Lucien Freud - Auto-retrato em reflexo (1985) imagem Wikiart |
Moacir Pimentel
Os muitos auto-retratos de Lucien
Freud serão, sem dúvida, para sempre vistos como seus melhores feitos. Nenhum
outro artista embarcou em um processo tão profundo de auto-escrutínio ao longo
de tantos anos, nem mesmo Rembrandt.
Ele sempre usou um espelho
para se auto-retratar, pintando exatamente o que via, retratos ao invés de
auto-imagens metafísicas. O artista expõe a verdade secreta de seus modelos criando
pinturas que, em vez de se assemelharem aos temas eram os temas, as paisagens
físicas, mentais e espirituais de seres humanos num mundo concreto e no milagre
dos tons da pele.
Impressiona nas obras de
Lucien Freud exatamente ISSO: os sentidos de luta e de busca intensos. Sua
pintura tem o contorcionismo dos horrores de Goya, o transporte espiritual de
El Greco, e a carnalidade abundante de Rubens, mas tudo isso em imagens de
pessoas simplesmente largadas, relaxando em camas e sofás, sem movimento.
O sentimento de agitação que a
gente percebe nas telas dele surge da própria luta incansável de Freud para ver
mais profundamente e para capturar na pintura a força da própria experiência
visual.
Freud não era um realista nem
um expressionista - embora haja tanto realidade quanto expressão em sua arte – mas
representou apenas as suas próprias tensões psicológicas com seus personagens.
Suas pinturas são cheias de
vida e nelas há sempre uma atmosfera latente, palpável, mesmo que muitas vezes
ela seja evocada devido ao imenso cansaço de seus modelos.
Ele sempre pintou a partir de
modelos vivos não profissionais, muitas vezes amigos ou membros da família, e trabalhava
muito lentamente, de modo que as poses de seus modelos a dormir eram reais, ou
seja, ele massacrava seus modelos com intermináveis horas de pose até que,
exaustos, eles adormeciam.
Em Freud quase sempre
encontramos algo novo, uma maneira inédita de descrever a mesma experiência de
estar em um atelier com outra pessoa. Nas telas vemos geralmente o mesmo quarto,
com os mesmos móveis caindo aos pedaços e a eterna pilha de trapos sujos de
tinta.
Com grandes e muitas vezes
inesperados momentos, sua arte foi um processo de descrever a sensação da
presença - de pessoas e animais e coisas e espaços e luz - na sua existência, através
da linguagem da pintura.
Nas suas tintas Freud sempre
esteve em contato com sua mortalidade. Para expressar a transitoriedade das
coisas e a finitude de tudo,o artista usava coisas absurdas como pescoços
envelhecidos, o pêlo ralo de um cão, o olhar de um bebê, as tábuas do assoalho,
as sebes no quintal.
Ele estava interessado na
presença e não apenas na presença humana: no brilho de uma lâmpada, na perna de
um sofá, no traseiro de um cavalo, em um pedaço de tapete rasgado. A linguagem
com que descrevia pessoas e coisas, animais e amantes, atmosfera e futilidade,
era uma construção assustadora. Eu acredito que ele tinha muito em comum com o seu
avô psicanalista.
Detalhes - mais que pinturas
inteiras - me prendem a atenção enquanto olho os trabalhos de Lucien
Freud. Tantos detalhes!
Persegue-me o padrão paisley
nas roupas da senhora sua mãe, repetindo-lhe os tons da pele. São inesquecíveis
o encosto de palha de uma cadeira, o halo de luz refletida por trás de uma
cabeça, o horizonte de Londres ondulando numa vidraça, os iridescentes azuis, a
ternura de um casal despido, o esmalte das unhas nos dedos do pé de uma mulher,
certas interações humano-animal numa mesma paleta de cor, um auto-retrato entre
folhas - onde parece estar tentando escutar a frondosa planta - e aquele outro,
assombroso, no qual ele se eleva colossal sobre suas duas crianças, em um
drama freudiano perturbador.
montagem Moacir Pimentel |
Lucien Freud estava sempre
tentando encontrar novas maneiras de descrever o familiar: as mãos cruzadas, as
pessoas adormecidas, os cães, os corpos nus, os sexos expostos, uma maçã do
rosto, um giro da cabeça.
Seu toque quase nunca é
previsível, linear, obediente ou rotineiro pois o pintor orientava as suas
inquietação e extravagância, para encontrar o inédito, o novo, inclusive, na
introspecção da nudez. Havia uma intensidade observacional implacável no seu
trabalho.
Sua arte é maravilhosamente
perversa, e a perversidade foi o método pelo qual ele constantemente se
reinventou. Era perverso esse seu estar sozinho em um quarto com outra pessoa,
mergulhado no silêncio, analisando a situação em curso, pintando o animal
humano não idealizado, sem mascarar as verdades curiosamente complicadas sobre
a nossa humanidade, retratando-a com extrema concentração na essência física,
para desvendar-lhe as profundezas mentais e psicológicas.
Freud dizia que pensava nos
humanos, se vestidos, como em animais vestidos. Ele usava lençóis como trapos
para limpar os pincéis e as espátulas e a imundície destes trapos aparecem em
diversas pinturas.
Diante do nu muito franco da
tela "Em Pé Junto Aos Trapos
" a primeira coisa que se pensa é:
Mas
que diabo está acontecendo aí?
