Jean Metzinger - A Hora do Chá (1911) - Philadelphia Museum of Art |
Moacir Pimentel
O título oficial da tela é A Hora do Chá,
mas ela também é conhecida como Mulher Com Uma Colher de Chá, pintada pelo pintor cubista francês Jean Metzinger. Antes das
Senhoritas de Picasso terem roubado o show, essa garota aí foi apelidada de A
Mona Lisa do Cubismo, talvez porque, até então, as estranhezas cubistas de
Picasso e de Braque não fossem ainda conhecidas pelo distinto público.
Trata-se de um nu a óleo de uma figura
central feminina, provavelmente uma modelo do artista, seminua, com um pano
dobrado sobre o seu braço direito enquanto, em um intervalo entre as sessões de
pose, ela relaxa tomando uma xícara de chá, com a mão direita delicadamente
suspendendo a colher entre a taça e boca para provar-lhe a temperatura e o
sabor.
No fundo, do lado esquerdo superior se
pode ver um vaso sobre uma superfície que pode ser uma mesa de laca ou uma
prateleira de madeira, tanto faz. A forma quadrada ou cúbica do que seria uma
cadeira - mas poderia ser uma tela inacabada do pintor - aparece por trás da
modelo como que abraçando-a.
Note que todos os objetos ou são formas
planas e geométricas - triângulos, retângulos,esferas, quadrados e por aí vai
ou foram pintados como cubos, mais precisamente como os lados de um cubo. Olhe
para as mãos que seguram a xícara e a colher, para o cotovelo direito, para os
punhos e braços, para o tórax, para a mama: cubos !
Ou pelo menos tais formas possuem, pelo
efeito da volumetria das sombras, as esquinas tridimensionais afiadas do lado
de um cubo.
Veja como a cabeça da mulher é totalmente
estilizada, fatiada, dividida em planos geométricos, plurifacetada, como que
construída por legos.
A testa? Dois cubos cujas esquinas
inferiores são enfatizadas pelas linhas negras das sobrancelhas. As faces? Dois
triângulos 3D. As curvas que entram na composição da figura - cabeça, cabelos,
testa, bochechas, queixo, pescoço, boca - são tão suaves que só servem para
enfatizar a agudeza das fronteiras cúbicas.
Veja como parece que alguém desligou a luz
do lado direito desse rosto. Por que será que a luz só é refletida pelo lado
esquerdo da face ? Para enfatizar o perfil. Para dar ênfase ao fato de que o
rosto da modelo é representado de frente e de perfil. Ao mesmo tempo! Confira!
A luz refletida, de forma consistente, pode ser vista em outras partes do corpo
- peito, ombro, braço. A mama, por exemplo, é composta por um triângulo
iluminado e por uma esfera sombria. O jogo de cor, o lusco-fusco, dota a figura
de movimento. É como se ela estivesse se mexendo.
Veja que o artista em vez de pintar,
lapida a figura, como se a escavasse em navettes e baguettes, como a uma pedra
preciosa. Chama a atenção como ele trabalhou o resto do corpo. Em certa medida,
as formas geométricas coincidem tanto com a ossatura quanto com a musculatura
de um corpo de mulher.
Note a clavícula, a caixa toráxica, os
peitorais, o pescoço.
Já os ombros servem de ponte entre a
figura central e os elementos do fundo, que foram idealizados sobrepostos ao
resto do corpo, como se pudessem vir a ser, além de ombros, elementos não
identificados e angulares, os quais servem para misturar o primeiro e o segundo
planos da obra.
Veja como o todo parece mais com uma
armadura lindamente construída de linhas retas e curvas cuja função não é
determinada pela figura, pela modelo bebendo o chá, mas se entrelaça com ela de
uma forma que é totalmente inteligível.
Nós podemos ver claramente como as linhas
interagem umas com as outras. As cores moderadas empregadas por Jean Metzinger,
misturadas calmamente e sem rupturas de cor importantes, também contribuem para
unificar a composição.
Note que o verde - cortinas? - usado nas
laterais da pintura, aparece discretamente nas dobras do pano pintado sob o
braço da figura. Esta obra é a orquestração desses volumes geométricos, desses
fragmentos, dessas combinações arquitetônicas de cubos que apoiam a imagem como
ela aparece para nossos sentidos: uma mulher misteriosa cujo torso está nu
enquanto prova uma xícara de chá.
