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15/07/2016

A cidade sem alma

Dubai - O Burj Al Arab







Moacir Pimentel  


Eu amo viajar por esse mundão afora, seja a trabalho seja a passeio,  ver e experimentar novos lugares, novas culturas. Continuo me apaixonando por cada novo lugar que visito: as vistas, os sons e cheiros, a comida, as pessoas, a cultura. Eu adoro tudo isso e saboreio cada segundo das minhas viagens.

No entanto, apesar da visão matizada do mundo adquirida por aquele rapaz mochileiro que fui, apesar de tentar manter aberta a mente para encontrar o melhor em cada lugar que visito, há alguns lugares que simplesmente não têm nada a ver comigo, lugares que apenas deixam-me uma sensação de  vazio.
Dubai é um deles. E não é culpa de Dubai, que não fez nada, em particular, para ofender-me ou irritar-me. É o que Dubai é. Um monte de gente  discorda de mim - minha cara metade, inclusive - muitos encontram por lá paisagens fascinantes, comida deliciosa, consumismo de alto luxo, spas impecáveis e todas aquelas joias. O que é muito bom já que a unanimidade pode ser burra e afinal... cada um na sua!

Ao contrário de muitas pessoas que criticam Dubai, não discordo do lugar por causa de ideologias e princípios, não discuto  seus paradigmas  políticos e jurídicos. Eu tenho viajado por muitos países, cujos regimes políticos eu abomino, mas ainda assim adorei tais países e seus povos e outros aspectos de suas culturas. O nosso Brasil é uma bagunça, os Estados Unidos jamais serão os mesmos depois de Dick Cheney e de Guantánamo, a Tailândia trata seus refugiados como se eles fossem menos que humanos, a Índia ainda é separada pelo fosso das castas, no Camboja o comércio sexual infantil é uma realidade. A Turquia? Quem nunca ouviu falar dos protestos do Parque Gezi? E apesar de Cuba, nos final dos anos 80, ter me parecido um cortiço decadente no Caribe, não consigo tirar os olhos do blog Generación Y e das descrições poéticas que faz da sua ilha a bela e serena jornalista Yoani Sanchez. Cada um desses países tem problemas graves. Mas isso não me impediu de visitá-los e de descobrir, em alguns casos, que o bem superava o mal.

Ao mesmo tempo, cada viajante tem diferentes expectativas e padrões. Sei de pessoas que se recusam a visitar o Japão e a Islândia porque, naquelas paragens, caçar baleias é permitido. O que é proibitivo para um, pode não ser para outros e para mim. Eu fervorosamente acredito que expor-se a novos sistemas de crenças, a novas culturas, a novos modos de pensar, mesmo aqueles que inerentemente desafiam as minhas próprias crenças, é um dos melhores presentes de viajar.

Entre as razões que me fazem sentir desconforto em Dubai não está, por exemplo, o sistema legal, francamente insano, que, a qualquer observador de fora, dá a impressão de que ali eles fazem leis draconianas para justificar os caprichos de loucos de pedra. Por certo que a gente lê que aquele casal de italianos que se beijou sob os céus de Dubai,  foi preso por atentado violento ao pudor e acusado de fazer sexo em público e que uma executiva norueguesa foi processada por ter sido estuprada. Mas a essa altura da vida já abstraímos que "em Roma se faz como os romanos" e que nos países árabes as leis, em uma interpretação obscena do Islã, trata as mulheres como cidadãs de segunda classe.

Não é nem mesmo a grande riqueza do país que me faz incapaz de conectar para valer com Dubai, embora para ser honesto, este seja um dos fatores que me incomodam. O local é a Meca de todas as coisas extravagantes e caríssimas. É o lar dos ricos em combustíveis fósseis e petróleo, dos banqueiros de investimento e  dos investidores de fundos de hedge que se divertem nas zonas francas, das pessoas que jogam dinheiro de mentira no mercado de ações, que utilizam vastas riquezas para criar riquezas maiores ainda pela simples vontade de, em seguida, torrar tudo e dar risada.