Não se sabe se a mulher está
de pé ou inclinando-se para trás, se apoiando contra uma pilha confusa de
trapos - muita atenção: ela não está deitada! - e quase podemos sentir o peso
do corpo em uma pose que parece ser tanto de repouso quanto de movimento.
O artista providenciou o
desmantelamento da perspectiva para revelar, direta e tangível e impiedosa, a
experiência da realidade de um corpo, de habitar um corpo finito – o peso, a
gordura, o osso, o músculo, o odor, a textura da pele. A figura entra em confronto
com o espectador, tão próxima que se torna um reflexo de quem somos.
Como é dramática esta paisagem
humana! Existem tantos contornos, fissuras, vazios e reentrâncias, texturas,
erupções neste cenário feito por pinceladas brutalmente grosseiras.
A tinta é conduzida em vales, morros
e cordilheiras. O rosto da figura é um borrão de tinta empastada. Nódulos de
tinta parecem entrar numa erupção de pústulas no colo, nos braços, nos seios,
nas laterais do dorso e das ancas, evocando em nós a doença, a decrepitude e a
mortalidade.
Veja como o pintor interpreta
a qualidade física da figura contra as curvas etéreas e complicadas dos panos
manchados de tinta num efeito devastador. A pele humana firme é colocada de
encontro à frouxidão dos tecidos. É um milagre os tons dessa pele, dessa
realidade física de um ser humano num mundo concreto de trapos de pano sujos de
tinta.
Tente enxergar com a mirada do
artista, pois o olhar clínico e distanciado que Freud dirige aos seus nus é de
uma objetividade glacial. Essa mulher, em toda a sua carnalidade natural, fica
exposta por inteiro à luz do sol. É quase como se Freud, com uma deslumbrante
sensibilidade às variações da cútis, pintasse sob a pele. Em termos visuais, os
tons de rosa, azul e amarelo são extraordinários - pois quando e onde foi que
já vimos uma pele assim?
A carne parece tão densamente
empilhada quanto os lençóis estão amassados. Nada, nem mesmo os pés enormes,
parecem dotar tal figura emoldurada por tais fantasmagóricas dobraduras de
equilíbrio, de raízes que a prendam ao chão.
Ela desliza com uma
materialidade assustadoramente transitória. A mulher escorrega em nossa
direção, o assoalho fornecendo-nos a única perspectiva, e a impressão é tão
vertiginosa - já estive diante do imenso quadro - que algumas pessoas recuam
instintivamente, como se temessem que a mulher fosse cair em cima delas.
Os trapos, embora bastante desordenados, são firmemente contidos pelo braço
recurvado e pela carne compacta do corpo. Esses lençóis estraçalhados estão,
para mim, entre as coisas mais belas pintadas pelo artista. Brilham com uma luz
suave, e a sua brancura vai das sombras cinzentas à mais intensa lividez,
passando por todos os tons intermediários.
Enquanto a mulher é definida
pelas suas formas e limites, os trapos estendem-se indefinidamente em três
direções e todos os aspectos dessa diferenciação encantam as almas amantes da
pintura.
Eu percebo nesse nu uma
qualidade sutil de movimento. Ele é a reinvenção moderna e surpreendente do nu reclinado, um
gênero que remonta à Vênus Adormecida de Giorgione e à Vênus de Urbino de
Ticiano. Assim como Manet pintou a sua chocante e nua Olympia no século XIX e
Picasso inventou Les Demoiselles d'Avignon no início do século XX, em nosso
tempo Freud provou mais uma vez que uma pintura pode ser intemporal e imediata,
bela e crua.
A maioria dos retratistas
visualiza seus modelos através de uma distância. Era diverso o foco perceptivo
de Freud. Ele pairava sobre seus protagonistas como um topógrafo mapeando um
território, tratava a figura como uma paisagem a ser explorada pelo toque e
movimento. Ele despia a alma pintando peles e inventando uma nova geometria
para a carne sobre os ossos.
Se a luz é a linguagem da pintura, o corpo é o texto de Lucian Freud. Suas pinturas são violentamente reais, grossas, frias e cadavéricas como se Tanatos superasse Eros.
Ledo engano!
Se a luz é dura, se a luta é
até mesmo desajeitada, sob elas a carne nunca é uma distração. Os retratos de
Lucien Freud são uma espécie de autópsia estética da qual sai inteiraça a vida.
Muitas pessoas são repelidas
pelas figuras do artista, com suas sexualidade e mortalidade tão descaradamente
em exposição. Este é, penso, um aspecto da obra de Freud que lhe dá poder
espiritual: a essência da condição humana.
Somos seres espirituais que se
manifestam em corpos animais, que experimentam medo e desejo, sofrimento e
decadência.
Talvez o maior mérito da arte
freudiana seja intensificar a proximidade da morte, para chamar à flor das suas
peles a força da vida.
Bom demais, Moacir! Adorei.
ResponderExcluirLi em algum lugar que em determinado momento de sua vida, Lucien "trocou seus pincéis de marta por pincéis de cerda de porco, e começou a esculpir com tinta".
As observações dele são cruéis e atormentadas, principalmente neste maravilhoso auto-retrato.
Até mais.
Caríssima Donana,
ExcluirEu não sabia do detalhe dos pincéis de marta se bem que eles não fazem mesmo o estilo atlético do artista.Em um determinado momento da obra sei que ele jurou de pés juntos - e cumpriu a promessa! - que jamais voltaria a sentar-se para pintar diante de um cavalete, passando a fazê-lo de pé , a se mover, a inventar abordagens mais contundentes e a fraturar suas figuras com tinta.
