fotografia Moacir Pimentel |
Moacir Pimentel
A foto
que inaugura o post comunica exatamente a sensação que se tem ao descer a butte
de Montmartre por caminhos tranquilos e distantes das multidões: uma ambiência
de paz, verdura e silêncio. A cada esquina, a cada lance de escada, a cada
curva aparecem novas alamedas, fontes e estátuas, casas magníficas, becos
interessantes e os cemitérios povoados por arte da melhor qualidade.
Um dos
nossos recantos prediletos nessa esquina de Paris é a Allée des Brouillards - a
Alameda das Neblinas - estreita e romântica, rodeada por jardins e frequentada
diariamente pelos moradores do bairro em busca de sossego. Ah, se essa alameda
falasse! (rsrs)
Ela nos
leva da Praça Dalida ao Castelo das Neblinas - onde viveu e morreu e escreveu
seus sonetos e quimeras o grande poeta Gérard de Nerval – e, ao fim e ao cabo,
e em meio às folhagens, ao musgo, às grades de ferro, aos lampiões e às velhas
pedras, ainda nos oferece visões das cúpulas brancas da Sacré Coeur.
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Hoje
restaurados e abertos ao público, a Alameda e o velho Castelo das Neblinas são
joias ofuscadas pela Praça Dalida idealizada e construída em homenagem à famosa
cantora de origem italiana Yolanda Cristina Gigliotti, a Dalida, que encantou a
Europa cantando canções como Soleil, Soleil, Mamy Blue, Paroles, Paroles e Ciao,
Amore, Ciao.
Conhecida como A Viúva Negra porque vários de seus amores
– o marido e dois amantes, um deles o compositor e ator Luigi Tenco – cometeram
suicídio, Dalida morou em Montmartre até que também acabou com a própria vida em
1987.
O que nos surpreende nessas ladeiras de Montmartre é a
grande concentração de casas e jardins. A Villa Léandre, bem
escondida das hordas de turistas, é um exemplo
dessa sombreada verdade que merece ser conhecido. Ela é, nada mais nada menos,
do que um beco de casas enfileiradas que diferem entre si, para
discordar, em seguida e lindamente, da arquitetura do resto de Paris.
A Villa
que foi construída no local de um antigo moinho em 1926, costumava ser chamada de Villa Junot mas foi
rebatizada em homenagem a Charles Léandre, um humorista de Montmartre.
Algumas
de suas casas são de tijolo vermelho em um estilo claramente anglo-saxão,
várias delas têm telhados inclinados, todas têm diferentes cores, um pequeno
jardim e uma lanterna tradicional na porta. A rua é iluminada por postes antigos.
A Villa des Platanes é outro oásis tranquilo do bairro, com
seus esplêndidos edifícios de apartamentos do século XIX agrupados em torno de
pátios verdes. Não muito distante se descobre o Hameau des Artistes e, circundado
por jardins, o seu obelisco de pedra, erguido em 1736 para marcar a linha do
meridiano de Paris. Mais adiante nos espera a Cité du Midi, outro bequinho sem
saída que tomou seu nome emprestado dos seus primeiros proprietários que vieram
do sul da França.
No sopé da colina, mesmo a Avenida Junot - batizada em
homenagem ao famoso general apelidado por Napoleão de “A Tempestade” - tem muito
verde nas suas casas e escadarias laterais maravilhosas nos provando que,
quando Montmartre era ainda um “maquis”, pouco mais que um terreno baldio
coberto de mato, lá se construiu uma bela avenida.
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A fachada modesta e verde escura e envidraçada que se vê na última foto inferior à direita da montagem tem, para todos os amantes da arte, uma importância muito grande. Trata-se de um predinho restaurado que na primeira década do século XX era chamado de Le Bateau Lavoir - numa alusão às barcaças usadas pelas lavadeiras de roupas à beira do Sena. O endereço é um dos mais famosos da cidade, por ter servido de atelier e moradia para artistas como Picasso, Juan Gris e Modigliani. Esse pardieiro sem eletricidade, aquecimento ou água corrente no número 12 da Rua Ravignan, numa das laterais da Praça Emile Goudreau, foi o berço do cubismo.
E já que estamos na Praça posso recomendar o terraço à
sombra do bistrô Le Relais de la Butte para um bom café expresso em um ambiente
tranquilo e descontraído com vistas agradáveis.
