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24/04/2017

Descendo de Montmartre

fotografia Moacir Pimentel

Moacir Pimentel 
A foto que inaugura o post comunica exatamente a sensação que se tem ao descer a butte de Montmartre por caminhos tranquilos e distantes das multidões: uma ambiência de paz, verdura e silêncio. A cada esquina, a cada lance de escada, a cada curva aparecem novas alamedas, fontes e estátuas, casas magníficas, becos interessantes e os cemitérios povoados por arte da melhor qualidade.
Um dos nossos recantos prediletos nessa esquina de Paris é a Allée des Brouillards - a Alameda das Neblinas - estreita e romântica, rodeada por jardins e frequentada diariamente pelos moradores do bairro em busca de sossego. Ah, se essa alameda falasse! (rsrs)
Ela nos leva da Praça Dalida ao Castelo das Neblinas - onde viveu e morreu e escreveu seus sonetos e quimeras o grande poeta Gérard de Nerval – e, ao fim e ao cabo, e em meio às folhagens, ao musgo, às grades de ferro, aos lampiões e às velhas pedras, ainda nos oferece visões das cúpulas brancas da Sacré Coeur.
fotografias Moacir Pimentel
  
Hoje restaurados e abertos ao público, a Alameda e o velho Castelo das Neblinas são joias ofuscadas pela Praça Dalida idealizada e construída em homenagem à famosa cantora de origem italiana Yolanda Cristina Gigliotti, a Dalida, que encantou a Europa cantando canções como Soleil, Soleil, Mamy Blue, Paroles, Paroles e Ciao, Amore, Ciao.
Conhecida como A Viúva Negra porque vários de seus amores – o marido e dois amantes, um deles o compositor e ator Luigi Tenco – cometeram suicídio, Dalida morou em Montmartre até que também acabou com a própria vida em 1987.
O que nos surpreende nessas ladeiras de Montmartre é a grande concentração de casas e jardins. A Villa Léandre, bem escondida das hordas de turistas, é um exemplo dessa sombreada verdade que merece ser conhecido. Ela é, nada mais nada menos, do que um beco de casas enfileiradas que diferem entre si, para discordar, em seguida e lindamente, da arquitetura do resto de Paris.
A Villa que foi construída no local de um antigo moinho em 1926, costumava ser chamada de Villa Junot mas foi rebatizada em homenagem a Charles Léandre, um humorista de Montmartre.
Algumas de suas casas são de tijolo vermelho em um estilo claramente anglo-saxão, várias delas têm telhados inclinados, todas têm diferentes cores, um pequeno jardim e uma lanterna tradicional na porta. A rua é iluminada por postes antigos.
A Villa des Platanes é outro oásis tranquilo do bairro, com seus esplêndidos edifícios de apartamentos do século XIX agrupados em torno de pátios verdes. Não muito distante se descobre o Hameau des Artistes e, circundado por jardins, o seu obelisco de pedra, erguido em 1736 para marcar a linha do meridiano de Paris. Mais adiante nos espera a Cité du Midi, outro bequinho sem saída que tomou seu nome emprestado dos seus primeiros proprietários que vieram do sul da França.
No sopé da colina, mesmo a Avenida Junot - batizada em homenagem ao famoso general apelidado por Napoleão de “A Tempestade” - tem muito verde nas suas casas e escadarias laterais maravilhosas nos provando que, quando Montmartre era ainda um “maquis”, pouco mais que um terreno baldio coberto de mato, lá se construiu uma bela avenida.
fotografias Moacir Pimentel

