Piero della Francesca - La Leggenda da Vera Croce (Battaglia di Eraclio e Cosroè) |
Moacir
Pimentel
No final do verão de
1983, às vésperas de voltar para casa depois de muitos anos estudando e
mochilando pelo vasto mundo, fui convencido a participar de uma expedição
artística na Toscana a qual tinha por objetivo ver de perto, in situ, os
afrescos do pintor renascentista Piero della Francesca.
Devo confessar que preferia passar meus últimos dias no Velho Mundo de
papo para o ar numa praia, ou lendo um bom livro debaixo de uma ramada, em vez
de aderir àquela comitiva formada por historiadores de arte, entre eles a minha
então namorada, para apreciar afrescos desbotados em ignotas igrejinhas e
palácios decadentes perdidos nos vales da Toscana.
Mas como não fazer chorando o que ela me pedia sorrindo? E ademais eu,
que de vez em quando rabiscava com grafites ou carvões, pensei lá com meus
botões que nos afrescos do Piero eu bem que poderia encontrar alguma inspiração
para meus riscos. Quem sabe uma daquelas Madonnas florentinas de olhos baixos
não virava um bom desenho?
Então coloquei caderno e lápis na mochila e botei o pé na estrada, mas
confesso que comecei a peregrinação descrente e distraído. Porém...
Além de ter sido fulminado de pronto pela beleza dos trabalhos do
artista, naquele passeio aprendi a gostar de ver arte antiga nos contextos onde
ela fora idealizada e feita. É lá que ela precisa ser vista.
Não me interprete mal, sou viciado em museus, mas a arte sacra jamais
foi pensada e executada para ser contemplada neles. Afrescos como os de Piero
della Francesca foram destinados a um canto específico de uma igreja
específica, muitas vezes dialogando com o espaço, a arquitetura, as outras
obras de arte que os cercam, a história da igreja, e até mesmo o temperamento
da iluminação.
A viagem terminou sendo divertida e o turismo, o
namoro e algumas comilanças aqui e ali fizeram parte da diversão, é claro, mas
ao fim e ao cabo, inesquecível e bom mesmo foi ver o trabalho de Piero della
Francesca como ele fora visto, admirado e adorado desde a sua criação, nas
sombras arcaicas das igrejas e palácios medievais e renascentistas.
Eu sabia muito pouco sobre esse pintor, filho da Toscana, que fora capaz de perceber os segredos do espaço e da luz e de refleti-los magistralmente
em suas obras. Descobri naquelas andanças um sentido poético na arte de Piero della
Francesca, um sentimento de intemporalidade transmitido pela harmonia dos tons
claros e pelo tratamento impecável dado às suas figuras.
O termo que melhor define a sua arte talvez seja tranquilidade, que jamais
dispensou, no entanto, um tratamento técnico rigoroso. Sua obra se caracteriza
por uma dignidade clássica, similar àquela dos afrescos
de Masaccio, cujas figuras majestosas na Capela Brancacci da Igreja
de Santa Maria del Carmine, em Florença, sem dúvida
influenciaram Piero della Francesca.
Ele nasceu Pietro Franceschi, em 1415, em Borgo Santo Sepolcro, na
Toscana, filho do riquíssimo comerciante de tecidos Benedetto de Franceschi e
de Romana di Perino da Monterchi, no seio de uma das
mais aristocráticas famílias da Itália.
Como artista primou pela criatividade utilizando nos seus afrescos técnicas
e temáticas inovadoras como, por exemplo, a representação da natureza, o nu, e,
principalmente, a perspectiva e a criação da volumetria.
No século XV, Piero Della Francesca desenvolveu uma pintura pessoal e
solene, que se diferencia pela utilização da geometria espacial e da abstração.
Piero também era, além de pintor, um matemático e geômetra
renomado.
O artista dedicou os últimos anos da sua
vida à matemática, a escrever tratados sobre aritmética,
álgebra, geometria e análises inovadoras em perspectiva. O seu derradeiro tratado intitulado De Prospectiva Pingendi sobre a perspectiva
na pintura, foi ditado por ele a terceiros quando começou a ficar
cego aos 70 anos.
O profundo interesse de Piero pela perspectiva absorveu
o pintor e essa abordagem contemplativa é evidente em toda a sua obra.
