By The Graphic, June 30, 1877, p617. Retrieved from old-print.com, Public Domain, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=4829359 |
Francisco
Bendl
A pequena
peça onde está instalado o computador e alguns livros, eu a denominei de
Oficina do Pensamento.
Os meus
pensamentos precisam ser consertados diariamente porque recebo informações
novas, muitas pessoas pensam diferente de mim, algumas ideias são modificadas,
pontos de vista são alterados, confrontações são feitas, conclusões são
obtidas.
Assim como se
leva um carro à oficina para reparos e revisões, a nossa mente precisa ser
verificada sistematicamente sob pena de apresentar defeitos graves no decorrer
do tempo.
Por exemplo:
As ideias são
atabalhoadas, surgem em altas velocidades e são instáveis, necessitando de
amortecedores que as estabilizem;
alguns pensamentos se chocam com outros e
diagnostico falta de freios;
quando não
entendem o que eu quero realmente dizer, percebo que não sinalizei devidamente
meus argumentos e os acidentes são inevitáveis;
na defesa de
minhas interpretações a respeito de temas mais polêmicos quando coloco a faca
entre os dentes, constato que a correia dentada precisa ser substituída ou o
motor sofrerá uma pane grave;
muitas vezes
eu me encontro no escuro, sem saber para onde vou, e noto a necessidade de
instalar faróis mais potentes que me possibilitem enxergar melhor;
a sede pelo
saber, conhecer, descobrir é tanta, que o radiador é insuficiente para atender
a demanda do arrefecimento, precisando ser substituído por um maior, pois o
motor está sempre fervendo;
às vezes não
me sinto confortável em discutir alguns assuntos ou porque são muito longos e
requerem conhecimento de causa ou porque são enfadonhos ou porque não me
interessam, mas como não podemos escolher a estrada e nem sempre ela tem uma
pavimentação boa, devo procurar um estofador e melhorar o conforto dos assentos
do veículo que transporta a minha imaginação; muitas vezes, tanto ideias quanto
pensamentos, derrapam diante da falta de consistência, momento determinante
para que os pneus sejam trocados ou não terei dirigibilidade em dias de chuva
e, o meu velho automóvel, terá a sua trajetória alterada mesmo em pista seca
quando eu precisar freá-lo.
Enfim, esta
oficina do pensamento carece também de um ferramental mais moderno, de um torno
para eu ajustar algumas peças e retificar o conjunto de ideias e pensamentos
que compõem a complexidade do funcionamento de um veículo, que também sofre a
influência de outras concepções que devem ser obedecidas em formas de Leis,
Estatutos, Regras, Códigos, Constituições, normalmente impedindo que se possa
imprimir o ritmo que se gostaria sob pena de pesadas multas e quando não se
sofre também o cerceamento da liberdade ao se pensar e exprimir ideias que não
estejam em sincronia com aquelas que movem alguns poderes, significando que se
deve abrir a caixa de câmbio do carro e trocar seus sincronizados, pois as
mudanças de marchas “arranham” e, assim, prejudicam o conjunto de engrenagens
desta peça tão delicada.
Nem sempre
consigo mover o carro de forma suave:
Quando ele sai
trepidando ou numa subida ao movimentá-lo esta trepidação é maior, a embreagem precisa
ser substituída, exatamente como são nossos conhecimentos superficiais, que são
sacudidos quando nos defrontamos com a amplitude de fatores que verdadeiramente
elaboram conceitos, concepções, filosofias e até mesmo invenções como a de um
automóvel.
Os veículos
modernos possuem pequenos computadores que fornecem as informações essenciais
aos sistemas de injeção, freios, caixa, tração e estabilidade. Estamos sujeitos
a alterar nossos comportamentos – diferentemente de um carro que é corrigido
pelas informações emitidas por uma central – diante de grandes quantidades de
imagens e sons e notícias recebidas. Não temos em nossos organismos um cérebro
que possa se comparar a um microcomputador e assimile o que é útil, proveitoso,
adequado e necessário, mas uma caixa de ressonância, que muito bem pode expelir
o correto e guardar o que não presta, pois fazemos parte de uma frota de carros
e, se não andarmos em conjunto, um atrás do outro, perdemos muitas vezes a
companhia do automóvel que, junto com o nosso, possibilita que não andemos
sozinhos, não estacionemos isolados, não fiquemos sem ajuda quando se precisa.