Chocou-me a impetuosidade absoluta de Dubai, os seus inigualáveis crescimentos financeiro e físico, a sua prodigalidade desenfreada e sem sentido, a exibição de uma riqueza imensa sendo desperdiçada em trivialidades como os edifícios mais altos, os maiores fogos de artifício, o maior aeroporto, o maior shopping, o maior aquário do planeta Terra e, sempre, a convicção tola de ser o melhor em tudo, não por uma exibição de orgulho nacional ou para expandir os limites da engenharia ou da arquitetura, mas simplesmente para exibir dinheiro. 

Tal ostentação me desagrada, ainda que o horizonte reluzente de Dubai seja lindo, pois tanta riqueza me parece grotesca, como se fosse um disfarce velado e delicado que, a qualquer momento, pode quebrar-se para mostrar alguma coisa feia por baixo. É como se Dubai fosse um lindo oásis no deserto escondendo um poço cuja água pode estar contaminada. Mas Dubai vale a pena ver se alguém tem como objetivo testemunhar uma megalópole ligada na tomada vinte e quatro horas por dia.

A verdadeira razão que tenho para criticar Dubai é que ali não enxergo alma, ou por outra, é como se Dubai tivesse vendido sua alma em um dos seus shoppings chamativos e cafonas. Não há imposto sobre bens de consumo nos Emirados Árabes Unidos - sim, você está lendo corretamente - e, sendo assim, fazer compras é considerado um esporte nacional. É como se ali tudo e todos tivessem preço e padecessem de uma megalomania crônica.


A gente mal acredita quando lê que Dubai inaugurou, no meio do deserto, o Jardim dos Milagres, o maior jardim do mundo, é claro, onde florescem quarenta e cinco milhões de flores, ou que já está adiantado o projeto de construção da maior roda gigante do mundo, a qual se chamará de "O Olho Dubai" e que será muito maior do que o pobre do Olho londrino, ou que será erguida por lá, em tempo recorde, uma réplica do Taj Mahal com quatro vezes o tamanho do original. 
É como se em Dubai todos fossem fixados em dimensões. Go big or go home! Não se trata de tamanho! Ainda que o falso Taj Mahal venha a ser dez vezes maior que o original, inigualável continuará a ser aquele que foi construído como um mausoléu de mármore branco encrustado de pedras preciosas, pela força e talento de vinte mil homens, trazidos de várias cidades do Oriente, junto ao rio na cidade de Agra, para que um imperador desconsolado, de nome Shah Jahan, pudesse oferecer à sua esposa favorita, a quem chamava de Joia do Palácio, a maior prova de amor do mundo depois de tê-la perdido ao dar à luz o décimo quarto filho do casal.

Eu bem que me esforcei. Eu passei horas no Museu Dubai tentando absorver a história nativa, vaguei pelas ruas labirínticas de Bastakiya, fui ao Forte Al Fahidi, mas, o tempo todo, sentia como se Dubai estivesse tentando forçar uma experiência turística em mim, em vez de deixar-me dar uma espiada real. Pareceu-me que Dubai desejava que seus turistas caminhassem ao redor de um falso Madinat Jumeria, uma medina árabe de mentirinha para inglês ver, em vez de permitir-lhes conhecer a sua cara verdadeira.

Todo o paradigma cultural naquelas paragens é aparentemente dinheiro, dinheiro, dinheiro, sem nada por baixo para dar a essa substância significado. O país inteiro é aparentemente uma ode à ganância consumista. Em vez de celebrar o crescimento e aprimoramento da sua cultura, todo o foco está aparentemente voltado em apenas ser maior, melhor e mais rico do que todos os outros e certificando-se que todos os outros saibam disso. Os maiores centros comerciais, os mais brilhantes eventos, as mais altas luzes, a maior quantidade de ouro ou pedras preciosas usadas em um único assento de vaso sanitário. É esta a proposta. E ela é cansativa.

