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28/07/2016

O Equilíbrio

imagem tinybuddha.com

Francisco Bendl

Diariamente somos convocados a buscar dentro de nós mesmos o equilíbrio para certos momentos. Apesar de mais gostarmos de exigir dos outros que sejam equilibrados, detestamos quando nos criticam por termos agido desequilibradamente.

Nós mesmos colaboramos para dificultar que haja harmonia e sensatez, paz e equilíbrio em nossas vidas, a ponto de preferirmos elogiar alguém equilibrado que ser como ele; apreciamos e aplaudimos decisões equilibradas, mas não nos peçam para decidir desta forma.

Somos atraídos inapelavelmente pelo imã do repente, do inconseqüente, do impensado.

O trânsito nos mostra a todo instante motoristas desequilibrados, agressivos, perturbados; os jornais publicam o desequilíbrio de certas facções políticas e/ou religiosas que levam seus adeptos radicais à morte; o cenário político brasileiro mostra nossos “representantes” sempre em desequilíbrio, ora pendendo para um lado ora pendendo para o outro, em busca sempre de suas conveniências pessoais, notadamente em contraste à honestidade; uma aeronave com seu peso e velocidade não condizente despenca pelo desequilíbrio entre ambas; um navio sem lastro aderna e com muito lastro afunda, ambas situações estavam em desequilíbrio com a distribuição do peso em seus compartimentos, e por aí vai...

Nós vivemos este intrincado problema de desequilíbrio geralmente com muita dificuldade, sem conseguir solucioná-lo muitas vezes.

Isto porque somos dotados de um corpo físico, portanto, limitado. Ele pode ser pesado, medido, calculado a sua envergadura, enfim, qualquer área do nosso físico pode ser determinada.

Mas a nossa mente, como medi-la, calculá-la?

A nossa imaginação, quem pode dimensioná-la?

Nossos pensamentos, quem pode invadi-los, descobri-los?

Vou me tomar como exemplo:

Como posso equilibrar o meu corpo pesado, limitado, com a mente que me faz voar mais rápido que a velocidade da luz?

Como exigir equilíbrio quando a imaginação me transforma em rico quando sou pobre?

Quando me faz pensar que sou bonito e nenhuma mulher me olha?

Como obter uma equalização quando uma dessas partes – ou mente ou corpo – adoece e aprisiona a outra?

Como fazer com a mente que me faz sonhar e meu corpo acusar que não passo de um pesadelo?

Como aplacar a mente que martela os ouvidos me dizendo haver possibilidades inúmeras de sucesso e meu físico sentir que não tenho mais tempo?

Meu imaginário clamar por um grande amor e eu me encontrar só e abandonado à noite?

Pensar que posso reencontrar o equilíbrio na vida, mas o vício não me abandona?

De que forma explicar à mente que assegura eu poder superar obstáculos se eu não subo uma escada?

Que meus sonhos mais me atormentam que me ajudam?

Complicado encontrarmos uma sintonia para corpo e mente ou convivermos com forças tão antagônicas às vezes.

Certamente esta questão é crucial para nosso desenvolvi mento como seres humanos, isto é, aceitarmos melhor nossas deficiências e enaltecermos as virtudes, e nos analisarmos de forma mais condescendente e com menos rigor e exigências.

Também me pergunto se lá pelas tantas esta autoconcessão não iria acarretar resignação ou acomodamento ou permitir que se ficasse lamentando as circunstâncias que impediram que se atendesse ao apelo de planos realizáveis ou, até mesmo, deixar de lado o desenvolvimento espiritual.

Abraham Lincoln (1809-1865), décimo sexto presidente dos Estados Unidos da América, que presidiu esta nação durante a sua guerra civil (Secessão), um homem de grandes qualidades políticas, desenvolveu para si uma espécie de equilíbrio em vida muito interessante. Dizia ele:

“Não estou sempre pronto para vencer, mas estou sempre pronto para ser autêntico. Não estou sempre pronto para ter sucesso, mas estou sempre pronto para viver à altura da luz que tenho.”