Claro,
devemos pagar pedágio, e muitas vezes o preço é alto demais para se usufruir da
companhia que queremos ou para que pintemos o nosso veículo com as cores
berrantes do momento ou neles instalamos poderosos aparelhos que emitem em alto
volume nossas músicas de gosto nem sempre apurado, uma espécie de motor com folga
nos casquilhos da biela e que faz um ruído nada agradável.
O grande
segredo está em ajustar este carro e fazê-lo trafegar bem em quaisquer
circunstâncias, da mesma forma que devemos concatenar as nossas ideias e
pensamentos de modo a sincronizá-los com o comportamento, com nossas atitudes,
exatamente como o desempenho deste veículo.
Mas eu tenho
uma oficina que é um simples galpão no fundo da minha casa, sem as devidas
instalações e macaco hidráulico. Ela carece de ferramentas atualizadas e
aparelhos eletrônicos que fazem ajustes nos motores. Eu conheço carros com
carburador, platinado, lonas de freios, caixa seca, estribos laterais;
meus
pensamentos e ideias, conhecimentos e informações não registram que existem
automóveis com tamanho avanço tecnológico, automatismos, seguranças ativa e
passiva, airbags, sidebags, freios ABS, controle de tração, controle de
derrapagens, centralinas, barras estabilizadoras, amortecedores a gás, direções
elétricas, que podem usar vários combustíveis ao mesmo tempo.
Penso de
acordo com o que me foi alcançado no passado;
meus
conhecimentos são empíricos;
minha
adaptação mental foi forjada através das dificuldades;
meu intelecto
apenas indica o que é útil e inútil;
minha cultura
apenas responde perguntas que os jornais publicam ou o que dizem os manuais de
instruções;
ideias e
pensamentos são mecânicos e desconhecem sistemas tiptronic, dupla embreagem e
eletrônicos;
minha
velocidade de raciocínio é limitada, aumentando somente em descidas e em ponto
morto, aumentando igualmente os riscos de acidente, no caso, não saber o que se
está dizendo, pois as ideias são mais rápidas que as palavras e confundir-se
numa hora dessas é algo inevitável, assim como erramos um endereço e temos de
manobrar em busca do caminho certo.
A mente é
povoada por velhos demônios, da mesma forma que os defeitos de fabricação, mas,
por ter passado o tempo, o direito ao recall prescreveu, e se deve conviver com
esses fantasmas antigos e teimosos.
Desta forma,
a intolerância convive com ideias e pensamentos naturalmente, como um carro que
se sabe de suas limitações e, mesmo assim, chutamos os pneus, batemos no
painel, fechamos as portas com violência, passamos a negligenciá-lo.
Na verdade,
sinto-me um caminhão velho, antigo, que ainda suporta conduzir o seu peso, que
é lento e pesado nas estradas da vida, e muitas vezes atrapalha o fluxo de
veículos mais leves e rápidos, mais modernos, mais completos, mais seguros e
conduzidos por motoristas que aprenderam o uso de tecnologias sofisticadas e a
quantidade de eletrônica embarcada à disposição.
Eu somente
fico admirando vê-los passar enquanto seguro a palanca do câmbio de modo a não
escapar a marcha e vou bombando o pedal do freio várias vezes para segurá-lo,
simultaneamente ao braço para fora e sinalizar que vou entrar à esquerda ou à
direita conforme os caminhos se mostram, e rezando para uma divindade de
plantão que impeça qualquer blasfêmia ou praga eu proferir se o meu veiculo
enguiçar no meio da estrada, na exata medida que estou constatando interpretar
a minha existência da forma como se ela fosse um propulsor ou seria um mero
motor estacionário?
