-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

28/09/2016

Eu e o Cinema

Philippe Noiret e Salvatore Cascio - Cena do filme "Cinema Paradiso"





Francisco Bendl

Sou um cinéfilo por excelência!

Desde guri aprendi a gostar de filmes, seriados, pois sou do tempo das matinés aos domingos, onde passavam várias películas ao mesmo tempo e um seriado.

A sessão iniciava às 14 h e terminava após as 20!

Nesse meio tempo, a gurizada trocava gibis, e cada um carregava consigo vinte a trinta revistas para trocar, desde Capitão Marvel a Bill Dinamite, Kid Colt a Tarzan!

Algumas valiam até duas por uma, dependendo da capa, a grande atração.

Depois vieram as figurinhas, os álbuns.

Lembro-me muito bem de Ben-Hur, e a figura mais difícil de se encontrar, a de nº 239, a única que me faltava para completar o álbum.

O cinema me atraía, os filmes eram máquinas do tempo que me faziam viajar por lugares que jamais eu os conheceria, como possibilitava emergir emoções fortes, poderosas, mesmo quando eu ainda era um fedelho.
Recordo-me que eu queria ser piloto de avião ainda guri de calças curtas.

Um belo dia, assisti a um filme com a minha mãe onde o avião despencava ao solo, e abria um buraco enorme. Na saída, puxei-lhe pela gola, e declarei alto e bom som:

-Mãe, quando eu crescer vou ser motorista de ônibus!

Portanto, o cinema também agia como teste profissional, e resgatava talentos e vocações desconhecidas.

Um dos grandes espetáculos foi Marcelino, Pão e Vinho, década de cinquenta, com um guri criado por abades e descobre um sótão.
Nesse local havia muitas relíquias, e ele se depara com um Cristo enorme, pregado na Cruz.

Impressionado com aquela imagem, começa a falar com o flagelado, e a parte mais emocionante foi quando Jesus desprega uma de suas mãos para Marcelino e troca algumas palavras com o peste do guri.

Os colégios católicos levavam seus alunos em dias úteis, como se fosse uma aula para assistirem ao espetáculo!

Depois vieram os filmes água com açúcar, tipo Mary Poppins, A Noviça Rebelde, West Side Story, Amor, Sublime Amor, com a belíssima Natalie Wood cantando Tonight, os grandes musicais, além da grandiosidade dos filmes bíblicos, como Os Dez Mandamentos, com a impressionante passagem pelo mar, Rei dos Reis, e o indefectível Manto Sagrado!

Eu tinha particular apreço pelos policiais e filmes de guerra.

Cidade Nua foi um dos melhores seriados de todos os tempos, assim como A Raposa do Mar, colorido, em Cinemascope, um dos maiores de guerra.

As músicas, as trilhas sonoras faziam igual sucesso, que o digam os filmes de Elvis Presley, na década de sessenta, incluindo Gerry & The Pacemakers.

No entanto, um me chamou especial atenção pelo romance e música, curiosamente um dos títulos mais bem escolhidos no Brasil, que foi Suplício de Uma Saudade, com William Holden e Jennifer Jones, em inglês, Love is a Many-Splendored Thing!

Até hoje a música é tocada e foi interpretada por uma infinidade de cantores e cantoras pelo mundo, e ainda cativa quem a ouve.

Outra canção inesquecível, que dava início às sessões de cinema no Cine Paranoá, em Taguatinga, DF, foi A Summer Place, tocada pela orquestra de Billy Vaughn, do filme Amores Clandestinos, uma película razoável, mas a música fez parte de inúmeras orquestras mundo afora!

Outra memorável foi Raindrops Keep Fallin’ On My Head, do filme não menos famoso Butch Cassidy, com os astros maiores Redford e Paul Newman. A cena inesquecível foi os dois andando de bicicleta com a belíssima e sardenta Katherine Ross, ao embalo dessa canção de Burt Bacharach, notável compositor.

E o que dizer da célebre To Sir With Love, interpretada por Lulu, no filme Ao Mestre Com Carinho?

Flashdance, Stayin’ Alive, The Way We Were, Barbra Streisand e Redford, Footloose, sensacional, porém, dois filmes antológicos com suas trilhas sonoras espetaculares e inigualáveis, compostas pelo mesmo maestro, Ennio Morricone, foram Era Uma Vez no Oeste e Era Uma Vez na América!

O primeiro, de 70, era ao som da canção Finale, do grandioso bang bang, estrelado por Cláudia Cardinale e Henry Fonda, que eu escrevia as minhas “encíclicas” à Marli, minha esposa, diante da saudade que eu tinha da sua ausência antes de nos casarmos, pois ela morava em Tramandaí e eu servia na capital, na PE.