Continuo esperando pelo comentário politicamente incorreto e auto censurado lá atrás. "Até mais" e obrigado pelo incentivo nesta terça-feira quase de cinzas.
Eu de novo.
ExcluirFico pensando que a falta de preocupação com a beleza é a beleza da obra de Lucien.
Só divagações...
Até mais meio cinza meio chuva.
Nunca ouvi falar de Lucien Freud. E só mesmo você para explicar o que nem vovô da criança explicaria kkk Não sei se é possível GOSTAR destas obras. O retrato dele é de arrepiar e a mulher nua dá um nó na minha cuca. Chocantes! Mas elas me atraem, não fico indiferente, Moacir. Gosto das suas explicações respondendo meus comentários. Obrigada pela atenção.
ResponderExcluirMônica,
ExcluirSó mesmo eu - e o senhor Editor! - para conversar sobre Lucien Freud durante um Carnaval. Mas você disse tudo: as obras chocam e intrigam e atraem e vamos continuar espiando-as. Quem agradece pela atenção sou eu.
Abraço.
Moacir,
ResponderExcluirEu amo autoretratos! Conheço vários de Rembrandt e Van Gogh e você foi muito feliz ao abrir a pauta de Lucien Freud com essa obra de arte extraordinária que é um espelho da alma do artista. Não me agradam alguns dos quadros dele mas achei magnífico o seu artigo e essa mulher estranha que nos leva a reflexão. Você também pinta com as suas palavras. Um abraço de parabéns.
Flávia,
ExcluirTalvez Lucien Freud não tenha superado o Mestre Rembrandt na quantidade de auto retratos mas chegou muito perto em qualidade. O último auto retrato aos oitenta anos é assombroso. Note as cores e como ele se mistura com a tela ao fundo. A vida desse homem foi a sua arte é o que a tela grita.
https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/originals/0b/57/7c/0b577cb62cce38d6fed8412579b56ad3.jpg
Quanto a pintar eu bem que tentei. Faltou talento. Daí tantas pretinhas e posts de arte. Obrigado e outro abraço
1) Não sei se é a minha visão está obliterada, mas as telas evidenciadas na aula de hoje me sugerem dor...
ResponderExcluir2) Sofrimento, angustia. Interpretei-as como se Lucien quisesse espelhar o que vai no âmago de cada modelo.
3)Em um sentido mais amplo, modelos somos todos nós...
Antônio,
ExcluirNas paisagens físicas ele tentava compulsivamente refletir as profundezas mentais e espirituais de seus modelos.Que não eram profissionais mas familiares e amigos. Ao fim e ao cabo talvez nas telas reflitam as tensões psicológicos entre o pintor e seus temas.
Grifo: o corpo foi o texto de Lucian Freud. Quanto ao sofrimento como poderiam evitá-lo esses seres espirituais confinados em corpos animais e finitos que somos?
O fato é que Freud disse e repetiu e fez: pintou o que viu. É preciso ser muito homem para encarar o primeiro rosto que vemos nessa vida e aquele que nos encara de volta no espelho e pintar a mãe da gente como esse artista fez: fragilíssima, largada numa cama, a pele com um quê de pergaminho muito antigo, riscada de rugas e manchada pelo tempo nas cores desse estampado na seda do vestido.
A linguagem é assustadora mas honesta e perversamente bela.
Abração
Há uma lâmpada sobre esse espelho que Lucien Freud usa para seu auto-retrato. Repara que ela se reflete na testa dele, brilhante, talvez suada. E que há sombra em seu pescoço, onde a luz não alcança.
ResponderExcluirNão sei a idade dele nesse auto-retrato. Sei que essas bolsas junto aos olhos, o nariz amassado e outras imperfeições poderiam ser menos agressivas. Mas ele não disfarça, busca por elas, alternando com as cores em claro e escuro realçar o feio. Repele. É o que sinto. É mais fácil ver um muito feio ao vivo e a cores do que pintado. Porque a pintura captura, como uma foto, aquele momento esquizofrênico para sempre.
Meu pai, ao morrer, foi velado na sala da casa dele, pedi autorização aos condôminos, não queria deixá-lo sozinho, abandonado, em sua primeira noite após a morte em uma capela de cemitério. Ficou na sala iluminada, com gente ao redor. Casa cheia.
Tive mais um desejo, o de fotografá-lo morto. Ele sequer estava pálido como um morto. Era uma figura mais bela N vezes que a de Lucien Freud.
Comentei apenas com meu irmão, não sei se após o enterro. Mas eu jamais olharia essa foto se a tivesse feito.
Lucien deveria ter se tratado com o avô se doctor Freud não estivesse morto. Ele anseia pela deformidade, pelo esquisito, fúnebre, enquanto a humanidade busca o belo. Ainda que o belo seja retratado de formas às vezes estranhas. Estranha é uma coisa, as pinturas de Lucien Freud me lembram filme de terror. Não gosto, Deus do céu, alguém gosta?
Faz parte da nossa humanidade, mas e daí? Se a gente até rasga uma foto da qual não gostou, imagina isso aí.
A alma dele não batia bem. Era um ser conflituado do qual eu gostaria de manter distância. Ter um quadro? Nem pensar!
