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29/07/2016

Um poema de García Lorca

Capa da edição original - desenho de García Lorca


Antonio Rocha

Quem diria que o grande poeta espanhol Federico Garcia Lorca (1898-1936) simpatizava com o Budismo, ou era Budista, não sabemos.

A poesia abaixo é muito pouco conhecida. Foi encontrada em um manuscrito, datado de 1918, quando o poeta tinha 20 anos, na residência em que nasceu e que hoje está transformada em Casa-Museo de Fuente Vaqueros.

(O link da matéria é   www.librosbudistas.com, site em espanhol da linhagem AOBO – Amigos da Ordem Budista Ocidental)


Buddha

El palacio en sombra
Enseña brumoso sus oros bruñidos
La cálida noche derrite sus tules
Entre las estrellas rojizas y azules.
Lloran los chacales en junglas perdidos.

En el estanque lotos sangrientos
Lirios de agua, palmas, umbrías
En los jardines altas palmeras
Se inclinan lánguidas y severas
Acompasando sus melodías

Dulces magnolias majestuosas
Dan su fragancia sobre las cosas.
Noche de luna. Raro consuelo.
Arturo llora su luz de cielo
Flores, divinas... Piedras, preciosas.

(una cuartilla falta aquí)

Abriole la puerta de calma infinita
después esfumose. Siddhartha medita.
Una voz celeste suave musita
"Tú eres Tathagatha, puro, sin igual".

En fondos dorados entre rosas blancas
Lució sus encantos la diosa Verdad
El iluminado quedose hierático
Aspirando triste un perfume enigmático
Que manaba lento de la eternidad.

El cuerpo sin alma subió al aposento
Yashodara y el niño dormían
Siddhartha sintió un agobio violento
Corazones en sombras yacían...
Grave palpitaba el firmamento.

Se arrancó la flecha que le lanzó Mara
Traspasando salió de la estancia
Dulce el corazón se durmió en la fragancia
Que la luz del cielo le dejara.
Y marchó con la Bienaventuranza

Siddhartha solloza. El palacio lejano
Enseña entre ramas sus oros bruñidos
La cálida noche derrite sus tules
Entre las estrellas rojizas y azules.

Lloran los chacales en junglas perdidos.


4 comentários:

  1. Antonio,

    nada entendo de Buda e seus princípios. Quando eu ia à praia na Barra, e ia muito em determinada época, ganhei (ganhamos, parte da turma) um Buda marrom, em louça (louça ou cerâmica?). Era pequeno. E quem deu, acho que foi quem deu, também não lembro, disse que era bom botar esse Buda sobre um pratinho cheio de arroz. Acho que estava perto do Natal, do final do ano. Também não lembro (esta frase se perpetua em tudo o que escrevo).

    Pois bem. Cheguei a apoiar o Buda de cerâmica marrom sobre o arroz por um tempo que não sei precisar quanto.

    Uma analista, que não cheguei a consultar, tinha em sua casa, além dos móveis muito escuros, um Buda, acho que era budista.

    Pouca coisa sei sobre Buda, a não ser o nome e a história da árvore. É o mesmo Buda? Talvez não.

    Penso que a filosofia budista nada tem a ver com essas superstições que fazem a imagem de Buda ser vendida em lojas de material espírita.

    Até gostaria de saber mais. Acho que não vai dar tempo, como diz o Bendl.

    Abraço, Antonio.
    Ofelia

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  2. Oi Ofélia, obrigado pelo comentário:
    O Budismo é amplo, sua Filosofia tb. Pode-se estudá-lo pelo viés da Filosofia, da Academia, da Religião, da Ciência.

    Geralmente a personificação dele é sentado em meditação, se bem que, depois dos 60 anos passei a divulgar a imagem dele deitado ou de pé aplicando "passes", fazendo imposição de mãos.

    No século VI antes de Cristo, Sidarta Gautama, o Buda do nosso tempo, disse que existem milhares de Budas, antes, durante e depois dele.

    Nós, com nossos imperfeições somos Budas !

    Contudo, há um Budismo Popular em todo o mundo, que se faz presente através do Buda Gordo e as formas de reverenciá-lo fica a critério de cada um, de cada ordem, de cada linhagem,
    tem linhagem que até não aceita imagem de Buda...

    A reverência não é à estátua, mas ao Estado de Buda, Estado de Deus, que reside em nós. Esotéricos chamam de Cristo interno, a meu ver... sinônimos ...

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  3. Francisco Bendl30/07/2016, 10:53

    Rocha,

    Reitero a minha admiração pelo Budismo porque entendo que seus devotos ou cultuadores são pacatos, calmos, observadores, uma gente sensível, porém perspicaz, alerta, atenta.

    Em outras palavras, e me corrige se eu estiver errado:
    Concedendo mais valor aos sentimentos e controle das emoções e vaidades que aos fatos que nos deixam encolerizados, indignados, revoltados.

    E não se trata de alienação, não, mas a escolha que podemos fazer sobre o que serve e não serve às nossas vidas, o que nos deixa amargurado e o que nos traz alegria.

    Indiscutivelmente é muito melhor ler uma poesia, e não precisa ser de um autor tão famoso e notável, que ficarmos a par daquilo ... daquela coisa que o Wilson não quer no seu blog extraordinário que, por coincidência ou não, a palavra inicia com "P".

    Um abraço, meu caro amigo Rocha.
    Saúde e paz!

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  4. 1) Certíssimo Bendl,

    2) Eu agradeço a Deus, a Buda, aos Seres Divinos por estar colaborando com este blog "Conversas do Mano". Quanto mais eu leio, mais a Memória me traz "coisas" para escrever...

    3) Agradeço tb à Vida, à Natureza, ao Ecossistema por estar em um círculo de Amizades edificantes.

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