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17/02/2017

Cestas Sagradas

imagem Wikiwand

 Antonio  Rocha
Eu estava na sala de espera do dentista e tive a chance de assistir o finalzinho do jogo de basquete feminino entre o Brasil e a Austrália, no campeonato mundial, ocorrido em setembro de 2006, em São Paulo. Quando eu cheguei, o Brasil estava ganhando por uma diferença de sete pontos e, como não entendo nada de basquete, diziam os locutores que isso era bom.
Logo depois houve mancada (em linguagem meditativa, desatenção) no time brasileiro e as australianas marcaram mais um ponto. Aí pronto, nossas compatriotas ficaram nervosas, perderam a concentração; o técnico nacional por mais que se esforçasse não conseguia equilibrar o time, conclusão: perdemos a partida. As australianas me pareceram calmas e tranqüilas. No jogo seguinte, os EUA eram os nossos adversários. Dominaram bem e, dizem os especialistas que nos massacraram. Ficamos em quarto lugar. As australianas foram as merecidas campeãs.
Assim que terminou o jogo do Brasil e Austrália eu pensei: “Se essas meninas brasileiras praticassem meditação não ficariam tão nervosas e desconcentradas, e se, por ventura, ficassem nervosas e desconcentradas, pois isso faz parte da vida, todo mundo fica assim, com freqüência; elas conseguiriam logo o re-equilíbrio”. Escrevo isso com todo respeito às atletas nacionais e à equipe técnica, mas o fato me fez lembrar do excelente livro de Phil Jackson e Hugh Delehanty, “Cestas Sagradas”. Publicado pela Editora Rocco, em 1997 e com duzentas e vinte e duas páginas, atualmente com várias reedições.
A obra tem como subtítulo “Lições espirituais de um guerreiro das quadras” e o texto conta, de forma primorosa, o depoimento de um dos homens mais virtuosos da história do basquetebol norte-americano. Ele é um dos autores do livro em questão, trata-se de Phil Jackson, técnico do time Chicago Bulls, que trabalhou incansavelmente para estabelecer a equipe de ouro da NBA (a liga norte-americana) na década de 1990.
Ele juntou criativamente esporte e espiritualidade. Basquetebol e Zen e o resultado foi magnífico. Os atletas aprenderam a importância do conjunto, de jogar em equipe, privilegiando o não-egoísmo, enfatizando a compaixão, evitando as atuações isoladas. Com isso os jogadores aprenderam que o “Eu passa a ser servo do Nós”. Todos juntos podem vencer e a força, o potencial, a energia do grupo é bem maior que um solitário atleta que quer brilhar sozinho.
Com isso estou querendo dizer que a prática da meditação pode e deve ser aplicada em qualquer atividade do nosso dia-a-dia.
Às vezes, de forma bem-humorada, os autores reescrevem milenares princípios budistas, por exemplo: “Se você encontrar o Buda no garrafão, passe-lhe a bola”.
É isso! Simbolicamente, Buda é qualquer pessoa com quem podemos somar e construir uma vida melhor, para o bem de toda a equipe. E, em sentido amplo, a equipe é toda a humanidade.


10 comentários:

  1. 1)Obrigadíssimo Mano,

    2)Vou daqui a pouco para Morro Azul (Eng. Paulo Frontin, RJ), terça-feira volto a comentar.

    3)Se vcs encontrarem o Buda na padaria peça-lhe um sonho.

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  2. Antonio,
    bom dia.

    Estou com dois homens em casa mexendo no ar condicionado, tirando um muuuuito antigo e botando outro que meu irmão passou pra mim, novo ainda, 'apenas' com 19 mil BTUs, porque ele botou na casa dele um desses modernos.

    Os homens foram comprar algumas coisas e eu aproveitei para descansar a cuca, meu filho vem ao Rio amanhã e deve dormir aqui de domingo pra segunda.

    Já reparou que a velhice(!)faz da gente seres que não se cansam de falar, e falam de coisas que não interessam a ninguém? Pois é, mas essa é a minha vida. Não sou versada em arte como a Ana, o Moacir, não tenho a versatilidade do Bendl para contar histórias. Minhas histórias são as pequenas histórias diárias.

    Gostaria, Antonio, de ter essa fé no Buda que você demonstra ter. Não tenho familiaridade com Buda, apesar de todos os seus ensinamentos.

    Gostaria, sim, de ser uma pessoa melhor a cada dia. Tenho tentado. E vou pedir ao Buda dois sonhos: um, imaginário, da minha alma. O outro, o de recheio de creme ou doce de leite. Mas não o da padaria. Não é bom. Precisa ser de uma delicatessen. Acho que mereço. E faz tempo que não experimento um.

    Bom passeio pra você e Heloísa. Até a volta.
    Ofelia

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    1. Francisco Bendl17/02/2017, 11:12

      Ofélia,

      Que legal ler o teu comentário nesta sexta-feira!

