interação neuronal eletroquímica puramente mecanicista. Como se o nosso estar ciente e consciente fosse um elemento contingente do universo: apenas uma coincidência desnecessária, uma mera curiosidade. Era ridículo...
Eu deixei as sensações dos meus arredores transbordarem, todas as percepções dos meus sentidos envolvidos: os maravilhosos cheiros e sabores picantes do talhi, o colorido dos saris passantes, o irritante, insuportável barulho das ruas, o calor escaldante do chai e daquela última noite em Varanasi. Comendo arroz com dahl eu tentei explicar tudo isso a Raviji: que os nossos místicos ocidentais, sempre consideraram a consciência como primária. E que era essa crença em um componente primário de existência imaterial, o que permitia, ao meu ver, as doutrinas hindus de reencarnação, transmigração das almas e assim por diante. Ou seja, sob este paradigma metafísico, tanto para ocidentais quanto para orientais, a morte não é tão absoluta, não é definitiva, nem trágica. Apesar dos cenários diversos nas variadas latitudes, tinha razão o Raviji, morrer é como trocar de roupa após uma longa viagem.
Eu agradeci ao hospitaleiro professor pela oportunidade que me dera de contemplar e de meditar sobre a morte. Pela chance de enfrentar a minha própria mortalidade, a natureza frágil, transitória e fugaz da vida humana. Devo dizer que a experiência foi edificante: para sentir o arrepio dos mais maravilhosos mistérios da vida pulsando em minhas veias, para adivinhar que a vida é para ser vivida integralmente e amada sem medo nem ansiedade quanto ao seu fim. Para intuir que quando a morte chegar afinal, melhor aceitá-la com o coração aberto, satisfeito e pronto para avançar além da última fronteira, com um mínimo de arrependimentos, sabendo que vivemos a vida o melhor possível, no limite de nossas capacidade e sabedoria, que aprendemos tanto quanto podíamos neste parque cósmico, que amamos tanto quanto é humanamente possível, que lutamos os bons combates e que perseguimos a nossa consciência.
Finalmente compreendi que uma pessoa morrer desse modo é honroso, está abrindo espaço para outros. Por que mais temos filhos? Porque as crianças providenciam a nossa sobrevivência, de outra forma, por assim dizer, se transformando em nossos navios para uma nova vida como se para as novas gerações passássemos uma tocha. Não temos que carregá-la o tempo todo. É muito mais divertido esse jeito que a natureza tem de continuar o processo de vida através de diferentes indivíduos, porque à medida que cada novo indivíduo aborda a vida, a vida se renova e se lembra de quão fascinante é o quotidiano das coisas mais comuns.
Naqueles nossos seis dias de convivência, o Raviji foi incansável na tentativa de me fazer ver a sua luz, através das suas dicas tão labirínticas para mim quanto as estreitas passagens da velha cidade, por onde se movia o teatro incessante da vida e da morte. Terminamos concordando que, assim como o Ganges avançava em seus fluxos para o mar, a visão duradoura dos enigmas da Índia incompreensível e desconcertante, o contato com uma civilização no seu estado mais antigo ainda em movimento e o charme místico da ribeirinha santa de Varanasi me serviriam como um grande proscênio, uma boca de cena, o primeiro parágrafo da minha busca espiritual. Concordamos ambos que eu ainda estava muuuuuuuuito longe de chegar...LÁ.
Na despedida, aquele senhor que me tratara, sem perceber, como um pai, deu-me o mais formal dos apertos de mãos e um conselho oriental e proverbial:
"Para atrair a boa sorte, gaste uma nova moeda com um velho amigo, compartilhe um prazer antigo com um novo amigo, e alegre o coração de um verdadeiro amigo, escrevendo o seu nome nas asas de um dragão."
Jamais esqueci Raviji ou os seus conselhos. Mas confesso que só tenho obedecido aos dois primeiros de seus mandamentos. Chegou a hora do terceiro. Estamos quites, Raviji. Acabo de escrever seu nome "nas asas de um dragão".
Alvida!
1)Parabéns Moacir por ter cumprido a terceira tarefa ... escrever no dragão ... muito interessante... dragão internet ...
ResponderExcluir2)A leitura nos mostra uma iniciação nos mistérios da vida e da morte.
3) Muito bom texto.
Moacir,
ResponderExcluirArrasou! Você me contou tantas coisas sobre a Índia, o ambiente e as atitudes do seu povo, a comida, o comportamento cultural, as diferenças na fé e muito, muito mais, que é como se eu tivesse passado por lá. Obrigada por uma viagem incrível nesse texto lindo que vai direto para a minha pasta dos eternos.
Moacir,
ResponderExcluirSe paramos um momento para pensar sobre as coisas que acreditamos, chegamos a conclusão de que nossas crenças foram formadas através do que já ouvimos falar. Não se pode ter certeza se o que se ouve é verdade, nem se manteríamos a mesma opinião se pudéssemos ter experimentado antes de chegar nas opiniões que temos. Penso que suas viagens ajudaram a desvendar grande parte das suas crenças falsas. Viajar, como você fez, sozinho e tão jovem, ajudou você a se conhecer melhor e a pensar por você mesmo. As pessoas vivem presas em rotinas cada vez mais estressantes, sem encontrar tempo para a reflexão, para avaliar uma melhor versão de si mesmas. Por mais estranho que possa parecer, vê mais quem olha de longe e ir longe ajuda a compreender melhor o que está mais perto. O abraço de sempre.
