Van Gogh - Trauender alter Mann |
Moacir Pimentel
Uma das ideias sobre
masculinidade mais firmemente entranhadas nas mentes ocidentais é a de que os
homens não choram. Tudo bem que eles derramem uma lágrima discreta em um
funeral e – quem sabe? - é aceitável um berro de dor quando esmagam três dedos
da mão batendo neles com um martelo. Mas dos homens com H maiúsculo se espera
que recuperem rapidinho o controle já que soluçar abertamente é coisa para
garotas.
Eu me pergunto quantos
meninos neste momento estarão ouvindo que os “homens não choram” de pais e avós, professores e colegas, amiguinhos
e na televisão. Eles só perceberão na idade adulta o forte impacto que tais palavras
estereotipadas tiveram sobre eles e as suas compreensões da virilidade e da masculinidade.
Que os homens não
choram não é apenas uma expectativa social e sim um fato científico pois
pesquisas têm provado que as mulheres choram significativamente mais do que os
homens ou, para ser mais preciso, praí umas cinco vezes mais e quase o dobro do
tempo por episódio lacrimoso.
Mesmo sendo o choro
parte normal da vida, muitas vezes e desnecessariamente algumas pessoas
associam o homem que chora com a fraqueza e até mesmo o consideram efeminado. A
mensagem transmitida é que somos menos homens quando exibimos emoção.
Embora a ciência
insista que o choro é natural, a cultura ainda nos envia mensagens diárias de
que os homens fortes não choram e muitos pais continuam criando seus meninos
para chorar de forma privada, se não for possível evitar de todo, e o que é
pior, para patrulhar as próprias emoções, essas bobices só experimentadas por
maricas.
Muito se falou da
exposição pública de emoção do presidente Obama que recentemente derramou uma
mísera lágrima ao falar da violência armada nos Estados Unidos. As perguntas
que imediatamente surgiram foram no sentido de se é ou não apropriado para um líder
exibir emoção, como se chorar de alguma forma lhe tivesse diminuído a
autoridade e o descredenciado para a função que exerce.
Qualquer homem que se
sinta confortável dentro da própria pele não se preocupa com a percepção dos
outros sobre a sua auto expressão. Sente-se seguro o suficiente para derramar
lágrimas na frente de familiares e amigos e companheiros de trabalho sem se
preocupar se vão pensar isso ou aquilo. Mas... E quanto à maioria de nós,
pobres mortais, cuja auto estima não está com essa bola toda?
Pessoalmente - e não
sendo masoquista! - eu não gosto de chorar, mas eu não tenho medo ou vergonha
quando lágrimas rolam. Chorei publicamente aos treze anos no funeral da minha avó
e ninguém me disse para engolir aquele choro. Ele foi tanto o começo do luto quanto
o da cura e da cicatrização. Se não tivessem me permitido chorar ali como
aconteceu, talvez eu não tivesse sido capaz de lidar adequadamente com outras mortes
que me fizeram ser hoje um sujeito rico de perdas.
Portanto eu questiono
veementemente estas idealizações de homens que não choram, o pressuposto de que
as mulheres são as únicas proprietárias da expressão emocional, a ideia de que
os homens devem ser obrigados a internalizar seus sentimentos por causa de seu
gênero.
Chorar é sim uma
maneira fácil para liberar o estresse, de deixar ir embora a raiva e as emoções
negativas reprimidas ou simplesmente de sentir na alma funda e plenamente um
momento de realização e felicidade extremas. E ao fazê-lo o alívio que se sente
é incrível. Então eu me permito chorar quando me emociono fortemente. E ponto
parágrafo.
Tudo bem que as emergências
geralmente significam lágrimas e que há de se treinar certos profissionais a
engolir o bendito choro - como por exemplo os médicos e os soldados! - que
certamente não podem parar no meio de suas cruéis batalhas para um bom desabafo.
Na verdade, às vezes penso que a guerra ao longo dos séculos pode ter
contribuído para a ascensão cultural do herói duro, sem lágrimas e emocionalmente
estável, que estabeleceu um modelo para o comportamento geral.
Não dá para
simplesmente retirar do homem a expressão externa de um estado emocional
interno, quer se trate de felicidade, alegria, medo, tristeza, perda ou até riso.
Na sua formação biológica chorar é apenas a secreção de um líquido como
resposta de uma ligação neural a eventos que estão causando sofrimento
emocional e perturbação a um ser humano.