Essas dificuldades de se conseguir que corpo e mente sejam solidários um com o outro, que se apóiem quando necessário, que consigam ampliar nossos horizontes de uma forma que se torne a vida factível, possível, enseja em mim uma relativa angústia porque constato, aos 60 anos, diferenças abismais entre querer e poder; da possibilidade de ter sido e não ter atingido o ideal; de ter deixado lacunas na realização profissional.

Não posso me deixar ser inoculado pelo ânimo da possibilidade neste momento se ela não se concretizar, aumentando em demasia minhas frustrações. Na minha idade todo o cuidado é pouco com relação às desilusões, ou porque o reservatório já se encontra cheio delas, o que me preocupa muito, ou porque ainda sobra espaço, o que me aterroriza!

Enfim, sem querer jogar a toalha à vida e a novas emoções, atingir objetivos é bem mais difícil na minha faixa etária e, muito mais intrincado, seria colecionar derrotas, decepções a esta altura da existência.

Meu momento passou, contento-me.

O que eu tinha de fazer conforme as condições que eu possuía e construí para mim mesmo à época foi feito.

Muito pouco adiantaria agora certos êxitos, pois o tempo que me resta não me deixará usufruí-los.

Está na hora de eu valorizar o que tenho, o que obtive, o que conquistei.

Viver mais com os filhos (incomodar, quero dizer); compartilhar o crescimento das minhas netas, conversar mais com a minha esposa, ter mais tempo para abraçá-la e reconhecer através de atitudes e gestos ter sido ela a mulher da minha vida; reverenciá-la diariamente, pois ela me deu sentido à existência, tanto quanto homem quanto pai e avô.

Uma vez que eu consegui o equilíbrio na vida pessoal e familiar – no que tange às realizações profissionais tento me equilibrar entre o fracasso e a mediocridade - procuro me adaptar entre não ter sido ninguém de sucesso, de grandes obras, patrimônio invejável, mas reconhecido pela família como um lutador (em várias ocasiões mais teimoso e rebelde que efetivamente um desbravador).

Aliás, neste aspecto, eu gostaria que ao morrer colocassem na minha lápide o seguinte epitáfio:

“Aqui jaz um rebelde”.

Questionado pelos meus filhos as razões pelas quais eu escolhera algo tão sem sentido para o primogênito, desnecessário para o do meio e inconsequente para o caçula – minha mulher deu uma gostosa gargalhada sobre a minha “rebeldia” após tantos anos de casado com ela, quatro décadas - lembrei-lhes solenemente de Machado de Assis (1839-1908), o mais importante escritor da literatura brasileira, um trecho do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas:

“Gosto dos Epitáfios: eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou.”

Tento encontrar dentro de mim, então, o devido equilíbrio de alguém que justifica a sua vida colaborando com a realização de outras que não ter conseguido sequer ter sido útil, tanto para si quanto aos demais.

Se alguém julgar os meus conceitos sobre a existência e me condenar como pessimista, resgato Ernest Hemingway (1899-1961), notável escritor norte-americano, sobre uma frase do seu livro O Velho e o Mar, que lhe rendeu o prêmio Pulitzer de 1953:

“Mas o homem não foi feito para a derrota. Um homem pode ser destruído, mas não derrotado.”

Pois bem, convido a todos para que nos equilibremos nessa corda bamba que é a vida e suas surpresas para que possamos compreender melhor esse complexo corpóreo limitado em consonância à ilimitação de nossa mente e não aumentar o desequilíbrio entre ambos; tratemos de amenizar a violência que somos jogados entre a realidade e desejos, sobretudo conciliar que fomos forjados pelas circunstâncias do meio que nascemos e bagagem hereditária que recebemos que nos deu as formas físicas, e que precisamos criar a nossa própria vida  e elaborar a nossa existência e conviver com altos e baixos.

Vamos lá, compreender porque nascemos, compreender o que não se sabe, compreender a nós mesmos!

Como dizia São Paulo:

“Eu morro todos os dias – e é por isso que eu vivo.”

Não me lembro direito o poeta que disse “a vida é uma metáfora”, talvez Pablo Neruda, não sei, peço perdão se estou enganado, mas humildemente eu completaria o pensamento afirmando que se “a vida é uma metáfora”, a existência é um paradoxo.  


