J. Wely - Teottin et la Jeunesse Dorée - 1900 (Wikipedia) |
Antonio
Rocha
Um amigo que se formou comigo, eu em
“Português – Literaturas” e ele em “Português – Inglês” ganhou, merecidamente
dos pais, uma viagem aos EUA. Acabou casando e ficando por lá, já tem filha
psicóloga etc.
Vez por outra vem ao Rio, e quando nos
encontrávamos ele contava alguns fatos ocorridos com ele, por lá, enquanto
estava se aclimatando e não saía o tal “green card”, que graças aos espíritos
de Luz (ele é Espírita) o documento saiu.
Numa dessas, me disse. Logo na primeira
semana de Estados Unidos, ele feliz da vida, passeando na calçada em São
Francisco, Califórnia, parou na indicação da faixa de pedestre, esperando o
sinal verde. Nisso, o sinal vermelho acontece e todos os veículos param. Bem na
altura dos olhos dele, um carrão conversível com uma loura lindíssima ao
volante também para. Meu amigo olha para a beldade e exclama: “Você é muito
bonita!”
Só isso e mais nada. A motorista ficou
indignada. Fez sinal para o guarda e informou que o transeunte a estava molestando
com palavras chatas.
Meu amigo perplexo pela reação da
mulher, naquela época, anos 1980, no Brasil isso seria comum. O guarda percebeu
que ele era latino e perguntou à moça se o meu amigo a havia tocado. Ela disse
que não enquanto parava no acostamento e saltava.
Vendo que o meu amigo, no fundo era
estrangeiro e ingênuo exclamou:
-
Aqui a gente não fala isso. Você é de onde?
- Sou
do Brasil, estou passeando.
-
Você quer que eu o leve para a delegacia? – perguntou o guarda à jovem. Ela foi sincera e respondeu:
- Não
precisa, ele não fez nada. Só esclarecer que aqui não se pode falar assim com
uma mulher. É falta de respeito.
Meu amigo pediu desculpas a ela, ao
guarda. Foi liberado e a mulher foi embora. Claro, nunca mais ele fraseou com
uma estranha em qualquer país do mundo. Levou um baita choque. Choque de
culturas.
Uma vez contei isso a uma professora
feminista, na faculdade e ela respondeu que essa época está chegando ao Brasil.
Influenciados pela questão do “politicamente correto” nem “cantada” pode mais.
Por um motivo muito simples. Contrata-se uma advogada e o tal galã vai ter que
pagar uma grana.
Uma outra feminista, de um desses
grupos mais agressivos tipo feminismo ultra-radical me contou que não gosta nem
de ser olhada pelos homens.
Mas educadamente perguntei, “não olhar fica difícil se o cidadão enxerga
bem”.
-
Então que olhe para outro lado, que olhe para o alto da cabeça.
-
Respeitosamente acho difícil isso acontecer.
- Eu
sei, demora, mas o reinado de vocês está passando. E, presta atenção. Até para
gerar filhos não precisamos mais de vocês. Mais adiante o clone de seres
humanos será possível, então, para quê queremos homens?
-
Tudo bem, respeito a sua opinião, mas eu penso que as diferenças devem conviver
harmoniosamente...
-
Sabe o que é, durante milênios, séculos, nós fomos oprimidas, desrespeitadas de
todas as formas e quando começa a libertação é natural que haja atitudes
radicais de quem está se libertando.
Então exclamei: “É... parece que a revolução feminista veio para ficar...”
Ela riu democraticamente e disse: “Fale para seus amigos: cantada nunca
mais... custa dinheiro”.
Rocha,
ResponderExcluirPara qualquer aproximação que se vai fazer com estranhos é imperioso que se saiba como fazê-lo e as técnicas necessárias!
A “cantada” não é exclusividade dos brasileiros, mas as mulheres em alguns países a detestam, e também temos no Brasil quem as rejeita solenemente, e com razão!
Quando jovem, eu me divertia muito com esse procedimento arriscado, que poderia me colocar em maus lençóis, como se dizia no meu tempo, mas eu tinha dentro de mim uma espécie de desconfiômetro, que me alertava quando o “alvo” não gostaria de ouvir os meus gracejos.