Cada uma das partes deste trabalho tem uma
relação lógica com todas as outras, cada uma justifica as demais. Essa
composição é um organismo perfeito, tão rigoroso quanto possível e nele
qualquer coisa que pudesse parecer acidental foi eliminada.
Nada disso impediu que essa mulher nos
expressasse seu temperamento e sua verdade, ou nos proibiu do sagrado exercício
da imaginação. Tanto que para mim ela é uma modelo parisiense num estúdio frio
e, para você, poderá ser uma gueixa japonesa numa cerimônia do chá depois do
amor.
O que eu vou teclar agora é essencial para
que a gente entenda a alma não só desta tela mas do cubismo.
As vezes eu vou numa pasta de fotos
qualquer e fico por lá olhando as fotos em sequência, uma depois da outra,
rapidamente. Dessa forma eu tenho a impressão de que as coisas fotografadas
estão se mexendo, como nos desenhos animados.
Costumo fazer isto principalmente com as
fotografias que faço em close, das carinhas dos meus netos cujas expressões são
tão mutantes quanto as ondas do mar.
Os pintores cubistas tentaram fazer o
mesmo com os seus temas. As figuras deste estilo de pintura,são posicionadas
centralmente,mas nos são mostradas olhando fixamente tanto para a frente,
quanto para a direita ou para a esquerda.
Simultaneamente.
Ou seja, nós as percebemos múltiplas. Tem
mais. Preste atenção na xícara de chá. Note que ela foi pintada tanto a partir
do topo - podemos ver o chá! - quanto de lado - o chá desaparece!
Como se o artista tivesse se movido em
torno e acima do objeto e captado dele vários ângulos, em momentos diversos e
sucessivos no tempo. Como se esta xícara de chá tivesse sido observada de cima
para baixo e, em seguida, de lado enquanto o pintor se encontrava agachado, mas
tivesse sido pintada das duas formas, em duas visões sucessivas, fundidas em uma única
imagem que, facetada, a reconstitui, através do tempo, ou como se o pintor
estivesse pintando a cena da quarta dimensão.
Qual das duas imagens originais é a
verdadeira?
Ambas.
De forma simplificada é como se eu tivesse
recortado diversos pedaços de várias fotografias dos meus netos ao longo de um
sábado, e com eles tivesse construído uma colagem, uma combinação de poses
capturadas uma atrás da outra, numa fusão simultânea de flashes diferentes,
numa soma de expressões variadas, reunidas numa única, maior, mais rica, que
representasse mais completamente o que eles foram e fizeram naquele dia.
Uma pintura feita dessa forma se torna um
produto da experiência, da memória e da imaginação, mescla uma série complexa
de elementos do passado e do presente, da real e do virtual, do que é tátil e
do que é criado, num mundo onde convivem em paz a metafísica e a física.
Ao contrário dos pintores antes deles, os
cubistas se movimentavam à volta de seus temas, capturando deles não apenas uma
visão, mas muitas, todos os lados, cada aspecto, cada ponto de vista, cada
elemento da superfície do objeto, e representando a essência completa do
assunto, se não todas as características e propriedades dos seus modelos.
Como consequência desse movimento foi
introduzida na arte uma pluralidade de pontos de perspectiva. Parece até que os
caras apalpavam os objetos, que os sentiam, que os examinavam ou exploravam
através do toque, sentiam os exatos tamanho ou forma ou firmeza ou localização
de algo, descobriam o volume real de tudo.
Estamos falando de uma quarta dimensão. De
sensações táteis e motoras, de plurivisão, de múltiplos pontos de vista, de
aspectos fragmentados e equilibrados pela geometria, da inteligência subjugando
os sentidos, de todas as nossas faculdades, da nossa personalidade interferindo
no espaço pictórico e transformando a imagem, da possibilidade de continuarmos
pintando de onde o artista parou, de uma passagem entre dois espaços subjetivos
- o do criador e o do observador - para se inventar uma imagem total, uma nova
verdade, nascida a partir das nossas percepção, emoção e imaginação.
Tudo de bom este artigo, Moacir. Lembra que outro dia eu lhe disse que para eu entender as Senhoritas do Picasso só desenhando? Estou me sentindo como se você tivesse escrito para mim porque você desenhou. E como! Entendi a explicação e adorei ter entendido. Vou ler de novo para virar uma cubista kkk Falando sério: muito obrigada mesmo!