             A fachada modesta e verde escura e envidraçada que se vê na última foto inferior à direita da montagem tem, para todos os amantes da arte, uma importância muito grande. Trata-se de um predinho restaurado que na primeira década do século XX era chamado de Le Bateau Lavoir - numa alusão às barcaças usadas pelas lavadeiras de roupas à beira do Sena. O endereço é um dos mais famosos da cidade, por ter servido de atelier e moradia para artistas como Picasso, Juan Gris e Modigliani. Esse
pardieiro sem eletricidade, aquecimento ou água corrente no número 12 da Rua Ravignan, numa das laterais da Praça Emile Goudreau, foi o berço do cubismo.
E já que estamos na Praça posso recomendar o terraço à sombra do bistrô Le Relais de la Butte para um bom café expresso em um ambiente tranquilo e descontraído com vistas agradáveis.
fotografia Moacir Pimentel
              Todo o fascínio de Montmartre se esconde nesses ambientes, nas escadarias estreitas, nos prédios baixos colados uns aos outros, nas padarias, mercearias, cafés, e floriculturas do bairro. Todos os cartões postais icônicos são ofuscados por esses recantos simpáticos e pacíficos frequentados pelos nativos.
Nada é mais agradável em Montmartre do que essas áreas sem tráfego ou agito, espalhadas pelo bairro, onde os moradores mais idosos passam o tempo jogando conversa nas mesas externas dos cafés e as crianças brincam nas pracinhas. E tem os cemitérios...
Devo admitir que quando a minha então namorada e hoje avó de meus netos, começou a manifestar a vontade de, nas nossas férias - Cruz Credo! - visitar os cemitérios das cidades que visitávamos eu fiquei preocupado (rsrs) Após mais de três décadas de visitas confesso que fiquei viciado na beleza e na paz que eles oferecem.
Nas aldeias europeias os moradores têm a tradição de, aos sábados, cuidar dos túmulos de seus entes queridos. É quase um programa. Antes de irem ao Café para o primeiro do dia, colocam nos carros os apetrechos necessários para a faxina e a decoração. Do Café vão às flores e de lá para os cemitérios. Vizinhos se encontram e conversam enquanto estão polindo os bronzes e arrumando as flores. E pronto: dever cumprido e hora de aproveitar a vida.
Os portugueses emigrados, ao deixar Portugal, confiam aos parentes ou amigos ou vizinhos “os dinheiros das tumbas” para que as últimas moradas dos seus continuem a ser bem cuidadas. Quem visita qualquer pequeno cemitério de aldeia na t’rrinha após as missas na manhã de qualquer domingo o encontra colorido como um jardim em flor. A mesma coisa acontece em qualquer aldeiazinha do velho mundo.
Mas é a beleza, notadamente aquela das esculturas e não as flores ou os famosos moradores que fazem os cemitérios na Europa serem visitados por multidões.
fotografias Moacir Pimentel