Gosto de malucos beleza, coloristas, como Van Gogh. Você sabe, Moacir.
Ofélia,
ExcluirVamos por partes, como fazia o Jack.
"Ele não disfarça". Exatamente.
"É mais fácil ver um muito feio ao vivo e a cores do que pintado"
De novo bola dentro. Porque na vida não se pode evitar , mas podemos "rasgar uma foto da qual não gostamos "e na arte se pode pintar a vida de cor de rosa com bolhinhas brancas.
Não me entenda mal: com certeza a um cara que teve QUARENTA filhos algumas horinhas no sofá do avô não teriam feito mal algum e juro que eu não colocaria a Big Sue defronte da minha cama (rsrs). Mas...
A única maneira de tentar explicar esse artista é dizer que Freud retratava um corpo humano e a vida e nunca a elegância, a graça ou a beleza. Em seus retratos, Freud retratava a carne impossivelmente humana.A coisa como ela era. Não era para seduzir, encantar , maravilhar ou vender mas para nos trazer de volta ao nosso próprio corpo e lembrar-nos da transitoriedade e simplicidade de nossa própria existência.Tem mais.
Ele pintava um mesmo tema de formas completamente diferentes de acordo com o drama da vez.Veja, por exemplo, dois momentos de uma das mulheres dele de nome Caroline.
Pintou-a absolutamente luminosa no começo do casamento.A tela é carinhosa e gentil e transmite a inocência e a extrema juventude da garota sob o título de Garota na Cama
https://static.independent.co.uk/s3fs-public/styles/story_medium/public/thumbnails/image/2015/06/04/16/GirlinBed.jpg
Em contraste veja a composição assustadora e opressiva desse outro duplo retrato, pintado apenas dois anos depois. O artista e sua esposa estão em um mesmo ambiente mas completamente separados um do outro.É chocante e cruel e a gente se pergunta: por quais cargas d'água ele teria pintado a menina transformada numa harpia?
https://uploads5.wikiart.org/images/lucian-freud/hotel-bedroom.jpg
Porque para ele a mulher tinha se transformado nisso: uma sombra ansiosa, de olhos inchados, queixosa, deprimida, largada.
E ele?
Perdido no contexto, à beira da janela , o mais longe possível da cama ,olhando para o espectador, só queria terminar o quadro e cair fora desse impasse de culpa e de dor.
A pintura era a linguagem dele, o jeito que ele tinha de expressar a sua verdade , o que vivia e via , o que carregava na alma funda.
Pergunto: quem olha para essa tela entende que entre esses dois não havia mais conversas? Que o casamento chegara ao fim?
Se a resposta for sim então a mensagem funcionou.A beleza da coisa é a expressão, a força da história contada pelas tintas.
Eu também gosto dos coloridos e coloristas malucos beleza.
Viva van Gogh!
Boa noite!
Moacir,
Excluireu não pensei na pintura de Lucien Freud como linguagem. Todas as pinturas são linguagens, querem expressar alguma coisa. Mas em geral agradam aos olhos, de um jeito ou de outro. Lucien Freud também tem suas mensagens, mas elas, como expressão de si mesmas, não nos cativam.
Diz o velho ditado que quem ama o feio, bonito lhe parece. A gente pode amar o feio porque ele tem a graça do movimento, não é uma figura estanque. E pode amar também porque, além da figura que vemos, ele fala, ouvimos pulsar suas emoções, seu intelecto.
As pessoas são sempre mais bonitas ou menos feias em movimento. Figuras paradas como em fotografias são mais difíceis de nos contentar porque revelam mais do que estão mostrando e não oferecem contrapartida favorável.
Você tem algum vídeo familiar? Dê aquelas paradinhas no movimento e você verá o que digo. O movimento é um senhor disfarce para o que poderia não agradar.
A figura na pintura não se movimenta, não fala. É quase a expressão de um corpo sem vida, do que sobrou dele. Faz muita diferença.
Olha como estou abusada!
Boa noite, Moacir
Ofelia
E não vi nada demais na primeira pintura cujo link você me enviou. É como alguém que acorda, ouve um ruído e presta atenção nele.
ExcluirA segunda me mostra claramente o DISTANCIAMENTO do casal. É inegável o distanciamento. Seja qual for o motivo.
PS: Você viu isso tudo nessa pintura? "Uma sombra ansiosa, de olhos inchados, queixosa, deprimida, largada".
ExcluirVocê projetou alguém nessa fala? Eu só consegui ver distanciamento.
Bom dia,Ofélia
ExcluirSe "todas as pinturas são linguagens e querem expressar alguma coisa" - como você diz! - então não deveriam ser olhadas como fotografias definitivas,como compartimentos estanques, mas como um trecho de uma "estória" maior.
É claro que
"Lucien Freud também tem suas mensagens, mas elas, como expressão de si mesmas, não nos cativam."
Perfeito! Tenho certeza que ele jamais pintou para cativar Seu Ninguém (rsrs) Pintou para intrigar e questionar? Acho que pintou porque não podia evitar. Mas se não tivesse o que dizer não teria pintado ,certo?
Então, eu tento ver, como você tão acertadamente sugere
"além da figura , o que ele fala, ouvindo pulsar suas emoções, seu intelecto" e - quem sabe? - dar à conversa dele meu "movimento", as minhas circunstâncias e vivência.
"Diz o velho ditado que quem ama o feio, bonito lhe parece".