ResponderExcluirMônica,
ExcluirO seu comentário me deixou feliz.Obrigado.Eu escrevi esse texto há três anos para uma amiga que, então , não entendia muito de cubismo. Ela escolheu entre os "pesadelos cubistas" aquele que lhe pareceu menos pior e me postou a tela - acho que a Mona Lisa ilustrava uma crônica sobre uma cerimônia do chá japonesa - e me pediu para dela fazer uma "tradução".
Mas pode chamar o texto de seu (rsrs) pois lembrei das suas palavras sobre as Senhoritas do Picasso quando o enviei para a Redação.
Eu acho que essa garotada toda - Metzinger , Picasso, Braque , Gris etc - que mudou a arte no começo do século passado ao desenvolver uma nova linguagem visual de planos geométricos que rejeitava as convenções de perspectiva e representação, merece ser compreendida.
Muitos acham que tais pintores fizeram essas bizarrices por diletantismo, para chamar atenção ou movidos por álcool e ópio. Em vez, os trabalhos cubistas foram resultado de muita leitura sobre a quarta dimensão , de muito trabalho duro, de muita pobreza, de muita tentativa e erro e de muita coragem e imaginação.
Gosto dos trabalhos cubistas pois eles nos desafiam a compreender um tema - figuras, nus, paisagens e naturezas mortas - dividido em seus componentes geométricos e muitas vezes representados a partir de vários ângulos ao mesmo tempo. O belo nessa mulher não é ela , assim abstraída da real, mas a forma como foi pintada, a inteligência da composição, as pistas identificáveis da figura realista fragmentada na composição geométrica.
O que merece louvor é o próprio ato criativo num jogo cujo nome é reinvenção.Agora...gostar?
Gosta ou não gosta quem a olha.
Abraço
Moacir,
ResponderExcluirVocê se superou. Diante da sua bela 'cerimônia do chá' desta aula maravilhosa que só quem gosta muito de pintura pode ministrar, só quero destacar a sua definição para a pintura moderna:
'Uma nova verdade, nascida a partir das nossas percepção, emoção e imaginação'
E a pérola maior :
'Nada disso impediu que essa mulher nos expressasse seu temperamento e sua verdade, ou nos proibiu do sagrado exercício da imaginação'
Parabéns e um abraço para você.
Flávia,
ExcluirVocê botou o dedo na ferida. O grande Keats já escrevia:
"Eu de nada tenho certeza a não ser das afeições do coração e da verdade da Imaginação. A beleza apreendida pela Imaginação deve ser verdade".
Obrigado pelo incentivo e outro abraço para você.
O que mais me agrada no quadro é o tom das cores. SE tivesse que usar uma palavra para definir esses tons, eu diria: REPOUSANTE.
ResponderExcluirÉ não-cansativo, pode-se olhar para eles toda a vida. E descobrir a cada dia uma novidade no quadro.
Acho que com ele eu 'conversaria', Antonio (Rocha).
Gostei, Moacir, de ter sido apresentada a essa tela.
PS: A gente precisa olhar muito uma obra desse tipo para sentir. Um pouco aqui, um pouco ali e lá. Mas, como já disse, os tons são, pra mim, o forte da pintura.
Pimentel é o nosso expert em pinturas e esculturas.
ResponderExcluirSeus artigos são unânimes quanto à qualidade dos textos e conhecimento sobre estas artes, que revelam talento e vocação de seus autores em níveis elevados de virtuose, que enaltecem, inclusive, a própria espécie humana!
Entretanto, até mesmo para se comentar sobre essas demonstrações de absoluto domínio técnico e estilos, faz-se necessário que esta pessoa tenha o mesmo talento e vocação que o pintor e o escultor, de modo que saiba interpretar as obras realizadas exatamente conforme a imaginação de quem a idealizou e realizou, consequentemente, artigos que encantam, envolvem, agradam, extasiam, ensinam, e mesmo para aqueles que não têm esta paixão por estas duas artes específicas, passam a admirá-las por que Pimentel as explicou, as definiu, nos transmitiu as mensagens nelas contidas.