A bem da verdade na região na qual nos encontramos eu prefiro o vizinho Cemitério de Montparnasse, talvez porque alguns de meus velhos amigos se encontrem por lá: os filósofos e autores Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir e o grande poeta Charles Baudelaire.
Na companhia dos dois dramaturgos  Eugène Ionesco e Samuel Beckett, do poeta e cantor Serge Gainsbourg, do escritor Guy de Maupassant e daquele beijo de Brancusi, no topo do túmulo de Tania Rachevskaia, uma anarquista russa que se suicidou por amor.
Mas Montmartre também tem belos cemitérios. O primeiro deles foi inaugurado em 1824, em uma pedreira de gesso abandonada. Durante a Revolução Francesa, as pedreiras foram usadas como sepulturas coletivas. Após a revolução, a pedreira de Montmartre tornou-se um verdadeiro cemitério, inicialmente chamado Cimetière des Grandes Carrières - das grandes pedreiras – antes de se tornar o Cemitério de Montmartre.
Na Rua Caulaincourt um belo viaduto de ferro trabalhado em treliça e chamado de Pont Caulaincourt passa sobre o campo santo onde o túmulo de mármore Art Nouveau de Émile Zola ainda pode ser visto embora seus restos mortais tenham sido transferidos para o Panteão.
Depois de terem vivido no bairro, dormem seus sonos eternos naquela paisagem tranquila o cientista Jean Foucault, Adolphe Sax, o inventor do saxofone, o diretor de cinema Marcel François Truffaut, os pintores Edgar Degas e Gustave Guillaumet, Alexandre Dumas, o filho, o poeta suicida Heinrich Heine e o compositor Hector Berlioz.
Já na Rua des Saules se encontra, desde 1831, o Cemitério de Saint-Vincent onde foram sepultados os pintores Gen Paul, Eugène Guignard e Maurice Utrillo, os compositores Arthur Honegger e Jacques Offenbach, o escritor Marcel Aymé, a linda Dalida e a lendária Léontine Aubart - conhecida como Ninette - uma das mais famosas cantoras do cabaret Au Lapin Agile por quem o milionário e colecionador de arte Benjamin Guggenheim perdeu a cabeça – dizem! – logo depois dela ter sobrevivido ao Titanic.
Eu contemplo aquelas estátuas soberbas, leio os nomes de bronze de estranhos e a duração das vidas que tiveram e imagino como teriam sido e vivido aquelas pessoas ali tão pungentemente homenageadas.
Para mim um cemitério é um livro, cada lápide uma metáfora da desimportância das coisas ou um lembrete do quanto estamos à mercê do inesperado. Vislumbro naquelas alamedas sombreadas milhares de testemunhos da nossa incontornável vulnerabilidade ao amor e à falta dele.
Cada tumba é uma crônica de dores das quais, de saída, não se consegue falar a não ser na terceira pessoa do singular e de como, ao fim e ao cabo, tudo vira saudade e simplesmente se sobrevive às perdas. Em cada mármore leio um relato triste de amores audíveis no silêncio dos bronzes brilhantes que vão se tornando mais opacos enquanto o tempo passa, polidos que eram durante visitas sofridas que vão diminuindo, se tornando cada vez mais esparsas, enquanto a vontade de viver se impõe e a vida e sua trivialidade maravilhosa vencem a morte.
E assim, com calma e quase sem nos dar conta, descendo vagarosamente, já estamos noutra região encantadora de Montmartre: Les Abbesses.
A não perder na Praça des Abbesses, em primeiro lugar, a entrada do metrô, que foi projetada e desenhada pelo arquiteto e desenhista que representa o próprio espírito da Art Nouveau: Hector Guimard. Na verdade, esta maravilha não era a entrada original do metrô das Abbesses. Instalada inicialmente na estação do metrô do Hôtel de Ville, ela foi trazida para Montmartre na década de 70. É um dos poucos originais concebidos por Guimard, em 1912, que permanece em uso na cidade.
fotografias Moacir Pimentel

 Devido às árvores é difícil fotografar a igreja, ao fundo, a primeira construída em concreto armado na Paris de 1904. O que é uma pena pois os seus belos arcos Art Nouveau e a sua fachada de inspiração mourisca conversam muito bem com a pracinha. As linhas limpas e geométricas e os materiais ásperos da construção são destacados pelo notável colorido dos modernos vitrais e pelo altar de mosaicos policromados do templo.
Trata-se da Igreja Saint-Jean L’Evangéliste de Montmartre que, graças à fachada, foi agraciada com o apelido de Notre Dame des Briques ou Nossa Senhora dos Tijolos.
A pracinha oferece aos miúdos nativos e estrangeiros escorregas e gangorras para felicidade dos pais e hospeda outra legítima fonte Wallace para a alegria dos turistas jovens e de orçamento apertado onde não cabem as águas minerais.
Normalmente a pracinha é enfeitada por um pequeno carrossel decorado com pinturas de crianças no estilo do pintor Francisque Poulbot, um dos mais queridos do bairro, que aliás nomeia a rua onde visitamos o Museu Dalí.
Tem mais. Atrás da Praça des Abbesses existe uma outra pracinha. Só quem realmente caminha pelo espaço com um olhar atento percebe esse outro parque fechado por portões de ferro e cheio de árvores e bancos, de nome Praça Johan Victus, que é popular por causa de uma obra de arte na sua parede lateral, se bem que os antigos arcos da velha Abadia na parede ao fundo têm muito encanto. Veja no canto superior esquerdo da montagem.
fotografias Moacir Pimentel