O segundo, a cena mais espetacular filmada, quando a turma de rapazes embalada pela trilha sonora de Morricone, seguia um atrás do outro embaixo de uma das torres da ponte do Brooklin, majestosa, imponente, e a canção é um dos marcos na história do cinema!

Também não posso deixar de registrar as canções interpretadas pela inigualável e incomparável Whitney Houston, no filme mediano O Guarda-Costas!

Músicas memoráveis e inesquecíveis, e um dos discos mais vendidos no mundo como trilha sonora de um filme, expondo a voz maravilhosa e inconfundível de uma das maiores divas da música internacional em todos os tempos, lamentavelmente derrotada pelas drogas, que ceifaram a sua vida impiedosamente!


Acho que volto a este tema oportunamente, sobre filmes e suas canções estupendas, se me permitirem, claro.

11 comentários:

  1. Ola, Francisco Bendl. Um delicioso passeio pela minha infância-juventude! Sem contar que o Mano e eu saímos da igreja com Raindrops Keep Falling on My Head. Muito obrigada pelo passeio! Até mais.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Querida Ana,

      A intenção foi esta, de resgatar a memória sobre os filmes e músicas que embalaram a nossa juventude.

      Vem outra série, em seguida.

      Um abraço.
      Saúde e Paz!

      Excluir
  2. Dulce Regina28/09/2016, 14:24

    Olá Francisco. Belas recordações dos filmes que marcaram nossa juventude e que aproveitavamos o " escurinho do cinema " para trocarmos uns beijinhos. Sim porque naquela época não se beijava em público ou na frente dos pais. Minha neta por ocasião de uma viagem nossa, disse-me : " Vó, nunca vi você e vovô se beijando." Aí expliquei-lhe a razão. Mas além dos filmes citados por você, lembrei-me dos " Canhões de Navarone " , " A Ponte do Rio Kway " , " Candelabro Italiano ", " Os girassóis da Rússia ", Lá Violetera " e outros tantos. Tenho um especial de faroeste : Johnny Guitar, cuja música, além de ser linda, vale a pena escutá-la, me traz belas recordações . Esse da ilustração " Cinema Paradiso " é um clássico. Que manhã gostosa você proporcionou-me. Abraços, Dulce

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Minha cara Dulce Regina,

      Conforme escrevi à nossa querida Ana, o objetivo do texto era cavocar as recordações do passado, invariavelmente calcadas em filmes e/ou músicas!

      As tuas sugestões eu as concordo com todas, ainda mais os filmes com a Sarita Montiel, La Violetera, e que tal eu te lembrar de Joselito?

      Não vou me alongar porque preparo mais uma leva de filmes e canções que nos emocionaram, e que marcaram profundamente a história de nossas vidas.

      Um forte abraço, Dulce.
      Saúde e Paz!

      Excluir
  3. Wilson Baptista Junior28/09/2016, 16:45

    Chico, cada um de nós com certeza vai ter a sua lista de filmes que marcaram seu tempo, mas muitos de nós vamos ter muitos em comum com a sua. Nunca vou esquecer a tensão do "Raposa do Mar", eu tinha uns treze anos quando o assisti. Muito boa crônica. Nos traga mais!
    Um abraço.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caríssimo Wilson,

      A Raposa do Mar, assim como Pontes de To kori, O Último dos Dias, foram fantásticos!

      Preparo mais artigo versando sobre este tema, que nos faz retornar no tempo e reviver uma parte da nossa juventude onde sequer imaginávamos se chegaríamos na idade que nos encontramos!

      Um forte abraço, meu caro.
      Saúde e Paz!

      Excluir
  4. Moacir Pimentel28/09/2016, 18:06

    Este é um grande post, Chicão, que eu gostaria de ter escrito e cujos desdobramentos torço para continuar lendo. Ia comentar mais cedo mas me empolguei e fui escrevendo ao longo do dia e acho que escrevi demais. Desculpe.
    Confesso que não dava muito bola pra gibis, mas lia o Fantasma dos meus manos. A TV Tupi já era parte da geografia cotidiana quando eu tinha 5 anos e queria ser o Vigilante Rodoviário! Tinha um programa no qual eu era viciado - Além da Imaginação. Aos sábados eu assistia aquilo mediunizado. Lembro ainda da série Perdidos no Espaço , do Doutor Smith e daquele robô gordinho rodopiando na telinha em preto e branco: Perigo, Perigo!
    E nós às voltas com muitos outros mundos da lua. Cinema sempre significou para mim tudo que está aí no olhar do garotinho nessa belíssima foto que abre os trabalhos e não posso deixar de registrar que o filme Cinema Paradiso é uma imensa obra de arte na qual o Morricone arrasa.Todos os filmes e músicas que você citou fizeram parte da trilha sonora da minha infância e juventude - às vezes penso que aprendi a falar inglês ouvindo nos discos de minha saudosa mãe coisas com Love is a Many Splendored Thing.
    Perto de casa tinha um cinema que fazia , de vez em quando, sessões nostalgia: e foi lá que vi Fantasia!! pela primeira vez - um soco no peito e um p&b de nome Balalaika - que me levou aos russos do meu pai. Lembro de ter visto Assim Caminha a Humanidade, Por Quem os Sinos Dobram e E o Vento Levou... e juro-te que eu imitava o Rhett no espelho quando ele finalmente desistiu de "discutir a relação": Frankly ,my dear, I don't give a damn!
    E fiquei meio abobado com Horizonte Perdido e ...o VALE perfeito. Lembro que meu pai, então, uma vez por semana ia a São Paulo e sempre se encontrava com um amigo que trabalhava no Vale do
    A-nhan-ga-ba-ú. Pronto. Na minha cabeça pueril aquilo era a Shangrilá tupiniquim que eu tinha de conhecer antes de morrer.
    (continuo teclando)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pimentel,