Confesso que
estou viajando em velocidade maior que esta lata velha suporta, e minhas
indagações, incompreensões, teimosias, devem-se à realidade que está
determinando que a estrada que o caminhão está percorrendo vai em direção a um
ferro-velho, o depósito de sucatas, de veículos carcomidos pelo tempo e
acidentados, que não funcionam mais.
Semelhante a
nossa mente quando já não assimila a enorme complexidade de sentimentos,
emoções, sensações que a vida possibilita através do ensino, aprendizagem, do
trabalho, e se torna refratária às tentativas de atualização e modernização
porque sua faixa etária dificulta esta compreensão e entendimento.
Ninguém de sã
consciência reforma um carro velho, consumido pela ferrugem, motor que não
suporta mais retífica, suspensão arriada, molas fracas, bancos rasgados, painel
sem os mostradores, portas sem travas, rodas tortas e a parte elétrica em pane
constantemente.
Pois eu sou
assim:
Um caminhão
caindo aos pedaços e se dirigindo para o ferro-velho;
ultrapassado,
cansado, alquebrado pelo tempo, um mero transportador do meu corpo pesado, feio
e inútil.
1)A proposta da crônica de comparar a mente humana a um motor de automóvel é muito boa, excelente.
ResponderExcluir2) Só não gostei do final, quando o querido Bendl começa a se lastimar, falar da idade ou se vitimar em função da idade. Outras pessoas tb já alertaram ele para não ficar falando isso, escrevo com todo respeito e amizade.
3) Cada um nessa vida tem o seu Caminho, eis a beleza da diversidade.A floresta é plural, tem muitas espécies de fauna e flora.
4)E se outros veículos passam a nossa frente, faz parte do viver. A tartaruga é um símbolo de Sabedoria no Oriente, vai devagar e pode viver até duzentos anos.
5)Chicão, nós somos imortais e passamos por diversos planos de existência, as tartarugas idem, as cobras também, baratas etc.
6)Bom domingo e boa semana.
1) Esclarecendo que escrevi acima:
Excluir2) Escrevi de forma budista, ou seja, Buda em tempos idos foi tartaruga, cobra e barata, assim não é desdouro, nem preconceito nem agressão, ao contrário, é elogio.
3) Já fui chamado pelos três nomes citados e sinto-me honrado:
a) tartaruga = a vontade de viver muitos anos saudavelmente dentro do possível,
b) antigamente qdo dizíamos que "fulano é cobra" é porque ele é bom em determinado assunto,
c) barata tb, senti-me feliz, um ser à prova de bomba atômica, elas continuaram viva em Hiroshima e Nagasaki após as explosões ...
4)Logo, elogiei o meu querido Chicão.
Meu caro amigo Rocha,
ExcluirGrato pelo comentário, e mais ainda pelos conselhos budistas, que eu os prezo muito.
Confesso que ao escrever esta cônica eu não estava otimista quanto à vida destinada para uma pessoa, independente de ser eu ou qualquer outra.
Mas, a realidade é cruel, a partir do momento que apenas catalogamos os dias passados, menos levamos e conta o futuro.
Assim, a analogia que fiz do corpo humano se parecer o de um automóvel tem as suas semelhanças, pois ambos envelhecemos, ambos temos fadiga de material.
Desta forma, resta saber até quando poderemos subir lombas íngremes ou descer em alta velocidade, sem nos preocuparmos se temos freios ou não daremos conta de chegar ao cume.
Um forte abraço, meu caro.
Saúde e Paz!
Chico, meu amigo, crônica muito boa, excelente assunto e muito bem escrita, e muito boa também a "chamada à responsabilidade" feita pelo nosso amigo Antonio em seu comentário, que, tenho certeza, foi motivada pela amizade e carinho que tem por você. Parabéns aos dois.
ResponderExcluirWilson, meu amigo,
ExcluirMuito obrigado por este blog extraordinário, onde expomos nossos pensamentos e "criações" literárias.