Porém neste cantinho de Montmartre, onde os idosos ainda fazem ramos de lavanda para vender nas calçadas, a modernidade está ganhando disparado. 
Apresento-lhe o muito fotografado Le Mur des Je T'aimes - O Muro dos Eu Te Amo. Na parede a frase de amor está escrita trezentas e onze vezes em duzentos e oitenta idiomas diversos. O painel é de autoria do artista plástico Frédéric Baron que, com a ajuda da calígrafa Claire Kito, imitou as frases originais escritas por centenas de pessoas de nacionalidades diferentes.
Auxiliado por um especialista em azulejos, Baron ergueu um muro de quarenta amorosos metros quadrados em azul. É um trabalho incomum, feito com o intuito de unificar, de juntar povos e indivíduos em uma época de conflitos e violência.
O melhor da festa é sentar e assistir de camarote como todos os tipos de pessoas vão até à parede e interagem com ela e com seus acompanhantes e/ou caras metades. Diz a lenda e os “guias” que, do casal , quem encontra primeiro o “eu te amo” na sua língua nativa tem mais amor no coração.
Uma dica de quem sabe o que diz: deixe-a ganhar, amigo!
E não caia na besteira de “filosofar” sobre o que diz a lindíssima Rita Hayworth acima da parede dos amores:
"Amar é uma bagunça... então vamos amar!"
E depois ?
Bem, são as pequenas coisas que nos dão alegria nessa vida e elas, geralmente, são de graça. Viajar é uma maneira de se aprender isso.
Então eu presto atenção ao que está diante de mim e cuido de fotografar com cuidado - já antecipando a alegria dela ao olhar as fotos no lap mais tarde - as coisas pequenas que minha companheira de vida e de viagem vai apontando encantada: uma parede antiga transformada em floresta, uma escultura efêmera, uma janela florida, uma vitrine cheia de vidros coloridos e – “que liiindas!” – muitas caixinhas.
fotografias  Moacir Pimentel

Tudo bem que eu preferia ver os cartazes da lendária Nana La Cascadeuse, a bailarina e estrela das quadrilhas de cancan do Moulin Rouge que, segundo dizem, tinha as pernas mais belas de Paris na loja. Mas fazer o quê?
É a hora das “comprinhas”.
E aí a visão periférica registra um pessoal se esbaldando a comer um enoooorme pedaço de queijo derretido sobre pães, batatas, presunto, salame e pepinos e cebolas em conserva...
@$#&@$#&@!!!!
Fazer o quê? Jantar às sete horas da tarde – sim, pois o sol luta contra o céu noturno até às nove! - numa calçada da Rua des Abesses ao som da serenata que um sujeito e o seu violão fazem nas redondezas.
Uma e meia garrafas de Riesling mais tarde, à beira de uma indigestão e nem um pouco arrependidos do pecado da gula, o jeito é seguir de braços dados e pernas cambaleantes até a estação do metrô mais próxima.
Afinal se vai a Paris é para ser feliz, amanhã será outro dia e ainda estaremos Sous Le Ciel de Paris



22 comentários:

  1. Cada vez que leio algo de sua autoria, fico perplexo. Agora pelas reminiscências históricas, temperadas com as excelentes descrições e fotos.
    Não conheço Paris - fiquei cheio de vontade, não de percorrer as trilhas dos turistas, mas de visitar estes locais mais escondidos, porém belos.

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    1. Moacir Pimentel25/04/2017, 07:41

      Westenberger,
      Quem fica "perplexo" e feliz da vida sou eu a cada vez que um leitor comenta os meus rascunhos. Porque sem leitor não existe autor, não é mesmo? Quanto às viagens é aconselhável nelas seguir , como você tão bem coloca, os caminhos desconhecidos dos turistas mas preferidos pelos nativos que, via de regra, sabem das coisas. Por favor volte sempre e muito obrigado pela leitura e comentário.