Sim porque só os
seres humanos choram. Somos a única espécie do reino animal capaz do fenômeno
emocional de chorar. Portanto, afirmar que os homens não devem chorar significa
duas coisas absurdas:
É, em primeiro lugar,
tentar alterar impossivelmente padrões evolutivos, fazendo prevalecer sobre
eles pressões sociais. Como também é buscar remover do homem a definição de
Homo sapiens, acomodando-o no reino dos animais não-humanos que não choram. Os
resultados de tais maluquices só podem ser preocupantes.
Nada racional
justifica que a sociedade considere mais apropriada a internalização da emoção
pela população masculina em vez de discutir e expressar seus problemas e
emoções abertamente. Uma forma de expressão humana que é benéfica às mulheres
para desabafar suas preocupações e sofrimentos, não pode ser entendida como
algo errado, contraditório ao gênero e combatida se praticada pelos homens.
Como podemos
controlar uma reação evolutiva para a aflição emocional, simplesmente porque nos
últimos dois séculos se passou a acreditar que quem chora não é suficientemente
macho? E mais importante, por que deveríamos?
Na verdade, as
disparidades de gênero no chorar parecem ter tido um desenvolvimento recente. A
evidência histórica e literária sugere que, no passado, não só os homens choravam
em público, mas ninguém entendia tal prática como sinal de falta de
masculinidade, coragem ou vergonha. As lágrimas masculinas já foram consideradas
normais em quase todas as partes do vasto mundo na maior parte dos capítulos da
história registrada.
Considere, por
exemplo, a Ilíada de Homero, em cujas páginas todo o exército grego explode em
lágrimas unânimes – e pasme! - não menos do que três vezes. O Rei Príamo não só
chora, mas arranca os cabelos, rasga suas vestes e rasteja no chão. Zeus chora
lágrimas de sangue e até mesmo os cavalos imortais choram baldes de lágrimas
diante do grito de Aquiles na morte de Pátroclo. É claro que não podemos
considerar a Ilíada como um relato fiel de acontecimentos históricos, mas não
há dúvida de que os gregos antigos consideravam a narrativa como um modelo de
como os homens heroicos deveriam se comportar.
Essa exaltação do
choro masculino continuou na Idade Média, onde ele aparece em registros
históricos, bem como na ficção. No épico francês do século XI A Canção de
Rolando, o poeta descreve milhares de cavaleiros chorando amargamente a morte
do herói. Ainda que saibamos tratar-se de ficção, é notável ler tal número de
homens expressando sofrimento e mais, que isso fosse algo considerado nobre e não
ridículo.
Além disso, o herói
masculino soluçante não era apenas um fenômeno ocidental mas também morava em
épicos japoneses. Pelo menos no Conto dos Heike, o relato épico sobre a luta
entre os clãs Taira e Minamoto pelo controle do Japão no final do século XII e que
é frequentemente citado como fonte de inspiração para o comportamento ideal de
um samurai. Sucede que naquelas veredas os bravos samurais e seguidores do
bushido choravam valentemente a cada capítulo “até as mangas ficarem encharcadas”.
Pode-se argumentar
que as situações acima citadas foram expressões públicas de tristeza cerimonial
e que antigamente os homens podiam chorar sem censura apenas de uma forma ritual
e sobre questões de peso como a morte, a guerra e a política, mas que as
lágrimas pessoais de amor e frustração certamente sempre estiveram confinadas dentro
das fronteiras do mundo feminino.
Conversa fiada! Não é
verdade. Em romances medievais, encontramos inúmeros cavaleiros chorando
simplesmente porque perderam suas namoradas. Nos versos do poeta Chrétien de
Troves, ninguém menos do que o herói Lancelot chora copiosamente a separação da
sua Guinevere. Os cavaleiros do Rei Artur são rotineiramente levados às
lágrimas quando nos contam suas histórias de cortar o coração. Em Camelot o
choro não era uma província habitada apenas por mulheres.
Mais notável ainda é
que não há nenhuma menção nestas conversas antigas de homens tentando
restringir ou esconder suas lágrimas. Ninguém finge que lhe caiu um cisco no
olho, ninguém dá uma desculpa para sair da sala. Homens de pé choram em salões
lotados, com a cabeça erguida, expressando de forma admirável seus sentimentos.
A Bíblia está repleta
de referências aos prantos de reis e de povos inteiros. As Confissões de Santo
Agostinho estão cheias de descrições do choro desenfreado do santo. A carta de
São Jerônimo para Eustóquio tem oito referências diversas às lágrimas e Santo
Inácio de Loyola descreve quase duas centenas de episódios de choro em seu
diário.
