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12/07/2016

Uma amizade budista em Madri

Templo Zu Lai (imagem familiaespirita.no.comunidade.net)

Antonio Rocha    

As duas últimas semanas do mês de julho de 2015 fiquei em Madrid, conhecendo pessoalmente, abraçalmente, a minha neta que nasceu na capital espanhola e estava, na época, com seis meses. Agora, julho de 2016, tem  um ano e meio de  vida.

Perto da casa da minha filha e do meu genro tem um mercadinho cujo dono é um casal de imigrantes taiwaneses.

Logo que cheguei, fui fazer umas comprinhas. O chinês me perguntou há quanto eu estava em Madrid. Expliquei que estava passeando para conhecer a neta. Ele me parabenizou pela netinha.

Perguntei de onde ele era e me disse que era de Taiwan. Respondi que eu conheci uma vez, em Cotia, SP, o monge budista Hsing Yun, de Taiwan, patriarca do Monastério Fo Guang Shan, fundador da BLIA – Buddha´s Light International Association, com representações em várias partes do mundo e, claro, no Brasil.

Ele sorriu identificando que conhecia o Venerável Monge.

Dias depois voltei à lojinha. Quem estava no balcão era a esposa do taiwanês. Ela não fala espanhol direito, se enrolou um pouco. Ele apareceu lá do fundo da loja, me abraçou e falou para a mulher: “É meu amigo !”

Então me lembrei do livro que eu estava lendo, do Mestre Hsing Yun, “O Valor da Verdade”, (editora Escrituras, em co-edição com a BLIA brasileira, 176 páginas).

O volume é uma coletânea de 60 crônicas publicadas originalmente no jornal Merit Times, de Taiwan. O subtítulo do livro é “Entre a Ignorância e a Iluminação”.

Conheci mestre Hsing na inauguração, em 2002, do Templo Zu Lai, em Cotia, SP, um belíssimo local para a prática e aprendizado e Caminho Budista, pode ser visitado também pela web http://www.templozulai.org.br.  Zu Lai é o antigo nome de um Buda que nasceu na China, em priscas eras, bem antes do nepalês Sidarta Gautama, o Buda de nosso tempo, nascido no século VI antes de Cristo.

No momento em que fui cumprimentar o Mestre Hsing, a recomendação era não tocar, reverenciar conforme os orientais fazem. Me entusiasmei na reverência, o Venerável Yun parece ter lido meu pensamento, estendeu a mão e apertei-a brasileiramente e sorridentemente.

Senti algo como um choque... um abençoado choque de Pura Energia Budista, que vem tradicionalmente de milênios... transmitida de professor ao aluno.

Eu e minha irmã, que mora em Brasília, saímos de lá, de Cotia, budificados de boas Bênçãos.

Sidarta Gautama, o Buda, dizia que “Amizade é um ótimo caminho para o Nirvana, excelente companhia rumo ao Paraíso”.


Ele tem razão, mormente com os amigos do Blog do Mano.

2 comentários:

  1. Moacir Pimentel13/07/2016, 07:23

    Para o professor Antônio, um poema e uma questão.Há alguns anos atrás esse poema viralizou na internet como se fosse do Oscar Wilde. Da lavra do irlandês sei que não é, mas também não tenho certeza que seja do Resende. Quem escreveu tais versos? A resposta, no entanto, é bem menos importante do que as pretinhas.
    Abraço
    //
    Amigos Loucos e Sérios
     
    Meus amigos são todos assim: metade loucura, outra metade santidade.
    Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
    Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
    Deles não quero resposta, quero meu avesso.
    Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim.
    Para isso, só sendo louco.
    Louco que senta e espera a chegada da lua cheia.
    Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
    Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.
    Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria.
    Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
    Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
    Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
    Pena, não tenho nem de mim mesmo, e risada, só ofereço ao acaso.
    Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
    Não quero amigos adultos, nem chatos.
    Quero-os metade infância e outra metade velhice.
    Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos, para que nunca tenham pressa.
    Tenho amigos para saber quem eu sou, pois vendo-os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos,nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão imbecil e estéril.
    Marcos Lara Resende

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  2. Francisco Bendl14/07/2016, 20:27

    A soma dos artigos de Antônio Rocha, que versam sobre o Budismo e os textos de Moacir Pimentel, a respeito da Índia, tornam-se primorosos porque nos ampliam os conhecimentos e nos obrigam a pensar quanto às razões dos cultos professados pelos povos adeptos dessas crenças.

    Em níveis muito mais profundos que cultuamos as religiões no Brasil, principalmente as monoteístas, o politeísmo indiano e a contemplação budista apresentam um mundo espiritual muito mais forte que este físico, real, afirmando que estamos apenas de passagem neste plano, que a vida verdadeira está longe deste planeta.

    Diante da impossibilidade de se saber o que existe depois desta existência, então a fé, a convicção, a esperança, a imaginação, penso que a miséria por onde este homem crédulo perambula não precisaria ser assim tão drástica como vemos na Índia e no Brasil, pois bastaria que esta vida fosse um pouco mais valorizada, e não tão dependente da morte para se livrar dos problemas e sofrimentos!

    Ora, enaltece-se mais o desaparecimento que a existência, a vida, e deixemos de pensar nela na medida que se destina o tempo para pesquisar o "outro lado" ou sonhar como seria, e mediante tais descobertas ou elucubrações, balizar a realidade pela subjetividade, pela imaginação, pelo que poderia ser!

    Ora, haverá compensação ou prêmio do lado de lá se nos omitimos do lado de cá?!

    Se deixamos de valorizar o próximo, a família, os amigos, parentes, o lar, as relações comerciais e empresariais, para nos dedicarmos de corpo e alma para merecer uma existência muito melhor que esta, supostamente, claro, não se daria o contrário, ou seja, na razão direta do descaso pela vida dada, a continuidade do sofrimento e problemas em outro plano?

    Não seria o contrário do que nos ensinam, que dependendo desta vida seremos punidos ou premiados em outro mundo, mas é este, o plano terreno, a punição ou o prêmio pelo que deixamos de fazer justamente do outro lado?!

    Antigos dizem que o inferno é aqui mesmo. Não teria um pingo de verdade nesta afirmação?

    Não sei, mas ainda sou partidário da crença de que não faça aos outros o que não queres que te façam, e amai o próximo, isto é, pelo menos não o explore, não o magoe, não o faça sofrer, ser alvo de injustiças, de abandono e sofrimento, então, possivelmente, quem sabe, a vida no além irá se descortinar e mostrar a sua verdade, o seu conteúdo, a sua essência.

    Até lá, especulemos ...

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