Não há definição para o belo, Ofélia. Essa conversa sobre a beleza é velha. Acho que começou com Platão na sua Teoria das Formas e Kant e Nietzsche estão batendo boca a respeito faz tempo (rsrs) Muita gente nega quaisquer padrões absolutos de julgamento estético, outros argumentam que o julgamento da beleza, embora subjetivo, é universal. Melhor deixar quieta essa discussão filosófica.
Prefiro lhe dizer que o que entendo como belo é o ato criativo, mais ainda do que a coisa criada: as linguagens são belas.Ponto parágrafo.
Mas se você acredita , como Nietzsche, que o belo está nos olhos do espectador então, baseado na lógica, eu argumento que você também acredita ser o homem além da fonte a causa da beleza, que é ele quem molda o universo através da linguagem e das idéias, que a vida em si é desprovida de sentido e significado além, é claro, daqueles com os quais o homem a dota.
Neste contexto penso que a arte não pode ser bonitinha mas uma poderosa mensagem, qualquer coisa - feia ou bonita, não importa! - que eu traduza como genial e válida, que eu deseje ter sido capaz de criar , os momentos e os parágrafos e as imagens que inspiram pois representam a alma funda no esforço da mente ilimitada para se comunicar , para evoluir e tudo isso me faz, principalmente, sentir orgulho do meu destino humano.
Boa tarde, Ofélia
ExcluirNão desejo, como o Kant, que você ache bonito o que eu acho nem que veja numa tela o que vejo. Não teria a menor graça.(rsrs)
"Olha como estou abusada!" Não, você não é abusada. Muito ao contrário, são muito bem vindas as suas ótimas considerações . Por exemplo:
"E não vi nada demais na primeira pintura cujo link você me enviou. É como alguém que acorda, ouve um ruído e presta atenção nele"
Brava !! Uma garota bonita de olhos azuis numa cama que acaba de acordar.... com cara de paisagem. (rsrs)
Talvez nessa imagem rasa como um pires , na bobice de uma menina ingênua , esteja a semente do DRAMA, do DISTANCIAMENTO entre os personagens no segundo link. Ou talvez ele fosse mesmo um porco chauvinista! (rsrs)
Mas os momentos mais belos da sua vida, Ofélia, com certeza nada tiveram a ver com a sua aparência, o jeito do seu cabelo estar arrumado ou com os vestidos que você usou, ou se você estava na moda mas com a sensação intoxicante de estar viva que você experimentou.
A garota do primeiro link é bela e luminosa e poderia estar nas nossas salas, mas não possui mistério, vitalidade e profundidade. Ela nada altera. E as mudanças que criamos, elas sim são vida e beleza e arte.
Freud era doido de pedra. E daí? Sem uma boa dose de loucura, sem a "excitabilidade de toda a máquina", não rolaria arte. Talvez a percepção de Dona Arte seja uma habilidade adquirida e o gosto seja uma função da educação. Não sei. Mas gosto de ver as criancinhas nos museus de "velhas novidades" construindo as suas próprias - e novas! - noções de beleza.
Boa noite, Ofélia
Excluir"Você viu isso tudo nessa pintura? "Uma sombra ansiosa, de olhos inchados, queixosa, deprimida, largada".
Bingo ! E eu já falei disso por aqui: uma passagem entre dois espaços subjetivos - o do criador e o do observador - para se inventar uma imagem total.
É claro que projetamos, Ofélia. No entanto, o importante não é o que projetamos ou se ou quem essa figura humana prematuramente envelhecida me lembrou. Nada disso!
Arte para ser arte é incompleta e convida a dar mais uma pincelada numa tela, a imaginar mais um diálogo para dois personagens depois do epílogo de um romance, como um quebra -cabeças cujos buracos inventamos e para eles os pedaços.
A garota bonita do primeiro link não lhe disse nada enquanto que, para mim , pode falar da dificuldade que temos para enfrentar a vida de pé. Já a cena opressora e cheia de drama do segundo link , em vez , nos fez cogitar sobre os motivos do tal afastamento dos personagens. O meu ponto é só um: houve comunicação.
Ou seja,a força e a beleza da arte é ISSO: nos fazer abstrair, sair de nós mesmos , das nossas peles, para ver melhor as nossas próprias cores e contornos, o nosso traço, as nossas luz e sombra sem fronteiras, todas as nossas belezas e feiuras, todos os nossos fragmentos contraditórios nas tintas alheias. Com a imaginação. Como dizia o Pessoa:
"Sentir, sinta quem lê!"
Dona Arte faz a mediação entre o indivíduo e a totalidade, o geral e o particular, a individualidade e a alteridade, a solidão e a completude, o subjetivo e o objetivo, o que está presente e o que está ausente, o real e o virtual, o caos e a unidade e assim por diante.
Nesse caminho inexiste uma ordem estática e coisas prontas e certezas estéticas. A arte é o playground seguro das crianças curiosas que deveríamos tentar continuar sendo para não enlouquecer e para continuar a aprender.
Desculpe-me pela quilomééééétragem da resposta e obrigado pelos comentários
Ih, você começou quase brigando comigo. Oba!
ExcluirTive vontade, Moacir, de gritar(?) pra você como naquele velho programa de TV, em que se respondia sobre algum assunto: ABSOLUTAMENTE CERTO! Foi como o seu último comentário penetrou (ops!) em mim, rsrs... Acordei engraçadinha de espírito.
