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24/09/2016

O Casamento

 
Autor Desconhecido - O Pedido de Casamento (xilogravura alemã / 1815)

Francisco Bendl

Não tenho compromisso para escrever. A ideia de um livro sobre temas que escolhi extraídos da época que trabalhei em táxi foi por vontade própria, sem qualquer exigência ou pedido.

Mas gosto de escrever, no entanto, estou sem assunto.

A falta de inspiração vem de semanas. Nada me faz ativar a imaginação, como se fosse um bloqueio, salvo quando é para abordar a política, tema proibido neste blog extraordinário onde tem razão o Wilson quando assim definiu a única regra existente neste espaço.

Sendo assim, acho que vale a pena eu contar como conheci a minha esposa e como nos casamos.

Minha família tinha uma casa de madeira na praia de Tramandai, RS. Um chalé, que, em 1969, antes que desabasse sobre nossas cabeças precisava ser demolido, e uma casa de alvenaria fosse construída em seu lugar.

Havia a necessidade de um construtor. Perguntei a um dos amigos que residia na localidade quem eu poderia contratar para a tarefa. Indicaram-me um senhor conhecido como o “único” honesto para esta função, e que exercia a profissão desde 1939!

Fui à sua casa, na praia. Combinamos um novo encontro em Porto Alegre, quando seria apresentado o orçamento da obra. Valor aprovado, a demolição começaria em seguida, ainda em julho de 70, e a nova casa deveria ficar pronta em novembro do mesmo ano.

Nesse meio tempo, o construtor, muito amável, e sabendo que eu era um jovem e servia na PE, me ofereceu a sua casa quando eu fosse à praia aos fins de semana, pois ele tinha três filhos, dois homens e uma guria, os três beirando a minha idade, vinte anos.

Antes que a casa ficasse pronta, a minha mãe falece aos quarenta e dois anos, vítima de câncer de mama.

Eu levava o primeiro pontapé da vida naquele momento. Eu estava presente no hospital quando deu o seu último suspiro, tombar a cabeça para o lado e morrer.

A inauguração da casa sempre foi postergada, jamais se fez alguma festa. Em novembro, quando fui efetivar o pagamento final da obra, conheci a filha do construtor.

Ruiva, cabelo cor de fogo, olhos esverdeados, professora, fazendo faculdade de Pedagogia, peso e altura apropriados, dei de olhos na guria e não os tirei mais!

Eu inventava as desculpas mais absurdas para ir à praia e falar com o construtor, na verdade ver a sua filha, e eu ia fardado!

A farda da PE era diferenciada, com alamar, manicaca, coturnos especiais, eu queria chamar a atenção mesmo.

Começamos a nos dar bem. No quartel, de serviço, eu escrevia cartas intermináveis, quatenta a cinquenta páginas de abobrinhas!

Levei esta “amizade” por trinta dias, indo à praia mesmo que me sobrasse apenas um sábado ou domingo quando eu estivesse de folga, pois o plantão se dava 24 por 48, ou seja, um dia de serviço e dois folgando, restando apenas um fim de semana completo por mês, razão pela qual as “encíclicas” que eu lhe escrevia.

Um mês após, eu apaixonado e tomando coragem para me declarar, no dia primeiro de dezembro eu a convido para um sorvete – olhem só como era há quase cinquenta anos!

Na sorveteria, só faltou eu me ajoelhar com uma casquinha e me derreter em juras de amor!

Saímos de mãos dadas, pois ela aceitara o meu pedido de namoro.

Eu havia feito em setembro vinte e um anos, portanto, a juventude física e mental exigiam de mim uma atitude mais consistente.

Quatorze dias após o namoro, em 14 de dezembro, apareço na casa dela com um par de alianças, e a peço em casamento. Noivamos ao sabor de Q-Suco – por Deus! -, daqueles que ainda colocávamos açúcar!

Dezesseis dias após, em 31 de dezembro de 1970, casamos. Uma paixão arrebatadora! Trinta dias de namoro e noivado até o casamento!

Não havia dinheiro para uma lua de mel. A viagem foi de Tramandai para Porto Alegre, onde ela iria morar comigo, e providenciaria nas férias a sua transferência como professora.

Se me perguntarem o significado de felicidade, certamente responderei que é casar com quem se ama, indiscutivelmente.

O primogênito nasceu dois anos depois; o do meio dois anos após o primeiro e, o caçula, dois anos de intervalo do meio.

Eu ainda tenho o mesmo sentimento, o mesmo amor e paixão de quarenta e seis anos atrás. A Marli foi e continua sendo a mulher da minha vida!