Piero Della Francesca - A Flagelação (imagem Wikipedia) |
A Flagelação de Cristo, por exemplo, que mora na
Galleria Nazionale delle Marche, em Urbino, deixa evidente o matemático no
pintor.
Esse é um dos quadros mais famosos e controversos
do início do Renascimento pela sua sobriedade geométrica e pelo enigma jamais
resolvido quanto à natureza dos três homens que estão aí acima no primeiro
plano.
Começamos a descobrir as obras de Piero della Francesca
pela província de Arezzo, em Valtiberina, o alto vale do rio Tevere, que atravessa
aquelas paragens até a fronteira com a Umbria no extremo leste da Toscana. No
passado Valtiberina representava o ponto de encontro, a fronteira entre diferentes
civilizações, entre os úmbricos e os etruscos, os bizantinos e os longobardos.
Arezzo foi nossa primeira parada e é uma cidade
esplêndida de pé sobre uma colina na Toscana oriental, ali logo atrás dos
Apeninos e ao lado da Romagna. A
arquitetura do seu centro histórico é evidência das origens antigas da cidade
que foi um dos principais centros dos etruscos antes de se tornar uma encruzilhada
estratégica no tempo dos romanos. A maior parte da cidade é tipicamente
medieval, dominada pela Catedral e por uma fortaleza.
No início da década de 1450, a serviço de prósperos
comerciantes de Arezzo, os da família Bacci, Piero começou a pintar uma
das obras mais importantes do Renascimento.
Em 1459 teve que interromper por breve período o
trabalho a fim de decorar os aposentos do Papa Pio II no Vaticano – trabalho
esse que posteriormente foi coberto pelas tintas de Rafael. Em 1466, o ciclo de
afrescos da Lenda da Verdadeira Cruz, na Capela Bacci da Basílica de São Francisco
em Arezzo foi finalmente concluído.
Para mim, a imensa obra
formada pelos afrescos da Lenda da Verdadeira Cruz, foi uma revelação e o que
eu não conseguia entender por mais que tentasse era por quais cargas d’água o
mundo lá fora não dava a menor bola para tais tesouros de arte. Ninguém jamais
havia me falado de nenhuma Lenda da Verdadeira Cruz e muito menos de tão
maravilhosas pinturas! Esses afrescos são uma obra prima da pintura
renascentista e talvez os mais representativos do trabalho do artista.
Cobrindo cada centímetro de todas as paredes da Igreja,
franciscana, eu contemplei boquiaberto afrescos estupendos ilustrando uma
narrativa de fontes medievais – oriundas de uma compilação de relatos chamada
de A Lenda Dourada, da lavra de Jacopo
da Varagine no século XIII - de como as relíquias de
madeira da Cruz vieram a ser encontradas por Santa Helena.
Os afrescos foram pintados em três níveis nas
paredes laterais e na do fundo do templo. Piero della Francesca não seguiu a
ordem cronológica dos eventos ao pintar, mas, em vez disso, desenvolveu uma
simetria só dele entre as várias cenas, pintando no nível superior aquelas ao
ar livre, no nível mediano as que rolavam na corte e, por fim, no nível mais
baixo, aquelas de batalha.
As cenas representavam episódios tirados do
Antigo Testamento e os acontecimentos que levaram à descoberta da Verdadeira
Cruz pela Imperatriz Helena. Eram histórias que eu não conhecia então, mas que
percebia estarem ligadas umas às outras, começando pela A Morte de Adão
Piero Della Francesca - A Morte de Adão (imagem wikipedia.org) |
e terminando
com A Exaltação da Cruz, num ciclo completo e multifacetado.
Piero Della Francesca - A Exaltação da Cruz (imagem commons.wikimedia.org) |
Mais do que em qualquer outro lugar e
como seria de esperar de um pintor matemático, Piero fez coisas maravilhosas
com a perspectiva nessa Igreja franciscana. A Cruz, usada para ressuscitar os mortos,
empurrava para a frente o primeiro plano e parecia prestes a saltar para fora
da parede.
Não é possível comunicar o meu espanto diante da beleza daquela obra esquecida
na Toscana e o que é pior, se deteriorando. Até hoje considero a Basílica de
São Francisco de Arezzo, como uma pequena Sistina.