Acho, Moacir, que todo mundo acorda com cara de paisagem até conseguir entrar no mundo dos vivos. Há alguma hesitação em alguns 'acordares'. Às vezes a gente acorda de pronto. Às vezes não. Algumas vezes acordei com a voz da minha mãe na cozinha ao lado, portas abertas, conversando com a empregada (era um sentimento bom demais); já acordei assustada com o barulho do vento barulhando qualquer coisa pesada que caiu... já acordei de todo jeito como todo mundo.
A cara da moçoila sozinha na cama não diz nada, é de uma pobreza de expressão total. Eu a rejeito por isso, por não me dizer nada.
Embora faça sentido pra mim tudo o que você escreveu, muito sentido, eu não teria uma dessas pinturas se estivessem ao meu alcance porque não gosto de contemplar o que não me agrada, já que você põe em discussão a velha questão do 'feio não é bonito', como cantava Nara Leão sobre o morro.
Eu não invalidei o ato criativo de Lucien Freud. Apenas não gosto dele, não me atrai. Se eu pudesse ter, nada teria dele na minha casa. São pinturas que incomodam. E a vida às vezes já é bastante incômoda.
Também não quero quadrinhos bonitinhos, insossos. Mas algo que me agrade a alma ao contemplá-lo. Como a pintura de Marie Thérèse com a criança no colo. Eu não quero pouca coisa não, não é?
Uma vez, faz muito anos (eu era muito, muito nova) conversei com Vergara na casa dele, com a intercessão de um amigo. E ele me disse que a iconografia do brasileiro (não a dos corruptos que guardam tudo no cofre) era diversificada e... esqueci o que ele disse, juro. Mas ele quis dizer que cada um criava a sua própria iconografia. E isso, imagino, vai desde o quadro de São Jorge pendurado láááá no alto da parede, assim como cartazes de filmes e peças de teatro e fotografias, além das pinturas que expressam a alma do artista.
Lembra que minha amiga disse para eu não trazer pra casa o quadrinho de Camille, à venda na exposição do MAM, aqui no Rio? Camille era atormentada, mas produzia beleza aos nossos olhos. E ainda assim atendi ao pedido da amiga, sou supersticiosa às vezes.
Ah, eu adoro o seu jeito, rapá.
Mas ainda gostaria de saber em quem você se projetou para dizer o que disse sobre a figura distanciada do seu homem. Lucien nada 'disse' sobre essas coisas, hi hi hi.
Desculpa a brincadeira, Moacir. Acho que poderíamos ser bons amigos se nos conhecêssemos. Quero dizer, até o bicho pegar, você com suas ideias e eu com as minhas, rsrs.
BOM DIA pra você!
Ofelia
Oi Moacir, sei de tudo o que você disse. E entendo. É como não usar o ponto final nas conversas, impedi-las de ir adiante.
ExcluirJá percebeu que eu gosto desse Moacir que não conheço? Eu implico com ele porque ele leva as coisas a sério em se tratando de arte e de outras coisinhas. Eu também levo a sério, não com a mesma propriedade, com o mesmo talento.
Mas gosto mesmo de exercitar o meu poder de leiga em enxergar a alma de quem pintou, do que o artista quis dizer.
Não brigue comigo, todo mundo quer ser levado a sério. E eu levo você MUITO a sério, como você merece. Acredite em mim. Mas eu já disse aqui não sei pra quem, ou sou amativa ou provocativa. Fui as duas coisas com você.
Não briguemos pois, está bem?
Amo ler seus comentários.
Abração.
Ofelia
Ofélia,
ExcluirBrigando com você?! E eu sou lá de briga? Tem mais.Quem gosta de conversar geralmente acha essa história de estar ABSOLUTAMENTE CERTO um tédio
Acho muito estranha essa mania de ter razão que tomou conta do mundo. É sempre a mesma noia seja nas relações amorosas, parentais, sociais, profissionais e virtuais. Conversar deixou de ser importante , o bom é ganhar o "debate" mesmo batendo abaixo da linha da cintura. Não consigo entender como é possível se começar uma conversa certo de estar certo.
É claro que somos diversos , que temos diferentes "iconografias" e isso é o que torna rica a conversa e divertida a vida. Viva a diversidade!
E quanto ao bicho pegar, acho que se pode discordar "sem perder a ternura", que se pode "barulhar" com feroz civilidade. Não se pode é abrir mão do respeito e se perder a vontade de conversar. Quando isso acontece é como no verso do Tom: fica tão frio que amanhece e então passarim vai cantar noutro lugar. Na boa e sem olhar para trás.
Quanto à figura do quadro do Freud, à moça envelhecida precocemente que ele observa da janela, eu descrevi o estado de espírito dela, a depressão que a paralisa em vez do "mar sem viagens" entre o casal. A triste figura feminina me lembra do meu avô nordestino maluco beleza, perguntando: "Como confiar nos infelizes?"
Acho que as agruras da vida a gente tem que enfrentar de pé.
Bom dia para você também
Oi Moacir, um bom dia quase começo de tarde.
ExcluirFiquei alegrinha, não esperava um comentário tão acolhedor. Acolhida é uma palavra de que gosto muito. A gente é acolhida na análise, acolhemos parentes e amigos em casa (hoje, quase ninguém). Acolher - não fui ao dicionário - é também dar colo, qualquer coisa assim? Gosto de colo, quem não gosta? Já dei colo e recebi muito colo.