16 comentários:

  1. Moacir Pimentel28/07/2016, 09:36

    Excelente crônica , Bendl! Meus sinceros parabéns! De pronto suas palavras me fizeram pensar no jovem poeta John Keats, morto aos 25 anos, que acreditava serem saudáveis a imaginação do menino e a do homem maduro, ainda que no intervalo entre elas,a alma fervesse,a ambição embotasse a visão e a vida se complicasse.Numa das suas longas cartas para um amigo, Keats tratou exatamente do seu tema de hoje e disse:
    "Eu de nada tenho certeza a não ser das afeições do coração e da verdade da Imaginação. A beleza apreendida pela Imaginação deve ser verdade".
    Note que ele escreveu "deve ser" verdade.Talvez outro poeta inglês , outro John, nos ajude a começar a desvendar essa charada. No seu Paraíso Perdido, Milton mandou ver:
    "A mente que não deve ser alterada por lugar ou tempo.
    A mente é seu próprio lugar, e em si mesma
    Pode fazer um céu do inferno, e um inferno do céu".
    E aqui ficamos nós... imaginando...
    Abraço

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    1. Francisco Bendl28/07/2016, 13:41

      Pimentel, meu caro,

      Na razão direta da tua capacidade como escritor e homem culto, experiente, a tua bondade e gentileza frequentam os mesmos estágios de tuas qualidades!

      Obrigado, meu amigo.

      Mas, se alcançamos uma certa idade e não temos ainda questionamentos esclarecidos, das duas uma:
      Ou não aprendemos nada ou, de fato, jamais saberemos a verdade!

      Prefiro a segunda opção, em face de que a vida nos ensina que cultivar amigos é uma de suas maiores lições, que se transforma em verdade, porém não contradizendo a minha frase acima, mas confirmando que, sem amizades, nada aprendemos e, se as cultivamos, pelo menos uma das verdades descobrimos!

      Forte abraço.
      Saúde e paz!

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  2. Francisco Bendl28/07/2016, 11:32

    Meu caro amigo Wilson,

    Muito obrigado por estares publicando esses rabiscos escritos há quase dez anos!

    Eu não conseguiria mais fazê-los dessa forma. Em princípio, tão ruins, claro, mas pensar em situações que hoje a minha mente deixa de lado.

    Mas reler meus pensamentos em um blog tão extraordinário e porque um amigo decidiu registrá-los, sinto-me honrado e orgulhoso, ao mesmo tempo que peço perdão pela qualidade dos mesmos mas, eis os meus limites, que tento transparecer nesta crônica entre a mente - ilimitada, porém às vezes sem ter condições de narrar o seu significado por falta de maiores conhecimentos - e, o corpo - limitado, que, no entanto, contribui para que esta mente seja ou mais curiosa ou indomável, uma espécie de compensação entre o físico atrelado à superfície deste planeta e o espírito livre perambulando por este Universo ainda indecifrável!

    E, lá pelas tantas, somos mesmos assim, indecifráveis, misteriosos, com segredos guardados, que dificultam mais ainda a existência, mas que no fundo desejamos que pensem que somos importantes quando, na verdade, o verdadeiro valor que temos não é aferido pelas pessoas, porém pelas nossas obras, pelo que fizemos, pelo exemplo que fomos em vida!

    Hoje, no ocaso da minha existência, o balanço é deficitário, pois não consegui nivelar o crédito com o débito, e parto devendo atitudes, comportamento, desafios não aceitos e omissões imperdoáveis.

    O mínimo que posso fazer é pedir perdão, e espero que me concedam esta concessão.

    Um forte abraço, Wilson, meu caro amigo.
    Saúde e paz!