Lembro de ter contemplado um afresco lateral da
Madalena, fora da Lenda da Cruz, e percebido que o olho direito da santa era
estranho, assimétrico, para concluir depois de ver a perfeição das centenas de
outros rostos ao meu redor, que Piero o fizera torto e caído de propósito pois
o detalhe dotava aquele rosto com uma imensa melancolia, como se as pálpebras
estivessem inchadas do muito que ela chorara.
Eu estava contemplando, em ambiências e cores extraordinárias,
cenas das quais jamais tivera notícia, cheias de personagens exóticos, como por
exemplo a Rainha de Sabá e o rei Salomão se encontrando.
Piero Della Francesca - O Encontro entre a Rainha de Sabá e o Rei Salomão (imagem warbur.chaa-unicamp.com.br) |
Um dos afrescos mais surpreendentes é O Sonho de
Constantino, onde além de um anjo em voo rasante e rostos com expressões
misteriosas, Piero conseguiu retratar o silêncio.
Piero Della Francesca - O Sonho de Constantino |
Mas Piero della Francesca também tem obras em Rimini,
onde trabalhou para Sigismondo Malatesta na redecoração de outra Igreja de São
Francisco, conhecida como Templo de Malatesta. Um de seus afrescos mostra
Malatesta ajoelhado em veneração a São Sigismundo, seu santo padroeiro.
O artista também pintou para o grande rival de
Malatesta, Federico da Montefeltro, cuja corte em Urbino era um famoso centro
de aprendizado humanista e artístico. Foi em Urbino que Piero della Francesca pintou
o díptico mostrando Federico e sua mulher, Battista Sforza, de perfil contra
uma luminosa paisagem de colinas verdejantes e de águas plácidas.
Piero Della Francesca - Ritratto di Battista Sforza e Federico da Montefeltro (imagem The York Project) |
Aliás, tal obra seria, no
Século XX, de importância fundamental para o advento do Cubismo, pois foi objeto
de estudos por parte de Picasso, Braque e outros, em função da construção quase
geométrica dos rostos retratados. Hoje na Galeria Uffizi, os
retratos geométricos precursores da arte moderna, foram inspirados pelos perfis
das grandes medalhas de bronze renascentistas com os retratos oficiais dos
poderosos.
Porém as façanhas pictóricas de Piero Della Francesca em
Rimini e Urbino nos pareceram pequenas quando chegamos a Sansepolcro e pudemos
contemplar mais duas excepcionais obras do artista: o Políptico da Misericórdia
- o primeiro trabalho de Piero de que se tem notícia - e a Ressurreição, nos
quais ele utiliza várias perspectivas.
A Ressurreição, um afresco
pintado por volta de 1460, nós conhecemos em um palazzo- naquela época caindo
aos pedaços! - onde originalmente a obra fora pintada no salão principal. Recentemente
o local foi convertido no Museu Cívico de Sansepolcro.
Piero Della Francesca - A Ressureição (imagem www.artchive.com) |
Nesse afresco o artista usou uma perspectiva dupla:
os soldados diante do sepulcro são vistos de baixo para cima, enquanto que a
parte superior um novo horizonte passa pelo rosto do Cristo. Isso é mais que
habilidade técnica. Esse afresco possui conteúdo simbólico e emocional e
contrapõe a letargia humana, abaixo, ao despertar milagroso do ressuscitado,
acima.
O rosto e o vulto desse Cristo são um bom exemplo
da representação de Piero do corpo humano. Embora à primeira vista suas figuras
de homens e mulheres possam parecer inexpressivas e mais contemplativas do que
ativas, elas possuem vitalidade e nobreza inquestionáveis.
Esse Cristo de Piero se
levanta do sepulcro equilibrado, com uma postura atlética e quase militar e
pode-se imaginar o bater de tambores para anunciar sua ascensão dos mortos.
Ele encara, confronta seus
espectadores cara a cara e carrega a cruz de São Jorge na mão, como se ela
fosse uma bandeira de batalha. Defronte dele e em primeiro plano, cochilam
quatro guardas, em várias poses que permitem a Piero mostrar-nos como é
brilhante a sua manipulação precisa da perspectiva.
