Francisco Bendl
Há um grupo de
comentaristas neste blog, Conversas do Mano, que beira os setenta anos de
idade.
Poucos ultrapassam
este tempo tão importante escrevendo cotidianamente e raríssimos - Theo
Fernandes, na TI, é um deles, Domingos, aqui nas Conversas, é outro – têm mais
de oitenta anos de vida!
A diferença que
ostentamos para gerações mais novas estabelece que somos o último baluarte de
um passado onde a inexistência desta tecnologia de hoje, principalmente nas
comunicações eletrônicas e redes sociais não impediam que se fizesse um
trabalho excelente, que tivéssemos amigos, namoradas, noivas e esposas, pois a
criatividade sempre foi a mola mestre do ser humano para driblar as
dificuldades do momento.
Quem poderia imaginar
trinta, quarenta anos atrás, que existiria um aparelho pouco maior do que uma
caixa de fósforos e que nos possibilitaria falar com o mundo, ver saldos em
banco, pagar contas, tirar fotos, gravar, e transmitir as notícias
instantaneamente?!
Quem poderia pensar
que haveria uma invenção que iria facilitar a conversa entre as pessoas e reuni-las
através de mensagens, arquivar dados pessoais, empresariais e bancárias, manter
segredos das contas nos bancos, emitir avisos, receber, igualmente entrar nas
contas correntes e saldar compromissos, arregimentar pessoas para movimentos de
protesto, pesquisas imediatas, enfim, uma pequena caixa contendo algumas
“placas” e que nos colocaria em contato com quem quiséssemos mundo afora?
Ou, então, que haveria
aparelhos de TV com telas em dezenas de polegadas e funções de computadores,
dotadas de uma qualidade de imagens e som tanto quanto a visão e audição
humanas?!
Pois, eu, Wilson e
Rocha (Pimentel ainda é um guri, Heraldo mais novo ainda), amigos que sei estarem perto dos setenta –
das mulheres não comento as suas idades por motivos óbvios -, vivemos muito bem
e trabalhamos sem maiores esforços sem esta parafernália tecnológica, sem uso
da cibernética e, consequentemente, a automação do ser humano!
Assim, esta turma que
citei e dela faço parte orgulhosamente, causamos uma certa surpresa às pessoas
bem mais novas, que não conseguem fazer as refeições normalmente, tomar banho,
conduzir seus veículos e dormir sem estar acompanhado do celular, enquanto
sequer imaginávamos que um dia chegaríamos a este nível de desenvolvimento!
Meu Deus, quando
comecei a viajar profissionalmente, no início da década de setenta, após dar
baixa do Exército, conseguir telefonar de Uruguaiana para Porto Alegre, o tempo
era de dez a doze horas de espera!
Não havia o Telex,
muito menos o Fax.
Utilizávamos muito o
telegrama “urgente” para nos comunicar, e mais nada.
O jornal do dia,
dependendo onde eu me encontrava, somente à tarde para tê-lo em mãos!
O rádio era a notícia
rápida, quando se conseguia sintonizar as estações da capital, caso contrário,
no meu RS, as rádios argentinas dominavam as regiões da fronteira e da
campanha.
Hoje, sabemos o que
acontece no Iraque e Chile, simultaneamente;
Os tsunamis, que
devastaram a Ásia (Tailândia) em 2004 e Japão em 2011, foram transmitidos AO
VIVO;
Há vídeos da maior
explosão registrada na superfície do planeta, que foi a do monte Santa Helena,
USA, em 1980, que se fosse comparado em megatons com as bombas de Hiroshima e
Nagasaki, estas teriam sido “estrelinhas”.
Pois a minha “turma”
tem os pés na Era da Conversa Olho no Olho, e também consegue se manter
atualizada conforme as exigências destes Tempo Modernos, que exigem tamanha
velocidade de se acompanhar as informações e mudanças que surgem diariamente,
que têm levado as pessoas para comportamentos doentios, para depressões, aos isolamentos, às tristezas, às
frustrações, e quando constatam que foram deixadas à margem dos acontecimentos
porque as relações entre supostos amigos eram apenas mecânicas e não sentimentais
como nos tempos do meu “grupo”, elas são acometidas de ansiedade, e a eterna
busca do que não precisam para ser felizes torna-se constante, permanente.
