-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

24/11/2016

As Emoções da Razão

Caspar David Friedrich - Wanderer above the sea of fog (wikimedia commons)

Moacir Pimentel

Dia destes andei relendo um livro que fez sucesso há alguns anos chamado Inteligência Emocional, da lavra do americano Daniel Goleman. A leitura me motivou a rascunhar este post, que não é, no entanto, uma resenha da obra, mas o que em mim permaneceu da leitura e de conversas sobre o tema.

Entende-se por racionalidade a coerência e a consistência na esfera da crença além, é claro, da otimização de resultados na esfera da ação porque não basta pensar bem, temos que agir para bem viver.
A pergunta é: o que guia um ser humano racional na direção de qualquer curso de ação?

Ora, como a quantidade de metas que um indivíduo pode ter - lógica e possivelmente - em um dado momento é imensa, o número de possíveis passos que podem ser dados para a realização de tais projetos então... é indizível.
Além disso, ao se considerar todas as possíveis estratégias de ação, o número das consequências de qualquer uma delas é simplesmente infinito - incalculável! - de modo que, para decidir entre meras duas linhas de conduta possíveis, a maioria das consequências de cada uma delas tem que simplesmente ser eliminada a priori, sem que sequer as consideremos, pois não temos como racionalizá-las todas.
Quem disse que somos computadores?
Então, baseados na lógica, concluimos que as decisões humanas racionais são deficientes e feitas com uma substancial ajuda da emoção.

Os computadores já nos superaram diante de um tabuleiro de xadrez, é verdade, mas não no jogo da vida pois falta-lhes inteligência emocional, uma característica dos da nossa espécie que, diferentemente das máquinas, são capazes das tais das emoções. Tem mais.
As emoções constituem um dos principais mecanismos através dos quais a nossa atenção é capturada tornando-nos, em consequência, influenciados.
Face ao exposto prossigo para dizer que podem-se enquadrar as nossas emoções em relação às nossas decisões de duas maneiras importantes.

Em primeiro lugar, são as emoções que definem os parâmetros decisórios, que delimitam as nossas escolhas.
Em segundo lugar, no próprio processo de deliberação racional - incapaz de abstrair mais do que um pequeno percentual dos fatos relevantes e das alternativas disponíveis - é a emoção que decide.
Ou que, pelo menos, ajuda a decidir em qualquer situação específica, todas as vezes que a racionalidade não pode dar conta da tarefa hercúlea de escolher qual o caminho a tomar.

Sendo assim, a capacidade de experimentar a emoção parece ser indispensável para a construção de uma vida racional ao longo do tempo.
Existe um impressionante conjunto de evidências médicas, mais especificamente no campo da Neurologia, sugerindo que as emoções exercem, de fato, esse tipo de função no raciocínio cotidiano.
Indivíduos portadores de ferimentos ou lesões na área pré-frontal e no córtex sensorial do cérebro, por exemplo, têm diminuídas tanto a capacidade para experimentar a emoção, quanto a capacidade de tomar decisões práticas inteligentes.

Dessa forma, então, as emoções são muito importantes para a racionalidade - e atenção! - elas não moram em um limbo entre a racionalidade e a irracionalidade, nem no lado esquerdo do peito, mas bem aqui nos nossos cérebros! Nossas emoções são neurais.

Quem tenta racionalizar a vida de A a Z tem que ler sobre a filosofia das emoções que hoje já adentra os campos da psicologia, da sociologia, e da neurociência.

Mais de um século depois de Nietzsche ter escrito a sua Genealogia da Moral, finalmente começaram a levar a sério as raízes emocionais da moralidade. Tentar resgatar as origens da moral do homem é resgatar a ele próprio, abrindo-lhe os olhos da razão e dos sentimentos para algo mais chão, mais próximo da realidade humana, em um mundo onde o homem vai se tornando mais solitário, perdendo valores, esvaziando-se.
Hoje as emoções passaram a ser consideradas como as raízes psicológicas dos sentimentos morais e se tem explorado a função da emoção no comportamento moral motivador. A academia está voltando os olhos para emoções como o amor, o interesse, a curiosidade, a convicção e a dúvida.

Resumindo, a emoção virou ciência! E sob o impacto do progresso na ciência do cérebro, tem havido um interesse renovado na hipótese de que as posturas moral e política sejam oriundas tanto do temperamento emocional quanto do ambiente social das pessoas.
Trabalhos empíricos sólidos garantem que aquilo que é experimentado como um processo essencialmente individual como, por exemplo, o amor, é condicionado por ideologia que, por sua vez, depende de fatores sociais e econômicos.