As lágrimas chegaram
a ser prescritas como parte integrante dos rituais católicos nas regras de certas
ordens monásticas, como um acompanhamento necessário à oração e ao arrependimento.
Ao longo da era medieval, a desaprovação se limitava às lágrimas hipócritas,
que eram compreendidas como pecados cometidos tanto por homens quanto por
mulheres.
Dito de outra forma,
até recentemente, os homens adultos realmente eram obrigados a chorar
publicamente na esperança de impressionar os seus pares, à exceção, para lhe ser
franco, dos machos literários escandinavos.
Até recentemente,
muitas culturas acreditavam que as lágrimas eram um sinal de virilidade. Lágrimas
públicas já indicaram honestidade e integridade e significaram que um homem
vivera por um código de valores e se importara e se emocionara o suficiente
para mostrar a dor quando as coisas deram errado.
Mas então, para onde
foram as lágrimas dos membros do sexo masculino? A verdade é que não se sabe ao
certo. Não houve nenhum movimento anti-choro, nenhum tratado contra as lágrimas
masculinas foi escrito e nenhum líder da Igreja ou de Estado introduziu medidas
para desencorajá-las. Seu declínio ocorreu de forma tão lenta e silenciosa que
ninguém parece ter notado como aconteceu. Mas de repente as lágrimas masculinas
foram reservadas aos poetas.
Talvez o
desaparecimento das lágrimas masculinas tenha sido o resultado da mudança da
sociedade feudal e agrária para uma que era urbana e industrial. Na Idade Média,
a maioria das pessoas passavam a vida entre aqueles que tinham conhecido desde
o nascimento, a maioria deles relacionados por sangue ou casamento. As cortes
medievais eram também ambientes de extrema intimidade, onde reis e cortesãos
passava dias inteiros na companhia uns dos outros, ano após ano.
Mas a partir do século
XVIII as populações tornaram-se urbanizadas e as pessoas passaram a viver no
meio de milhares de estranhos. Além disso, as mudanças na economia exigiram que
os homens trabalhassem em conjunto em fábricas e escritórios e a expressão
emocional. Até mesmo conversas privadas passaram a ser desencorajadas como
desperdício de tempo e as emoções passaram a ser amordaçadas para não interferir
no bom funcionamento das coisas.
O fato é o que os
homens foram privados do conforto das lágrimas, pois digam o que disserem é gratificante
chorar. Quem não se sente melhor depois de um bom choro, não importa se chorado
sozinho ou com alguém solidário?
Resta saber se a
supressão das lágrimas masculinas na nossa cultura é prejudicial ou benéfica.
Tem um lado positivo,
sem dúvida. A maioria de nós agradece, tenho certeza, por não ter que lidar
regularmente, por exemplo, com o choro de colegas de trabalho (rsrs)
Ver alguém chorando
nos deixa desconfortáveis como um resultado inevitável da nossa capacidade de
empatia. Não podemos deixar de sentir a dor das lágrimas alheias, mas por essa
mesma razão muitas vezes nos ressentimos delas. Elas podem ser interpretadas
como uma intimidade indesejada, o equivalente emocional de uma mão desconhecida
nos tocando inesperadamente ou de um estranho sentado no nosso sofá sem ter
sido convidado e a reação instintiva da maioria das pessoas saudáveis é fazer o
que for preciso para que as lágrimas alheias parem de correr.
Além disso, ninguém é
paranoico ao afirmar que o poder das lágrimas abre uma avenida para a sua
utilização como manipulação e chantagem emocional. Bebês naturalmente choram
quando estão com fome, ou quando sentem dor ou desconforto e logo percebem que
isso provoca respostas e cuidados urgentes por parte dos adultos (e, caso você
esteja se perguntando, as crianças do sexo masculino e feminino choram
igualzinho até atingirem a puberdade) É claro que há um ponto no
desenvolvimento de uma criança no qual tudo muda e muitos PlayStations já foram
comprados para crianças chorosas.
Embora o resultado
mais provável de se chorar no trabalho seja hoje ser demitido por e-mail e
mesmo que as lágrimas sejam inadequadas no contexto de uma avaliação de
desempenho, elas podem ser um pedido de socorro. Os seres humanos não foram
projetados para engolir suas emoções, e há razão para acreditar que a emoção e
as lágrimas reprimidas fazem mal.