Qual é o recado que
quero deixar?
Simples:
No caso dos
septuagenários, octogenários... esses avanços científicos vieram para nos
trazer conforto, rapidez nas comunicações, distrações inéditas, aperfeiçoar o
que sabíamos, aumentar nossa capacidade de conhecimentos antes jamais
imaginados que seriam necessários um dia, agora, no entanto, realidades!
Entretanto, para estes
bilhões de pessoas jovens esses avanços trouxeram apreensão, preocupação, uma
injustificável obsessão para se manter a par das novidades eletrônicas, de se
ter o mais novo lançamento do celular, do Notebook mais potente, de se
relacionar com milhares de pessoas pelo Facebook, Whatsapp, Hashtag, e não se
darem com ninguém contraditória e paradoxalmente!
Há um vazio dentro de
cada uma dessas pessoas que acha que este modelo de aproximação entre elas, via
eletrônica, substitui as amizades conquistadas como antigamente, sem celular,
sem diálogos exclusivos por meios impessoais, sem postar intimidades para que
todos saibam quem somos e o que estamos fazendo naquela hora, mas havia o
aperto de mão, o abraço, a conversa sincera.
Nós conhecíamos o
indivíduo pelo olhar, caminhar, pelos seus gestos.
Hoje, até mesmo essas
características individuais não existem, pois são postados detalhes que não
correspondem à verdade quando se forma um relacionamento pela Internet, onde a
pessoa precisa se mostrar superior e diferente do que é na realidade, então
surgem poderosamente a falsidade, a desonestidade, condições que jamais permitirão
que este relacionamento que se busca seja realizado a contento porque a sua
base é a fraude, o jogo ardiloso, o logro!
Não somos máquinas, e
nossos sentimentos não são medidos pela rapidez com que usamos o teclado do
micro ou do celular.
Por favor, existe algo
mais abrangente e significativo do que um abraço?
De que me adianta eu
ter milhares de seguidores no meu Twitter, se eu os desconheço, sequer sei como
se vestem, a cor de seus olhos, suas alturas, se estão sendo honestos comigo ou
com eles mesmos?
Pois essas formas de
se viver, sem progresso e com desenvolvimento, o meu pessoal desfila suas
extraordinárias e incomparáveis capacidades de adaptação!
A velhice está
acompanhada da experiência, do conhecimento do passado e do presente.
Nossos valores e
princípios não foram modificados pelo tempo ou pela ciência e tecnologia, porém
se tornaram mais sólidos porque percebemos que se distanciar do ser humano -
independente de se comunicar com mais pessoas que anteriormente - não deixou
este ser humano mais feliz, mais forte, mas o deixaram mais frágil, mais
vacilante, mais confuso, haja vista não haver mais a companhia de outro ser
humano a ser desfrutada, mas caracteres na tela de uma caixinha fria, que não
pulsa, que não diz obrigado e nem até logo, que não pergunta se estamos bem,
muito menos se gostam ou não de nós.
Apesar de jovens,
percebe-se uma sociedade cansada, que corre em busca de objetivos que não sabe
quais são eles, surpreendentemente!
A busca desenfreada
por amizades virtuais ocasionou uma existência calcada em parâmetros igualmente
desumanos, tais como a distância, a frieza das palavras sem ternura, um dialeto
cibernético que não aproxima, mas afasta, e a necessidade frenética de teclar,
como se o uso permanente do celular compensasse a ausência dos amigos, de
tocar-lhes nos braços, nas mãos, um que outro beijo ou abraço amistosos.