O segundo
guarda à esquerda vestido de marrom - dizem os especialistas que essa figura é
um auto retrato do artista - inclina-se para trás e se apoia no túmulo de
mármore, nos convencendo que habita um mundo tridimensional.
Uma das histórias anexadas a esse afresco versa sobre como, durante a Segunda Guerra Mundial, o oficial do exército britânico Anthony Clarke desafiou uma ordem de seu comandante para bombardear a cidade. Clarke tinha lido um ensaio sobre a obra de Piero della Francesca e recusou-se a promover a destruição da pintura. Descobrimos que a cidade de Sansepolcro tem uma rua com o nome do seu salvador.
A Ressurreição de Piero, que pode muito bem ter sido a primeira imagem a jogar com dois pontos de fuga, simboliza a renovação nas árvores que foram pintadas estéreis à esquerda e cobertas por folhagens sutilmente iluminadas pelo sol à direita.
As pinturas de Piero foram
inovadoras em várias frentes - inclusive no uso de diferentes tipos de pigmento
- mas o que as torna tão especiais é a estranheza sedutora dos olhos de suas
figuras. Eu não me lembro de outro Cristo que olhe tão fixamente para seus observadores.
Mas ali, em Sansepolcro o
que nos deixou mesmo de queixo caído foi o Políptico da Misericórdia que também
mora no palazzo onde nasceu, hoje a Pinacoteca Municipal de Sansepolcro.
Piero Della Francesca - Políptico da Misericórdia (imagem Louis-Garden - Mes Images D'Italie) |
Na composição pudemos ver grande parte
da galera santíssima. Nos painéis superiores estão o Arcanjo Gabriel, a Virgem na Anunciação, São
Bento e São Francisco de Assis. Nas laterais estão Santo André e São Bernardino,
São Sebastião e São João Batista. Nenhuma outra figura de Piero, mais do que
esse São Sebastião, mostra-nos tão estreito parentesco com os Adão e Eva nus deixando
o Jardim do Éden do pintor Masaccio. Nas cenas laterais, entre a sucessão de santos, os peregrinos Egídio e
Arcano, os fundadores míticos da cidade, estão representados.
A composição é uma espécie de nicho arquitetonicamente
concebido, para que nele a figura cilíndrica da Madonna da Misericórdia possa
se impor em uma posição perfeitamente axial, mesmo que o afresco tenha sido
finalizado no topo e ao centro com uma Crucificação.
A Madonna é o centro da composição e do mundo de Piero:
O painel da Madonna della Misericordia retrata seu gesto misericordioso e protetor, olhando para baixo e envolvendo seus devotos em seu manto.
Piero coloca
as demais figuras em um espaço tridimensional realista criado pelo manto da
Madonna, um espaço que se assemelha à abóbada de uma igreja. A Madonna ainda é
retratada bem maior em tamanho do que as figuras humanas, uma tradição na
pintura medieval. No entanto, a apresentação totalmente tridimensional da
figura, inspirada por Masaccio, e a perspectiva da qual Piero era expert, são
claramente renascentistas.
No detalhe eis as Madonnas de Brera e de Senigallia com as
suas Crianças e Anjos, ambas descritas como sendo das mais belas obras de
Piero:
Nesses afrescos podemos ver que aquele olhar destemido e intrigante do
Cristo da Ressurreição não é um fato isolado na obra do artista. Ai estão, de
novo, outras poderosas miradas.
Não as das serenas Madonnas, que certamente são impressionantes embora não nos encarem, olhando ternamente que estão para seus filhos, mas o jeito fixo e altivo de olhar para o observador que tem esse mesmo anjo guardião, à esquerda da primeira e à direita da segunda Madonna.
O conjunto da obra de Piero della Francesca é um
cortejo solene de figuras monumentais, de grave dignidade, imersas numa
contemplação mística e dispostas segundo rígida geometria.
O estilo de Piero della Francesca é diferente da
pintura dos artistas italianos do seu tempo. Em vez de detalhes decorativos,
firulas graciosas e ornamentações supérfluas, ele propõe a harmonia geométrica
e uma austeridade clássica numa obra que busca a celebração religiosa por meio do
diálogo eterno entre o humano e o divino.