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    1. Amigo Chico,
      chamar suas crônicas de ruins é um crime, apenas perdoável pela sua modéstia inata. E, pode ter certeza, sua qualidade pesou tanto ou mais do que a amizade na decisão de registrá-las neste blog que você tanto tem contribuído para tornar agradável aos leitores.
      Um abraço do
      Mano

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  3. Bendl, emudeci, você me calou. Que genial tudo o que escreveu. Você e grande, e não em circunferência, como vem apregoando.
    Você tem fôlego para escrever, seus pensamentos entranham na gente, nos diverte, nos faz pensar e nos transforma.
    Ainda não sei como, porque estou sem impressora. Mas vou imprimir de algum modo este seu texto. E deixá-lo em local bem visível para que eu possa 'consulta-lo' de vez em quando.
    Já te falei uma vez que você é o máximo, não é? Pois então. Você é, seu 'rebelde'.
    Meu abraço carinhoso e amigo
    Saúde e Paz.
    Ofelia

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    1. Francisco Bendl28/07/2016, 19:00

      Ofélia,

      Vou responder este teu comentário em duas etapas.
      Esta é a primeira:
      Ofélia, minha querida,

      Obrigado pelo comentário, mas sou mesmo um rebelde por teimar em escrever!

      Na verdade sempre pensei a respeito daquilo que nos faz humanos, racionais, se os registros históricos apontam que se existe ainda o bicho homem é graças à mulher!

      Ora, se eu questiono onde está o equilíbrio entre a mente e o corpo, existe na companheira, na mulher amada, na amante, o ponto de sustentação de um espírito indômito, o do homem!

      E é quando nos acalmamos, quando nos damos conta que temos de nos esforçar para tê-la ao lado, junto, dormindo, acordando, fazendo as refeições, e declarando diariamente sobre o amor que temos, que lhe dedicamos, pelos seus encantamentos, dons, talentos, sensualidade, cheiro, curvas, sorriso, dentes, lábios, cabelos ... o equilíbrio reside naquela que até Deus pediu para ser mãe do seu Filho, a MULHER!

      Agora, falando sério, se eu pudesse, eu me casaria com muitas, de tanto que eu as adoro, porém, certamente eu não teria a mesma reciprocidade no amor, acho que não daria certo, e tratei de concentrar as minhas emoções e sensações para uma só, um concentrado tão poderoso que ainda nos atrela um ao outro após quase CINCO DÉCADAS de união!

      Uma dose elevada de paixão, misturada com amor, temperada por carinho, afeto, e posta em banho-maria com respeito, admiração e proteção daquela que deu sentido à minha vida, que me mostrou o equilíbrio, que me fez andar pela corda-bamba sem cair - eis o prato de um almoço inesquecível e que dura tanto tempo!

      Não acredito, Ofélia, portanto, que o ser humano pode ir de encontro à Natureza, dispensar a mulher e vice-versa por causa de uma religião, movimento cultural, social, a menos que tenha problemas ou um empedernido eremita, que se basta sozinho, que existem, e temos de admitir as suas escolhas e convicções, da mesma forma que mulheres se dedicam à caridade ou a tarefas que julgam acima de suas felicidades, realizações e alegrias, que se encontraram fazendo algo de útil a si e sociedade!

      Mas é a minoria, pois a maior parte deseja encontrar a sua metade ou a sua maior parte, que seria abuso, exploração, o desequilíbrio de novo.

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    2. Francisco Bendl28/07/2016, 19:01

      Ofélia,

      Segunda etapa:

      O legal é meio a meio, o perfeito ou quase encaixe, ajustamento.

      Difícil? Sim, muito. E o segredo não é procurar, mas se estar aberto à descoberta, que surge inesperadamente, de surpresa, sem a gente imaginar quem seja, apesar de se idealizar uma pessoa, um corpo sem rosto, sem calor, uma esfinge, mas imaginamos, sim.

      E foi desta forma que conheci a minha mulher!

      Visitando a casa de um senhor que reformava a nossa casa, dei de olhos numa guria de olhos verdes, ruiva, de short, lavando a louça para a mãe.

      Ela era professora, jovem, entusiasmada e animada pela profissão, e distribuía por onde andava uma certeza absoluta de que seria feliz, uma profissional brilhante, e que terminaria a faculdade recém iniciada.

      Fui convidado para almoçar com eles, que prontamente aceitei a oferta. Não tirei os olhos da moça.

      Resumo:
      Do alto dos meus 19 anos, forte, servindo o Exército, em forma física absoluta, magro, 82 kg para 1,81m de altura, eu a pedi em namoro dia 01 de dezembro; NOIVAMOS dia 14 do mesmo mês, e nos casamos dia 31, quinze dias após o noivado e trinta após o namoro!