Os filhos sabem disso, os netos também. A estabilidade emocional que oferecemos a eles desde que nasceram, com o pai e a mãe sempre juntos, posso dizer que é muito importante à unidade familiar, muito mais que dinheiro, propriedades, pois a forma como os genitores comprovam o amor pelos filhos é através da união, principalmente quando crianças e adolescentes.

Neste último fim de semana a família se reuniu, comemorando o meu aniversário, que se deu em 14 de setembro.

Olhando os filhos, todos com mais de quarenta anos(!), os netos crescendo, conversando com a minha mulher à noite, deitados lado a lado, lembramo-nos quando nos conhecemos.

E ela resgatou um episódio memorável, que posso afiançar que nosso casamento estava mesmo escrito nas alturas:

Um uma de nossas caminhadas à beira da praia, eu havia dito que se nós nos casássemos teríamos TRÊS FILHOS HOMENS, que ela deu de ombros, não acreditando em tamanho poder que eu teria para afirmar que os filhos seriam três e do mesmo gênero!

Eu segurava a sua mão, e depois a coloquei no peito quando ela se lembrou daquele momento, e percebi que havíamos sido abençoados com esta relação.

Beijei-lhe a testa, agradeci por ela estar ao meu lado, me aproximei mais do seu corpo e adormeci!


13 comentários:

  1. Francisco Bendl, que deliciosa história de amor, já li umas três vezes! Mas o parágrafo da descriçao da guria , já li umas 8. Ruiva, cabelo cor de fogo, olhos esverdeados, mas escolher também por peso e altura apropriados, é demais de bom! Continue feliz, é só o que a gente leva!

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  2. 1) Parabéns Chicão. Bela crônica, ótimo depoimento para as gerações atuais e as antigas tb.

    2) Felicidades múltiplas (em todas as áreas), para vc e os seus.

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  3. Minha querida Ana,

    Deus me reservou esta bênção, de eu me casar com a mulher pelo qual me apaixonei à primeira vista, pois aos 21 eu já fazia parte do rol dos "homens sérios"!

    Simplesmente eu aceitava que ao lado da Marli eu dividiria a minha vida até o seu final, que teríamos filhos e netos, e que não haveria circunstância ou dificuldade possíveis que nos separariam.

    Deu certo!

    Um forte abraço, Ana.
    Obrigado pelo comentário.
    Muita saúde e paz extensivos aos teus amados.

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  4. Perdão, Ana, mas esqueci de esclarecer o seguinte:

    Quando nos casamos, a Marli pesava 53 kg, nos seus 1,64 m de altura.

    QUARENTA E SEIS ANOS APÓS, TRÊS FILHOS, A MULHER PESA 55 KG!!!

    Outro abraço.
    Mais saúde e mais paz!

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  5. Dulce Regina24/09/2016, 12:08

    Olá, Chico. Bom escrever sem compromisso, sem exigências e sem pedidos. As pretinhas devem brotar do nosso coração, serem verdadeiras e conter emoção. Prometo não cobrar-lhe mais seus textos, sabe por que ? Quando eles aqui se apresentam são de puro encantamento. O seu amor por Marli estava escrito nas estrelas...emocionei-me com seu relato e fiquei imaginando você fardado " comme il faut " e apresentando-se diante de uma moça lindíssima - pela sua descrição ela estava enquadrada para uma séria candidata a Miss Brasil, nos concursos da época - , com sorvete na mão. Um sonho !!! Outro dia " matutando " sobre os casais aqui do blog, percebi que somos da mesma geração, que temos os mesmos valores, que a família é nossa célula mater, nossos interesses são mais ou menos idênticos e pensei : Qual foj a fórmula mágica ? E ainda enlevada nesse pensamento, cheguei a conclusão que somos de uma safra intermediária e sortuda, nossos pais batalharam bastante para dar-nos a principal riqueza que um filho pode receber: a educação, formação familiar e muito amor. Esses valores foram apreendidos e valorizados - o que é primordial - , com esse exemplo tornamo-nos bons filhos, bons cônjuges e bons pais. Ouvi em algum lugar : " O rio corre para o mar ". Sendo assim, nossos filhos e netos têm um espelho daqueles em que a imagem reflete-se nítida e perfeita, sem oscilações. Rezemos para que o mundo moderno não embace esse espelho. Meus parabéns pelo aniversário, por seu amor, pela família linda. Bom fim de semana ! Abraços, Dulce

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  6. Minha querida Dulce,

    Grato pelas palavras gentis sobre o artigo publicado.