Trata-se de um espaço ameno, calmo, onde temos a satisfação de constatar o quanto nossos amigos são notáveis escritores, e nos deliciamos com o que lemos.
Um abraço forte e fraterno.
Saúde e Paz!
Bom Dia, querido Francisco. Excelente analogia feita entre o motor do carro e o cuidados necessários para a manutenção dele, com a nossa mente e nosso corpo. Sabe ? Tenho amigas/ amigos na mesma faixa etária, mais velhos, mais novos, adolescentes e crianças, brincamos à respeito da nossa idade. Levamos com bom humor qdo é preciso fazer uma manutenção ( ano passado passei por uma grande cirurgia da coluna- foram 14 placas/ 14 parafusos - estou me sentindo novinha, recauchutada, como um Opala, brilhando na estrada da vida e ainda sendo admirado . Rsrsrs - e ou algum reparo. Nossa mente precisa estar arejada, pensamentos positivos, procurar selecionar os assuntos polêmicos, para não nos desgastarmos. Prá que entrar em contradição - nessa altura do campeonato - com o nosso oposto ? No grupo de amigas rimos de nó mesmas, das limitações que encontramos no dia-a-dia - que ao conversarmos percebemos a total semelhança dos problemas- daí ter a noção que acontece com todas as pessoas as mesmas coisas. Me orgulho muito do que aprendi e assimilei com os mais idosos - qdo era mais jovem. Adorava ouvir as histórias de vida deles, notava qdo estavam tristes e superavam a tristeza, assim como eram alegres qdo reunia a familia ao redor da mesa. Minha avó e minha mãe foram meus exemplos - as duas se foram aos 96/97 anos, para junto de Deus, lúcidas e de bem com a vida. Quer exemplo melhor ? Foi uma dádiva ! Chico, meu amigo, curta cada momento junto aos filhos, noras, netos e esposa. Faça desses momentos uma eternidade - sei que a vida é dura- mas pensemos sempre no melhor. Ex: tenho dois netos na faculdade - a mais velha cursando engenharia o outro medicina - uma alegria só nesses tempos bicudos de ENEM - outros dois de 15 anos, no ensino médio - e para arrematar um lindo bebê de 2 anos. Que veio arrematar nossa vida com alegrias vividas há 19 anos atrás. Não acredito que você deixe passar isso entre seus dedos, como água. Seja feliz, meu querido. Ame, Ame, Ame...cuide da máquina...é preciso e fundamental...do mais ? Tenho uma canção que é meu hino para a vida : " Viver e não ter a vergonha de ser feliz. Cantar e cantar a beleza de um eterno aprendiz/// eu sei, eu sei que a vida poderia ser bem melhor E SERÁ. /// Mas isso não impede que eu repita. É BONITA ! É BONITA ! É BONITA ! " mais ou menos isso...Bom domingo ! Abraços fraternos, Dulce
ResponderExcluirOi gente,
ResponderExcluirNão tem volta, Fiquei amiga de vocês. Viajo com o Moacir e visito os museus em que não fui e que amo.
Me comovo com o Bendl, com as ruas de Porto Alegre, que na minha cabeça se misturam às de BH, e me vejo dirigindo bem cedo na manhã em asfaltos cinzas e brilhantes de chuva, e me comovo com seus clientes pesados de perdas e dores, com as grávidas ou gordas.
E o misticismo do Antonio, que me mostra um lado ao qual já não pertenço mais. E do meu marido, o Mano, que sempre me escreveu poemas lindos.
E dos outros, Heraldo e Domingos, que começo a descobrir.
Sinto vontade de conhecê-los, e ao mesmo tempo adoro o mistério que os cerca.
Prezada Ana Nunes,
ExcluirQue alegria conhecer a esposa do Wilson, uma pessoa encantadora, um amigo do peito, como se dizia na minha época!
Obrigado pelo comentário, Ana, e continue, por favor, a mantê-los, pois as opiniões das mulheres são mais sinceros e verdadeiros que os dos homens, afora vocês terem muito mais sensibilidade para detectar na entrelinhas o recado que se quer transmitir.