      Fulminante! Ali, aos pés daquela linda mulher, de 20 anos, cabelos cor de fogo, olhar penetrante e profundo, grandes olhos verdes, eu me postava de joelhos, jurando amor eterno!

      Cedo, antes que a maior parte dos homens soubesse o que seria manter-se em pé, eu descobrira o meu equilíbrio, o meu centro de gravidade, que reside na mulher que se ama, e o resto da vida se torna fácil, suportável, vencível.

      Assim, Ofélia, explico as razões pelas quais eu me vejo obrigado a ser educado com vocês, ser um cavalheiro, um homem que as respeita, pois devo a minha existência a uma mulher, a mãe dos meus filhos, a avó dos meus netos, a minha esposa, cônjuge, na verdade, a minha "ela".

      Então, por mais medíocre que eu seja, Ofélia, por ter tão poucas luzes, sinto-me um farol em pleno oceano a orientar os homens onde devem procurar refúgio, a mostrar-lhes o caminho da segurança, longe dos rochedos e que as ondas irão estraçalhá-los neste encontro, que somente se encontra nos braços de uma doce e meiga mulher, mas que se compara a Deus - é mãe do Filho do Criador! -, então é neste abraço, quando nos coloca a cabeça rente ao seu peito que adormecemos, calmos, que nos tranquilizamos, e que agradecemos às mulheres as suas existências, o nosso chão, a terra firme!

      Pô, faltava uma ilha, pelo menos, neste blog extraordinário do Mano, o nosso amigo Wilson, que nasceu com a tua presença, Ofélia, de modo que possamos ainda exercitar o velho romantismo, hoje tão abandonado e desprezado, o antigo culto ao namoro, das palavras carinhosas, das expressões gentis e dos gestos elegantes!

      Exatamente como tens sido comigo, com este amigo virtual, mas um homem que reverencia o ser maior, mais importante, mais inteligente, essencial à vida, a mulher!

      Um forte abraço, Ofélia.
      Saúde e paz!

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    3. Francisco Bendl28/07/2016, 19:01

      Obrigado, Wilson, meu caro, pela orientação.
      Forte abraço.
      Saúde e paz!

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    4. Querido Bendl,

      o 'rebelde' que usei nada tem a ver com você 'teimar' em escrever. Nadinha. Mesmo porque achei você, Francisco Bendl, como 'advogado' na TI do Face, uma vez que a TI do Newton aparece pra mim como fora dor ar.

      Fiquei surpreendida, embora não ache que você precise ser advogado para bem escrever. Como dizia o Millôr, 'escrever ou é fácil ou impossível'. O que significa que 'catar cavaco' na escrita é uma impossibilidade. Millôr tinha autoridade pra dizer o que disse. Por isto mesmo costumo citá-lo tanto. Além de um frasista de primeira, Millôr sabia tudo. Ou Quase Tudo, nome do livro da Danuza Leão, cujo título, dizem (eu não sei, não perguntei), foi dado por ele.

      Quem estaria me enganando? Eu mesma, que compreendi mal? Outro blog, outra TI, ou você? Você não acredito que seja, porque não vejo razão para tal. Uma TI que não a do Newton? Sei que existe uma, mas nada tem a ver com a 'nossa'.

      Pra mim, Bendl, não importa onde se encontra o 'erro'. Não o estou buscando e, pra dizer a verdade, tanto faz como tanto fez. Encontrei pela vida afora tanta gente escrevendo mal quando deveria escrever bem, e vice-versa, que não me importa mesmo. É um gene que temos, como qualquer outro.

      Meu 'rebelde' pra você foi em 'homenagem' à sua inquietação, ao não conformismo, a este homem que se mostrou disposto até a 'sair na porrada' com congressistas.

      É por isto, foi por isto que usei o rebelde. Com esta intenção. Seria muito primarismo de minha parte usar o 'rebelde' com alguém que 'teima em escrever'. Só me orgulho de ser primária na lei. Se algum dia precisar ser julgada por alguma coisa, serei julgada como ré primária, isto é importante. O outro tipo de primarismo, o que reduz, diminui o outro, não existe em mim, nesta Ofelia; não sou eu, não é o meu tipo, meu jeito de ser.