No entanto, os idosos
viveram a fase mais humana, de não ter o conforto de hoje, mas as dificuldades
de outrora, e mesmo com a automação prevalecendo nas relações pessoais neste
momento, e sermos obrigados a nos
atualizar para poder usar em nosso benefício a ciência e tecnologia, AINDA AS
NOSSAS VIDAS são caracterizadas pelo carinho, afeto, caridade, afago, por
sentimentos em desuso pelas máquinas, razão pela qual esta diferença tão
acentuada entre os velhos e os jovens, onde os mais moços não conseguem viver
as nossas formas de existências, mas os mais velhos estão bem adaptados às
maneiras modernas, desta juventude.
Indiscutivelmente
precisamos que nos protejam, que nos valorizem, que saibam que somos o último
elo entre a humanidade como foi estabelecida há milhares de anos com estas
novas concepções de vidas, onde a ciência e a tecnologia substituíram as
amizades, a intimidade, a privacidade entre duas pessoas e com o ser humano se
tornando devassável, enfraquecido, tendo ficado à mercê das circunstâncias, sem
poder mais comandar a sua vida, entretanto, precisa dar sequência ao que lhe
foi determinado pelos recados e solicitações de relacionamentos imaginários,
pensando que conquistou corações e mentes quando, na verdade, é mais um
acréscimo no celular ou micro, descartado quando menos espera pelo próprio
sistema que tanto enaltece e lhe dá importância, contraditoriamente mecânico,
impessoal e desumano!
Dito isso, um grande e
forte abraço a todos.
Saúde e Paz!
Amigo Chico,
ResponderExcluirnão me considero a pessoa mais indicada para comentar seu excelente post, porque, apesar de estar relativamente perto dos setenta (só que na direção em que vou ficando cada dia mais longe) tenho vivido imerso na tecnologia e na cibernética de que você fala há quase cinquenta anos…
O único reparo que posso fazer ao post é que definitivamente não me considero idoso, sou orgulhosamente, como diz a Ana, um "velhinho em formação" :) Idoso é uma palavra inventada para as pessoas que têm medo de reconhecer que são ou vão ser velhas, velho é uma palavra forte e bela que leva dentro a vivência e a experiência de todo esse tempo em que construímos essa vida que nos trouxe até aqui.
Afinal, como já disseram antes, se Hemingway tivesse escrito "O Idoso e o Mar" em vez de "O Velho e o Mar" não teria vendido um centésimo do que o magnífico livro vendeu :)
Brincadeiras à parte, que faço porque sei que você vai compreender, seu post vem nos despertar para um problema muito presente e atual, que é o da geração que está se formando sem a experiência da interação pessoa a pessoa, olho no olho, que forma a compreensão e a indispensável empatia que é fundamental para que sejamos realmente humanos.
Desktop, laptop, tablet, smartphone, internet, são todos ferramentas utilíssimas se soubermos o que fazer com eles, e são todos armadilhas mortais se deixarmos que nos escravizem, se cairmos na tentação de nos escondermos atrás da luz hipnótica de suas telas para fugir de ter a coragem de viver a vida de verdade, com seus perigos, suas dores e suas alegrias que enchem os nossos corações.
Caro Wilson,
ResponderExcluirQuando se publica algo estamos sujeitos a críticas, elogios ou indiferenças.
Neste caso, trata-se de um amigo opinando sobre o artigo do outro, mostrando que certas palavras têm um significado diferente através da interpretação que algumas pessoas as entendem, e as aceitam como adequadas ou não.
Usei idoso porque entendo como eufemismo para velho ou, retóricas à parte, palavras que são sinônimas, portanto, a intenção foi mesmo eu ser ameno com os mais velhos.
Dito isso, eu quis justamente aproveitar a experiência que a vida nos propiciou, de uma existência de muitos anos, e confrontar com a vida dos jovens de hoje quanto à necessidade que eles têm de aparelhos eletrônicos - celular -, e que passam horas a fio teclando naquela caixa diminuta com ardor e fervor, como e as batidas explicassem maior ou menor sentimento pelo interlocutor(a).