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Todo o fascínio de Montmartre se esconde nesses
ambientes, nas escadarias estreitas, nos prédios baixos colados uns aos outros,
nas padarias, mercearias, cafés, e floriculturas do bairro. Todos os cartões postais
icônicos são ofuscados por esses recantos simpáticos e pacíficos frequentados
pelos nativos.
Nada é mais
agradável em Montmartre do que essas áreas
sem tráfego ou agito, espalhadas pelo bairro, onde os moradores mais idosos
passam o tempo jogando conversa nas mesas externas dos cafés e as crianças
brincam nas pracinhas. E tem os cemitérios...
Devo admitir
que quando a minha então namorada e hoje avó de meus netos, começou a
manifestar a vontade de, nas nossas férias - Cruz Credo! - visitar os cemitérios
das cidades que visitávamos eu fiquei preocupado (rsrs) Após mais de três
décadas de visitas confesso que fiquei viciado na beleza e na paz que eles
oferecem.
Nas
aldeias europeias os moradores têm a tradição de, aos sábados, cuidar dos
túmulos de seus entes queridos. É quase um programa. Antes de irem ao Café para
o primeiro do dia, colocam nos carros os apetrechos necessários para a faxina e
a decoração. Do Café vão às flores e de lá para os cemitérios. Vizinhos se
encontram e conversam enquanto estão polindo os bronzes e arrumando as flores.
E pronto: dever cumprido e hora de aproveitar a vida.
Os
portugueses emigrados, ao deixar Portugal, confiam aos parentes ou amigos ou
vizinhos “os dinheiros das tumbas” para que as últimas moradas dos seus
continuem a ser bem cuidadas. Quem visita qualquer pequeno cemitério de aldeia
na t’rrinha após as missas na manhã de qualquer domingo o encontra colorido
como um jardim em flor. A mesma coisa acontece em qualquer aldeiazinha do velho
mundo.
Mas é a
beleza, notadamente aquela das esculturas e não as flores ou os famosos moradores
que fazem os cemitérios na Europa serem visitados por multidões.
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A bem da verdade na região na qual nos encontramos eu
prefiro o vizinho Cemitério de Montparnasse, talvez porque alguns de meus
velhos amigos se encontrem por lá: os filósofos e autores Jean-Paul Sartre e
Simone de Beauvoir e o grande poeta Charles Baudelaire.
Na companhia dos dois dramaturgos Eugène Ionesco e Samuel Beckett, do poeta e
cantor Serge Gainsbourg, do escritor Guy de
Maupassant e daquele beijo de Brancusi, no topo do túmulo de Tania Rachevskaia,
uma anarquista russa que se suicidou por amor.
Mas Montmartre também tem belos cemitérios. O primeiro
deles foi inaugurado em 1824, em uma pedreira de gesso abandonada. Durante a Revolução
Francesa, as pedreiras foram usadas como sepulturas coletivas. Após a
revolução, a pedreira de Montmartre tornou-se um verdadeiro cemitério,
inicialmente chamado Cimetière des Grandes Carrières - das grandes pedreiras –
antes de se tornar o Cemitério de Montmartre.
Na Rua Caulaincourt um belo viaduto de ferro trabalhado
em treliça e chamado de Pont Caulaincourt passa sobre o campo santo onde o
túmulo de mármore Art Nouveau de Émile Zola ainda pode ser visto embora seus
restos mortais tenham sido transferidos para o Panteão.
Depois de terem vivido no bairro, dormem seus sonos
eternos naquela paisagem tranquila o cientista Jean Foucault, Adolphe Sax, o
inventor do saxofone, o diretor de cinema Marcel François Truffaut, os pintores Edgar Degas e Gustave Guillaumet, Alexandre
Dumas, o filho, o poeta suicida Heinrich Heine e o compositor Hector Berlioz.
Já na
Rua des Saules se encontra, desde 1831, o Cemitério de Saint-Vincent onde foram
sepultados os pintores Gen Paul, Eugène Guignard e Maurice Utrillo, os compositores
Arthur Honegger e Jacques Offenbach, o escritor Marcel Aymé, a linda Dalida e a
lendária Léontine Aubart - conhecida como Ninette - uma das mais famosas cantoras
do cabaret Au Lapin Agile por quem o milionário e colecionador de arte Benjamin
Guggenheim perdeu a cabeça – dizem! – logo depois dela ter sobrevivido ao Titanic.
Eu
contemplo aquelas estátuas soberbas, leio os nomes de bronze de estranhos e a
duração das vidas que tiveram e imagino como teriam sido e vivido aquelas
pessoas ali tão pungentemente homenageadas.