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  2. Wilson Baptista Junior24/04/2017, 08:47

    Moacir,
    Já disse, num de seus artigos anteriores sobre Montmartre, que sua descrição me dava vontade de voltar lá. Porque nas vezes em que estive lá vi muita coisa bonita mas deixei também de ver muita coisa que você nos contou.
    Agora, com essa descrição da descida pela parte oculta da colina você escreve um artigo inteiro só sobre coisas que eu não vi, uma Montmartre inteiramente nova para mim, um mundinho diferente dentro dessa Paris que me encanta tanto.
    Não sei se um dia ainda voltarei lá por essas bandas; se voltar, com certeza vou percorrer essas ladeiras por novos caminhos; se não voltar, fico feliz por ter lido a sua descrição e visto um pouco mais através dos seus olhos. Obrigado, viajante, por estas conversas.

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    1. Moacir Pimentel25/04/2017, 07:44

      Wilson,
      Você resume muito bem o bairro : "um mundinho diferente dentro dessa Paris que me encanta tanto". Bons são os amigos com quem a gente deseja sempre conversar e os lugares para os quais sempre quer voltar. Estive em Montmartre pela primeira vez em 1978 e foi amor à primeira vista. De lá para cá o bairro mudou mas o encanto se recusa a desaparecer. Da última vez que lá estivemos, em 2013, conversamos em um dos Cafés de uma das ladeiras com um senhor nascido ali em 1937. Disse-nos ele que nada o faria viver longe de Montmartre e que por lá nada tinha mudado "além de mais carros e celulares". Eu espero que você volte lá e desça a Butte comme il faut: sem pressa , muito bem acompanhado e por verdes caminhos. Tenho certeza de que os seus olhos e lentes verão muito mais do que contei.
      Abraço

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  3. Mônica Silva24/04/2017, 09:15

    Lindo o artigo, Moacir. Se eu visse as fotos não reconheceria Montmartre. Não vi espaços verdes só a igreja e a praça dos artistas nas poucas horas que a minha excursão ficou no bairro. Tirando os cemitérios fiquei morrendo de pena de não ter visitado todos estes lugares maravilhosos e devorado o queijinho kkk. Obrigada por compartilhar me fazendo viajar com vocês.

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    1. Moacir Pimentel25/04/2017, 07:50

      Mônica,
      As tais das "excursões" me escapam. Conhecer 10 países em 20 dias é um milagre cansativo. Haja poder de síntese (rsrs)
      Penso que temos que escolher nesse parco tempo , entre posar às pressas para muitos cartões postais ou ver calmamente e nos divertindo e sem relógio não mais que 3 cidades. Prefiro a última opção.
      Obrigado pela leitura atenta e comentários simpáticos
      Abraço

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  4. Francisco Bendl24/04/2017, 11:26

    Tô dizendo, tô dizendo ...

    Pimentel me fornece tantas informações e detalhadas sobre Paris que eu poderia ser contratado como "cicerone" desta bela cidade, da capital da França, que enaltece a Humanidade pela sua história e significado.

    Mais uma vez os meus agradecimentos, Pimentel, pela postagem excelente, texto e fotos esplêndidos, como sempre.

    Um forte abraço.
    Saúde e paz.

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    1. Moacir Pimentel25/04/2017, 07:54

      Bendl,
      Tô querendo mais é saber quando é que você, atendendo a pedidos e para tanto credenciado pelas décadas que passou desbravando todos os caminhos do Rio Grande, vai continuar nos guiando pelas belezas do seu chão, sua "história e significados."
      Outro forte abraço e muita saúde e paz.