Pois como vivemos em época onde jamais se sonhou com algo parecido, e nossas existências seguiram seus cursos normalmente, e só bem mais tarde surgiram essas invenções que nos trouxeram conforto e rapidez, mas jamais seriam por nós consideradas essenciais.
Eu, por exemplo, não tenho celular, e vivo muito bem.
Obrigado pelo comentário pertinente e adequado, Wilson.
Uma excelente semana.
Forte abraço.
Saúde e paz.
Bendl, essa geração de aficionados de tablets, smartphones e que tais, se distanciou da nossa geração desde a meninice. Enquanto eu dividi a rua em que morava com meninos e meninas _ jogávamos bola, brincávamos de pera, uva(acho que era o beijo, era sim) ou maçã, íamos ao cinema todos juntos, minha varanda tinha sempre um coleguinha pedindo emprestado um gibi do meu irmão, que depois devolvia _ meu filho brincou dentro do condomínio. E hoje, não raro, quando ele vem aqui, eu o vejo viciado nessa tela do iphone, que consulta com frequência. Tem vários amigos, saem juntos na noite, ele e ela até gostam bastante de gente. Mas eu percebo essa ansiedade de que você fala e acho até que prejudica o sono.
ResponderExcluirDeveria ser proibido levar celular para a cabeceira da cama! Mas não é.
Ele me botou no Facebook, quis me agradar. Na verdade há algumas coisinhas interessantes, mas dispenso quase todas. E entrei com apelido, nada de massacre de mensagens. Bom mesmo é o WhatsApp porque me comunico com muita rapidez e brevemente. Um recadinho, uma perguntinha que respondem no mesmo minuto.
Até os médicos mais jovens tem o 'zap', como eles dizem. "Manda pelo zap".
E lembrar que meu irmão, quando morou um ano na Suécia, se correspondia conosco por fitas K7, que chegavam ao Brasil em envelopinhos pardos, com fecho...
E nos sentávamos, a família, em torno do gravador para ouvir as notícias. Era uma forma de matar a saudade da voz de cada um, um acontecimento. E na hora de gravar, a mesma coisa. Tios e tias que estivessem em casa também mandavam seu alô, tão importante para os que estavam longe... Ligações eram caras...
Sou do tempo antes do orelhão, das casinholas modelo Inglaterra, só que brancas, das fichas com as iniciais CTB, Companhia Telefônica Brasileira. Meu ex me deixou sozinha em casa, com o início das dores do parto, e correu numa dessas casinholas para avisar meu ginecologista que eu ia parir, dar à luz, que o bebê estava chegando, ia nascer.
Hoje é tudo muito rápido e prático mesmo, Bendl. E se falta coração nos gestos, o toque tão pessoal e o olho no olho, não é culpa da juventude. A vida exige deles que vivam como um processador de computador.
Dançar, que no meu tempo era a glória da vida, hoje se faz bem pouco. Digo, dançar dois pra lá, dois pra cá, o casal. Dançam outras modalidades.
É da vida. Já houve um tempo da valsa, do rock, do.. esqueci, daqui a pouco ou mais tarde me lembro.
Sem falar que as ultras acabaram com o segredo do sexo da criança, para o qual fazíamos bolão. Os identificadores de chamada exterminaram com os trotes às vezes engraçadíssimos e com isso só atendemos quem queremos, não há surpresas.
Nós ficamos mais individualistas, sem querer.
Em compensação há de se comemorar o fato de que, trocando letrinhas, misturamos idades tão variadas a falar de um mesmo assunto que não seria comum em tempos idos.
É a evolução da espécie, temos de nos contentar com ela. Isso se os computadores, a Inteligência Artificial não tomarem conta de nós e das nossas vidas, nos substituírem.
Adorei, Bendl. Parece que você adivinhou meu pensamento. Pensei tudo isso ontem à noite.