      Vou aguardar tu terminares o comentário para depois eu respondê-lo na íntegra.

      Certamente tu deves te lembrar de um seriado na TV que foi um dos marcos televisivos nas décadas de cinquenta e início da sessenta:

      PAPAI SABE TUDO!

      Paro por aqui.

      Um abraço, forte.
      Saúde e Paz!

      Excluir
  5. Moacir Pimentel28/09/2016, 18:20

    Tem mais: Uma Odisséia no Espaço, A Família Robson - como eu queria morar naquela casa da árvore - Os Reis do Iê,Iê, Iê - eu fazia fila na porta da loja de discos para comprar os compactos. Como esquecer o primeiro Planeta dos Macacos , de Doutor Jivago - pense numa asa arrastada pela Julie Christie - e da famosa frase repetida em tantas películas ..."Name's is Bond"? Lembra de Sem Destino? Com 15 anos e nos drive-ins da vida - barbaridade! - confesso que fingi assistir Love Story TRÊS vezes em muito boa companhia. Rolou também Romeu e Julieta do Franco Zeffirelli com uma atriz simplesmente bela que nunca mas vi.
    Seguiram-se O Golpe de Mestre , com a dupla Robert Redford e Paul Newman acrescida por Robert Shaw, Verão de 42, um filme inesquecível, The Way We Were - e eu sabia que aquilo não podia dar certo mas torci por eles do mesmo jeito. A Primeira Noite de Um Homem, Perdidos na Noite, Estranho no Ninho e os Poderosos Chefões. E os musicais ? Man of La Mancha, Jesus Christ Super Star e Hair.
    Aquela magia de antigamente, que tomava a gente , me foi dada de presente, de novo, por um dos meus filhos quando assistimos juntos o filme Coração Valente e ele - que devia ter praí uns 8 anos - ao perceber que o Wallace seria traído, ficou tão injuriado, mas tão indignado, que se levantou no escurinho do cinema - eu e a mãe passados - e berrou:
    "Seus sacanas , miseráveis, traíras de m@rda. O rei é ...ELE !"
    E se retirou do recinto sem olhar para trás. Meu garoto!
    Valeu, Chicão, essa viagem ao passado. Fez bem a alma.Mande mais!
    Abração

    ResponderExcluir
  6. Pimentel,

    Enviei para o nosso amigo Wilson a segunda parte dessas escolhas pessoais sobre filmes e suas trilhas sonoras.

    Impossível agrupá-las em só artigo pela quantidade existente de películas e canções inesquecíveis.

    E, a ideia foi esta, mesmo, de incentivar o pessoal deste blog extraordinário a colaborar comigo nesta lista de filmes os mais diversos, mas que nos encantaram e nos fazem viajar no tempo a cada vez que os vemos ou escutamos as suas canções, que marcaram época em nossas vidas!

    Alguns desses filmes que mencionaste estão no artigo a seguir, e com uma novidade, que acho interessante e útil:

    Adiciono os link referentes às músicas dos filmes mencionados, de modo que é só clicar que a canção surge automaticamente pelo Youtube, sem a necessidade de pesquisar a respeito!

    Um forte abraço.
    Saúde e Paz!

    ResponderExcluir
  7. 1)Valeu Chicão, continue escrevendo e nos relembrando momentos inesquecíveis do cinema e das trilhas sonoras.

    2)Sempre que eu falo em trilha sonora do cinema eu lembro do "Merry Christimas Mr. Lawrence (em português Furyo, em nome da Honra)" 1983, que a meu ver é belíssima composição do músico japonês Ryuichi Sakamoto.

    3) E não posso esquecer do grande cineasta do Japão, Akira Kurosawa ... eu e os meus Orientes ...

    ResponderExcluir

Para comentar, por favor escolha a opção "Nome / URL" e entre com seu nome.
A URL pode ser deixada em branco.
Comentários anônimos não serão exibidos.