Depois, eu casei cedo, e tive de abandonar essa prática, se não costumeira, claro, pelo menos eventual, mas que exigia grande técnica e coragem!
Aliás, postei recentemente um artigo relatando uma viagem de trem de Uruguaiana para Porto Alegre, 630km, onde eu mais um bando de viajantes nos divertimos cantando a mulherada que fosse ao bar do coletivo.
A maioria das mulheres, jovens, mais tolerantes com esta brincadeira, aceitava a cantada, porém as mais experientes tomávamos muito cuidado para não ferir susceptibilidades, pois nem sempre a mulher está disposta e aceitar essa aproximação, mesmo sendo brincadeira.
Enfim, hoje é diferente, há mais liberdade, apesar de se manter o respeito e a constatação prévia do modo como poderá reagir a mulher com a cantada, mas não devemos perder essa maneira criativa de propor uma conversa com a mulher que nos chamou à atenção, que poderá dizer sim ou não, desde que feita com classe e as palavras sendo proferidas com sutileza e elegância.
Ainda surte efeito e com extraordinária eficiência, o olhar, que encanta e inibe reações contrárias, ao mesmo tempo que detecta se continua ou interrompe a cantada antes que seja tarde demais, e a moça entender que está sendo molestada ou recebendo assédio sexual!
Agora, que susto levou o teu amigo, eim?!
Mais um pouco e vira monge, no Tibet!
Um abraço.
Saúde e paz.
1) Obrigado Bendl, eu lembro do seu artigo no trem.
Excluir2) De fato,meu amigo levou um susto impressionante, ele morava em uma cidade da Baixada Fluminense e foi direto para os EUA.
3)Era e ainda é uma pessoa boa, ingênuo... digamos, sem a malícia da cidade grande.
4)Curiosamente chama-se Francisco e como é mais alto do que eu, sempre o chamei de Chicão.
Houve um tempo em que em vez de "cantada" dizia-se "galanteio", uma palavra que quase não se ouve mais, que vem do francês "galant", que por sua vez quer dizer gracioso, elegante, cortês, cavalheiresco, divertido...
ResponderExcluirQue é tudo o que raramente as cantadas modernas são.
Mudam os tempos, mudam os costumes, só que às vezes mudam para pior.
Sem falar na maldição do "politicamente correto"...
1) Oi Mano, lembro do termo "galanteio", bem antigamente.
Excluir2)Hoje a cantada é meio escancarada...vejo na meninada por aí ...
3)Concordo, o tal "politicamente correto" perdeu a graça e o encanto de muita criatividade.
Antônio,
ResponderExcluirMuito bons e oportunos o seu post e os comentários do Bendl e do Wilson. É claro que caras sem noção e sem educação e sem simancol é o que não falta. Mas democraticamente sou de opinião que são cada vez mais numerosas essas devotas fanáticas da causa feminista, as parditárias radicais do politicamente correto, as milicianas emburrecidas da "guerra" entre o sexos.
As polêmicas em torno de atributos , direitos e deveres viraram zona , subiram no palanque , levantaram bandeira , ficaram chatas. Tudo bem que as mulheres foram cidadãs de segunda categoria por milhares de anos, que nas nossas praias até pouco tempo atrás a Constituição as equiparava "aos loucos,aos silvícolas e às crianças". Sem dúvida que a violência contra as mulheres deve ser combatida dia , noite e madrugada e maravilha que as guerreiras lutem para que os direitos e deveres dos gêneros sejam cada vez mais escrupulosamente iguais,inclusive os salários .
Mas quem tem juízo acha muito esquisitas todas essas criaturas raivosas, peladas e pintadas de preto , pregando em praça pública a extinção generalizada e definitiva da espécie masculina, sem exceções: "Homem bom é homem morto". Cruz credo!
E considera idiotas rematados todos os politicamente corretos que querem que palavras como aluno ou aluna passem a ser escritas assim.... "ALUN@".... para que os trans não fiquem magoad@s. Dia desses li que um@ alun@ de uma das top universidades do vasto mundo, fez uma petição à Reitoria para que não mais fossem estudados no Curso de Literatura Inglesa pré requisito para tantos outros, os grandes Geoffrey Chaucer, Edmund Spenser, William Shakespeare e John Donne ,John Milton, Alexander Pope, William Wordsworth e TS Eliot por serem do sexo masculino e brancos e, é claro, de sê-lo nada terem a contribuir. Pelamordedeus! O problema é que entre os 200 alun@s do tal curso 160 assinaram a maluquice.