Ainda que, com certeza, Dubai seja o que o dinheiro pode comprar e não o que ele deveria comprar, todos deveriam visitar Dubai, não como destino, mas como uma parada, a caminho de um outro destino maior. Que no nosso caso foi a China. Se for só por dois ou três dias, pode ser divertido  conhecer a bizarrice de Dubai, essa mania doentia de ter o mais alto isso, o maior aquilo, o mais caro tudo e dar risada ao conferir todos os records do Guiness – o aeroporto, o Burj Khalifa, o Burj Al Arab, o Mall of Emirates, o Dubai Mall e Palm Islands - para chegar à conclusão, que é tudo caro, inútil, e até ridículo, embora impressionante.

Dubai, vale a pena, principalmente se a  sua paisagem for vista à distância, de cima para baixo, de dentro de um helicóptero, num voo panorâmico de quarenta  minutos. É caro? Com certeza, mas certas coisas e destinos a gente só vive uma vez.
Como o assalto era inevitável esse passeio foi o primeiro que fizemos. Foi belo ver lá de cima o mar e as praias, tantíssimos edifícios arranhando os céus e não só a agulha do Burj Khalifa. Foi impactante ver o impressionante arquipélago de Palm Islands, cujas ilhas foram feitas por mãos humanas, inclusive a mais famosa delas - Jumeirah Island - que tem a forma de uma palmeira gigante. Bonito demais ver lá de cima multidões de Gulliveres soltando pipas de papel - uma brincadeira nacional - o Porto Rashid e a Marina, o campo de golf, o deserto a curta distância da cidade, com suas espetaculares dunas de areia vermelha e montanhas escarpadas, os balões que o sobrevoam carregando turistas, o Parque aquático Wild Wadi, localizado na frente do hotel Burj Al Arab, o forte e os souks e os canais.

Fizemos fotos estupendas, mas elas nada valem se comparadas com as impressões que ficaram registradas como bytes nas nossas memórias. Tiro o chapéu para a visão dos edifícios icônicos, olhados à distância, nas formas de um chifre de unicórnio - um mito que teve origem na Arábia - de uma vela, de um caracol, de uma espiral, de um espelho convexo, de quimeras. Contemplando a arquitetura fascinante a gente abstrai que Dubai tem um fraco pelo futuro e tem a sensação de estar olhando para um morno e não tão remoto planeta desconhecido.

O certo é que o fato de Bilbao ter se transformado, após o advento do Museu Guggenheim, do Frank Gehry, num dos lugares mais visitados da Espanha e um ícone da nova arquitetura no mundo, fez com que outras cidades importantes tentassem a mesma fórmula como fonte de recursos e sucesso.

Dubai e Abu Dhabi nos Emirados Árabes seguiram a mesma fórmula, só que em outras proporções, com grandiosidade, muita ousadia, pouco tempo, desmesurada pretensão e grande complexidade e arquitetos como o próprio Gehry, além de outros como Norman Foster, Hadid, Jean Novel e Tadao Ando, transformaram Dubai em uma ilha da fantasia.

Quem aprecia como eu as longas vistas não poderia perder outra perspectiva da cidade, a partir do deck de observação do 124º andar do edifício Burj Khalifa, que do alto de seus oitocentos e vinte e oito metros é o edifício mais alto do planeta, ainda que isto tenha significado enfrentar o maior shopping do mundo, o Dubai Mall 
Também foi o caso do hotel Burj Al Arab - o único hotel sete estrelas do mundo - aquele que parece um barco de altas velas  e que já perdeu o posto, mas que, quando foi inaugurado nos idos de 1999, também era, então, o hotel mais alto do mundo com trezentos e vinte metros de altura. Como, é claro, dormir em um dos celestiais quartos estava muito além de nossos modestos limites, mas conhecê-lo, para fins profissionais e informativos, era necessário, a única maneira de ter acesso ao hotel foi reservar a refeição mais barata dos seus múltiplos menus, para obter um código de reserva que nos permitiu passar pela segurança e explorar-lhe o interior ignoto. Optamos pelo café da manhã, que começou às sete e chegou às dez horas, depois de vermos lá do topo, a  ilha artificial sobre a qual o prédio foi construído a poucos metros da costa de Dubai, mais ilhas à distância e, em seu interior, as fontes dançantes, um enorme aquário e um átrio azul impressionante.