Se eu classificasse meus rabiscos, gentilmente publicados pelo Wilson, como medíocres, destituídos de qualquer qualidade, eu não somente estaria sendo correto e honesto comigo mesmo, mas indo de encontro à realidade a respeito das “minhas obras”, mas, fundamentalmente, eu deixaria de colaborar com este blog extraordinário sobre possibilitar a comparação de textos bem feitos com relatos mal feitos, então a minha importância neste contexto e na mesma diapasão que outros escultores e pintores não tiveram a mesma repercussão internacional que os grandes mestres citados pelo Pimentel.
Logo, se Pimentel nos traz a arte em sua mais elevada condição através de textos não menos brilhantes, demonstro, com o que escrevo, exatamente as diferenças de níveis existentes entre o talento e o esforço, entre a vocação e a circunstância, entre a virtuose e o ocasional!
E assim é a humanidade, onde pessoas mesmo feias encontram seus amores e são correspondidos; gente má se dá com gente boa; altos e baixos são amigos; gordos e magros se entendem; velhos e jovens se comunicam; livros de notáveis escritores são lidos e, acidentalmente ou por acaso, obras de escritores desconhecidos podem ser vistos por algumas pessoas; acontece o mesmo na música, onde os compositores mais famosos também cedem espaços para os fortuitos, de gente com apenas um sucesso.
Bom, quero dizer que, se as pessoas sem talento e vocação jamais serão aplaudidas, as importâncias que as revestem dizem respeito a servir de comparação justamente para aquelas que possuem qualidades pois, sem o medíocre, como enaltecer o excelente, o primoroso, o talentoso?
Na razão direta que os artigos de Pimentel elevam este blog pela qualidade e conhecimentos transmitidos, os textos do Chicão mostram o outro lado, dos que não tem talento e vocação, mas também são importantes para se ter a ideia da diferença, da excelência e do comum, da sabedoria e falta de imaginação, da unanimidade para contestações.
Então, quando elogio os textos de Pimentel, tanto são verdadeiras as minhas palavras quanto os meus rabiscos servem exatamente para eu me sentir útil neste blog que, sem mim, seria o reduto da habilidade, do predicado, de dotes e aptidões, mas temos nossos altos e baixos, e assim temos de conviver!
Pimentel o som clássico, na medida certa, a música adequada, que todos ouvem e aplaudem freneticamente; Chicão, o barulho, o desafinado, som estridente, muitas vaias, mas ... como elogiar Pimentel sem as reservas que se fazem ao seu lado oposto, e como seria se ninguém o incorporasse?
Tá vendo, Pimentel, por que te elogio tanto com sinceridade e honestidade?
Um forte abraço, meu caro.
Saúde e paz!
Chicão,
ExcluirÉ o seguinte: tu faz tanto barulho que quase nos rouba o foco, tchê!
Sabe? O meu pai sempre usou as palavras com a mais absoluta parcimômia, quase com usura. Foi dele que herdei a pouca objetividade que tenho.
Diante desse seu caudaloso comentário primeiro ele daria uma gargalhada. E, em seguida, lhe perguntaria :
"Mas finalmente o que você achou do QUADRO?"(rsrs)
Abração!
Um texto perfeito e didático. Bravo!
ResponderExcluirQue quadro, Pimentel!?
ResponderExcluirOlá Moacir,
ResponderExcluirParabéns. Você dissecou a Mona Lisa cubista!
Uma covardia ( e muito gostoso!) usar carinhas de neto para explicar o processo!
Funcionou bem, viu?
Até mais.
Alexandre,
ResponderExcluirMuito obrigado pela leitura e comentário.
Bendl,
Confesso que estava ansioso e um tantinho preocupado com a resposta do amigo. Tipo quando o nosso "do meio" perguntado se a irmãzinha recém nascida não era linda respondeu:
"É hololosa!"
Como diziam antigamente:
"Que Deus te conserve cego!" (rsrs)
Donana,
Tenho certeza que também a senhora fica bobóide no computador transformando as carinhas dos netinhos em desenho animado cubista. Quanto a ter "funcionado bem", tenho as minhas dúvidas (rsrs)
"Gratidão"
Abraço geral
Oi Moacir,
ResponderExcluirandei olhando melhor o quadro acima e creio que há duas mulheres nele. Uma ruiva, que dá a colherada de chá(?) para a outra, de cabelos negros.
Sei que é outra mulher por causa dos cabelos longos e da mama. Que não pertence à mulher ruiva. O braço esquerdo também é da mulher de cabelos negros. Errei?