De onde vem o seu colo? Da forma carinhosa como você se refere a mim, seja lá o que for que eu diga. Me emocionou. E olha que acabei de acordar. Entrei na água da cabeça aos pés, comi duas frutas e eis-me aqui no 'conversas'.
Quando digo que levo você a sério é porque brinco demais algumas vezes. Você sabe que levo suas opiniões em consideração, tenho certeza. Eu bagunço as letrinhas tal como bagunço a casa e a vida. As letrinhas dão menos trabalho para consertar.
Sabe?, há poucos meses meu filho me perguntou: "Mãe, você nunca ligou pra dinheiro, não é? Não liguei mesmo, talvez porque tivesse gente que me amparasse, pai, marido, irmão, filho. E fui feliz como fui.
Não teria dinheiro para ter um dessas telas em casa, que em geral não estão à venda. Ainda que estivessem, não teria interesse em comprá-las. Minha casa tem espelhos, fotografia comprada como quadro. Mas não uma foto qualquer. É uma mulher nua dobrada sobre si mesma. Eu? E aí vai uma lembrança. Passei por essa loja da foto, fui e voltei algumas vezes. Não havia ninguém. Bastou eu entrar que logo apareceu gente, a loja encheu. Comentei com o dono-vendedor, de brincadeira, que eu havia posto gente lá dentro e queria um desconto no quadro. Ele não só admitiu que era verdade como me deu um desconto. E eu tinha falado por falar.
Já contei aqui. Que o mesmo aconteceu com o pipoqueiro. Nunca descia para comprar pipoca, mal cheguei lá embaixo apareceu gente de todo lado, até carro parou, você acredita? E após atender todo mundo, eu quis ficar por último, o pipoqueiro me disse algo parecido com 'Deus a abençoe'.
Essas coisas estranhas me trazem satisfação, tal como seu comentário de que divirto você com meu espírito. Não é pouca coisa porque sou séria, embutida algumas vezes e disposta a brincar outras tantas. Não me explico (aprendi), é assim que é, ou sou.
Mas sei que posso ferir, ah, se posso. Daí as mesuras com que contemplo quem me chama a atenção por ter maior facilidade de se comunicar, comigo e com os demais.
Tenho uma foto do Woody Allen na parede, de óculos, com grossa e preta armação e que que a tia da minha ex-nora perguntou se era o Carlos Lacerda. Quase ao lado de um quadro do Simões, amigo de estaleiro do meu irmão. E tenho também uma foto do filme Manhattan.
(continua)
Fiquei maravilhada, Moacir. Não fosse você, eu jamais veria toda essa beleza.
ExcluirEu vi mesmo o teto da Capela Sistina no chão, pisável? Ou vi demais?
Não imaginava que houvesse algo tão bonito assim. Me lembrou a apresentação das Olimpíadas, no Rio. Vai ver a Daniela Thomas e cia. tinham visto essa maravilha. E tiveram a ideia de 'roubar' um pouquinho da ideia para nos mostrar. Fez o sucesso que fez.
Ninguém nunca me disse (essa frase me lembra um texto do Millôr, que terminava assim, acho que terminava: "Nunca ninguém me disse que deixar de amar doía tanto".) que existia essa beleza toda projetada. Eu não sabia.
Obrigada, Moacir, por me levar até ela, me fazê-la alcançar.
Fiquei deslumbrada.
Aquela pintura do quarto, de Van Gogh, eu tinha em um postal. Que acabei dando de presente.
Passei pra frente, para pessoas que amei, as coisas de que mais gostava. Ficaram em boas mãos.
Ao vivo, esse tipo de exposição multimídia deve ser de tirar o fôlego.
Muito obrigada
Ofelia
Faltou um pedaço, ficou fora da ordem.
ExcluirAh: pensei que pudesse entrar lá, sair e voltar. Voltei, mas já não encontrei o que queria.
Você sabe como faço para encontrar de novo? Para continuar a navegar?
Pois é.
ResponderExcluirExistem artistas geniais que gostamos e geniais que detestamos.
Reconheço que eu desconhecia o pintor em tela. Jamais ouvi falar deste genial artista. No entanto, a densidade da sua obra retratada nas cores fortes, e imagens até feias – por que não? -, mostram exatamente as diferenças para outros notáveis pintores, que tiveram uma acolhida melhor por parte do povo.
As telas são pungentes, doloridas, transmitem sofrimento, a meu ver (Pimentel que me perdoe se estou escrevendo besteiras, mas é como interpreto a arte de Freud).
Ainda bem que Pimentel nos esclarece sobre o genial pintor, e aproveita para nos transmitir as suas aulas irrepreensíveis sobre pinturas e esculturas, pelas quais agradeço efusivamente.
Um abraço, forte e caloroso.
Saúde e paz.
Chicão,
ResponderExcluirNão você não está escrevendo besteiras ao nos teclar:
"E imagens até feias – por que não?"
Note que seu comentário e o da Donana se complementam quando ela nos diz: "Fico pensando que a falta de preocupação com a beleza é a beleza da obra de Lucien". Brava!
Todos nós gostamos de Beleza. Todos nós amamos a vida. Mas as visões da feiura e da morte também são necessárias, já que elas todas, mais do que opostas, são partes de um todo, aspectos de uma mesma coisa. Como é possível conhecer o belo, desconhecendo o feio? Como é possível abstrair a luz se nunca mergulhamos na escuridão? Como é possível viver a vida em plenitude se nela não pensamos na morte?