De tão insandecida na tentativa de mudar a natureza humana e de clonar a humanidade - não se pode olhar, não se pode desejar, não se pode tentar fazer contato civilizado, não se pode multiplicar naturalmente , não se pode formar famílias biológicas - essa gente equivocada e divorciada do bom senso nos seus ghettos mentais, esquece que a combinação macho-fêmea continuará sendo a preferida e disparado - com todo respeito a quem olha e quer e ama os seus iguais! - e que as histórias do Me Tarzan x You Jane jamais deixarão de existir enquanto houver vida humana sobre a Terra por um simples motivo: ainda não se inventou nada que funcionasse contra o instinto.
Abraço
1)Salve Moacir, concordo com vc.
ResponderExcluir2)Eu tenho visto cada coisa por aqui... impressionante: por exemplo, algumas feministas radicais pregam a eliminação física do sexo masculino.
3) Outro dia uma amiga jornalista, já avó e na casa dos 60, considerando-se feminista histórica foi em uma reunião de neofeministas na casa dos 20 anos.
4) Lá pelas tantas, disse-me ela, uma das meninas bradou: "morte aos homens". Ela pediu a palavra e disse que não era por aí, pois gostava de homem...
5)Então pediram que ela se retirasse assim:"Aí tia,sai de fininho que o teu papo não está agradando". E ela retirou-se.
6)Onde vamos chegar, não sei ...
7) Obrigadíssimo !
Olá Antônio,
ResponderExcluirSeu texto divertido e gostoso de ler gerou frutos interessantes: um belo discurso do Moacir e uma confissão tipo ato falho do Francisco Bendl quando fala que "com as mais experientes tomávamos muito cuidado..." Você não ficava só assistindo, amigo dissidente?
Cantadas grosseiras são terríveis como o são o políticamente correto e as feministas peladecas. O fato é, que depois dos sessenta, nem peão de obra mexe com a gente(rsrsrs).
Até mais.
Prezada Aninha,
ResponderExcluirA perspicácia da mulher é algo inacreditável!
Ana, no episódio do trem onde eu estava presente, de fato eu só fiquei olhando, pois eu já era casado, de aliança no dedo.
No entanto, eu estava junto do pessoal, então na condição "de cúmplice", afirmei que "tomávamos muito cuidado".
Mas essa precaução eu já a tomava quando solteiro, tanto pela juventude quanto pela falta de técnica mais apurada para "enfrentar" a inteligência de uma mulher com mais idade e, principalmente, as balzaquianas!
Essas eram demais!
E, na minha época, cinquenta anos atrás(!), a mulher de trinta era independente, madura, decidida, muitas já trabalhavam na indústria, comércio, bancos, e disputavam o mercado de trabalho com os homens, evidente que não nesta proporção de hoje.
Mas, a mulher já dispunha consigo de mecanismos e condutas de como saber se conduzir nessa sua condição de não precisar ser casada, de ter o que quisesse por si mesma, então, nós, homens, tínhamos mesmo mais cuidados para não cair no ridículo, humilhado pela sagacidade, esperteza, experiência, femininas, pois se tal acontecesse "mataria" a nossa impetuosidade, a nossa "coragem" de nos aproximar, uma espécie de manutenção da reserva de ousadia, digamos assim.
Ana, convenhamos, somos dissidentes do Wilson, né, e não entre nós, pô!
Um forte abraço, Aninha, respeitoso, como sempre, e também amistoso.
Saúde e paz extensivo aos teus amados.
Amigo Francisco, colega de dissidências na batalha diária de vencer barreiras redatorianas,
ExcluirVerdade, não entre nós, pô! Mas não resisti de te cutucar com vara curta!
Viu no que deu? Uma ótima resposta que li rindo. E provei o que já intuía, você não precisa de vara, outros blogs que o digam!
Paz? E saúde!