Nos dois nus, novamente a mulher ruiva, em pé, de frente para a mulher de cabelos negros, que está de costas. Impressionante como ele fez as curvas direitinho...
ResponderExcluirMuito bonita a tela.
A última tela, da amazona, é mais embaralhada, mais confusa.
Ofélia,
ExcluirNa minha cabeça essa Mona Lisa é uma só mulher vista simultaneamente de frente e de perfil, na luz e na sombra. Da mesma forma que a xícara - na terceira foto do post - é vista de cima para baixo e de frente.Como se o pintor tivesse se movimentado em volta da figura e do objeto, vendo-os e pintando-os de ângulos diferentes, numa só imagem.
Mas como as telas são mensagens abertas, espaços subjetivos que pertencem tanto ao criador quanto ao observador, pode-se e deve-se vislumbrar nessa Mona seja lá o der nas nossas telhas: uma gueixa japonesa, uma modelo francesa, duas mulheres, uma ruiva e a outra morena ou uma jovem e a outra madura , ou uma franca e a outra ambígua. Quanto mais "traduções" mais interessante fica a tela.
Quanto aos Dois Nus concordo com você.É um belo trabalho no qual o pintor cometeu com elegância figuras altas e delgadas que ele tratou da mesma forma que as árvores e as rochas : como múltiplos cubos empilhados e interligados - como aquelas peças dos legos dos nossos filhos - para inventar uma paisagem inédita, um ambiente onde as figuras e o cenário são partes de um todo, sem distinção entre o fundo e o primeiro plano.
Acho que, diferentemente do de Picasso, o trabalho de Metzinger "conversa" mais facilmente com a gente e que suas estranhezas têm uma lógica mais inteligível.
Obrigado por comentar e tenha um bom Carnaval
Olha eu aqui querendo discordar do Moacir. E discordo. A sombra não tornaria o cabelo da outra figura tão escuro. E por que motivo a ruiva eleva a colher?
ExcluirAcho mesmo que a morena está de 'babador'. Repara só. Ou o seio não apareceria.
A xícara pode estar em dois planos. As mulheres, acho eu, são mesmo duas figuras. Ou a ruiva teria um corpo excessivamente grande.
Adoro isso, Moacir.
Bom Carnaval pra vocês também.
Amanhã eu vejo as imagens, Moacir, estou cansada. Cheguei mais tarde da rua.
ExcluirMas posso te dizer uma coisa: essa história de Picasso perder o T pela mulher, após ela ter dado à luz, acontece mesmo, de verdade, com muitos homens. Um ex-professor meu me contou que aconteceu com ele.
Boa noite.
Moacir, Marie Thérèse tem lindos lábios, belos cabelos e cor de olhos. Mas a figura é deformada demais, não me fala aos olhos, tampouco à alma. Deve ter duas Marie na pintura, talvez duplicadas pelo olhar dele, pelo sentimento. Que não é o meu, não me anima, embora existe alguma beleza escondida na pintura, que não sei dizer de onde vem.
ExcluirAh: e que dedos grosseiros! São dela mesmo ou de alguém que a segura por trás? Acho que não são dela. São de homem. As mãos dela(s) estão ocultas nos braços cruzados sobre algum lugar.
Mudei de ideia. Existe apenas uma Marie Thérèse na pintura. Ele é que a enxerga de duas formas, dois ângulos, talvez em uma virada de rosto.
Belíssimo o quadro de Marie e Maya. Belíssimo.
ExcluirUma coisa é certa: Picasso gostava de lábios, sempre lindos, sempre perfeitos, bem desenhados.
Amei esse quadro. A ternura nele vem toda do olhar de Marie. Das olheiras(?) sob os olhos dela. Quanta ternura no olhar ele conseguiu imprimir.
O narizinho da criança também é perfeito. É uma criança só, com uma das mãozinhas por trás do pescoço da mãe.
Mas o que me chamou muito a atenção foi a coroa de louros em que Picasso transformou as mãos de Marie. A vitória dela, a maternidade. Lindo quadro. Gostaria de ter um assim, rsrs.
Mãe e filha me parecem infantilizadas igualmente no vestido vermelho de madras. Repare que os cabelos com laçarotes enfeitam as duas. E os lábios, sempre eles, uma perfeição. Devia beijar muuuuito. Era um encantamento pra ele.
ExcluirA boneca é só boneca. Não vejo humanidade nesse troço verde, apesar de grande para uma boneca. Muito feia para ser humana.