Para mim
um cemitério é um livro, cada lápide uma metáfora da desimportância das coisas ou
um lembrete do quanto estamos à mercê do inesperado. Vislumbro naquelas
alamedas sombreadas milhares de testemunhos da nossa incontornável
vulnerabilidade ao amor e à falta dele.
Cada
tumba é uma crônica de dores das quais, de saída, não se consegue falar a não
ser na terceira pessoa do singular e de como, ao fim e ao cabo, tudo vira
saudade e simplesmente se sobrevive às perdas. Em cada mármore leio um relato
triste de amores audíveis no silêncio dos bronzes brilhantes que vão se
tornando mais opacos enquanto o tempo passa, polidos que eram durante visitas
sofridas que vão diminuindo, se tornando cada vez mais esparsas, enquanto a
vontade de viver se impõe e a vida e sua trivialidade maravilhosa vencem a
morte.
E
assim, com calma e quase sem nos dar conta, descendo vagarosamente, já estamos
noutra região encantadora de Montmartre: Les Abbesses.
A não perder na Praça des Abbesses, em primeiro lugar, a
entrada do metrô, que foi projetada e desenhada pelo arquiteto e desenhista que
representa o próprio espírito da Art Nouveau: Hector Guimard. Na verdade, esta
maravilha não era a entrada original do metrô das Abbesses. Instalada
inicialmente na estação do metrô do Hôtel de Ville, ela foi trazida para
Montmartre na década de 70. É um dos poucos originais concebidos por Guimard,
em 1912, que permanece em uso na cidade.
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Devido às árvores é difícil fotografar a igreja, ao
fundo, a primeira construída em concreto armado na Paris de 1904. O que é uma
pena pois os seus belos arcos Art Nouveau e a sua fachada de inspiração
mourisca conversam muito bem com a pracinha. As linhas limpas e geométricas e
os materiais ásperos da construção são destacados pelo notável colorido dos
modernos vitrais e pelo altar de mosaicos policromados do templo.
Trata-se da Igreja Saint-Jean L’Evangéliste de Montmartre
que, graças à fachada, foi agraciada com o apelido de Notre Dame des Briques ou
Nossa Senhora dos Tijolos.
A pracinha oferece aos miúdos nativos e estrangeiros
escorregas e gangorras para felicidade dos pais e hospeda outra legítima fonte
Wallace para a alegria dos turistas jovens e de orçamento apertado onde não
cabem as águas minerais.
Normalmente a pracinha é enfeitada por um pequeno
carrossel decorado com pinturas de crianças no estilo do pintor Francisque
Poulbot, um dos mais queridos do bairro, que aliás nomeia a rua onde visitamos
o Museu Dalí.
Tem mais. Atrás da Praça des Abbesses existe uma outra
pracinha. Só quem realmente caminha pelo espaço com um olhar atento percebe
esse outro parque fechado por portões de ferro e cheio de árvores e bancos, de
nome Praça Johan Victus, que é popular por causa de uma obra de arte na sua
parede lateral, se bem que os antigos arcos da velha Abadia na parede ao fundo
têm muito encanto. Veja no canto superior esquerdo da montagem.
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Porém neste cantinho de Montmartre, onde os idosos ainda fazem
ramos de lavanda para vender nas calçadas, a modernidade está ganhando
disparado.
Apresento-lhe o muito fotografado Le Mur des Je T'aimes -
O Muro dos Eu Te Amo. Na parede a frase de amor está escrita trezentas e onze
vezes em duzentos e oitenta idiomas diversos. O painel é de autoria do artista
plástico Frédéric Baron que, com a ajuda da calígrafa Claire Kito, imitou as
frases originais escritas por centenas de pessoas de nacionalidades diferentes.
Auxiliado por um especialista em azulejos, Baron ergueu
um muro de quarenta amorosos metros quadrados em azul. É um trabalho incomum,
feito com o intuito de unificar, de juntar povos e indivíduos em uma época de
conflitos e violência.
O melhor da festa é sentar e assistir de camarote como
todos os tipos de pessoas vão até à parede e interagem com ela e com seus
acompanhantes e/ou caras metades. Diz a lenda e os “guias” que, do casal , quem
encontra primeiro o “eu te amo” na sua língua nativa tem mais amor no coração.
Uma dica de quem sabe o que diz: deixe-a ganhar, amigo!