Um dia a gente se conhece, se não nesta vida em outra, e em melhores condições, não é Rocha?!
Um abraço, Ana, respeitoso.
Saúde e Paz!
Oi Francisco. Estou de volta...regando minhas plantas, fiquei admirando 3 orquídeas que estão desabrochando. Aí lembrei de você e queria compartilhar mais uma música que gosto muito e propícia para essa época do ano- a chegada da primavera -. Adoro a natureza e fotografá-la é meu hobby. Eis a letra, sugiro que ouça-a. Sei que já deva conhecer, mas não me canso de ouvi-la. /// " Vê, estão voltando as flores// Vê, nessa manhã tão linda // Vê, como é bonita a vida // Vê, há esperança ainda /// Vê as nuvens vão passando // Vê, um novo céu se abrindo //Vê, o sol iluminando // Por o de nós vamos indo..." // Assim Chico, é a nossa trajetória, com sol, flores, nuvens e trovoadas, mas sempre um céu azul para iluminar nossa vida. Abraços domingueiros, Dulce. PS: Olá Ana, também fico imaginando o mistério que nos cerca, mas pode acreditar não é diferente um dos outros. Familia, amor, solidariedade, angustias, sofrimento, perdas... E assim vamos tocando e vivendo intensamente os momentos bons, que servirá de alicerce para as horas dificies. Abraços, Dulce
ResponderExcluirMinha querida Dulce Regina,
ExcluirQue bela lição de vida onde tu és a protagonista principal!
Quanta energia, garra, denodo e vontade de viver!
Tenho para mim, Dulce, que ao encararmos a realidade sem máscaras, sem mudá-la na sua forma, mais fácil podemos enfrentar as dificuldades diárias e quando nos defrontamos com a vida no seu ocaso.
Neste particular, a mulher ensina sobre como se ter uma existência melhor mesmo com problemas, porém com otimismo.
Não que eu não saiba do que se trata esta alegria de se viver cada dia, mas os homens são mais trágicos, menos animados, imaginam que deixaram muito por fazer para trás quando percebem que a "hora" está por chegar!
Então quando se faz o balanço da vida e se constata que haverá déficit, que entregaremos a nossa contabilidade no vermelho, resta apenas lamentar o tempo perdido ou se mortificar pelo pouco que se realizou, mesmo que as circunstâncias no passado tenham sido adversas e não tenham proporcionado muitas chances de realizações, não importa, o momento é o da verdade!
Pois estou nesta fase, de analisar o que fiz, que deixei de fazer, onde fui arrojado e omisso, onde logrei êxito e onde fui derrotado.
Possivelmente ainda eu pense encontrar uma fórmula mágica e sanar as pendências, quem sabe, no entanto, a realidade - e sempre ela, não adianta - apenas me aconselha a viver o que resta dos meus dias sem maiores esforços, pois quando eu tinha disposição, juventude e tempo, eu não soube aproveitar a época, e agora é tarde para compensações.
Mas não me sinto mal, ao contrário, penso que no que diz respeito à constituição da minha família foi uma bela realização, a mais importante, e aquela que ainda me leva adiante e, escrever, teclar aquilo que a minha mente quer deixar como experiência e sentimentos que brotam em uma carcaça que cai aos pedaços!
Muito obrigado pelos dois importantes comentários, Dulce.
Um abraço, forte e caloroso.
Saúde e Paz!
Oi Bendl, o carro comum ainda não tem é cabeça pra diagnosticar sozinho o que se passa com ele. Os mecânicos dizem isto e aquilo, mas o carro continua com problemas.
ResponderExcluirSe carro mais antigo falasse, Bendl, reclamaria bem mais que você. Ninguém gosta, nem eu nem você, de não se sentir pleno, nos trinques. Mas é inevitável, todo mundo passa por essa fase, a não ser os que se vão, como Senna foi, na flor da idade e com o corpo perfeito. Assim mesmo, ele foi, Bendl, passando na frente do mais velho e cadeirante chefe da Williams e de outros tantos mais.