Merecem destaque na emocionalidade do post as emoções estéticas. Para começo de conversa vamos supor natural que a resposta de um espectador de Hamlet ou da novela global seja, pelo menos em parte, emocional, e que tal sentimento desempenha um papel crucial tanto na fruição da arte quanto para estabelecer o valor dela.
Não é só a arte que mexe com nossas emoções no ato da atenção estética. Nos emociona da mesma maneira contemplar a beleza natural seja de um rosto seja de uma paisagem. Todas essas coisas seguram a nossa atenção, em parte porque elas dirigem-se aos nossos sentimentos e evocam uma resposta que nós valorizamos por si mesma e pelo consolo que podemos alcançar através dela.

Assim, avançamos na suposição de que o caráter distintivo da experiência estética pode ser encontrado nas emoções estéticas. O papel das emoções em nossa experiência da arte e da literatura é uma área de fascinante leitura.
O conhecimento que temos dos estados mentais alheios e, particularmente, de suas condições emocionais, deriva não de áridas teorias psicológicas acadêmicas, mas da simulação ativa e participativa que fazemos do estado de espírito do outro.
Quadros, esculturas, gravuras, colagens, graffiti, street art, poemas, prosas, danças, músicas nos provocam empatia e então são capazes de nos encantar e de em nós gerar emoções.

Desde os primórdios da humanidade, a arte esteve presente nas cavernas, quando o homem ainda não tinha domínio completo da linguagem e da escrita, desempenhando, portanto, um papel de importância crucial nos processos de desenvolvimento psíquico, social e cultural da humanidade.
Fazendo parte da formação psíquica evolutiva da espécie humana, a arte vai de encontro também a processos psicológicos mais profundos - os nossos arquétipos – nos quais simbolicamente confirmamos determinadas características e condições que dizem respeito ao inconsciente coletivo e têm também importância na formação da nossa personalidade individual.

O fato é que não se pode conceber a cultura ocidental contemporânea sem as obras vivificantes de Dante, Camões, Cervantes, Milton, Goethe, Shakespeare, Balzac, Baudelaire, Leo Tolstoy, Pushkin, Dickens, Lermontov, Dostoyevsky, Garcia Marques, Pessoa e Machado e, é claro, Beethoven e Mozart, Tchaikovsky e Lizst, Michelangelo, El Greco, Caravaggio, Rembrandt, Monet, Van Gogh, Picasso, Bernini, Canova e Rodin.
Sem a literatura e a arte criadas por eles nossos pensamentos e sentimentos teriam sido diferentes, e incomparavelmente mais pobres. A atmosfera intelectual que nos rodeia, desde a infância, o estilo de pensamento que permeia provérbios populares, contos e canções, os livros que lemos, as pinturas e esculturas que admiramos, a música que escutamos, os filmes que assistimos, a visão do mundo e da humanidade que absorvemos graças ao contato com os tesouros da arte e da cultura, tudo isso contribuí para que possamos pensar filosoficamente e perceber e transformar o mundo estética e emocionalmente.

Sim, pois não vivemos em um mundo virtual de razão pura, mas em um mundo de ângulos humanos, que é conhecido e transformado numa velocidade jamais vista. Um mundo permeado com as nossas atitudes, necessidades, ideias, objetivos, alegrias e sofrimentos.

Se fôssemos remover o fator humano e suas emoções do mundo, seríamos confrontados por um deserto de infinito cinza, ou pelo lago gélido do Inferno dantesco, onde tudo é indiferente a todo o resto.
Da mesma forma, o tipo de conhecimento envolvido na avaliação moral é tanto afetivo quanto cognitivo. Por essa razão toda a força de certas verdades morais pode ser melhor abstraída e-mo-ci-o-nal-men-te por meio da literatura, ou da linguagem cinematográfica, em vez de através de enfadonhos argumentos filosóficos. Os cérebros humanos gostam de histórias faz tempo.

Você já ouviu falar dos neurônios-espelhos ? Os danados são ativados – da mesma forma - tanto por uma ação concreta da nossa parte quanto pela visão da mesma ação sendo realizada por outros. Daí surge toda uma nova maneira de se entender a literatura.
A ficção funciona como uma simulação nos circuitos das nossas mentes leitoras e tem o poder de nos mudar nos campos cognitivo e no afetivo. Enquanto nos lemos aqui somos influenciados e transformados uns pelos outros.

É real!
Chamam essa mistura de empatia e nós a desenvolvemos por precisão e não por boniteza e ela seria a arte de ver o mundo como o outro o vê.
Quando temos a tal da empatia, isso significa que podemos entender o que as pessoas estão sentindo e perceber o que elas estão pensando em determinado momento e por quais cargas d'água as suas ações destrutivas fazem sentido para elas e somos capazes de dizer e fazer a coisa certa.