    E vejo-me obrigado a concordar contigo, que somos mesmo diferentes do pessoal de lá para cá, tanto pelos princípios e valores que mencionaste, como principalmente pela valorização que concedemos à união entre duas pessoas, o casamento!

    Ora, se esta unidade entre homem e mulher origina filhos, e se transforma em família, os compromissos passam a ser muito mais importantes com relação à manutenção desta célula, que bem descreveste, que imaginar um de seus componentes ou ele ou ela, que podem liberar-se facilmente depois da constituição deste clã!

    Não tem razão, o marido ou a esposa, alegar direito à felicidade, que esta lhes é inata, caso nesse meio tempo um deles se apaixone por outra pessoa e decide abandonar a família.

    A partir do momento que se teve filhos, a vida não mais pertence ao casal ou individualmente!

    Faz-se mister buscar na relação familiar fontes dessa felicidade, de se continuar unido, de não se quebrar os elos dessa corrente que une filhos aos pais, e os genitores precisam encontrar soluções às crises eventuais que surgem durante a vida a dois, indiscutivelmente.

    Não considero lícito, Dulce - e muito agradeço o teu comentário porque pertinente e adequado ao momento, onde as separações são tão corriqueiras, mesmo com o casal tendo filhos -, que sejamos os responsáveis por adultos depois com traumas de infância pela rejeição de seus pais, pelos seus abandonos, pela falta de amor àquelas pessoas que trouxeram a este mundo!

    Eu sou filho de casal separado.

    Eu sei o que é ser deixado de lado pelo pai que entendeu abandonar mulher e filhos, se teríamos como comer, morar, sobreviver!

    Do alto dos meus 67 anos, após 46 da morte da minha mãe, aos 42, e 41 do falecimento do meu pai, aos 49, ainda carrego dentro de mim mesmo a angústia do abandono, pois eu tinha 9, e meu irmão apenas 3!

    Que fardo tão pesado éramos para o pai?!

    Que tanto sacrifício ele teria de fazer para nos sustentar e estar ao nosso lado?!

    Quando me casei, Dulce, jurei para mim mesmo que eu iria até o fim da linha, além de me comprometer que a esposa não teria motivos para descer deste trem antes do seu destino!

    O resultado me é dado a cada reunião familiar, com a alegria dos filhos e netos, com a presença de todos, com a satisfação da família unida e a constatação que somente uma relação com amor pode ser levada adiante, mas amor de verdade, com renúncia, comprometimento, responsabilidade, poder diante das tentações inerentes à vida, decisão, e ter os filhos e a esposa como objetivos maiores, inegociáveis, acima de mim mesmo!

    Bah, mas esses diálogos conosco são muito úteis, proveitosos, salutares.

    Simplesmente a presença feminina em espaços como este, democrático e apolítico, elevam a conversa para patamares muito elevados, pois vocês trazem consigo a sensibilidade como característica primordial, e conseguem entender perfeitamente os recados que nós, os homens, queremos transmitir.

    Grato, Dulce, pela compreensão do texto.

    Um forte abraço.
    Saúde e Paz!

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  7. Moacir Pimentel25/09/2016, 09:59