      Às vezes o riso em mim é incontrolável. E eu rio. Este riso pode ofender? Pode. Eu magoei o Dr. Ednei, sei disto. Mas não fiz de caso pensado, com a intenção de magoar. O riso surge e nada pude contra ele.

      Mas nem isto fiz com você. Não ri de você. Quando digo que estou doente é porque estou mesmo. E quando você me falou da sua saúde, eu pensava na minha, nos filmes que vi.

      Pedi perdão porque não deixei de brincar com coisa séria. Mas a coisa séria também era eu, a minha fragilidade.

      Nunca escrevi uma palavra pra você na qual não acreditasse.
      Quando o 'Dr.' Werneck me pediu para escrever um texto pra TI, eu abri mão porque o Temer me confunde. Ora tendo a apostar nele, a aguardar que ele permaneça interino. Ora não.

      Sabe o que há de melhor no Temer? O gestual. Gosto de quem fala com as mãos. E ele usa bem o indicador para se expressar, repara só. ATENÇÃO: não há a minima intenção em chamá-lo de dedo-duro no que digo a você. É elegante mesmo. E gesticular ajuda a encaminhar o pensamento com graça. Gosto muito. Pena que não haja como gesticular agora. Eu seria mais simpática a você e você não me julgaria tão mal.

      Abraço, amigo Bendl
      Saúde e Paz pra você
      Ofelia

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  4. Wilson Baptista Junior28/07/2016, 22:54

    Ofélia, pode ficar tranquila, o " advogado" Francisco Bendl que você encontrou na "TI do Face" é o nosso querido Bendl, que não é advogado coisa nenhuma, que o Antonio Barros chamou de advogado naquele comentário da TI (a nossa TI do Carlos Newton) talvez porque os argumentos do Bendl o tenham impressionado :)
    Naquele mesmo post, de alguns dias atrás, há até uma carinhosa troca de comentários entre vocês dois!
    Como minha mãe gostava de dizer, ponha o coração à larga. Porque pelo que li na resposta dele ao seu comentário aqui nas "Conversas", nem ele se ofendeu, muito pelo contrário, nem te julgou mal. Longe disso :)
    Um abraço do
    Mano

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    1. Wilson, eu queria nada dizer até amanhã. Dormir sobre o assunto.
      Que amanhã é outro dia. Mas poderia com esta atitude dar uma falsa e desagradável impressão, não sei qual. Mas é ruim quando o outro não responde.

      Minha tia Ruth também usava a mesma expressão da sua mãe, e eu gostava dela(s), da tia Ruth e da expressão.

      Por e-mail, já disse ao Newton que não acredito em mais nada. Está difícil. Tudo no mundo virtual parece não confiável.

      Quando assisto então a uma entrevista como a que fez o Jorge Pontual, na GNews, em que ele e o entrevistado americano (esqueci o nome) falam em shaming, essa coisa absurda que tritura o outro a troco de nada, dá vontade de não escrever mais. Somente ler.

      Não tenho bom equipamento para o mundo atual, estou sem GPS emocional para buscar o caminho certo, o equilíbrio de que nos fala o Bendl.

      Ainda costumo agir no modo tentativa e erro, um atraso. E erro mais do que acerto.

      Estou cansada, Wilson. Amanhã é outro dia. Amanhã eu volto. Tal como o Bendl faz, generosamente, sem voltar ao assunto.

      Boa noite, obrigada, um abraço
      Ofelia

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  5. Francisco Bendl29/07/2016, 17:04

    Wilson,

    Li agora o texto da Ofélia e a tua resposta a ela, e não entendo nada!

    Que história é essa de eu ser advogado?

    E por que a Ofélia esta braba comigo, o que foi que eu fiz?!

    Claro que entendi quando ela me chamou de rebelde porque assim eu me identifico, mas por que, então, eu compreenderia diferente aquilo que sei e já anunciei?!

    Não entendo!

    Eu quis ser uma pessoa amável, e deu no que deu?!

    Também não sei nada sobre essa questão da TI do Face, Wilson, por favor, me esclarece do que se trata!

    Um abraço.
    Saúde e paz!