E não caia na besteira de “filosofar” sobre o que diz a
lindíssima Rita Hayworth acima da parede dos amores:
"Amar é uma bagunça... então vamos amar!"
E depois ?
Bem, são as pequenas coisas que nos dão alegria nessa
vida e elas, geralmente, são de graça. Viajar é uma maneira de se aprender
isso.
Então eu presto atenção ao que está diante de mim e cuido
de fotografar com cuidado - já antecipando a alegria dela ao olhar as fotos no
lap mais tarde - as coisas pequenas que minha companheira de vida e de viagem
vai apontando encantada: uma parede antiga transformada em floresta, uma
escultura efêmera, uma janela florida, uma vitrine cheia de vidros coloridos e
– “que liiindas!” – muitas caixinhas.
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Tudo bem que eu preferia ver os cartazes da lendária Nana
La Cascadeuse, a bailarina e estrela das quadrilhas de cancan do Moulin Rouge
que, segundo dizem, tinha as pernas mais belas de Paris na loja. Mas fazer o
quê?
É a hora das “comprinhas”.
E aí a visão periférica registra um pessoal se esbaldando
a comer um enoooorme pedaço de queijo derretido sobre pães, batatas, presunto,
salame e pepinos e cebolas em conserva...
@$#&@$#&@!!!!
Fazer o quê? Jantar às sete horas da tarde – sim, pois o
sol luta contra o céu noturno até às nove! - numa calçada da Rua des Abesses ao
som da serenata que um sujeito e o seu violão fazem nas redondezas.
Uma e meia garrafas de Riesling mais tarde, à beira de
uma indigestão e nem um pouco arrependidos do pecado da gula, o jeito é seguir
de braços dados e pernas cambaleantes até a estação do metrô mais próxima.
Afinal se vai a Paris é para ser feliz, amanhã será outro
dia e ainda estaremos Sous Le Ciel de Paris
Cada vez que leio algo de sua autoria, fico perplexo. Agora pelas reminiscências históricas, temperadas com as excelentes descrições e fotos.
ResponderExcluirNão conheço Paris - fiquei cheio de vontade, não de percorrer as trilhas dos turistas, mas de visitar estes locais mais escondidos, porém belos.
Westenberger,
ExcluirQuem fica "perplexo" e feliz da vida sou eu a cada vez que um leitor comenta os meus rascunhos. Porque sem leitor não existe autor, não é mesmo? Quanto às viagens é aconselhável nelas seguir , como você tão bem coloca, os caminhos desconhecidos dos turistas mas preferidos pelos nativos que, via de regra, sabem das coisas. Por favor volte sempre e muito obrigado pela leitura e comentário.
Moacir,
ResponderExcluirJá disse, num de seus artigos anteriores sobre Montmartre, que sua descrição me dava vontade de voltar lá. Porque nas vezes em que estive lá vi muita coisa bonita mas deixei também de ver muita coisa que você nos contou.
Agora, com essa descrição da descida pela parte oculta da colina você escreve um artigo inteiro só sobre coisas que eu não vi, uma Montmartre inteiramente nova para mim, um mundinho diferente dentro dessa Paris que me encanta tanto.
Não sei se um dia ainda voltarei lá por essas bandas; se voltar, com certeza vou percorrer essas ladeiras por novos caminhos; se não voltar, fico feliz por ter lido a sua descrição e visto um pouco mais através dos seus olhos. Obrigado, viajante, por estas conversas.
Wilson,
ExcluirVocê resume muito bem o bairro : "um mundinho diferente dentro dessa Paris que me encanta tanto". Bons são os amigos com quem a gente deseja sempre conversar e os lugares para os quais sempre quer voltar. Estive em Montmartre pela primeira vez em 1978 e foi amor à primeira vista. De lá para cá o bairro mudou mas o encanto se recusa a desaparecer. Da última vez que lá estivemos, em 2013, conversamos em um dos Cafés de uma das ladeiras com um senhor nascido ali em 1937. Disse-nos ele que nada o faria viver longe de Montmartre e que por lá nada tinha mudado "além de mais carros e celulares". Eu espero que você volte lá e desça a Butte comme il faut: sem pressa , muito bem acompanhado e por verdes caminhos. Tenho certeza de que os seus olhos e lentes verão muito mais do que contei.