Depois de visitar Sansepolcro,
a nossa viagem artística continuou pelos campos de Val Cerfone até Monterchi. Na
aldeia natal da senhora sua mãe, no topo de uma colina na fronteira com a
Umbria, Piero della Francesca pintou aquele que para mim é o seu mais
extraordinário afresco: o da Madonna del Parto, na antiga igreja de Santa Maria
di Momentana.
Mas essa já vai ser outra “conversa”...
1) Hoje o Moacir nos proporcionou uma aula magna. Bela viagem por terras italianas.
ResponderExcluir2) Qdo o texto falou nos Etruscos, lembrei que, certa feita, um astrólogo fez o meu mapa astral cármico e disse que, na antiga Etrúria, eu fui um comerciante: "amado por muitos e odiado por muitos".
3) Acho que fui padeiro, mas o que eu aprontei não sei...
Olá Antônio. Parabéns, pelo dia do Mestre. Um profissional tão pouco reconhecido nos dias de hoje. Abraços, Dulce
Excluir1)Obrigado Dulce !
Excluir2)Gosto muito de ser professor, aprendo muito com alunos e não-alunos ...
3)É uma vocação-Caminho.
Antonio, faz bem à alma ler sobre seu mapa astral; geralmente as pessoas se iludem e dizem que foram Júlio César, ou Cleópatra, ou outra figura famosa, nunca entendi como podem acreditar em mais de uma tendo sido o mesmo personagem famoso ou famosa :)
ExcluirE a Ana manda perguntar porque você acha que foi padeiro (carreira que tem toda a nossa estima, um avô português e querido da Ana era um padeiro daqueles à moda antiga :)
1) Ois Ana e Wilson, porque a minha irmã mais velha, qdo tinha uns 13 anos, foi ser balconista na padaria próxima, lá em Realengo, RJ, o dono era um português gente boa. Hoje minha irmã é professora no DF.
Excluir2)Porque a minha mãe, acordava todo dia 5 horas da manhã e ia nessa padaria comprar pão e leite para a família. Quando cresci era eu ...
3)Porque eu achava (com todo o respeito aos que discordam) que Jesus era um pouco padeiro, ele multiplicou os pães. Não apenas o pão material, mas o pão espiritual. Neste sentido, ainda hoje ele é um "padeiro espiritual" ... escrevo com reverência !
Antônio,meu vizinho, se você foi etrusco e padeiro da gema então deve ter feito muuuito "pane d'uva" uma receita herdada do seu povo ainda muito apreciada naquelas paragens centrais da Itália.
ExcluirTambém escrevo com toda reverência e água na boca..hummmm!
Abraço
Não entendo muito de arte mas é bom aprender com você, Moacir. Gostei mais dos quadros das duas últimas madonas. Os dois meninos Jesus estão usando uma espécie de colar vermelho e eu queria saber se isto tem algum significado. Pergunto porque você nunca falha nas respostas e aproveito para agradecer pelas informações que deixou pra mim no artigo sobre Portugal.
ResponderExcluirMoacir,
ResponderExcluirEu já li duas vezes o seu artigo pois não conhecia o artista. As suas descrições das obras de arte são o ponto forte como sempre. Parabéns! Notei que falta um pedaço do anjo do Sonho mas nunca teria percebido os olhos inchados de Santa Madalena nem que as árvores da Ressurreição estão mortas de um lado e vivas do outro. As figuras de Adão e Eva são maravilhosas e os anjos perto das lindas Madonas realmente encaram a gente de forma desafiante mas eu que sou católica estou familiarizada com a imagem do Cristo Salvador do Mundo nos olhando fixamente enquanto nos abençoa. Não tenho certeza mas acredito que um dos grandes nomes da pintura O pintou assim. Obrigada por mais uma bela aula de arte e um grande abraço para você.