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  5. Flávia de Barros24/04/2017, 11:33

    Moacir,

    Você se superou neste maravilhoso artigo sobre um Montmartre desconhecido mesmo de quem conhece. Amei! O que eu acho incrível é a facilidade como você vai misturando as descrições com as fotos e a história com as suas opiniões e vivência. Entre as pérolas do passeio parabenizo você pelos trechos sobre os cemitérios onde a vontade de viver se impõe e a vida e sua trivialidade maravilhosa vencem a morte' e sobre os detalhes da praça Les Abbesses. Destaco também a beleza do último vídeo com os jovens cantores e a arte nas ruas e prédios da cidade.


    Um abraço para você

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    1. Moacir Pimentel25/04/2017, 07:59

      Flávia,
      De qualquer lado e em qualquer pessoa que a gente conhece bem sempre haverá coisas que desconhecemos. Já fui surpreendido homem feito no Rio de Janeiro pelo Cristo alado mais belo do mundo na Igreja da Ordem Terceira de São Francisco e por uma tela raríssima da Circuncisão de Jesus Cristo na Igreja dos Prazeres em Recife, lugares onde nasci e frequento desde a mais tenra infância. Já comi maravilhado na Goa indiana um porquinho "vindaloo" e aprendi que na culinária nativa tudo que é chamado de "vindaloo" é descendente das vinhas d'alhos lusitanas. Assim como o "sorpotel" de Mangalore me deu testemunho de que o "sarapatel" não é nordestino coisa nenhuma mas alentejano.
      São coisas assim , muito pequenas e banais , que me fazem ainda hoje querer correr esse mundão de meu Deus e dos homens só para descobrir de novo e de novo, o quanto ele é pequeno e de todos nós e que nele viver sempre pagará a pena.
      Outro abraço para você

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  6. Heraldo Palmeira24/04/2017, 11:42

    Caríssimo,
    Parafraseando o Mano, quero voltar a Montmartre para "ver muita coisa que você nos contou".
    Depois de uma viagem dessas só me resta dizer: quando crescer, quero ser igualzinho a você! Abraço.

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    1. Heraldo Palmeira24/04/2017, 12:13

      Ah!, e como bem lembrou a Flávia, você ainda deu de lambuja uma visão do eterno movimento da arte nas ruas parisienses, que se renova o tempo inteiro, e tem em Zaz uma extraordinária fonte de frescor, de amanhã.

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    2. Moacir Pimentel25/04/2017, 08:04

      Mestre Heraldo
      Dia desses, em um check up, me disseram que eu tinha encolhido 3 centímetros. Confesso que, tendo em vista a longevidade dos meus ascendentes, fiquei com medo de, nesse ritmo e ao fim e ao cabo, virar um anão paraguaio (rsrs).
      Agora falando sério: por mais que eu encolha e envelheça, jamais serei capaz de rascunhar uma só de suas belas crônicas nem de inventar sequer o primeiro parágrafo de um dos seus contos perfeitos.
      Quanto à arte nas ruas - viva o Beco do Batman e Santa Teresa! - sou viciado e quanto a grande ZAZ adoro-a , mas aqui entre nós e baixinho pois em off, a nossa se chama Tiê.
      Muito bom ler o senhor também nas caixas de comentário!

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    3. Heraldo Palmeira25/04/2017, 12:23

      Caríssimo,
      Eu também andei encolhendo esse mesmo tanto e ainda me sobraram 1,83m. Ou seja (espero!), um bocado ainda pra gastar porque a ascendência também tem mania de driblar a morte e ir ficando.
      Sem ter o que lhe dizer em réplica ao seu comentário sobre meus rascunhos, fico aqui (socorrido por Agenor Araújo, o Cazuza): exagerado! E trate de se olhar no espelho!
      Beco do Batman conheço como passante, com vontade de ir mais. Santa Teresa foi projeto de vida que consegui realizar e durante alguns anos me deliciei com seus becos, suas graças, seus encantos, suas artes, suas gentes que eu finalmente compus e seus bondes passando na minha porta como melodia imortal.
      Zaz, das ruas para o mundo com graça descomunal! Tiê podia ter nascido no Primeiro Mundo para não ser apenas uma de nossas "mais uma" - isso é um horror, não? Até Tom e Elis ficaram por aí encostados por tanto tempo... Só o Brasil para se dar tamanho "luxo"!
      Relapso, vou aparecendo e sumindo por aqui. Como a noite, que não falha nunca. Abração.