Em 1965 Dubai só tinha um hotel cinco estrelas e hoje tem quase setenta da última e a meta é fazer com que, em 2020, o emirado tenha mais quartos de hotel que Paris. E depois? Ah, uma nova cidade com mais cem hotéis…

Dubai é um canteiro de obras e sempre será, com suas coleções de guindastes e de táxis conduzidos por indianos uniformizados de branco, mas que continuam baratos pois passaram a ter concorrência. Por aquelas paragens o maior sistema de metrô sem condutor no mundo transporta seus passageiros ao longo quarenta e seis milhas de trilhos  elevados, no conforto do ar condicionado mais potente da Terra.

Chamou-nos a atenção a impressionante qualidade do transporte público: ônibus com paradas climatizadas, metrô de luxo dividido em classes. Como os trilhos são elevados o metrô oferece um passeio envolvente passando pelo emaranhado de arranha-céus e shopping centers. Os nomes das estações poderiam ser os dos capítulos de um romance de ficção científica: Cidade da Internet, Bahia dos Negócios e por aí vai. Podemos até comprar um bilhete para a Estação Energia, coisa da qual precisamos enquanto faz 54 graus do mais seco calor do mundo lá fora.

Dubai é infernalmente quente. Praia eles só devem frequentar no inverno. Falar nisso é engraçado que a gente possa esquiar em um dos shoppings e em outro patinar enquanto lá fora a temperatura é apocalíptica e as piscinas precisam ser refrigeradas. No Mall dos Emirados, pudemos contemplar na maior encosta coberta de neve do mundo - a Dubai Sky - brilhando a uma temperatura de menos 3 graus centígrados as pessoas esquiando e os pinguins sendo alimentados, ao som dos melhores alto-falantes do mundo transmitindo o universalmente conhecido anúncio - ou muezim - de que é hora de parar para mais uma das cinco preces diárias: Allah hu Akbar! 

ISSO só mesmo em Dubai!

Imperdível - e de graça - é o Show chamado As Luzes de Dubai. Ele acontece no Lago Burj, ao melhor na Fonte Dubai, ao lado do Burj Al Kalifa e do Dubai Mall. A fonte lança a mais de cem metros de altura jatos de água, em meio a muitos milhares de luzes fixas e fachos de luz coloridos ondulantes, que criam um espectro visual maravilhoso, todas as noites de meia em meia hora. A cada apresentação a água dança ao som de uma música diferente, clássica, árabe e pop. Jantar à beira da Fonte, ao ar livre, apreciando o show faz bem à alma. Lembro que ouvimos Edith Piaf cantando La Vie En Rose, Con te Partirò  na voz de Andrea Bocelli e o Luciano Pavarotti soltando o vozeirão no  Mio Babbino Caro e muito mais.

O deserto oferece muitas opções: pode ser feito de moto, de bugre, de camelo ou sobrevoado por balões. Pode-se dormir uma noite numa tenda sob as estrelas - com direito a churrasco, dança do ventre e música - tudo absolutamente “típico”. Nós nos contentamos com um por do sol, mas não recusamos nem a almofada dourada nem o narguilé.

Vale ainda verificar os derradeiros resquícios da pretérita cultura nos souks do ouro e das especiarias, dois mercados para explorar na tentativa de se obter uma sensação da velha Dubai, do seu senso de comércio e tradição. Pelo menos por aquelas alamedas ainda se barganha (rsrs) Gostei de passear pelos canais artificiais e em Dubai Creek, pois se a gente pega um abras - o barco-táxi - consegue imaginar a vida há 60 anos atrás, quando todos os nativos pescavam pérolas.