Abraço
Lindo o artigo, Moacir. Se eu visse as fotos não reconheceria Montmartre. Não vi espaços verdes só a igreja e a praça dos artistas nas poucas horas que a minha excursão ficou no bairro. Tirando os cemitérios fiquei morrendo de pena de não ter visitado todos estes lugares maravilhosos e devorado o queijinho kkk. Obrigada por compartilhar me fazendo viajar com vocês.
ResponderExcluirMônica,
ExcluirAs tais das "excursões" me escapam. Conhecer 10 países em 20 dias é um milagre cansativo. Haja poder de síntese (rsrs)
Penso que temos que escolher nesse parco tempo , entre posar às pressas para muitos cartões postais ou ver calmamente e nos divertindo e sem relógio não mais que 3 cidades. Prefiro a última opção.
Obrigado pela leitura atenta e comentários simpáticos
Abraço
Tô dizendo, tô dizendo ...
ResponderExcluirPimentel me fornece tantas informações e detalhadas sobre Paris que eu poderia ser contratado como "cicerone" desta bela cidade, da capital da França, que enaltece a Humanidade pela sua história e significado.
Mais uma vez os meus agradecimentos, Pimentel, pela postagem excelente, texto e fotos esplêndidos, como sempre.
Um forte abraço.
Saúde e paz.
Bendl,
ExcluirTô querendo mais é saber quando é que você, atendendo a pedidos e para tanto credenciado pelas décadas que passou desbravando todos os caminhos do Rio Grande, vai continuar nos guiando pelas belezas do seu chão, sua "história e significados."
Outro forte abraço e muita saúde e paz.
Moacir,
ResponderExcluirVocê se superou neste maravilhoso artigo sobre um Montmartre desconhecido mesmo de quem conhece. Amei! O que eu acho incrível é a facilidade como você vai misturando as descrições com as fotos e a história com as suas opiniões e vivência. Entre as pérolas do passeio parabenizo você pelos trechos sobre os cemitérios onde a vontade de viver se impõe e a vida e sua trivialidade maravilhosa vencem a morte' e sobre os detalhes da praça Les Abbesses. Destaco também a beleza do último vídeo com os jovens cantores e a arte nas ruas e prédios da cidade.
Um abraço para você
Flávia,
ExcluirDe qualquer lado e em qualquer pessoa que a gente conhece bem sempre haverá coisas que desconhecemos. Já fui surpreendido homem feito no Rio de Janeiro pelo Cristo alado mais belo do mundo na Igreja da Ordem Terceira de São Francisco e por uma tela raríssima da Circuncisão de Jesus Cristo na Igreja dos Prazeres em Recife, lugares onde nasci e frequento desde a mais tenra infância. Já comi maravilhado na Goa indiana um porquinho "vindaloo" e aprendi que na culinária nativa tudo que é chamado de "vindaloo" é descendente das vinhas d'alhos lusitanas. Assim como o "sorpotel" de Mangalore me deu testemunho de que o "sarapatel" não é nordestino coisa nenhuma mas alentejano.
São coisas assim , muito pequenas e banais , que me fazem ainda hoje querer correr esse mundão de meu Deus e dos homens só para descobrir de novo e de novo, o quanto ele é pequeno e de todos nós e que nele viver sempre pagará a pena.
Outro abraço para você
Caríssimo,
ResponderExcluirParafraseando o Mano, quero voltar a Montmartre para "ver muita coisa que você nos contou".
Depois de uma viagem dessas só me resta dizer: quando crescer, quero ser igualzinho a você! Abraço.
Ah!, e como bem lembrou a Flávia, você ainda deu de lambuja uma visão do eterno movimento da arte nas ruas parisienses, que se renova o tempo inteiro, e tem em Zaz uma extraordinária fonte de frescor, de amanhã.
ExcluirMestre Heraldo
ExcluirDia desses, em um check up, me disseram que eu tinha encolhido 3 centímetros. Confesso que, tendo em vista a longevidade dos meus ascendentes, fiquei com medo de, nesse ritmo e ao fim e ao cabo, virar um anão paraguaio (rsrs).
Agora falando sério: por mais que eu encolha e envelheça, jamais serei capaz de rascunhar uma só de suas belas crônicas nem de inventar sequer o primeiro parágrafo de um dos seus contos perfeitos.
Quanto à arte nas ruas - viva o Beco do Batman e Santa Teresa! - sou viciado e quanto a grande ZAZ adoro-a , mas aqui entre nós e baixinho pois em off, a nossa se chama Tiê.
Muito bom ler o senhor também nas caixas de comentário!