Abração
Ofelia
Minha querida Ofélia
ResponderExcluirO teu texto acima é a comprovação que eu precisava para explicitar indiscutivelmente o modo como nos comunicamos, havendo a aproximação, a confidencialidade, a sinceridade, honestidade, confiança, a amizade, em seu grau mais elevado.
Observa, não nos conhecemos pessoalmente, mas nessas alturas é o que menos interessa, pois o que escrevemos reflete o que diríamos pessoalmente, cara a cara, sem nós pelos dedos.
Não tive uma crise de saudosismo, não. Quero realçar que nossos métodos de aproximação e amizade obtidos de décadas atrás é a maneira correta, pois inexistiam aparelhos eletrônicos que, SE paradoxalmente encurtam distâncias de quem está longe, AFASTA QUEM ESTÁ PERTO!
Quando vez ou outra vou a Porto Alegre – amanhã, por exemplo, então não vou escrever nesta terça-feira -, me pego rindo das pessoas em restaurantes, bares, paradas de ônibus, postos de gasolina, teclando seus celulares freneticamente, e com gente ao lado!
Pessoas que se sentam à mesma mesa e não se falam, mas, teclam, dedilham o celular, batem no celular, choram e sorriam, surpreendente e inacreditavelmente diante do aparelhinho mágico!
Virou mania mundial, sei disso. No entanto, vê-se claramente que há a dependência deste tareco, QUE TEM DISPENSADO O TELEFONE, onde a pessoa pelo menos ouviria a voz do interlocutor(a).
Afora alterar o comportamento social do ser humano, a exposição de sua privacidade, a sua intimidade devassada.
Exemplo?
As “pegadinhas” do Faustão ou no Youtube, filmadas por alguém indiscreto que expõe publicamente as quedas das pessoas, suas situações embaraçosas, tombos de bicicletas, motos, batidas de carros, brincadeiras entre colegas, sustos, que deixam as “vítimas” ridiculamente à mostra de milhares de pessoas, e que se divertem com o vexame dos outros!
Olha, Ofélia, não sei de onde tal comportamento possa se dizer como correto ou normal, não sei, mas eu moveria céus e terras para não me ver na TV ou nos Facebooks em posições nada edificantes.
Então a minha vontade de escrever elogiando o nosso processo de amizade e de como mantê-la, assim, deste jeito que fazemos agora, com sentimento, carinho, admiração, porém com respeito, educação, e limites absolutamente obedecidos, evidentemente.
Ora, cada comentário que postas, corro para ler, saber o que escreveste, da mesma forma os textos dos nossos amigos mas, neste caso, trata-se de nós dois, pois respondo ao que mencionaste com relação ao artigo publicado pelo Wilson e da minha autoria.
Enfim, Ofélia, a nossa idade ainda nos traz satisfações únicas, ao mesmo tempo que evidencia uma independência de viver que assusta aos mais jovens, que os amedronta, diante exatamente deste desdém que podemos ter da eletrônica na comunicação, deste símbolo de “segurança” para a gurizada, que é o celular.
Obrigado pelo comentário.
Um forte e caloroso abraço.
Saúde e paz!
Chicão,
ResponderExcluirLeio seu ótimo post e os belos comentários do Wilson e da Ofélia e vejo que todos têm razão nos cenários que descrevem.
Porém, meu amigo , há muito que desisti de mudar o mundo e a lutar contra o futuro e objetivamente o que posso fazer para melhorar a minha vida começa por mim e dentro das minhas paredes.
Então..Não acho que somos "o último elo entre a humanidade como foi estabelecida há milhares de anos com estas novas concepções de vidas" e lhe digo isso baseado na minha vivência com quatro filhos entre 32 e 26 anos, mais de uma dezena de sobrinhos e seus amigos reais. O futuro é a matéria deles, responsabilidade deles e para isso os educamos.e tenho certeza que o porvir da minha tribo está em boas mãos.