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  7. Olá Moacir,
    Hoje vou comentar tipo 1,2,3 "gratidão".
    Promeiro, estou apaixonada por essas ruelas, essas escadarias no verde escondidas e aparecidas. O Mano disse tudo, que se não puder voltar ou voltarmos, fizemos este belo passeio com você.
    Segundo, seu texto é mais uma declaração de amor ,dentre as muitas que já deve feito, à sua namorada e companheira de viagem. Lindo!
    Terceiro, até que enfim encontrei alguem que gosta de cemitérios... Acho todos lindos, os grandes com escultura, jazigos impressionantes e ricos, como os cemitérios mais pobres do interior, com terra batida, algumas flores de verdade já murchas sob o sol quente, e as coroas fakes de lata ou de plástico. Uma ou outra pessoa por ali,pensando ou lamentando pensamentos tristes. Fico comovida. E o silêncio? É diferente!
    Sou frustrada por nunca ter conseguido desenhar um que fizesse juz ao que quero. Talvez por que não seja só o cemitério que eu queira desenhar.
    Gratíssima!
    Até mais.

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    1. Moacir Pimentel25/04/2017, 08:07

      Caríssima Donana,
      Primeiro que bom que a senhora descobriu esse Montmartre nem um pouco intimidante "no verde escondido e aparecido". E eu é que sou poeta! (rsrs) Segundo , o meu bem querer é "segredo e sagrado". Terceiro, confesso que estava com receio - comentei isso com o seu Mano, inclusive! - de conversar sobre esse nosso afeto pelos comoventes cemitérios, sobre a beleza das esculturas e o brilho dos bronzes nos contando histórias mudas. Parece que quando se conversa - e viaja ! - se descobre que o mais particular é geral (rsrs) Sim, a senhora tem razão: "o silêncio é diferente". É um silêncio povoado e grávido das linhas incisivas e das cores nítidas que um dia vão " escorrer-lhe para os dedos" e a senhora vai gravar.
      "Até mais"

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  8. Márcio P. Rocha24/04/2017, 15:48

    Dá-lhe, Moacir! Texto perfeito. Mais um deste calibre eu me mudo pra Montmartre mesmo se der a Madame Le Pen!

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    1. Moacir Pimentel25/04/2017, 08:12

      Márcio,
      Como não acredito em involução e pelo bem da França e da Europa universalistas e humanistas e multiculturais que tanto apreciamos, torço para que não "dê" a Madame.

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  9. 1) Olha que interessante, aprendi com Heloisa, no começo de nossa caminhada a visitar cemitérios...

    2)Sempre que viajamos para qualquer cidade, o cemitério faz parte do percurso...

    3)Buda ensinava os discípulos a meditarem nos cemitérios, ótimo local para desapegos

    4)E tb para contemplarmos artes nas lápides, nas tumbas e literariamente lermos os epitáfios...

    5) Parabéns Pimentel !

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    1. Moacir Pimentel25/04/2017, 08:15

      Vizinho,
      Que bom! E você disse tudo: "um local para desapegos", onde lendo os epitáfios e contemplando a arte podemos por as coisas em uma perspectiva mais abrangente e larga e vislumbrar a transitoriedade de tudo.
      "Obrigadíssimo"
      Abração

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  10. Alexandre Sampaio24/04/2017, 19:01

    Parabéns, Pimentel, pelo magnífico texto extensivos ao Blog Conversas do Mano pela qualidade das leituras que proporciona.

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    1. Moacir Pimentel25/04/2017, 08:17

      Sampaio
      Muito obrigado pela leitura e pelas boas palavras de incentivo a mim e principalmente ao Blog que, como você bem diz, persegue sim a qualidade.

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