Se eu pudesse dizer alguma coisa consistente pra você, Bend, eu diria.
Ninguém tem esse poder.
Uma coisa eu aprendi: médicos sabem o que lhes é possível e permitido saber. A vida dá e deu volta em muitos deles.
Eu, particularmente, presunçosa que sou, acho que você viverá muito. Não reclame das dores, se elas vierem, Bendl, mas você viverá muito ainda.
Como sei? "Um passarinho me contou que a boa brisa lhe soprou e vem aí bom tempo".
Aproveitemos, senhor escritor de mão cheia. É sempre uma delícia ler o que você engendra nessa sua cabeça que demonstra precisar de uma breve regulagem, nada mais sério.
Meu filho me mandou pelo Whatsapp três quadrinhos. O primeiro dizia: 'Quem olha pro passado vive com saudade'; o segundo: 'Quem olha pro futuro vive com ansiedade'; o terceiro e último: 'Quem olha pro presente VIVE'.
Muita Saúde e muita Paz, Bendl. Bom domingo.
Abraço
Ofelia
Minha querida Ofélia,
ExcluirDe fato, como sempre tu tens razão, os carros ainda não pensam, e parabéns pelo aviso que, se quisermos VIVER, o presente é o presente!
Concordo, pois eu me alegro muito quando troco ideias contigo e com os demais amigos que temos neste blog extraordinário e na Tribuna, incomparável!
Momentos como esses quando nos comunicamos dão um alento, impulsionam a irmos para frente, empurram para que esperemos pela renovação dos recados a cada artigo publicado.
Interessante neste particular, certamente porque somos adultos e "bem" adultos, aquilo que escrevemos é legítimo, é o que sentimos, sem subterfúgio, sem vacilos.
Temos uma espécie de pacto com a realidade - de novo! -, e acredito que nos aproximamos porque chegamos á conclusão que a vida é mais do que está ao nosso redor, e podemos manter amizades honestas e sinceras com pessoas que sequer conhecemos pessoalmente!
Portanto, eis a capacidade do ser humano quando quer se comunicar, quando quer saber o que outras pessoas pensam, razão pela qual ele se expõe, querendo em troca apenas compreensão ou, lá pelas tantas, que seja chamado à atenção pelas tolices que escreve!
Ofélia, teus comentários são sempre muito esperados por mim. Muito obrigado pela consideração.
Um abraço forte, caloroso, minha cara.
Saúde e Paz!
Caríssimo Chicão,
ResponderExcluirRaras vezes nessa vida li uma crônica que tivesse sido arquitetada tão brilhantemente, que fosse tão bem escrita e terminasse em tamanha....decrepitude!
Não é que você não tenha alguma razão. Realmente ficar mais velho não significa ficar melhor, como acontece com os vinhos. Se os enrugados ficassem mais sexy e ricos de estilo e verve a cada cabelo branco e ruga que nos dão o ar da graça deles no espelho, o mundo não estaria correndo atrás de fontes ilusórias da juventude e as indústrias do anti envelhecimento bombando. Nós não estamos simplesmente tentando fazer exercícios e comer bem para ter vidas mais longas e mais saudáveis, mas tentando criar a ilusão de uma aparência mais jovem. Nada a ver! Cuidado com as tinturas de cabelo. Certa vez minhas mulher e filhas criativas resolveram colocar-me uns fios negros na cabeleira branca e me deixaram parecendo um dálmata!!(rsrs)
Eu sei quantos anos eu tenho: 61 completados no último mês de fevereiro. Só que eu não acho que esse fato seja o mais relevante sobre mim. Eu não associo envelhecimento com disfunção. E aqui divergimos eu e você. Somos tão velhos quanto nos sentimos. Um jovem com problemas de saúde pode se sentir velho enquanto um velho com boa saúde se considerar jovem e ativo. Então para começo de conversa , à parte os genes, temos obrigação de cuidar de nós mesmos para não desistir da vida com qualidade antes do tempo.