Os nossos filhos - teus , meus, do Wilson e Donana, da Ofélia - são cidadãos produtivos e independentes, que possuem valores e valor, que não acreditam nos amigos do Face, que não gostam de patrulhamento, que conservam seus amigos de infância, que se formaram e pos graduaram, que trabalham e se divertem, curtem as boas coisas da vida, que namoraram e casaram na boa, que são bons filhos e pais,que não falam de boca cheia , que não postam à mesa , que lidam muito bem com as tecnologias , que nos ensinam a lidar com elas , que conversam, são informados,que não são socialmente alienados,que se relacionam normalmente , amorosamente e não de forma "mecânica, impessoal e desumana".
Depois do bom trabalho que fizemos com nossos filhos, Chicão, e da ajuda que lhes damos alegremente com os netinhos, o que mas podemos fazer?
Respondo: tratar de ser felizes!
E sinceramente? Juízo não é uma questão de idade. Tem muito "velhinho em formação" sem noção conectado de manhã à noite postando compulsivamente.
Como diz nosso budista: o bom é o caminho do meio.
Abração
Pimentel,
ResponderExcluirGrato pelo comentário, sempre adequado e pertinente.
Quando me referi a sermos o último elo de uma humanidade que se relacionava com a própria humanidade, eu quis dizer que fomos os derradeiros a ser criados sem artefatos eletrônicos, e vivemos bem sem eles.
Quando surgiram, que revolucionaram a comunicação - as redes sociais comprovam o que escrevo -, houve mudanças radicais nos relacionamentos que, se paradoxalmente, encurtavam distâncias entre as pessoas, afastavam quem estivesse perto, ao lado!
Não comparei a minha geração com a atual que, diga-se de passagem, infinitamente mais esperta, mais “ligada”, e entendem os avanços tecnológicos como ninguém, a ponto de meus netos pequenos, dois de cinco e a Helena com quatro, saberem mais do que eu no Tablet e manuseio do celular, juro!
Não. Eu me referia à dependência que essas maquinetas ocasionaram nos jovens, que os deixaram tão atrelados a elas que as pessoas estão sendo deixadas de lado!
Um almoço em família, por exemplo, e faço muitos na minha casa, antes, durante e depois tem gente teclando, mandando mensagens, atendendo chamados – sem falarem com ninguém!
E, no entanto, existe gente ao lado que também quer conversar, contar sobre o tempo que não se viram, falar de si, dos problemas, da saudade, da casa, do crescimento das crianças ...
Reporto-me somente a esses detalhes, e não quanto ao futuro desses jovens e dos meus filhos, que estão adultos, vidas resolvidas, que precisam cuidar das suas crias, sabendo que ainda podem contar com os avós desses filhos que trouxeram para este mundo, apenas isso.
Nada com relação ao modo como vão enfrentar a vida ou planejar o futuro ... nada.
Mas esta tua discordância do que escrevi, parte, acho, veio a calhar.
Simplesmente estou tendo a oportunidade de esclarecer melhor o meu ponto de vista, ampliá-lo, e até mesmo alterar o que porventura eu tenha me enganado, pois respeito muito as tuas opiniões, Pimentel, que são importantes para mim, confesso.
E, se estamos podendo dialogar a respeito, a razão é o entendimento pleno sobre o recado que transmiti, e não ferir susceptibilidades porque uma palavra diferente poderia desandar uma relação amistosa mas, ao contrário, fortalecê-la porque houve sinceridade, honestidade de propósito, e amigos devem se tratar desta forma.
Portanto, agradeço pelo teu comentário irrepreensível, compreendendo eu a tua posição neste sentido, e te peço que sempre sejas assim com referência às minhas postagens.
Um grande abraço.
Saúde e paz!
Chicão,
ExcluirA recíproca é verdadeira: também eu muito respeito e prezo os seus textos. E, é claro, acho que você tem razão em muito do que diz. Mas continuo batendo numa mesma tecla: ninguém é dono da verdade. Cada um de nós registra aqui suas verdades parciais e das diferenças é que rola a "conversa".