Flávia,
ExcluirO seu comentário me fez aprender uma coisa e lembrar de outra.O Cristo Salvador do Mundo, olhando diretamente para seus observadores e abençoando-os com a mão direita foi pintado por El Greco e, acredite,eu já estive diante da obra, em Toledo , acreditando que se tratava de um dos apóstolos. Não sou um especialista em santos. Entre os Cristos de El Grego chamam a minha atenção o Expólio e o incrível Cristo Carregando a Cruz e, não fora você , o quadro do Salvador do Mundo continuaria passando batido. Veja se é essa a figura que lhe é
familiar:
https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/564x/a3/ed/98/a3ed98890b0bb6eebbdeb3c912b4bcbc.jpg
Se não for ainda há outra possibilidade e dela eu havia me esquecido. Trata-se de um Salvator Mundi que foi atribuído a Leonardo da Vinci há alguns anos atrás no qual se vê um Cristo, de mãos leonardianas - uma abençoando e a outra segurando um globo translúcido - que chegou a ser exposto num dos grandes museus do mundo - não lembro qual - antes de ser adquirido por um colecionador particular e sumir . Há argumentos muito interessantes tanto a favor quanto contra a hipótese da obra ter sido pintada por Leonardo da Vinci e eu inclusive já "conversei" sobre o tema. Se eu conseguir localizar nas minhas gavetas o rascunho, talvez ele possa vir a ser aprovado pelo nosso Editor e virar post. Não é uma promessa mas uma firme intenção. Gratíssimo pela sua leitura e comentários tão atentos e gentis.
Abraço
Moacir,
ExcluirVocê é um homem muito educado por perder tempo respondendo a meu comentário num domingo. Muito obrigada pela foto do Cristo de El Greco mas fiquei na dúvida. Seria melhor conversarmos sobre o de Leonardo da Vinci para ter certeza 😊 Pense com carinho e escreva sem pressa, por favor. Deixo-lhe um abraço.
Oi Moacir. Esse seu artigo maravilhoso deve ser lido, mitigado, cacarejado com pompa e circunstância, e prometo que vou fazê-lo tão logo esteja em casa, tranqüila , sem nenhuma interferência alhei. Ficarei eu e Piero. Viajarei por esse mundo das artes do filho de Benedetto e Romana di Perino- achei os nomes lindos ! - e tentarei ver todos os detalhes descritos na sua narrativa espontânea - " na composição pudemos ver toda a galera santíssima " - descritiva das cores, das nuances, do relêvo... Todas as pinturas me impressionaram e " juro-te " foi uma dádiva de Deus essa minha nova lição de casa. Essa semana precisarei estar com a cabeça bem ocupada com coisas boas. Obrigada meu amigo . Dulce Regina
ResponderExcluirMônica,
ResponderExcluirVocê que presta atenção nos detalhes, deve ter percebido o quanto esses dois meninos Jesus do Piero são parecidos. A exceção à regra é o bebê alvo retratado na Natividade, mas a obra foge mesmo do comum.
http://i.telegraph.co.uk/multimedia/archive/01791/nat4_1791714b.jpg
Note que o segundo Anjo - no sentido horário - é sempre o mesmo, aquele que nos encara de forma valente. Quanto às contas de coral não pude encontrar nada que verdadeiramente as explique , a não ser poéticas alusões ao sangue, símbolo da vida e da morte, o destino a ser superado pelo homem Cristo. Eu prefiro pensar que o motivo para os cordões tenha sido cultural, pois na Itália antiga o coral vermelho era um amuleto, uma proteção que, acreditava-se,trazia boa sorte para as crianças. Mas,repito, estou apenas supondo.
Dulce Regina ,minha amiga, se você precisa na semana que começa manter ocupada essa sua bendita cabeça,sempre disposta a aprender, tente se lembrar de qualquer coisa que eu tiver rascunhado sobre não só sobre o Cristo Salvator Mundi mas, na sequência sobre duas outras obras: dois cavaleiros de bronze sobre panteras - um jovem e o outro mais velho - cuja autoria foi atribuída a Michelangelo e contestada.
Na realidade não é nem o texto que me faz falta , são as fotos de desenhos feitos pelos dois artistas que, na minha opinião,foram trabalhos preparatórios anteriores à execução das obras e que mais do que provam terem sido da Vinci e Michelangelo os seus criadores. À época eu tinha os títulos dos sketches e pude então pesquisar as imagens e localizá-los todos e confrontá-los com as respectivas obras. Lembro de ter compartilhado as fotos com você. Se por acaso as salvou ou se lembrar de qualquer detalhe, avise, por favor.
De resto "mitigue" o Piero beeem direitinho. Ele merece. E tenha uma semana cheia de paz.
Obrigado a vocês pelas palavras de incentivo e um grande abraço