O tabu contra a expressividade
masculina significa que os homens são muito menos propensos do que as mulheres a
pedir e a obter ajuda quando, por exemplo, sofrem de depressão. Tal
comportamento está relacionado com as taxas mais elevadas de suicídio e alcoolismo
e dependência de drogas entre os homens.
Homens estão se
matando por causa de stress, depressão, ansiedade, incapacidade de comunicar
seus problemas a outras pessoas e de encontrar ajuda. Pergunto-me até que ponto
não é cúmplice destas ações uma sociedade que prefere que seus homens se matem
a que baguncem o status quo do estereótipo masculino, dos homens que só por
serem homens são supostamente capazes de cuidar de si mesmos, pois ser homem é
não precisar de nada?
Precisamos alterar
estas perspectivas míopes, mudar nossos comportamentos e paisagens mentais,
livrar nossos netos dessa mesquinhez emocional, de pontos de vista
discriminatórios e crenças idiotas, da estagnação da identidade masculina e de uma
construção doida de pedra de suas masculinidades.
Fomos forçados por
tempo demais a obedecer a regras rígidas do que significa ser um homem, a
perseguir miragens sociais delirantes, a reforçar estereótipos, a sentir
vergonha dos nossos sentimentos e a ser punidos por não cumprir um código de
conduta emocional mentiroso e alienado.
Os homens não são
seres sub-humanos ou robóticos desprovidos de respostas humanas, como a emoção
e o sentimento e os que desaprenderam a chorar encaram o porvir em desvantagem.
Não serão perdoados pelo futuro os tipos fortes e silenciosos, desprovidos de
inteligência emocional e incapazes de se comunicarem, que hoje abdicam da
expressão de emoções com as quais jamais aprenderam a lidar.
Torço para que os
homens e mulheres esclarecidos continuem a ajustar as suas vidas pessoais em
torno de uma nova ideia de masculinidade e para que os ventos culturais mudem
na direção de uma nova aceitação de um homem mais emocional porém lúcido o
bastante para entender que, como acontece com a maioria dos comportamentos, o
choro é mais apropriado em algumas situações do que em outras. A verdadeira
tarefa a ser realizada não é apenas ter o bom senso de saber quando e como, mas
defender que os homens simplesmente derramam lágrimas como qualquer outro ser
humano.
Assim, poderemos
viver um fluxo livre para as lágrimas de todos os gêneros e embora não possamos
e nem queiramos voltar para as aldeias de vielas estreitas da era medieval,
podemos tentar reviver o seu espírito fraternal na aldeia global, onde não mais
suprimiremos nossos sentimentos sem compreendê-los e permitindo assim que nos
façam mal.
É hora de abrir as
comportas. Tempo dos homens desistirem de imitar os heróis de aço dos filmes de
ação e serem mais como os heróis emotivos de Homero, como os reis chorões, como
os santos iluminados foram em milhares de anos de história humana.
Quando a dor chegar
que tentemos todos - homens e mulheres - chorar até “encharcar as mangas”.
Quero um dia para chorar.
Mas a vida vai tão
depressa!
Não é preciso deixar
contida a tristeza,
para que a vida, que
acaba quando mal começa,
tenha tempo de se acabar.
Quero um dia para chorar.
Quero um dia para chorar.
Dia de desprender-me
dessa aventura mal entendida
sobre os espelhos sem
saída em que jaz a minha face
[ impressa.
[ impressa.
Chorar sem protesto.
Chorar.
(Cecília Meireles)
1) Bom artigo Moacir, concordo em parte.
ResponderExcluir2)Respeitosamente só discordo do parágrafo em que vc diz: "Sim porque só os seres humanos choram. Somos a única espécie ..."
3)Existe um filme documentário sobre a Mongólia que mostra o nascimento de um camelo albino e ele é rejeitado pela mãe. Então arranjam um músico que toca um primitivo instrumento de cordas, a camela ouvindo a bela música começa a verter lágrimas e aceita que o filho seja amamentado nela.É belíssimo, mas esqueci o nome do filme.
4)Existe um documentário brasileiro "A Carne é Fraca", do Instituto Nina Rosa, talvez se encontre no youtube que mostra os bois chorando antes de chegarem ao abate no matadouro. Eles sabem que vão morrer...
5)Cansei de ver meus cachorros vira-latas chorando por vários motivos.
6)Os crocodilos qdo estão deglutindo as suas presas lacrimejam copiosamente. É por isso que tem o ditado popular: "Chorar lágrimas de crocodilos".
7) E eu Antonio, choro qdo ouço o hino nacional e outros hinos.