Não apenas acumulamos anos, rugas, cabelos brancos, artrite e mazelas e perdemos energia mas, ao longo dos anos, também ganhamos sabedoria que nos permite tomar decisões com muito menos das velhas agitação e sem noção da juventude. Tem mais.
À medida que envelhecemos, nós sabemos mais, não só sobre o mundo, mas sobre nós mesmos e então as nossas prioridades mudam e a vida fica mais simples pois escolhemos estradas asfaltadas.
Talvez o aspecto mais terrível de envelhecer seja acreditar que nada mais temos a comunicar, a oferecer , que nossa missão já está concluída e, em consequência , perder a necessidade de continuar a dar aos outros. Perigo!
Já vi muitas pessoas aposentadas miseráveis não só pelo tamanho das aposentadorias, mas por terem saído de seus envolvimentos e atividades anteriores e passado a se concentrar em si mesmas. Ninguém é feliz às voltas com o próprio umbigo.
Ter família não basta como resposta às questões filosofais, mas se envolver ativamente com os nossos pode dar sentido ao nosso envelhecer.Não para desistir das nossas próprias vidas e interesses ao compartilhar as vidas de nossos filhos e netos, mas porque os velhos que eles serão um dia , dependem dos jovens que são hoje. E de nós. Ser pai não é uma responsabilidade que termina quando os filhos saem de casa. Continuamos pais e exemplo e modelo agora de "velhice" para nossas as "crianças" hoje adultas.
Dia destes, Chicão , li escrita numa parede uma frase que nem mesmo o velho Alz me fará esquecer:
" O futuro tem o coração antigo".
Abraço
Meu caro Moacir,
ResponderExcluirNessas alturas, a verdade é que o velho é descartável!
Lamento, mas não há filosofia ou otimismo que mude a realidade, dura, cruel, que o tempo quando predomina sobre os movimentos, a saúde, a disposição, condenou esta pessoa a esperar pelo seu desaparecimento!
Evidente que, a minha condição de rebelde, irá lutar contra o pessimismo, mas não vou me deixar envolver por uma suposta sensação de bem-estar só porque continuo vivo e escrevendo!
Nesse aspecto, meu amigo Pimentel, penso que cada um de nós reage conforme a sua vida, as suas condições sociais, econômicas e religiosas, com referência a envelhecer "animado" ou desanimado.
Observa, não estou sendo contra a velhice ou reclamando desta faixa etária, reservada às pessoas que a existência possibilitou que se chegasse aos 70/80/90 anos, tanto por merecimento como porque cuidaram da sua saúde, não, não é esta "desgaste" natural que me reporto.
Quero dizer que se constatar que o "carro" é velho, que não há mais como reformá-lo porque mesmo dando-lhe outra cor e mudando o motor o modelo é ultrapassado, não tem tecnologia embarcada, os avanços eletrônicos inexistem, é muito melhor ter ciência dessa defasagem que imaginar que se pode disputar um Raly ou uma competição!
O "veículo" queima óleo, não encontro mais peças de reposição, mal e mal é para ir à farmácia e à igreja, o que posso comentar se não a realidade que me cerca, e com diversão ainda por cima?!
Não me sinto triste, Pimentel, tampouco sem ânimo, nada disso, a ponto de ainda pensar(!), mas não tenho como fugir deste cotidiano que me aprisiona dentro de mim mesmo, que reconheço as dificuldades impostas pela idade e não tenho como me desviar desses obstáculos porque eu os entendo naturais, na razão direta que aceito as minhas limitações e tento extrair delas seus melhores "desempenhos"!
Gosto desta conversa, eu a sinto útil, necessária, salutar para o nosso dia a dia, e pelo tempo que se vai discutindo algo conveniente, adequado e próprio à nossa mente, que esta ainda a considero um material de primeiríssima qualidade, que não se fazem mais atualmente!
Um forte abraço.
Saúde e Paz, meu amigo.