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25/02/2017

O Meu Bebê



Wilson Baptista Júnior

Fui fazer uma depuração outro dia nas estantes daqui no escritório (de vez em quando é preciso abrir espaço...) e encontrei um envelope que meu pai tinha me dado depois que mamãe morreu. Tinha guardado dentro alguns desenhos meus de criança, um caderno do grupo escolar, os cartões postais que eu mandei para ela na primeira vez em que viajei para longe, e um livro que se usava no tempo em que nasci, chamava-se "O Meu Bebê", com poemas do Bastos Tigre e ilustrações do Acquarone (pensem na dupla, o livro foi premiado pela Academia Brasileira de Letras) muito usado pelos pais naquela época e onde eles iam registrando os acontecimentos da vida do rebento e, se quisessem, escreviam pequenos textos a cada ocasião para que mais tarde a criança lesse quando fosse crescendo.
Eu não tinha aberto o livro desde que recebi o envelope, e nunca tinha lido os escritos. Mamãe e Papai escreviam muito bem. Mamãe teria adorado ler esse nosso Conversas, que ela não chegou a conhecer.
Estava sozinho em casa, confesso que me emocionei e chorei como uma criança enquanto lia. Pensando em quanto gostava deles e como hoje me parecem tão poucas as vezes em que lhes disse isso.
Não há (ainda) como voltar no tempo, mas como eu gostaria de poder voltar, ao menos uma vez, para poder dizer isso a eles...





17 comentários:

  1. 1) Belíssimo depoimento Wilson, parabéns !

    2)Sugestão budista: mentalize os seus pais, veja-os com os olhos da alma e declare para eles que vc os ama muito e para sempre.

    3)Peça-lhes uma resposta e eles, felizes, irão responder.

    4)Vez por outra converso com os meus pais, que se encontram em outra dimensão...

    5)De acordo com o Budismo Esotérico nossos pais continuam nos ajudando do outro lado.

    6)É só pedir e agradecer, agradecer muito !!!!!!!

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    1. Wilson Baptista Junior26/02/2017, 14:05

      Antonio, eu também acredito que de algum lugar eles estejam, como disse um conhecido seu, "se lá no eterno azul onde subiste / memória dessa vida se consente", ainda cuidando de nós. Queria ter essa tranquilidade de saber que um dia ainda nos encontraremos e eles tornarão a abrir os braços para mim. Eu tento, muitas vezes, conversar com eles...
      Obrigado e um abraço.

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  2. Que lindo, Mano Wilson...
    Eu também teria chorado muito.
    E também gostaria de ter a oportunidade de dizer a eles que eu os amava. E abraçá-los outra vez.
    Dizem que a gente deve dizer eu te amo todos os dias. Nem sempre a gente diz, não é?
    E todo dia também nunca seria o bastante.
    Consigo imaginar sua emoção, juro que consigo, Mano.
    Acho que vou fazer com meus pais o que o Mano sugeriu pra você.
    Abração
    Ofelia

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    1. Corrigindo: o que o 'Antonio' sugeriu pra você.

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    2. Wilson Baptista Junior26/02/2017, 14:09

      É isso mesmo, Ofélia, dizer todos os dias, e nunca será o bastante. Porque nunca se sabe se se vai poder dizer outra vez.
      Sei que você consegue imaginar. Você tem um coração que sabe.
      Um abraço do
      Mano

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  3. Heraldo Palmeira25/02/2017, 12:27

    Meu caro Mano,
    Envolvido com mudança de casa, como lhe falei, também reencontrei relíquias pessoais e familiares. Coisas e escritos muito caros, até o santinho de Primeira Comunhão do meu pai, impresso na Itália em luxuosíssimo papel cuchê (prática comum da época), como se a cerimônia tivesse ocorrido ontem - foi em 1915, isso mesmo, há 102 anos!

    Exatamente como você, me emocionei lendo bilhetes e cartas que recebi de minha saudosa mãe, de minha filha ainda criança, de minha irmã ainda adolescente... Signos da vida, meu caro! Nossa humildes riquezas!

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    1. Wilson Baptista Junior26/02/2017, 14:13

      Você definiu muito bem, Heraldo, " nossas humildes riquezas". E as únicas que importam. Enquanto as vivemos e enquanto podemos nos lembrar delas.
      Um abraço.

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  4. Francisco Bendl25/02/2017, 13:05

    Bah, meu caríssimo Wilson, que depoimento mais sentimental, pungente, emocionante!

    Pois não terei vergonha de confessar para nossos amigos e leitores deste blog extraordinário que, no dia 12 de fevereiro, último passado, que caiu no domingo, a minha mãe se viva fosse completaria 88 anos.