8)Outro ditado: "chorar feito um bezerro desmamado"...
Antônio meu vizinho de aprendizagens,
ExcluirMuito nos acrescentam os que discordam de nós, embora só em um parágrafo.Ontem à noite eu naveguei por um mundo não humano maravilhoso de elefantes que pintam e camelos que vertem lágrimas e até de uma cadelinha que enterra um filhote...
https://www.youtube.com/watch?v=pIBbAFPc9s4
Como não entendo nadica de nada de choro não-humano,
li também o maior especialista na matéria que chama-se Ad Vingerhoet, é professor Universidade de Tilburg, na Holanda e que em 2013 escreveu o livro Por Que Só os Humanos Choram?
E pelo que pude perceber o mais novo pensamento sobre a ciência do choro - que a bem da verdade apenas engatinha - é que embora o choro tenha sido documentado em macacos, elefantes e até camelos, somente os seres humanos produzem lágrimas emocionais e que é apenas nos humanos que os episódios de choro persistem na vida adulta.
É complicado entender porque evoluímos assim uma vez que as nossas lágrimas ancestrais poderiam alertar predadores da presença humana. Penso que , embora em determinadas situações chorar pudesse ser arriscado, mais arriscado ainda seria gritar. Isto me parece fazer sentido no caso de interações mais próximas, como por exemplo durante o período prolongado da infância humana, quando uma lágrima basta para alertar uma mãe do sofrimento do seu bebê.
Aliás, é justamente a infância humana que mais explica o fenômeno das nossas lágrimas, pois os outros animais nascem completamente formados enquanto que os humanos vem ao mundo vulneráveis e fisicamente despreparados para lidar com qualquer coisa por conta própria. Aparentemente os humanos nunca superaram ataques ocasionais de desamparo, ao contrário de outros animais que, ao envelhecerem, não mais emitem pedidos de socorro, condicionados que foram pelos perigos resultantes.
Dizem os doutos que as nossas lágrimas são mais do que um sintoma de tristeza ou de necessidades , são um sinal visual - evoluído da angústia dos mamíferos primordiais - de que alguém está em sofrimento ou em perigo e que precisa de ajuda dos da sua espécie.
Abração
Antonio e Moacir,
Excluirhá um livro interessante, escrito por um psicólogo e uma bióloga americanos, que se chama "When Elephants Weep"(Quando os Elefantes Choram - não sei se foi traduzido) que é uma série de artigos sobre as emoções e compreensão dos animais conforme observadas em espécies e ocasiões diversas.
Não resolve a dúvida, mas vale a pena ler.
1)Ótima dica Mano, já está traduzido.
Excluir2)Quando os Elefantes Choram, Jefrey Moussaieff Masson e Susan McCarthy, Geração Editorial, 336 páginas.
3) Grato Moacir e Mano.
Moacir, excelente o artigo e para ser lido por homens e mulheres, pois tem mulher demais que ainda acredita em herói e em príncipe valente montado em cavalo branco. Você nos faz pensar no monte de bobagens que nos contaram e nós seguimos sem nem analisar pra ver se tem nexo e fazem bem pra gente.
ResponderExcluirBom dia, Moacir. O choro faz bem para a alma das mulheres e por que não ? dos homens. Bobagem essa história de que homem não chora... Isso só cabe em cabeças frias, sem emoção, duras e vazias em sentimentos. O choro é uma demonstração de amor ao próximo, e não só cabe em momentos tristes mas também em ocasiões de infinita alegria, com ver um filho, um neto nascer. Ou um ( a ) filha casar, entrar na igreja ao som da Marcha Nupcial, ou formar-se na carreira escolhida. Bonito ver um casal de avós chorando por alegria de receber a notícia que o neto passou em segundo lugar em medicina e de tristeza ao saber que esse mesmo neto adquiriu diabetes 1 aos quatorze anos. O choro contido não faz bem, se temos necessidade de extravasar nossa dor ou alegria devemos fazê-lo sem nenhuma parcimônia . # Chorar a qualquer momento ou lugar. Abraços, Dulce
ResponderExcluirMoacir,
ResponderExcluirEu li com atenção o comentário do Antônio pois adoro animais e perdi a conta de quantos cães e gatos já tive. Deles posso afirmar que falam de mil maneiras mas sem lágrimas. Se lacrimejam não o fazem como os humanos o que não significa que nossos amados bichinhos não sofram nem tenham alegrias. Lindos e oportunos o artigo e a obra de Van Gogh. O poema final é um primor cujas palavras me lembram um conto maravilhoso da Clarice Lispector no seu livro A Via Crucis do Corpo sobre um homem que chora. Você já foi criado de um jeito mais aberto e educou seus filhos sem clichês medíocres e eles passarão aos deles os mesmos valores só que melhorados. Mesmo tropeçando tenho fé em Deus que nossas cabeças e almas estão mais abertas e que caminhamos rumo a salvação. Um abraço para você.