Algumas coisas são verdadeiras pechinchas, entre elas uma visita à Casa do Sheikh Saeed Al-Maktoum, onde pudemos refletir sobre fotografias em preto-e-branco de Dubai e de seus habitantes, como era a paisagem por lá nos anos cinquenta. E aprendemos sobre camelos. Aparentemente os seus excrementos são tiro e queda para hemorragias nasais, embora a cura me pareça pior do que a aflição.

Não estivemos nos canteiros de obras. Lendas urbanas contam tristes histórias de exploração da mão de obra estrangeira para a construção civil e até de confisco de passaportes. O certo é que os expatriados qualificados, vindos dos quatro cantos do mundo, vivem bem, obrigado. Os brasileiros não pensavam em voltar e lá fincam raízes e formam suas famílias. Conhecemos uma garota de Santa Catarina, coberta da cabeça aos pés, casada com o seu beduíno ideal e completamente adaptada. 

Quanto aos 75% de asiáticos que supostamente formam a população local, tivemos bastante contato com motoristas indianos, que de Dubai, reclamavam apenas da saudade da família. E deles ouvi que os compatriotas nas onipresentes construções, ganhavam em Dubai em um ano aquilo que levariam cinco anos pra juntar na Índia, não pagavam impostos, tinham alojamento e saúde pública. Estavam ali de passagem, fazendo um pé de meia, economizando para o dote da filha, a casa própria, o capital para abrir seu próprio negócio. Ninguém demonstrou-me insatisfação. A vida é assim mesmo, diziam, e sorriam, balançando a cabeça de um lado para o outro, em um gesto que para nós significa não, mas que, para eles, em vez, quer dizer sim.
No entanto números confiáveis nos informam que cerca de 80 por cento da força de trabalho em Dubai é de expatriados. Hoje em dia é difícil, em uma Europa em crise, não se conhecer alguém que esteja no Golfo, participando da corrida do ouro livre de impostos, vivendo a vida a la Saudita, com os seus bares irlandeses, taxistas indianos, treinadores de tênis da Croácia e empregadas domésticas das Filipinas.

Eles sabem muito bem que o petróleo é finito e estão investindo na abertura de várias outras portas. O turismo cresce, a aviação de carga e passageiros idem. Hoje Dubai oferece voos para 120 destinos. Tem fábrica de tudo e por todos os lados, todas as grandes empresas mundiais estão ali representadas. É uma cidade operosa.
A educação é de excelente nível, inclusive com filiais ou branches de universidades americanas ( Michigan State University, Rochester Institute of Tecnology, American University, New York University ). Temos um sobrinho trabalhando em uma das grandes escolas americanas. 

Apesar de ser um daqueles lugares fadados ao insucesso seja pela opressão do deserto sitiando-a, pelas desigualdades sociais, pelo consumismo desenfreado, em Dubai, paradoxalmente, os índices de Felicidade Interna Bruta se mantém elevados…
De cima, seja dos prédios, seja dos helicópteros, seja dos balões coloridos talvez Dubai ofereça, aos seus visitantes, a sensação de estar no topo do mundo. Nas manhãs de nevoeiro os hóspedes de muitos daqueles hotéis devem acordar acima das nuvens, já que nós, com hospedagens mais proletárias, vislumbrávamos das nossas janelas mais rentes ao chão as torres dos edifícios mais próximos, como joias preciosas, saindo pontiagudas do algodão circundante. Mas e daí?

Ter todos os pontos turísticos mais altos e maiores do mundo, se divulgar como o melhor destino turístico do planeta não é, em si, uma coisa ruim. Quase todos os países e cidades do mundo possuem os seus records, ou pelo menos tentam, e o brilho e o glamour não são sempre negativos. Na realidade, Dubai foi visitada por mais de 14 milhões de pessoas em 2015, e ocupa no momento, o quarto lugar do ranking mundial da mais visitadas cidades, só perdendo para Pais, Bangkok e para a campeã Londres. 