Empatia é cognição. É percepção. Racionalidade pura. É a consciência dos sentimentos e emoções de outras pessoas ou como se passou a dizer mais recentemente, é ter a tal da inteligência emocional.


Tinha razão o Pessoa poeta...

“Tenho tanto sentimento
 Que é frequente persuadir-me
 De que sou sentimental,
 Mas reconheço, ao medir-me,
 Que tudo isso é pensamento,
 Que não senti afinal.”


Não se trata de simpatia e sim de que os indivíduos possuem a habilidade de compreender intelectualmente o que os outros estão experimentando como se também estivessem sentindo as mesmas emoções e isso os faz, em seguida, ter relações cognitivas com tintas emocionais e sentir preocupação, benevolência, compaixão e por aí vai.

Na tentativa de atingir o ápice evolutivo da sua consciência a humanidade está olhando para as nossas cavernas primordiais, onde começou a história da nossa espécie.
E essa história nos esclarece que sem empatia não teria havido evolução, pois é a ela que nos faz prever as ações de outras pessoas, fato que nos possibilita sair à frente em situações complicadas - sejam amorosas, profissionais ou sociais.
A essa altura percebemos que além da emoção ou da empatia serem ferramentas - como GPSs na estrada da vida! - elas têm uma característica egoísta, pois não saber como pensam ou sentem as criaturas com quem lidamos é suicídio.
Tipo assim atravessar de olhos vendados uma avenida movimentada. Pode apostar que, mais cedo ou mais tarde, a realidade vai bater... e doer.

Os jogadores de xadrez fazem o jogo empático o tempo todo, por exemplo. Eles tentam entrar nas cabeças uns dos outros, não para ajudar o outro, mas para vencê-lo. Também os psicopatas são como enxadristas que consideram as pessoas como seus peões.
Porém - eu sou o cara dos poréns!! - também identifico na empatia, como dizia o Machado... “outra coisa”.
Um resquício sensível que ainda existe dentro de nós e que nos foi legado por nossos antepassados primordiais, que viviam - para sobreviver aos perigos de uma natureza ainda não dominada - em comunidades altruístas e cooperativas onde - talvez? - a tal da empatia fosse apenas instinto.

Nossos cérebros ainda estão conectados o suficiente para estremecer quando alguém bate em seu polegar com um martelo, ou para rir se alguém está rindo também ou para chorar diante do corpinho de uma criança afogada numa praia distante.
O problema é que este lindo passado cooperativo tornou-antagônico ao nosso estado competitivo, egoísta e agressivo atual - claramente em desacordo com uma consciência empática.

Nossa fiação empática varia. Algumas pessoas têm fantástica empatia natural, e podem captar como alguém está se sentindo só de olhar para ele. Algumas pessoas têm apenas uma pequena quantidade de empatia natural, e não vão notar que estamos com raiva até que comecemos a berrar impropérios. A maioria das pessoas está em algum lugar no meio.

Aprendendo.

De tudo isso o que fica, é que não existe nenhuma razão lógica para classificar como certos os julgamentos baseados em razoabilidade ou como irracionais outros juízos dos assuntos humanos mais norteados pelas emoções subjetivas.
Razão e sensibilidade não são mais - como acreditava a vovó Jane Austen - compartimentos estanques. E é nesse território brumoso que o projeto humano segue o seu curso refletindo as relações entre os indivíduos nas suas interações com o mundo.
Sem emoções tudo o que conhecemos é simplesmente nada, abstrações vazias do pensamento desumanizado. Toda a gama infinita de nossas relações com o mundo deriva da soma total de nossas interações com ele.

Nós só somos capazes de considerar o nosso ambiente racionalmente, através do prisma histórico gigantesco de ciência, filosofia e arte. Só elas são capazes de expressar a vida como uma inundação tempestuosa de contradições que passam a existir, se desenvolvem, são resolvidas e negadas, para ao fim e ao cabo, apenas gerar novas contradições.

Igualmente verdadeiro é o fato de que nenhum pensamento de nenhuma pessoa emocionalmente desenvolvida pode ficar indiferente à literatura, poesia, música, pintura, escultura e arquitetura. A pessoa que é indiferente a essas esferas deliberadamente condena-se a uma estreiteza mental deprimente.

A vida é tão estruturada que, para que um homem seja plenamente consciente, ele precisa de todas essas formas de atividade intelectual e emocional, que se complementam e formam uma percepção integral do mundo e uma orientação segura e versátil.

Em suma, os grandes homens da razão não são de forma alguma racionalistas secos. Como pensar sem o poder da imaginação, sem a intuição aguçada, sem a graça do espírito e a vocação para a associação?

