fotografia Dulce Regina |
Dulce Regina
Esse
parque surgiu de um projeto do paisagista Walter Vasconcelos. Inspirado em
jardins de várias partes do mundo, ele possui vinte e dois jardins que se
integram à paisagem da mata nativa e são constituídos por uma variedade imensa
de plantas oriundas de diferentes países, apresentando uma arte de jardinagem
semelhante ao da sua origem, fazendo com que cada pedaço admirado e cada espaço
percorrido transmitam emoções e sensações indescritíveis.
O
projeto do parque se baseia em três pilares:
1) diversidade - motivando seus visitantes a aprender e
aceitar todas as formas de vida ali existentes: insetos, plantas nativas,
liquens, musgos e aves;
2) sustentabilidade - ali são aproveitados todos os
materiais que possam ser reutilizados, buscando o menor impacto ambiental;
3) educação - com a intenção de que seus
visitantes saiam de lá renovados, acariciados por essa beleza e estimulados a
transmitir valores ecológicos às outras pessoas.
Para
incrementar a beleza do parque, novas espécies de plantas chegam a todo momento
por doações, ou permuta com os países, ou estados do Brasil. Recentemente,
mudas de Vitória Régia chegaram do Amazonas para que sua adaptação ao frio
fosse testada, pois é uma planta de cultivo delicado.
De
sua localização (Campos do Jordão), privilegiada pela natureza, pode-se avistar
toda a região da Serra da Mantiqueira, conhecida pela população indígena como a
serra escarpada que acompanhava o rio Paraíba (rio feio, em tupi), conhecida à
época como amantikir, “a montanha que
chora”. Tornou-se Mantiqueira na
pronúncia dos portugueses que foram seus primeiros exploradores. Daí ter
surgido a “Lenda do Amantikir”:
A lenda conta a história da linda princesa de uma
tribo do povo Tupi, que se apaixonou pelo Sol. Encantado pela beleza da moça, o
guerreiro de cocar de fogo permanecia com suas luzes sobre ela. E, como não se
deitava, não havia noite e a Lua mal aparecia, provocando um interminável dia.
Os pastos se incendiavam, não havia sono e nem sonhos. A Lua, sentindo que perdera
seu amor, o Sol, para uma mulher, foi contar a Tupã, que, com indignação,
mandou que se levantasse a mais alta montanha. Ali ficaria confinada a
princesa, fora do alcance do Sol. Este sangrou tardes vermelhas e tentou
afogar-se no mar. A princesa chorou rios, minas, nascentes e mananciais de
lágrimas. Seu povo, então, chamou a linda princesa de Amantikir ou Mantiqueira,
que significa Serra que Chora.
O
clima de paz, sossego e liberdade é percebido logo no início da caminhada, onde
avistamos pequenas flores coloridas colocadas em patamares, dando-nos
boa-vindas. Alguns passos e uma composição ornamental de capins - sim, capins -
tiram nosso fôlego, de tão excêntricos e raros que são. Mais adiante
encontramos raízes secas de árvores, aproveitadas para compor um outro espaço,
elas são magníficas esculturas naturais.
Esses
são os três primeiros jardins existentes:
1-
Patamares, que é construído com dormentes,
cruzetas e tábuas reaproveitáveis;
2- Capim, com plantas em touceiras que
produzem flores em forma de plumas e dão leveza e suavidade ao espaço, além de
serem importantes na alimentação dos animais;
3- Raízes, com cepos de árvores mortas. Nelas
são depositadas sementes, trazidas pelo vento ou pássaros, que germinam sobre
os tocos e transformam-se em belas plantas sem nenhum contato com o solo, é uma
magia da natureza.
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Para
todos que são apaixonados por jardins, esse passeio é imperdível, um dos favoritos
na cidade. A cada estação do ano o jardim oferece um espetáculo diferente. Na
primavera, o espetáculo são as flores com sua exuberância. No outono, são as
folhas com sua diversidade de cores, tornando os caminhos e trilhas do parque
um verdadeiro tapete de tons de verdes, vermelhos, laranjas e amarelos, anunciando
a chegada do inverno.
A
visita deve ser feita com calma, sem pressa, parando e admirando, com todos os
sentidos humanos, cada detalhe encontrado que, não se espantem, são muitos!
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Depois de uma longa espera consegui, finalmente,
plantar o meu jardim.
Tive de esperar muito tempo porque jardins precisam de
terra para existir.
Mas a terra eu não tinha. De meu, eu só tinha o sonho.
Sei que é nos sonhos que os jardins existem, antes de
existirem do lado de fora.
Um jardim é um sonho que virou realidade,
revelação de nossa verdade interior escondida,
a alma nua se oferecendo ao deleite dos outros,
sem vergonha alguma
(Rubem Alves)
1) Belas fotos. Boa aula de Ecologia. Parabéns Dulce.
ResponderExcluir2)Tenho a ligeira impressão que este ótimo blog está se tornando um Espaço Educativo onde aprendo muito.