    Caro Chicão,
    Embora atrasado e mesmo intimidado bela beleza e sinceridade do seu texto , não acredito que bastam os filhos e o sentimento de responsabilidade por eles para solidificar um casamento. Penso, em vez, que a transição de casal apaixonado para às fraldas , poesia a parte, estressa qualquer casamento. É importante que os jovens saibam disso antes de botar filho no mundo.
    Hoje os casais se tornaram hiper focados no bem estar emocional das suas crianças e quanto mais tempo gastam com os filhos, menos tempo têm para se concentrar no bem estar dos seu casamentos.
    Talvez por isso tantos divórcios.
    Quando éramos meninos , Chicão , havia regras claras na casa da minha infância : no sábado pela manhã e nos domingos nossos pais eram nossos mas nas tardes de sábado, depois do almoço familiar, eles se trancavam no quarto e ai do pirralho que os "acordasse". Era engraçado: a galera ficava no corredor: meus irmãos e eu brincávamos com carinhos e varetas, as meninas com as bonecas e se alguém falava mais alto , tinha sempre outro para soltar um Psiu! Aquelas tardes de sábado, que eram só deles, nunca nos tiraram pedaços e era bom esperar por eles.
    Porque a primeira coisa que podemos fazer por nossos filhos é ter um bom casamento, manter a intimidade, cuidar de nós mesmos e conectar como casal. Os danados sabem muito bem , e sofrem, quando as coisas degringolam.
    Então depois de uma longa semana de PROBLEMAS , contas a pagar e fraldas para trocar e mamadeiras para dar , há que lembrar que o sexo e o vinho - principalmente se combinados!(rsrs) - podem resolver alguns deles. Foi essa a lição conjugal que aprendemos com nossos pais.
    Minha senhora não me dava moleza nas tarefas domésticas e/ou nos cuidados com as crianças e ainda cabia a mim ser He-Man quando chegava em casa, mas às 8 horas da noite era a maravilhosa hora da cama DELES e..... F@#$%&! Precisámos respirar um pouquinho longe dos lindos vampiros, de um banho quente, de um jantar sem limpar a comida derrubada no chão ou o leite pingado na mesa e de silêncio e de assistir um bom filme de mãos dadas - quem sabe um cafuné ? - sem quatro boquinhas perguntando.... porquê?
    Tudo bem que nos primeiros anos quando o bicho pegou mesmo nossas famílias compareciam em todos os sentidos e que nós temos há 28 anos ao nosso lado , nos ajudando a continuar sendo uma família uma extraordinária mulher chamada Cinha - às vezes penso que se minha esposa tivesse que escolher entre viver sem eu ou sem ela , ficava com a Cinha!- mas sabemos que o casamento sobreviveu porque temos uma vida também fora das nossas paredes, atividades diferentes, interesses diversos, amigos opostos pelos vértices, porque saímos e viajamos só nós dois e somos mais do que pai e mãe dos filhos um do outro,e porque continuamos tendo o que conversar - tirando os filhos e suas vidas - a nossa vida toda.
    Não faz muito sentido para mim, a imagem de um casal que já não tem o que se dizer e já não se deseja e ama sendo infeliz junto com uma também infeliz prole , prejudicando-lhes as cabeças e o futuro , já que repetirão seus modelos. Aí, meu amigo, é melhor manter o respeito e a dignidade e cada um para o seu lado.
    Quanto à tal da caça primitiva ou, mais sério ainda, ao fato de que sempre vai pintar uma "passante"- como dizia o Baudelaire - nas esquinas da vida , uma mulher que intriga e balança e poderia ser apaixonante , se a escolha antiga foi verdadeira e se a relação continua nos fazendo bem , sempre chegarão atrasadas. Porque e aí sim assino embaixo da sua belíssima declaração de amor à Marli, entre um cara e a mulher de cujos quatro filhos ele quis ser pai existe "um secreto acordo, uma promessa de socorro, de compreensão e de fidelidade para a vida".
    E porque BALANÇAMOS mesmo, Chicão, nas bases, é ao imaginar a vida sem ELAS, as nossas mulheres.
    Abração

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    1. Caríssimo Pimentel,

      Abordaste o aspecto da imprescindível intimidade do casal que deixei de lado.

      Indiscutivelmente alimentar o "fogo da paixão" é crucial à manutenção de uma relação, e ambos devem saber como equacionar esta aproximação quando existem filhos pequenos, que exigem cuidados 24 h por dia!

      Evidente que eu a Marli tomávamos essas precauções, de nos concedermos um tempo para nós, mesmo que pequeno, mas um espaço nosso, caso contrário daríamos motivos ao surgimento de uma ditadura dos filhos, e seríamos apenas seus servos.

      Não havia regras tão rígidas, que não pudessem ser desobedecidas, mas eles sabiam quando o pai e a mãe queriam ficar a sós, conversar, ter a sua intimidade preservada.

      No entanto, preciso declarar, Pimentel, que três filhos homens mais o pai disputando a mesma mulher era complicado, não era fácil, não era uma questão de a mãe é de vocês, mas a mulher é minha!

      Não foram poucos os esforços que tive para tirar-lhes da saia da mãe, atraindo-os para o meu mundo, para as corridas de carro, futebol, andar de bicicleta, considerando que a mãe para o filho homem é um totem sagrado, mãe não faz sexo, a palavra mãe é mais pronunciada que Deus!

      Na razão direta que eu queria ter a minha mulher, eu queria o mesmo com os filhos, e só havia um modo de eu mantê-los também ao meu lado: Respeitar a mãe deles acima de tudo, sem aventuras extra conjugais, sem violência doméstica, sem bebidas, sem que uma mulher batesse na porta com uma criança nos braços e dissesse que era meu filho!

      Decididamente sustentar, criar e formar três filhos homens não é uma tarefa paternal muito simples, pelo contrário, extremamente difícil, complicado e, digo mais, a existência do famoso e fantástico observador, que é o FILHO DO MEIO como o fiel da balança!