Caríssimo,
ExcluirEu também andei encolhendo esse mesmo tanto e ainda me sobraram 1,83m. Ou seja (espero!), um bocado ainda pra gastar porque a ascendência também tem mania de driblar a morte e ir ficando.
Sem ter o que lhe dizer em réplica ao seu comentário sobre meus rascunhos, fico aqui (socorrido por Agenor Araújo, o Cazuza): exagerado! E trate de se olhar no espelho!
Beco do Batman conheço como passante, com vontade de ir mais. Santa Teresa foi projeto de vida que consegui realizar e durante alguns anos me deliciei com seus becos, suas graças, seus encantos, suas artes, suas gentes que eu finalmente compus e seus bondes passando na minha porta como melodia imortal.
Zaz, das ruas para o mundo com graça descomunal! Tiê podia ter nascido no Primeiro Mundo para não ser apenas uma de nossas "mais uma" - isso é um horror, não? Até Tom e Elis ficaram por aí encostados por tanto tempo... Só o Brasil para se dar tamanho "luxo"!
Relapso, vou aparecendo e sumindo por aqui. Como a noite, que não falha nunca. Abração.
Olá Moacir,
ResponderExcluirHoje vou comentar tipo 1,2,3 "gratidão".
Promeiro, estou apaixonada por essas ruelas, essas escadarias no verde escondidas e aparecidas. O Mano disse tudo, que se não puder voltar ou voltarmos, fizemos este belo passeio com você.
Segundo, seu texto é mais uma declaração de amor ,dentre as muitas que já deve feito, à sua namorada e companheira de viagem. Lindo!
Terceiro, até que enfim encontrei alguem que gosta de cemitérios... Acho todos lindos, os grandes com escultura, jazigos impressionantes e ricos, como os cemitérios mais pobres do interior, com terra batida, algumas flores de verdade já murchas sob o sol quente, e as coroas fakes de lata ou de plástico. Uma ou outra pessoa por ali,pensando ou lamentando pensamentos tristes. Fico comovida. E o silêncio? É diferente!
Sou frustrada por nunca ter conseguido desenhar um que fizesse juz ao que quero. Talvez por que não seja só o cemitério que eu queira desenhar.
Gratíssima!
Até mais.
Caríssima Donana,
ExcluirPrimeiro que bom que a senhora descobriu esse Montmartre nem um pouco intimidante "no verde escondido e aparecido". E eu é que sou poeta! (rsrs) Segundo , o meu bem querer é "segredo e sagrado". Terceiro, confesso que estava com receio - comentei isso com o seu Mano, inclusive! - de conversar sobre esse nosso afeto pelos comoventes cemitérios, sobre a beleza das esculturas e o brilho dos bronzes nos contando histórias mudas. Parece que quando se conversa - e viaja ! - se descobre que o mais particular é geral (rsrs) Sim, a senhora tem razão: "o silêncio é diferente". É um silêncio povoado e grávido das linhas incisivas e das cores nítidas que um dia vão " escorrer-lhe para os dedos" e a senhora vai gravar.
"Até mais"
Dá-lhe, Moacir! Texto perfeito. Mais um deste calibre eu me mudo pra Montmartre mesmo se der a Madame Le Pen!
ResponderExcluirMárcio,
ExcluirComo não acredito em involução e pelo bem da França e da Europa universalistas e humanistas e multiculturais que tanto apreciamos, torço para que não "dê" a Madame.
1) Olha que interessante, aprendi com Heloisa, no começo de nossa caminhada a visitar cemitérios...
ResponderExcluir2)Sempre que viajamos para qualquer cidade, o cemitério faz parte do percurso...
3)Buda ensinava os discípulos a meditarem nos cemitérios, ótimo local para desapegos
4)E tb para contemplarmos artes nas lápides, nas tumbas e literariamente lermos os epitáfios...
5) Parabéns Pimentel !
Vizinho,
ExcluirQue bom! E você disse tudo: "um local para desapegos", onde lendo os epitáfios e contemplando a arte podemos por as coisas em uma perspectiva mais abrangente e larga e vislumbrar a transitoriedade de tudo.
"Obrigadíssimo"
Abração
Parabéns, Pimentel, pelo magnífico texto extensivos ao Blog Conversas do Mano pela qualidade das leituras que proporciona.
ResponderExcluirSampaio
ExcluirMuito obrigado pela leitura e pelas boas palavras de incentivo a mim e principalmente ao Blog que, como você bem diz, persegue sim a qualidade.