3)Interessante a lenda indígena de parar o sol. Na Bíblia tem uma passagem em que um profeta para o sol. E no Budismo, do outro lado do mundo também tem um texto assim...
4)Falemos com as flores, com os jardins, com tudo enfim !
Olá Antônio. Sim esse parque é um exemplo de como devemos aproveitar, reciclar, respeitar a natureza. Eu quase que me encanto, igual a indiazinha...Rsrsrs, de tanto colírio para os olhos. Divino ! Abraços
ExcluirOlá Dulce (ou voce prefere Dulce Regina?), Obrigada pelo seu belo texto! Como diz o Antônio, isto está virando um blog educativo, aprendi muito hoje. E fiquei com urgências de voltar a Campos do Jordão com outro olhar para visitar este parque fantástico. Voltar com outro olhar porque o primeiro, fui com meu filho, foi para a cerveja feita lá. Que também é muito boa. Parabéns. Ah, é linda também a lenda! Até mais.
Oi Ana. Minha mãe gostava muito de Dulce Regina e isso torna-a mais presente na minha vida. Aliás, ela estaria se encantando com essas minhas prosas sobre flores, jardins, natureza...foi minha maior incentivadora. Quanto a Campos do Jordão, volte lá sim...além da baden-baden, inauguraram uma cervejaria artesanal chamada " Cara de Malte , para quem não bebe o óbvio ".e serve comida alemã ,na estrada que vai para o bosque. Uma delícia ! E não deixe de visitar o parque, que não sei a razão, é pouco divulgado por lá. Abraços
ExcluirDulce, gostei de saber de onde vem o nome Mantiqueira, agora a serra ficou mais bonita para mim. Obrigado, e um abraço.
ResponderExcluirOi Wilson. Vá lá dar um passeio com sua namorada, é ótimo para casais maduros, banquinhos prá todo lado, boa comida ( sopa no pão deliciosa ! ) cerveja ou vinho para beber, dependendo da temperatura, ruas de pedestre para andar calmamente, paisagem alucinante com árvores típicas da região , plátano ( que chegou por lá no início da década de 40 ), pinheiro-do-brejo ( que assim como o plátano, fica com suas folhas vermelhas no outono ), araucária ( que é a árvore símbolo de Campos do Jordão ) e o mais importante tranqüilos e sem medo.. Nós adoramos esse passeio ! Abraços
ExcluirDulce, minha amiga, chego atrasado e meio apressado mas não poderia deixar de lhe dar os parabéns e lhe dizer o quanto é bonito o seu post.Campos de Jordão só podia mesmo ser o seu presente anual de final de ano. Tudo a ver!
ResponderExcluirEstivemos no Amantikyr - que além de bonito é perfeito para caminhar - faz alguns anos. Eles tinham um jardim de bromélias que chamou minha atenção pois gosto delas, valentes e adaptáveis. Melhor que a visão do seu parque florido só aquela lá do Pico do Imbiri e - talvez! - a do palmito pupunha do Gato Gordo que - pelamordeeus! - mesmo o mais desvairado dos carnívoros come chorando e bisando o tal do arroz integral!
Um grande abraço
Olá Moacir. Que bom você ter gostado do meu post, mas ainda falta muito para o fim de ano, até lá talvez ainda fale mais do parque ou de Campos do Jordão. Engraçado é que não lembro de bromélias no Amantikyr - procurei nas minhas inúmeras fotos de lá e não achei nenhuma, e olhe que eu adoro essas flores, tenho até em casa. Não conheço o Pico do Imbiri, fui procurar a sua localização e vi que já não dá mais para essa sua amiga passear por lá, pois o acesso é difícil e com minha coluna " biônica " se eu tentar, vou me estrepar toda. A dica do Gato Gordo foi ótima , quanto lá voltar vou experimentar esse palmito, o arroz integral eu não gosto. Valeu ! Abraços
ResponderExcluirSem dúvida, D. Dulce, seus textos são sempre cheios de novidades e informações enriquecedoras.
ResponderExcluirE ainda arrisco dizer que seus textos são um convite ao turismo: Teresopolis, Campos do Jordão, (tá faltando Gramado...) .
A verdade é que aos seus olhos e sentidos, todo lugar é único e vivo, e tem muito a nos dizer.
Basta ter natureza viva pulsando e boas histórias.
E nem precisa ser um lugar turístico, só precisa ter um admirador que saiba observar, se comunicar e valorizar o mundo a sua volta (basta lembrar como descreveu o Grajau).
Seu texto me despertou uma enorme vontade de conhecer estes jardins e apreciar as belezas e a lenda da Serra que chora.
Bjs Rosane
Oi Rosane. Você me conhece bem e sabe que sou observadora em tudo e de tudo. Tenho memória visual à flor da pele e nada me passa batido, principalmente as pequenas coisas da natureza. Quanto a sua vontade de conhecer o Parque Amantikyr, está nas suas mãos, é só programar um fim de semana com seu amado. Abraços , Dulce
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