      Se quem manda é o primogênito mas, o caçula, por ser o menor tem ainda as atenções dos pais, sobre para o do meio o quê?!

      Ele herda as roupas do maior, os tênis, sapatos, casacos, calças, calções, e quando seria a hora do pequeno usar esses materiais estão muitos usados, rotos, descosidos, então quem ganhava o novo era o mais velho e o menor, afora a referência ser quem nasceu primeiro e cuidados com o último!

      Ainda bem que descobrimos em tempo essa questão, de modo a não perdermos os sentimentos do filho do meio por rejeição ou falta de atenção ou cuidados com os outros em detrimento dele, que jamais nos perdoaria ou esqueceria do tratamento diferente recebido, de ter sido preterido propositadamente!

      Roupa nova para os três; carinhos iguais para os três; dinheiro, quando havia, igual para os três; qualquer saída era com os três: a compra de brinquedos eram os três que decidiam, nada, absolutamente nada, que pudesse ensejar dúvida na mente do meio quanto o mais velho ou o pequeno terem as preferências minhas ou da mãe!

      Desta forma, e pelo amor que eu sentia por eles e pela mulher, fui o "joãzinho do passo certo", pois eu jamais iria admitir que um filho meu mais tarde, pudesse me encontrar na rua ao lado de outra mulher ou no carro, diante da maneira implacável de o filho homem não perdoar o pai neste particular, de trair a mãe, de enganá-la.

      (Continuo)

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    2. Assim, eu fui marido e pai com méritos, sem falsa modéstia, a ponto de entenderem mais tarde, quando adolescentes, que eu e a mãe deles éramos homem e mulher, seus pais, claro, mas seres humanos que precisavam um do outro, do afeto, do carinho, do contato físico!

      E curiosos ficavam quando um dos colegas do colégio relatava a separação de seus pais, as brigas em casa, o pai que tinha amante ou a mãe que tinha outro!

      E foram várias vezes que esses amigos quando iam à nossa casa me perguntavam qual seria a razão de continuarmos juntos, eu e a mulher, após 18/20 anos de casados, pois muitos casais se separavam após 10/12/15 anos juntos!

      Hoje, aos 46 de união, e eu ainda fazendo juras de amor à esposa, constato a paz e a tranquilidade que emanamos aos filhos, e que indiscutivelmente serve como exemplo para dentro de suas casas, de preservarem a unidade familiar, o casamento, evidentemente dentro de uma normalidade legítima, e não falsa, até porque os filhos percebem facilmente quando existe algum fator diferente.

      Enfim, Pimentel, ser pai e esposo é tão difícil, um compromisso tão arrebatador, que muitos homens renunciam, deixam os filhos de lado, abandonam as suas esposas, e vão em busca de companhias não tão comprometedoras, mais amenas, mais sexuais e sensuais.

      Pergunto:
      Vale mais a pena viver dessa maneira, considerando apenas a sua vida, prazer e satisfação ou, lá pelas tantas, amar a esposa e encontrando na rotina, no cotidiano, motivos para continuar apaixonado e a desejando como no início do casamento e, assim, preservando o casamento e a felicidade dos filhos?!

      Que se amem de madrugada, quando os filhos estão na escola, quando dizem que vão ao supermercado e vão para um motel, quando as crianças vão visitar os avós ou convidados para um aniversário, enfim, os pais sabem como manter a sua intimidade e dando atenção aos filhos, inclusive trazendo para o casal uma bela diversão, de saírem da rotina dessa forma, de escapulirem do controle da filharada, de olhares permanentemente atentos, e até provocações!

      Muito obrigado pelo importante comentário.
      Um forte abraço.
      Saúde e paz, meu caro amigo!





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    3. Wilson Baptista Junior25/09/2016, 17:50

      Chico, esse seu comentário me lembrou as agruras dos filhos do meio, lá em casa mais diluídas porque somos cinco filhos homens (dos quais eu o mais velho) e três mulheres. Vejo agora a sorte de meus filhos terem sido gêmeos :)

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    4. Wilson, meu caro amigo,

      O filho do meio e seus compêndios psicológicos!

      Um forte abraço,
      Saúde e paz!

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  8. Francisco Bendl e Moacir Poeta, seus dizeres juntos me emocionaram. Sem palavras. Voces já disseram tudo! Carinho para os dois.

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  9. Obrigado, Ana.

    Da mesma forma de mim para ti, esta consideração e afeto mesmo à distância, além do respeito e admiração.

    Um abraço.
    Saúde e Paz!

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