Talvez a perfeição não tenha graça. A beleza pode não ser atraente e a feiura pode não ser repulsiva e, principalmente, inexistem as certezas estéticas. Tem mais.
As percepções mudam e o que era belo, se for um milímetro além de misteriosos limites, pode se tornar bizarro e até mesmo inaceitável. Além disso, quando algo se torna familiar, passamos a tolerá-lo e a tolerância pode amadurecer em afeto. Vale ponderar ainda que, se a feiura inicialmente nos perturba, ela nos surpreende mais do que a beleza. Ou seja, a beleza pode funcionar como um sedativo, previsível e suave, em vez de um desafio. E quem poderá dizer que ser sedado e acalmado é melhor do que ser estimulado e fascinado intelectualmente? O certo é que, como dizia Thomas Hardy, "achar beleza na feiura é a província do artista".
Obrigado pelo comentário, Chicão e um abração e não só para rimar.
(continuação, me atrapalhei, não sei se continuo do lugar certo)
ResponderExcluirMeu ex pintou uma foto minha e outra do meu filho ainda pequeno. Ambas estão no hall de entrada, misturadas a um post de Paulinho da Viola, fotos minhas cantando no palco do Instituto de Educação, outra foto de O Rapto das Cebolinhas, que ajudei a montar na escola em que trabalhava, outra foto de uniforme, aquele uniforme garboso de Anos Dourados, sentada com as amigas em volta do chafariz.
Tem muito mais coisas, você se divertiria. Ou não. Minhas paredes eu diria que são mobiliadas. Não gosto de paredes nuas, como explicar? As paredes mais nuas são as do meu quarto. Você sabe, tudo acumula poeira.
Brigar é só um jeito de falar, não é briga de verdade. E absolutamente certo! foi meu jeito de concordar com o que você dizia, tal como J. Silvestre (ih, não é do seu tempo...) exclamava para quem disputava um prêmio sobre seus conhecimentos a respeito de alguém ou alguma coisa. E acertava.
Depois vou olhar as imagens. Agora me espanto com seu agradecimento de que enriqueço o blog e seu 'até mais'.
Bom, você pode fazê-lo. E isso me lembra quando meu irmão e cunhada começaram a aprender sueco na Suécia. Alguém precisava formar uma frase com certas palavras. E tal pessoa disse, eu acho, faz muito tempo, que 'eu gosto de dançar na floresta'. Risadas. Interrompidas pela professora, que disse que essa pessoa podia, sim, gostar de dançar na floresta. Meu irmão imitando a professora é muito engraçado.
Você tem algum parentesco com a Ana? Humm, acho que você é o Wilson (dois em um) e marido dela. Pode ser?
Não faz diferença quem é quem, embora eu prefira saber quem existe de verdade.
Você sabe dessas minhas dúvidas...
Depois eu digo o que achei dos links, ok?
Até mais
Ofelia
Ficou tudo embaralhado. Como eu.
ResponderExcluirOfélia,
ExcluirNão, não "ficou tudo embaralhado", não se preocupe.
Quanto a entrar "aqui , sair e voltar" é simples: entre pelo Responder em vermelho logo abaixo do comentário ao qual deseja responder.
Quanto ao melhor lugar do mundo - nossas casas! - elas são uma delícia porque são decoradas, ao longo da vida, com as nossas cores, os bytes das nossas estradas, os flashes dos nossos afetos, as nossas artes e flores de alho. Como você disse nossas paredes são "mobiliadas" com as nossas personalidades. Cada foto, cada livro, cada objeto , cada quadro - como a mulher nua dobrada sobre si mesma - cada móvel, cada DVD, CD e LP contam a nossa história. São os pedaços dela , as memorabilias que não pudemos deixar para trás nas mudanças, aquilo que nos faz sentir aconchegados.
Quanto a me divertir com seu espírito, é verdade.Ponto parágrafo.
Confesso que não conheci lá muito bem o J. Silvestre,que gostaria de ter assistido ao Rapto das Cebolinhas e que perdi, por ser dimenor, muito do agito dos Anos Dourados.
Quanto ao seu último comentário no qual me confunde com o Wilson, me sinto elogiado. Sinceramente? O Wilson joga um bolão e dá de dez a zero no Schossland (rsrs) Talvez os nossos estilos na escrita se assemelhem e, como conversamos muito, às vezes dizemos coisas parecidas.
Mas nós não usamos pseudônimos, aliás ninguém no blog usa.
Lamento se lhe dei a impressão de "estar podendo" ou de que me sinto o dono do pedaço ao afirmar que seus comentários enriquecem o blog. Não foi essa a minha intenção. Aliás aqui tenho sempre em mente que estamos dividindo o espaço de uma esfera pública. Mas é que dessas Conversas modestamente me sinto parte.
Portanto uso e continuarei usando entre aspas expressões que aprendi com todos vocês: o " Gratidão" do Antônio, o "Até Mais" da Donana, a " caneta BIC" do Mestre Heraldo, o "bem bom" do Mano , o "Saúde e Paz" do Bendl , o seu "barulhando".
É que "existimos", Ofélia, nos influenciamos, aprendemos, somos "velhinhos em formação" e ainda não teclamos os nossos pontos finais.
Um bom dia para você