Como você, também eu olho à minha volta e vejo gente postando no Instagram o prato de comida esfriando antes de comer e a moça esperando antes de beijar. Como é que pode?
Vale sempre questionar se não é meio doido de pedra se acreditar nos "amigos" do Face e se o espaço virtual não se tornou para muitos mais significativo que o real.
Não acho que o virtual substitua ou iguale-se à real mas o diabo é que o virtual já é real entre nós, já se fez concretude. E ao fim e ao cabo, há uma parte positiva nesse mundo virtual , um território no qual deixaram de existir os continentes: o contato com o outro. Nada é mais humano do que isso: fazer contato.Se vai valer a pena ou não só depende de nós.
Eu me questiono muito , por exemplo, quanto à relevância de subirmos em um banquinho na internet para verbalizar o que nem sabemos se outras pessoas querem ler usando para tanto o tempo que poderia ser utilizado para a prática do "olho no olho". Por outro lado que maravilha podermos estabelecer esta conversa e nos expressarmos apesar de não estarmos face to face. Isso é ampliar territórios.Como tudo na vida, as "tecnologias" não podem ser tratadas na base do 8 ou 80.
Seja na real, seja no virtual , há que haver temperança. É preciso entender que os dois mundos podem ser conciliados um enriquecendo o outro. Ou seja, a diferença entre o veneno e o remédio é a dose.
A rapidez nas comunicações agiliza o trabalho e assim pode contribuir para que tenhamos mais tempo livre com os nossos. Os amigos do Face e os amigos do Blogs não são de infância, os "velhos companheiros" de dores e alegrias nesta vida. Mas ao nos expressarmos por aqui ficamos sabendo que não estamos sozinhos naquele pensamento e no contrário dele, que estamos sendo lidos - mesmo que mal compreendidos ou nem isso.E esse é um sentimento muito bom.
Eu jamais vou conseguir me expressar no Twitter mas devo confessar que meus filhos são nota dez no quesito "poder de síntese" (rsrs) Você reclama dos torpedos em vez da voz ao telefone, mas nossa mãe nos dizia: "Desliguem o telefone e vão estudar!"
Quanto à juventude conectada durante as reuniões familiares não temos esse problema: o olhar de minha mulher fulminaria jovens e ...velhos (rsrs)
O que tem que ser priorizado e cuidado, portanto, na real ou no virtual são as "conversas" , são os relacionamentos , a qualidade e profundidade dos abraços, a tolerância, o respeito e o crescimento de parte a parte, essa troca de vivências e conhecimentos e...ESPERANÇA!
Quando os meus netos depois dos heróis nas telinhas se achegam, pulam no meu colo e perguntam: "Vô, vamos brincar de viajar de avião?" ou querendo desenhar dizem: "Vô, quero papel para fazer arte, por favor" eu sei que estou no caminho certo apesar de todos os pesares.
E que o futuro terá "um coração antigo".
Obrigado pela atenção, Chicão
Abração
Temos tido muto boas conversas, Pimentel.
ExcluirO crucial é que concordamos na essência, mesmo que a embalagem a gente dela não se agrade, mas o conteúdo nos tem levado às mesmas conclusões, esperanças e desejos.
Muito obrigado sempre pelas dissecações que fazes dos meus textos, cujas correções agradeço plenamente, tanto porque aprendo quanto lapido pensamentos em estado bruto.
Outro grande abraço.
Mais saúde e mais paz.
Olá insurgente,
ResponderExcluirTambém sou deste seu tempo de abraço, olho no olho,ser o termômetro de uma conversa, quando um café amigo é apenas isto, sem telefone, tablets , ou o que seja, de permeio.
Mas também gosto da rapidez da informação, do recado rápido, da consulta on line. O que falta é o preparo, o educar-se para usar a tecnologia. E o que fica é a angústia de não conseguir aprender e acompanhar tudo, aquela sensação de estar perdendo muito. E a tristeza de não vir a conhecer as surpresas do futuro.