É uma mãe-criança segurando dois brinquedos. Ele igualou a mãe à filha. 'Aquilo' verde na mão esquerda é um boneco. Por isso é verde. Sem alma.
Amei o vestido vermelho, os laçarotes, o cabelo. Uma mãe-criança com seus brinquedos.
Ele gostava de lábios e de cabelos. Bom, eu acho.
O outro brinquedo, não estou olhando, é uma girafa?
Moacir, voltando à tela da Mona Lisa. A ruiva está dando chá na boca da morena, recostada no ombro dela. Não vejo cena de amor ali. Mas de alguém dependente, talvez adoentada. Com os cabelos desfeitos, repara nos da morena... Estão despenteados.
ExcluirNada sexual no encontro das duas.
Ofélia,
ExcluirPara começo de conversa eu preciso agradecer a você por esses inteligentes e divertidos comentários que justificam o post pois uma pintura não pode ser só lida: implora por ser vista, pelo sopro de vida da imaginação de seus observadores.
Então... O doido de pedra aqui que escreve sobre uma pintura - e cubista! - ficou feliz de saber que alguém não está nem aí para o que foi escrito mas que, em vez, OLHOU para o que foi pintado. Obrigado.
Então nem vou bater teclas. A Mona Lisa é o que você vê: uma ruiva - sem babador, espero! - dando chá na boca da morena, recostada no ombro dela. Alguém dependente, talvez adoentada, com os cabelos desfeitos, despenteados.
E ponto final e estamos conversados!
Em seguida , deixe que lhe diga que você tem grande sensibilidade e que acerta , mesmo quando erra o alvo. Se você gosta de histórias de amor e se tiver tempo e interesse, por favor leia mais um pouquinho sobre a fase luminosa de Marie Thérèse na vida e na pintura de "Pic" - como ela o chamava - em um post meu publicado faz tempo pelo Wilson e chamado Um Picasso Amoroso.
https://conversasdomano.blogspot.com.br/2016/09/um-picasso-amoroso.html
Uma coisa é certa, Moacir. Talvez nunca mais eu esqueça a imagem de Marie Thérèse, de louros cabelo lisos e pouco cheios.
ExcluirPicasso conseguiu impregnar minha memória com os traços dela, que viviam na lembrança dele.
Vi a foto em p&b de Marie Thérèse. Era mesmo uma bela mulher.
Certa vez tive uma conversa com meu psi Antonio, e não sei bem o que disse a ele, talvez eu estar desconfortável por não me sentir no meu melhor momento num certo momento. E ele me disse: "Ele não queria o seu corpo, Ofelia, queria você".
Tem algo de muito verdadeiro nessas palavras, porque avalio por mim, por meus sentimentos. Mas um artista só consegue amar o belo, me parece. Se bem que Dora(a dama da sopa e da cama quentes), companheira de vida de Rodin, talvez porque já entrada em anos, não me pareceu bela, e até pouco feminina em seu rosto anguloso, com maçãs proeminentes.
Millôr fazia troça da tal beleza interior quando dizia mais ou menos isso, já não me lembro do texto corretamente. Que quem gostava de visão interior era RX. Espero não ter distorcido o pensamento dele.
Acho que se o belo atrai todos nós, imagino o estrago que faz na alma dos artistas, com precisas noções de dimensões e combinações do riscado humano.
O assunto me agrada, Moacir, gosto de ver pinturas e esculturas e de imaginar.
Boa tarde, hoje acordei cedo, voltei a dormir em seguida e levantei quase as 16h. Mas fui dormir às 4h.
Ofelia
1) Cubismo, cubas, caixas, volumes
ResponderExcluir2)Retas, me parecem blocos de pedra. Mosaicos que se encaixam com vários tipos de pedras.
3) Mulheres de pedras, enigmáticas.
4)Bebem cafezinho a sós ou acompanhadas. O que estão a imaginar?
E quem sabe, vizinho? Lembra do enigma da Esfinge de Tebas? "Decifra-me ou devoro-te".
ExcluirDizem que o Édipo acertou a tal da resposta mas o coitado acabou mesmo foi complexado. Me inclua fora dessa (rsrs) Agora...melhor prestar muuuuita atenção ao que as nossas senhoras "enigmáticas" dizem.
Abraço e obrigado pelo comentário