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08/10/2016

Ateísmo Budista

Buda falando aos Kalamas (imagem http://www.buddha.sg/)



Antonio Rocha


Como tudo na vida, o ateísmo é plural. Existem várias correntes.

Isso me faz lembrar da grande e saudosa escritora, Zélia Gattai, esposa do também ótimo escritor Jorge Amado, quando escreveu “Anarquistas Graças a Deus”.

Da mesma forma, o anarquismo abrange diversas correntes, uma delas, o Zen-Budismo que é um método anarquista religioso.

A editora Pensamento lançou “Confissões de um Ateu Budista”, de Stephen Batchelor, 352 páginas.

O autor nasceu na Escócia, foi hippie, andarilho pelo mundo, depois virou lama do budismo tibetano, ordenou-se em seguida monge zen-budista. Por fim, tirou os mantos, é hoje um leigo, professor de Filosofia Budista e reside no sudoeste da França.

De formação ocidental, conta, teve dificuldade em acreditar e aceitar o imaginário popular budista, isto é, as crenças que o povão, a massa budista pratica na Ásia, imaginário este eivado de animismo e rituais que lembram os espiritualistas, esoteristas, espíritas, kardecistas e umbandistas com os princípios de renascimento e/ou reencarnanação, energias e outros mais.

Optou então pela Filosofia, algo que muitos chamam de Budismo Acadêmico, estudado nas universidades.

Batchelor também é autor de “Budismo sem Crenças”, editora Palas Athena, 162 páginas. Obra que enfatiza a interface entre o Budismo e o Ceticismo moderno.

O assunto é antigo: o alemão Helmut Von Glasenapp, publicou em 1974, “El Budismo una Religion sin Dios”, por editores Barral, Barcelona, 166 páginas.

E o teólogo católico espanhol, Raimon Panikkar (1918-2010), editou pelas ediciones Siruela, de Madrid, “El Silencio del Buddha – una Introducción al Ateísmo Religioso”, 424 páginas. Panikkar foi professor visitante de Harvard.

Portanto, o ateísmo, o ceticismo e o agnosticismo estão presentes dentro e fora das religiões.

É bom lembrar que, de acordo com o último censo do IBGE, o maior contingente de pessoas que cresce, é o número dos que se dizem ateus, agnósticos e céticos... mas... de qual linhagem?

Ou como escreveu o pensador italiano, Norberto Bobbio (1909-2004): “Qual socialismo ?”

Podemos aplicar a pergunta acima em todas as instâncias da vida. Fato, aliás, recomendado pelo próprio Buda, no século VI, antes da era comum, também conhecida como antes de Cristo.

Qual ateísmo? Qual ceticismo? Qual agnosticismo?

Encerro a reflexão com um texto atribuído ao Buda:

O mestre Buda estava visitando a etnia dos kalamas, um povo lá da antiga Índia. Ele foi questionado sobre esta coisa de acreditarmos em algo que não conhecemos. Então o pensador Buda respondeu:

- “Agora escutem, Kalamas. Não se deixem desviar pelos relatos ou pela tradição ou pela voz comum. Não se deixem desviar por vossas experiências a partir das escrituras nem pela mera lógica ou inferência, nem depois de considerar as razões, nem depois de refletir sobre alguma opinião e aprova-la (...) Porém quando conheçais por vós mesmos: estas coisas são boas...”

É um trecho muito conhecido chamado “Discurso aos Kalamas”. Resumindo: Só siga se você quiser e após investigar se vale a pena ou não.




  

4 comentários:

  1. Olá, Antônio. Meu ateísmo continua o mesmo mas minha cabeça...quanta confusão! Preciso saber tudo isso pa ser o que sou? Se bem que existe a alegria do saber e , os gregos já disseram, que é no espanto que começa o pensamento. Estou certa? Voce é o responsável,dê-me mais respostas! Em tempo, gostei muito da Dona Asma, leve, divertido quase trágico,e muito compartilhado. Mas gostei muito também das gravuras da sua mulher, encantei-me com os pássaros! Daí sugeri falar sobre ela. Mas não precisa largar uma e falar da outra, voce consegue viver bem com essa bigamia! Até mais ( e mais!)

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  2. 1)Obrigado Ana. A Dona Asma é "apego" antigo, cármico. Digamos, uma bigamia fraterna...

    2)Já andei pensando nos trabalhos da Heloisa, mais adiante escrevo.

    3)Bom domingo !

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  3. Moacir Pimentel09/10/2016, 18:33

    Antônio , meu vizinho, chego atrasado, pois tanto ontem quanto hoje estivemos às voltas com um Homem de Ferro de dois anos e meio que só tira a máscara para chupar chupeta. Acabo de ser alforriado pelos pais do meliante.Seguinte: eu não penso Deus. Nem morto! Certa vez uma amiga polaca que eu tinha ( será que descendente de ciganos ?) e que era engenheira mas fazia faxinas em Roma, depois de muita pasta e vino resolveu fazer minha "numerologia". Eu me lembro porque ela fazia contas e mais contas e escrevia e eu tenho uma excelente memória visual. Já a auditiva (rsrs).
    Não me recordo de tudo mas tinha o 1 ( a criança ) e o 9 (a alma velha ) e noves fora dava 1 de novo mas -tchan,tchan tchan - oriundo de um 10 e a dezena significava algo tão importante que já esqueci. E tinha o 3 que era a capacidade de comuniçação e o 5 que era a liberdade em todos os sentidos e um 4 - ou era 6 ? - que significava uma baita de uma família no meio do caminho e bem escondidinho , no fundo da alma funda, tinha um 7 que , segundo a especialista , era a tal da espiritualidade bem no centro do meu universo numérico problemático. Eu achei tããão complicado superar a herança judaico-cristã, ser criança e velho , comunicativo e introspectivo , livre e amoroso , pai e galinha que resolvi ali, na hora, que devia , não negava , mas só pagaria quando pudesse. Adiei o meu prezado 7 para uma nova administração noutra vida. Mas me aguarde pois a moça jurou de pés juntos que o meu 7 é funk. Ainda nos encontraremos vestidos de laranja no topo do mundo!
    Abração

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  4. 1) Olá vizinho Moacir, eu aprendi nos meus orientalismos que ninguém chega atrasado, ainda que hoje, no Ocidente, eu tenha me atrasado às 05:15 da matina e deixe o táxi me esperando...

    2)Me adaptei mais à versão asiática: todo tempo é hora de chegar, toda chegança não é tardança.

    3)Bons numerosos números. lembro que antigamente tinha um ditado popular: "Fulano, vc é número" ... todos somos ...

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