Mas nada substitui o estar junto, o abraço de parabéns, ou a tristeza partilhada de uma perda. A cor e o cheiro. E o quentinho!
Até mais, Francisco Bendl.
Gostei muito.
Querida Ana,
ResponderExcluirPerdão por eu não ter respondido antes ao teu comentário, mas cheguei neste instante de Porto Alegre.
Obrigado, em princípio, pelo texto a mim dirigido.
Alegro-me que concordes comigo, pois vejo a tecnologia como importante em ter melhorado o nosso conforto e a rapidez das comunicações.
E, evidentemente, tratemos de usar em proveito próprio esses avanços, e sempre com aquele cuidado extra para não ficarmos tão dependente de celulares e das redes sociais, a meu ver, claro.
Grato pela participação minha colega dissidente, pois as tuas análises são fundamentais como parâmetro de opiniões abalizadas, verdadeiras, honestas e sinceras.
Um forte abraço.
Saúde e paz.
1)Celulares, uma importante conquista da tecnologia.
ResponderExcluir2) Mas como sou meio matuto, da roça, não tenho celular.
3) Fico treinando a telepatia.
Caro Rocha,
ExcluirGostei deste treinamento à telepatia!
Econômico, rápido como a velocidade da luz - aliás, me lembrei de uma anedota:
Houve um Congresso de cientistas, e seria debatido o que seria mais rápido no Universo!
O primeiro, um cientista alemão, pragmático, austero, disse sem pestanejar:
- Ah, o que tem de mais rrrápida na mundo é velocidade do luz!
Palmas fracas, tímidas, afinal das contas não revelou nada que já não se soubesse.
O segundo, o americano, saiu-se com uma novidade:
- O que ecxiste de mais rápida na Cosmos serrr o pensamenta!
Palmas efusivas, congratulações, uma novidade, enfim.
O terceiro, um lusitano, Manoel Joaquim, cientista renomado de Coimbra, saiu-se com uma resposta que foi aplaudido de pé e com louvor.
- O que temus de mais rápidu no Universu é a diarréia, que não dá tempu de acendeire a luz nem de pensaire!
Um forte abraço, meu amigo.
Saúde e paz!
1) Gostei da piada.
Excluir2)Faz jus ao texto que escrevi sobre os intestinos...
3)Saudações aliviantes !
Caro Bendl,nao tenho o prazer de conhece-lo pessoalmente. Leio os seus textos, parabéns. Tinha desses, parei na Av. Brasil, quase esquina de A.Pena, em uma casa de delicias árabes e enquanto aguardava embalar os meus kibes e outros que tais, observei uma mesa com uns 15 jovens (+/-) não contei, todos jovens, moças e rapazes bonitos de Iphone na mao e, (pasmem), de costas um pro outro. Fiquei chocado, mas enfim, dei uma risada, entrei no meu carro e fui embora...
ResponderExcluirPrezado Paulo Tripaldi,
ResponderExcluirApesar de não nos conhecermos pessoalmente, o blog extraordinário do nosso amigo em comum, o Mano, cumpre rigorosamente a função de aproximar as pessoas, tornando-as amigas, e como se fossem velhas conhecidas.
Portanto, agradeço o teu comentário, e peço em nome do Wilson que participes com mais frequência deste encontro que temos neste espaço democrático e cultural, uma espécie de oásis neste deserto de ideias e homens que o Brasil se caracteriza atualmente.
Quanto à imagem que viste e que te impressionou, mesmo eu, Paulo, que resido no interior do RS, fico perplexo de ver a gurizada quando sai do colégio ao meio dia e, por acaso, passo pelo Centro da cidade, e vejo meninas e guris de doze, treze anos, teclando freneticamente seus celulares, menos conversarem entre eles mesmos.
Claro que não são "viciados" no aparelho, evidente que não, apenas o uso desta peça eletrônica é que está em demasia, impedindo que vivam momentos mágicos e maravilhosos pela idade, em face da atração exercida pelo celular.
Um forte abraço, Paulo.
Saúde e paz!