Oi Moacir,
ResponderExcluirConheci um homem tido e havido como de muita sensibilidade. Para minha surpresa, um dia ele me disse: "Eu nunca chorei". Foi um espanto pra mim.
Na minha pequena família, os homens choram: filho, irmão, pai (este último chorava).
Meu irmão, no dia em que entrou em casa e a cachorrinha Vicky se arrastou ao encontro dele, para fazer a festinha costumeira, quase sem conseguir se mover, meu irmão a botou no colo muito sofrido e chorou.
Chorou várias vezes na vida, eu vi. Idem meu pai, que quando minha tia Sílvia morreu, ele chorou de soluçar alto no quarto dele. Era a irmã com a qual ele tinha maior identidade. Meu pai se emocionava fácil.
Minha tia 'postiça', mulher do irmão da minha mãe, me disse certo dia: "Você é emotiva como seu pai".
Meu filho fica com os olhos cheios d'água quando me olha, às vezes. E já o vi chorar de verdade.
Curiosamente, minha mãe, mulher tão boa, não chorava. Não me lembro de tê-la visto chorar. Ela era dura na queda, altiva.
Talvez chorasse, e muito, se sobrevivesse ao meu pai. Deus sabe o que faz. Ela foi na frente.
Hoje os homens estão mais livres. Choram sim, mais à vontade, não reprimem sentimentos.
Que bonito, e que bênção pra humanidade (duplo sentido).
Abraço, Moacir (e obrigada).
Ofelia
Wilson, olha eu de novo no espaço 'do Moacir'.
ResponderExcluirSó pra agradecer, dizer obrigada.
Abraço
Ofelia
Não há de quê, Ofélia, foi um prazer. E adorei sua fina resposta lá.
ExcluirUm abraço.
Olá, Moacir. Primoroso texto, que não vou comentar porque choro escondida. Lindo, lindo o comentário da Ofélia! Obrigada aos dois. Até mais.
ResponderExcluirMônica,
ResponderExcluirGaranto-lhe que a maioria das de Vênus não quer mais saber nem de trogloditas ,nem do bípede desorientado em busca de sua nova identidade - o Homem do Novo Milênio! - nem dos belos príncipes l-e-n-t-o-s. Pude verificar isso faz tempo , pela reação da nossa caçula - tinha praí uns 6 anos - quando assistiu à lenda da Rapunzel. Disse ela:
" Mas se o cabelo dessa garota era assim mesmo tããão comprido, então pra quê esperar o cara subir? Eu ela...ó...cortava a minha trança, amarrava ela na janela, descia rapidinho e...ó...
FUGIA!"(rsrs)
Dulce Regina, minha amiga,
Você está certíssima. As lágrimas humanas rolam para serem vistas. Ser capaz de chorar emocionalmente tanto de tristeza quanto de alegria e de responder a isso, é uma parte muito importante de ser humano. Choramos porque precisamos de outras pessoas.
Flávia,
Eu procurei pelo conto da Lispector: O Homem Que Apareceu. Uma beleza.
— Seja homem e chore, chore quanto quiser; tenha a grande coragem de chorar.(....) Nós todos somos fracassados, nós todos vamos morrer um dia! Quem? mas quem pode dizer com sinceridade que se realizou na vida? O sucesso é uma mentira".
Quanto aos meus netinhos , tenho certeza de que serão homus moacirius muuuuito mais evoluídos do que o ancestral vovô aqui.
Ofélia,
Sou eu quem lhe agradece pelos seus escritos. Quem verdadeiramente teve PAI e MÃE nunca os perde de todo, só de vista.E sim é sempre pior para os que ficam . E embora a gente evolua a cada dia, não estamos sozinhos ao tentar passar adiante os valores recebidos lá atrás, ao defender as bandeiras e as maneiras que nos ensinaram. "Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais".
Donana , em vez de chorar , faça cantar o seu teclado!
Obrigado e abraços gerais
Disse tudo, Moacir! Tenho 28 anos sou pai de um garotão de 9 meses que me emociona demais. Para a minha geração estes códigos de comportamento ultrapassados não estão com nada.
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