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  6. Francisco Bendl29/07/2016, 17:31

    Ofélia,

    Não entendi a tua resposta a mim, depois de um comentário longo que fiz enaltecendo a mulher e te colocando a par inclusive de como me casei há 46 anos, tentando uma aproximação amistosa, no mesmo nível que tem os homens neste blog extraordinário do Wilson.

    Não sei que história é esta de eu ser advogado;

    Entendo quando me chamaste de rebelde porque eu mesmo assim me identificara e mencionara neste blog que assim me considero;

    Ao escrever que a minha teimosia também era fruto desta rebeldia, eu quis dizer que não me sinto em condições de escrever como alguém capaz para esta tarefa, e a resposta às minhas colocações estão no mal entendido que percebo ter havido entre mim e o que registraste!

    Uma palavra, um sinal mal colocado ou acento, podem gerar enorme confusão por parte daquele que “TEIMA” em escrever, apesar de gostar do que faz, mas reconhece a sua carência neste sentido.
    Ponto.

    É deste jeito que me analiso, que me faltam atributos para eu poder transmitir os meus recados, as minhas mensagens, razão pela qual eu me esforço em demasia, e não surte efeito, pois percebo que tu estás zangada comigo e não sei por quê!

    Enfim, se eu disse algo, o meu perdão, pois agi involuntariamente, sem querer, sem qualquer intenção.

    Mas, eu gostaria de saber o que houve na TI do Face, pois estou absolutamente à margem desse episódio, e mereço um esclarecimento a respeito, seja para conhecer o problema ou consertá-lo, mas tenho direito que me digam do que se trata, por favor.

    Reitero o meu abraço, Ofélia.
    Saúde e paz!


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    1. Bendl, tentei entrar na TI pelo computador. Havia uma mensagem do UOL HOST dizendo que o site estava desativado. Tentei acessar pelo Facebook, e qual não foi a minha surpresa ao chegar lá? Você aparecia como advogado na TI, pergunta ao Wilson, ele sabe do que falo. Aí a cabeça deu nó. Eu já não gosto de redes sociais, não me comunico pelo Facebook, apenas pelo Whatsapp.

      Sou descrente, Bendl, o mundo virtual é enganador. E não tenho a malícia necessária para enfrentá-lo. Acho que ninguém tem. Mas eu, como dizia meu ex-analista, sou crédula. Para não agir com tanta credulidade, me defendo. Aí vou pro lado oposto, o de não crer. Achei que você era advogado e ninguém havia dito, que tudo o que você escrevia eram 'chorumelas'.

      Deixa pra lá, esquece. Eu é que não sou preparada para estar em rede social. Fico sempre muito desconfiada de tudo.

      É um sofrimento participar de qualquer coisa, blog também. A gente nunca sabe com quem fala.

      A culpa não é sua nem de ninguém. Eu é que deveria me conformar, aceitar que Face e blogs não é lugar pra mim.

      Insisto, pois quero me comunicar. Mas é um sofrimento, não encaro bem.

      Abraço, Bendl
      Saúde e Paz
      Ofelia

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    2. Francisco Bendl30/07/2016, 08:06

      Ofélia, minha querida,

      POR ISSO MESMO QUE SEQUER TENHO INSCRIÇÃO NO TAL FACEBOOK!!!

      JAMAIS TU VAIS ME ACHAR NESTA REDE SOCIAL, quanto mais eu me identificar como advogado - falsidade ideológica! -, se não passo de um taxista - não que a profissão seja inferior ao do advogado, não, pois as vidas de outras pessoas dependeram da minha responsabilidade e habilidade sobre o volante de um veículo - hoje aposentado!

      Mal entendidos resolvidos, um maravilhoso fim de semana, apesar de devermos rezar pela senhora mão do Newton, que está mal e hospitalizada, e concentrarmos nossas intenções para o seu pronto restabelecimento e bem.

      Saúde e paz, Ofélia.

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  7. A bela crônica do Bendl e a foto ilustrativa me fizeram lembrar dos meus 20 anos, solteiro. Praticava Kung Fu, às 5 horas da manhã, em um campinho de Santa Teresa, RJ, com um professor chinês recém chegado ao Brasil, chamado Dr. Wu, ele enfatizava muito o "eguelíbrio", princípio básico da filosofia Kung FU. Eguelíbrio evita extremos !

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