Para esse lindo pavão enfeitado se exibindo sem mais nada para dar-lhe suporte, isto é uma façanha hercúlea. Em vez de celebrar o que é bom e belo e eterno, Dubai desenvolve todos os esforços para ser o destino favorito do mundo, a capital do consumo, para ser uma destinação que agrada a todos, aquela que não ofende ninguém e, de ser assim, nada de significativo tem a oferecer, além das suas deslumbrantes e inacessíveis paisagens.

7 comentários:

  1. 1) O texto de Moacir me fez mergulhar em Dubai ...escreve bem o nosso amigo, boas reflexões de viajante ...

    2) Lembrei tb de amiga nossa, conceituada professora de Meditação Vipássana,já passou dos 50, mora com os 3 filhos em aprazível recanto em Itaipava, RJ, um dos filhos, 20 e poucos anos, piloto de avião, ficou desempregado e não quis conversar. Disse para a mãe:

    - Estou indo para Dubai.

    - Por que filho?

    - É lá que o dinheiro corre, mãe.

    - Esse menino vai longe - disse nossa amiga.

    De fato, o jovem, fica por aí, singrando os ares ...

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  2. Carlos Azevedo16/07/2016, 09:57

    Sensacional o relato. Muito enriquecedor para quem quer conhecer mais Dubai.

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  3. Flávia de Barros16/07/2016, 10:22

    Moacir,



    Sem dúvida é uma cidade fantástica com um luxo tão ofuscante, que quase ninguém percebe que lhe falta passado e história. Ali tudo é perfeito demais, sem impressões digitais, sem ruas batidas pelo caminhar de muitas pessoas durante anos e anos. Eu diria que Dubai não tem identidade própria apenas um conjunto de prédios luxuosos e hotéis de tirar o fôlego. Mas eu não me incomodaria com nada disso, lá, se as mulheres locais não fossem tratadas como são e se houvesse um tiquinho de democracia.

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  4. Roberto Ferraz16/07/2016, 15:10

    O autor oferece uma coisa rara: informação isenta. Quem lê tem vontade de ir conferir Dubai.

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  5. Carla Gouveia16/07/2016, 15:56

    1. Dê um CRTL C e V no texto abaixo.

    Moacir,
    Adorei o post. Fiquei morrendo de vontade de ir naquele shopping maior do mundo para esquiar rezando . Abraço para você!

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  6. Moacir Pimentel16/07/2016, 20:11

    Antônio,
    " A verdadeira viagem não é procurar por novas paisagens , mas desenvolver novos olhos" Marcel Proust
    Carlos,
    Nunca estive em um lugar que não valesse a pena conhecer, apesar de não sentir vontade de voltar para muitos.
    Flávia,
    Talvez o contato com tantos visitantes, termine por determinar mudanças por lá.
    Roberto,
    Acho que não se pode formar realmente uma opinião só de ouvir falar.
    Carla,
    Não sei se entendi o seu comentário, mas respeito a sua opinião positiva sobre Dubai, que aliás não é só sua : 14 milhões de pessoas visitaram Dubai só no ano passado.Também
    não foi minha intenção fazer uma crítica à religião do seu povo, ao descrever o muezin. Acredito que nada torna o vasto mundo mais interessante do que a sua diversidade.
    Obrigado a todos pela leitura e comentários.
    Abraços

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  7. Francisco Bendl17/07/2016, 14:30

    Pimentel, meu caro,

    Mesmo assim eu gostaria de conhecer Dubai!

    Mas concordo contigo, em gênero, número e grau, que esta cidade é o enaltecimento do dinheiro, do exagero, da opulência, do desperdício!

    Se não a conheço pessoalmente, existem vários pequenos filmes em 4k pelo Youtube - o único luxo e possível de ter sido adquirido por mim foi uma TV de 65" Smart, 3D e 4K -, que nos dão uma noção perfeita sobre esta construção em pleno deserto que foge a compreensão ter sido possível a sua construção.

    Parabéns pelo artigo, Pimentel, afora as tuas observações que enriquecem sobremaneira o texto.

    Um abraço.
    Saúde e Paz!

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