    Nascida em 1.929, morreu em 25 de março de l.971, em seguida após ter feito 42 anos.

    Pois neste dia, apresentou-se no Faustão, Agnaldo Rayol, pois eu cuidava a chamada deste notável cantor para se apresentar no programa e eu assisti-lo.

    Quando cantou Ave Maria, e me veio à mente a lembrança da minha mãe, e no dia que estaria de aniversário, Wilson, desandei em prantos!

    EU CHORAVA COPIOSAMENTE E ALTO, em soluços.

    Desta forma, nós que não temos mais nossos pais, e sentimos uma saudade indescritível, compreendo perfeitamente a tua dor e me solidarizo a ela, apesar da dificuldade que temos em certos momentos para suportar tais ausências.

    Um forte e grande abraço, apertado, de apoio moral, de vamos em frente, eles devem estar vendo como estamos bem!
    Muita saúde e paz, meu amigo, extensivo aos teus amados, logicamente.

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    1. Wilson Baptista Junior26/02/2017, 14:18

      Chicão, amigo Chicão, nesse ponto não somos dissidentes :)
      Tu conheces bem a falta que a lembrança desperta de novo nesse enorme coração.
      Obrigado pelas tuas palavras e pelo teu abraço.

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  5. Mano,
    Seus pais eram ( ou são?) fantásticos! Seu pai, invejável! E sua mãe, uma Lady! Minha querida sogra e amiga! Mas você sabe disso!

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    1. Wilson Baptista Junior26/02/2017, 14:20

      Sei, sei sim. E sou muito feliz pelo quanto vocês foram amigos, os três. Obrigado por tudo.

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  6. Abriu o coração e as emoções jorraram. Muito lindo! Onde estiverem, eu acredito que a comunicação aconteceu.

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    1. Wilson Baptista Junior26/02/2017, 14:21

      Gosto de pensar que sim, Reg. Obrigado, minha cunhada.

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  7. Moacir Pimentel25/02/2017, 17:12

    Wilson,
    Orfandade não tem idade. Entendo muito bem a emoção que você experimentou diante das belas caligrafias e palavras de seus pais. Também já aconteceu comigo, ao folhear velhos livros e me deparar com dedicatórias e anotações feitas pela letra elegante jamais esquecida e encontrar entre as páginas cartas e santinhos e folhas secas. É sempre um soco no peito essa quase presença que só faz avivar a saudade e ampliar a ausência. No entanto pelo que já li da sua história familiar tenho certeza que entre eles e você e você e eles não ficaram quaisquer palavras mudas.
    Serão deles, dos nossos pais não importa quanto tempo passe e quanta estrada percorramos as nossas mais doces memórias de amor, os nossos mais vívidos bytes de ternura.
    Feliz é quem teve por tanto tempo pai e mãe amorosos e presentes e hoje,rico de perdas, pode derramar essas lágrimas. Abençoados são os que acreditam , como o Antônio, que de alguma esquina eles ainda velam por nós e que estamos caminhando na direção de seus abraços.
    Mas...quando eu casei trouxe comigo o meu Álbum e , bem assim , os nossos filhos levaram os deles quando deixaram o ninho. Amorosamente escritos por minha mulher os álbuns têm aqui e ali registros feitos por mim. Já os dos netinhos são virtuais e muito legais de ler . Mas olha que eles curtem adoidado ver os papais e as mamães quando eram "pikenus" nas velhas fotos que - fazer o quê? - termino digitalizando.
    Mas me diga que virtualidade poderá substituir a contento aqueles cachinhos de cabelo tão clarinhos que as mães de antigamente guardavam, no do dia do primeiro corte, dentro dos envelopes colados na capa interna dos álbuns de seus bebês?

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    1. Wilson Baptista Junior26/02/2017, 14:28

      Moacir, sei que você entende. Pelo muito que já conversamos sobre nossos pais. Os meus ficariam ( ou ficam, como disse a Ana) felizes de ver você dizer que não deixamos palavras mudas.
      Sim, eu sou feliz e rico de perdas. E nada, nada no mundo virtual substituirá jamais aqueles cachinhos :)
      E muito menos o carinho com que eles foram cortados.
      Um abraço do
      Mano

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  8. paulo tripaldi26/02/2017, 20:35

    Graças a Deus eu conheci você e pude desfrutar da sua convivência e da sua família. Vc não é só grande nas suas atuações como profissional e pai de família. Vc é enorme nas emoções e também me emociona. Deus abencoe vc e sua família...

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  9. Obrigado, amigo Paulo. Pelos elogios imerecidos e pela longa convivência que deixou tantas boas lembranças. Um abraço.

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