      E me deixaste vaidoso, pois registraste que sou versátil, olha só!

      Na verdade, minha querida amiga, tenho paixões pelos meus amigos, e detesto vê-los sofrendo ou desconfortáveis, então não me preocupo em fazer o papel de bobo da corte, pois eu os quero felizes, alegres, rindo, mesmo que seja das minhas palhaçadas, não me importo.

      Na nossa idade só temos as amizades, pois os filhos o mundo tomou conta, os levou embora, resta-nos apenas manter as pessoas que conhecemos mesmo que virtualmente ao nosso lado.

      NÃO SAI DAÍ, OFÉLIA, NÃO SAI DAÍ!

      Um forte abraço.
      Muita saúde, e muita paz, guria!

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    2. 1) Oi Ofélia, pode pedir ao Buda os sonhos que vc quiser.Ele atende mediante nossos merecimentos...

      2) Cheguei à feliz conclusão que ele é ótimo padeiro, médico, amigo etc...

      3)a Fé é uma plantinha que vai crescendo aos poucos sem pressa.

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  3. Olá Antônio, E se ganhar o sonho, sonhe muito, pois como citou o Moacir, "nós somos o sonho e o sonhador"! Como também Shakespeare, "nós somos a matéria de que os sonhos são feitos". Mas não gosto muito do Shakespeare, prefio o Moacir. Bom passeio nesse lugar de nome bonito. Você está muito passeadeiro! Até mais.

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    1. 1) Oi Ana, Buda é Amigão e dessa vez nos (eu, Heloisa e minha irmã de Brasília) levou para um belo passeio que mais adiante vou escrever.

      2) Gratidão !

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  4. Francisco Bendl17/02/2017, 11:05

    Rocha, meu caro,

    Mais um dos teus artigos que nos ensina como nos livramos de problemas até mesmo os mais corriqueiros, graças ao Buda.

    Sem concentração dificilmente obtemos os objetivos delineados, pois a distração interromperá a intenção frágil sobre a meta estipulada.

    Aprendi, desde cedo, que somos obrigados a prestar atenção em tudo que está em nossa volta, e não nos afastarmos dos objetivos custe o que custar.

    Concordo, portanto, com os ensinamentos do Mestre, pois foram exatamente nas situações mais complicadas que vivi, que a concentração para eu descobrir uma solução por mais amena que fosse, eu a encontrava depois de muito esquentar a "moringa".

    Pensava, imaginava, arquitetava, elaborava, voltava a imaginar, de não deixar ponta solta. No dia seguinte, com a proposta na mão, eu ia enfrentar o meu algoz, mas também com o roteiro pronto, pois ele deveria seguir a minha trilha e não eu a dele.

    Rocha, dava certo!

    E quando eu não encontrava sa´pida ou solução para o problema, então a máxima popular:
    "Solucionado está".

    Oportuno e adequado artigo para este momento vigente, de desespero, onde a concentração e objetivo devem ser primordiais e sem permitir distrações ou desatenções.

    Um grande abraço, Rocha.
    Aproveita o passeio e reza por nós. Intercede junto ao Buda pelos teus amigos, e pede-lhe que tenhamos mais capacidades para suportar as injustiças que cometem contra nós!
    Saúde e paz!

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    1. 1)Oi Bendl, boa dica, já orava e meditava por vc e pela Ofélia (um tempo aí andaram precisando)agora, com alegrias, vou incluir os demais bloguianos...

      2)De acordo com o Buda, "atenção" é tudo na vida, justamente para evitarmos os extremos.

      3) Outro dia falei com Heloisa "quem sabe um dos nossos próximos passeios será em Rolante (no próximo Verão), visitando o Bendl, a Marli e o Templo Budista de Três Coroas?"

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  5. Moacir Pimentel18/02/2017, 10:53

    Antônio,
    Um belo post. Mas, vizinho, tem gente fazendo mais do que torcer para que o "acaso nos proteja enquanto andamos distraídos" ou para que o senhor Buda apareça debaixo do garrafão.
    Tem gente ensinando às suas criancinhas, desde o jardim de infância e como matéria curricular a... Empatia. A ideia é tão distante da nossa realidade que parece estória de pescador. Não é e vou tentar teclar a respeito qualquer dia. De como se pode fazer com que os cidadãos de amanhã entendam que "a equipe é toda a humanidade" e aprendam que a vida pode e deve ser conjugada na primeira pessoa do plural.
    Bom passeio!

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    1. 1) Então, por favor, caro vizinho Pimentel, escreva-nos sobre esta experiência da Empatia...

      2)Nossa equipe bloguista "Conversas do Mano" já ultrapassou a excelente marca das 100 mil visitas... bom sinal !

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