Pimentel,
ResponderExcluirConforme eu dissera anteriormente, essas narrativas estou copiando e arquivando em pastas especiais para encadernar posteriormente.
Reconheço a importância dessas crônicas, suas densidades, informações e experiências adquiridas, que são absolutamente indescritíveis.
Pensa, no entanto, pensa em reunir alguns amigos - eu estaria me escalando sem a tua permissão - e apresentar uma sessão de fotos e relato sobre essas viagens à mística Índia, e nos deixares extasiado pelo que observaste e constataste, diante do confronto automaticamente estabelecido entre povos muito diferentes, nós, os brasileiros, e os indianos e suas crenças milenares.
Um forte abraço.
Saúde e paz.
(Destina um tempo para pensares sobre o que eu te disse:
A reunião de interessados em ouvir e ver as tuas opiniões e fotos, respectivamente, a respeito dessas tuas viagens, que encantam e nos fazem dar asas à imaginação, que seriam trazidas de volta á realidade com os registros que tens que se somariam às tuas narrativas sobre a terra de Gandhi, o Mahatma, a Grande Alma!
Um forte abraço.
Saúde e Paz!
Moacir, escrever é um dom, uma coisa que nasce com a pessoa, como o talento musical. Você pode pegar dois pianos iguais e treinar duas crianças gêmeas com as mesmas lições e cada uma vai terminar tocando de um jeito diferente. Eu acredito que escrever é assim. Duas pessoas podem ter exatamente a mesma formação e uma delas poderá escrever como o Machado de Assis e a outra escrever como eu. Meus sinceros parabéns.
ResponderExcluirAntônio,
ResponderExcluirPara mim ainda valem as palavras do John Donne
"Não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti".
Mônica,
Espero continuar merecendo a sua leitura nos próximos post pois segundo o Pessoa
"Mover-se é viver, dizer-se é sobreviver"
Flávia,
Como diz o Saint-Ex
"L’essentiel est invisible pour les yeux"
Márcio,
Não sei se escrever é um dom ou algo que, como tudo, se aprende fazendo desde os 7 anos. Mas sei que é melhor "morrer da flor na boca do que do espinho na garganta".
Um abraço e muito obrigado a todos pela leitura.
Caro Bendl,
ResponderExcluirQuando eu comecei a viajar pelo vasto mundo , em 1979, tinha uma Minolta, comprada de segunda mão do meu "pai" americano, que ainda está lúcido aos 83 anos e ainda dirige milhares de quilômetros de Kansas City à Flórida , para ver os bisnetos. A Minolta, infelizmente, foi comprada depois pela Sony e hoje eu tenho uma Cyber-Shot. Naquele tempo não digitalizado fotografar era uma atividade cara. Mochileiros não podiam se dar a tais luxos com a frequência que gostariam.Lembro que pensava 10 vezes antes de fotografar qualquer coisa , porque naquele filme só me restavam 4 balas e eu não sabia onde e quando acharia outro para comprar. Naquelas paragens, era a mesma coisa , por exemplo , com os desodorantes , o shampoo ou as pastas de dentes e quem tomava dez vezes por dia o dulcíssimo chai indiano tinha que escovar os dentes ou terminaria na cadeira de um dentista no Himalaia - Cruz Credo! Mais importante que fazer fotos deles era estar nos lugares.Viver aquilo tudo, se comunicar e abstrair. Os registros eu escrevia , quase que diariamente, em cadernos que guardo até hoje e que muito me valem nesses relatos que faço por aqui, que , acredite, têm detalhes que até mesmo os meus familiares mais próximos desconheciam.Tenho algumas dezenas de fotos as quais hoje me parece faltar as cores da Índia ou da Tailândia ou do Nepal ou da Indonésia, que explodem no Google Images. De 2004 para cá tenho brincado de fotografo digital . E, desde então, sim , fiz milhares de fotos. Da última viagem de férias que fizemos ao Velho Mundo no ano passado, por exemplo, fizemos quase 3.000 em 45 dias. Eu e minha mulher nos divertimos viajando nelas quando estamos em Pindorama , deletando as sem foco ou recortando-as e relembrando. Só que hoje costumo clicar o que chamo de "coisas pequenas" , ângulos que não chamam a atenção de mais ninguém: portas e janelas e varandas e escadas e muros e portões e maçanetas e gente pelas ruas e, em vez da fachada da Embaixada do Brasil na Piazza Navona , um passarinho romano pousado na cabeça do Nilo , um daqueles quatro rios da fonte do Bernini. Ou seja, nossas plateias gemem de tédio e dormem , às vezes, no meio da exibição "poética" das nossas viagens.
Mas,sim, um dia vamos transferir o bar virtual para um mais próximo.Mas não para ver fotos. Aposto que terminaremos falando de futebol e discutindo política (rsrs).
Abração