O dom de percepção, a observação penetrante da realidade, a matemática e precisão física, a profundidade da análise, uma livre imaginação voltada para o futuro, para o amor, para a alegria de viver, são todos requisitos necessários para o entendimento. As emoções são fenômenos tipicamente conscientes, manifestadas sob a forma de desejos e de maneira alguma antagonistas da racionalidade. Muito ao contrário.
Elas desempenham um papel indispensável na determinação da nossa qualidade de vida, contribuem decisivamente para a definição de nossos fins e prioridades, desempenham um papel crucial na regulação da vida social e, finalmente, nos protegem da devoção excessivamente servil à racionalidade e nos tornam mais inteligentes emocionalmente.

Precisamos estar atentos à inteligência emocional que, mesmo sendo algo intangível, afeta a forma como administramos nosso comportamento, como navegamos as complexidades sociais e como tomamos decisões pessoais para alcançar resultados positivos.
Todas as pessoas experimentam emoções, mas nem todas são capazes de identificá-las com precisão à medida que ocorrem, e é justamente essa falta de compreensão o que leva a escolhas irracionais e ações contraproducentes.
Não importa se introvertidas ou extrovertidas, as pessoas emocionalmente inteligentes são curiosas sobre todos ao seu redor. Essa curiosidade é filha legítima da empatia.

Embora me seja difícil, por mais que me expliquem, encontrar uma definição para a inteligência emocional, já tenho a percepção de que as pessoas emocionalmente inteligentes são flexíveis e estão em constante adaptação.
Que não apenas compreendem as próprias emoções mas sabem como lidar com elas e usá-las em benefício próprio, que conhecem seus pontos fortes e fracos, são auto-confiantes e de mente aberta, o que lhes garante resiliência. Podem rir de si mesmos e sabem dizer não.

Ser inteligente emocionalmente significa, muito principalmente, não ruminar pensamentos negativos. A maioria deles são apenas isso - pensamentos. Quando parece que algo sempre ou nunca acontece, ISSO é apenas a tendência natural do cérebro para perceber ameaças, inflando a frequência ou gravidade de uma situação.
Pessoas emocionalmente inteligentes organizam seus pensamentos a partir de fatos, escapam dos ciclos de negatividade e se movem em direção a novas perspectivas positivas.

Finalmente, quando os nossos sentimentos de prazer e satisfação são derivados e dependentes de opiniões alheias, não estamos sendo inteligentes e não só emocionalmente.
Todos nós temos diferentes personalidades, diferentes desejos e necessidades, e diferentes formas de mostrar nossas emoções. Navegar por tudo isso requer tato e inteligência. O que se precisa cultivar é a capacidade de ter emoções, de identificá-las e compreender-lhes os recados e de perceber como elas afetam as pessoas ao nosso redor, pois ter a percepção do outro é fundamental.
No futuro - digamos praí uns cinquenta anos - se calcula que 50% das nossas funções serão desempenhadas por inteligência artificial.

O desafio da escola e dos pais atuais é incorporar nas futuras gerações o desenvolvimento de habilidades que não poderão ser desempenhadas por máquinas, como por exemplo a nossa bendita capacidade de sermos criativos, intuitivos e sociais.
Portanto fomos finalmente liberados para nos emocionar racionalmente. Com gosto, à vontade, sem culpas, quanto mais, melhor e perseguindo os sonhos...

Que é loucura; ser cavaleiro andante
Ou segui-lo como escudeiro?
De nós dois, quem o louco verdadeiro?
O que, acordado, sonha doidamente?
O que, mesmo vendado,
Vê o real e segue o sonho
De um doido pelas bruxas embruxado?
Eis-me, talvez, o único maluco,
E me sabendo tal, sem grão de siso,
Sou - que doideira - um louco de juízo.

(Carlos Drummond de Andrade)




20 comentários:

  1. Monica Silva24/11/2016, 09:45

    Fui lendo e adorando mas você nunca mais que escrevia a minha palavra mágica - intuição. Até que no finalzinho eu me senti em casa quando concordou comigo sobre investir na 'capacidade de sermos criativos, intuitivos e sociais'. Disse tudo, Moacir!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Moacir Pimentel25/11/2016, 09:14

      Mônica, toda vez que me deparo com a palavra intuição penso em meus netos , em como é ser uma criança e ver as coisas pela primeira vez e fazer perguntas : Qué isso? Pô quê? Talvez a intuição só funcione se permanecemos curiosos e abertos às novidades como as crianças. Se não perdemos a capacidade de nos espantar e se para esse espanto,no nosso banco de dados não encontrarmos armazenada uma explicação intelectual.Quando crescemos, passamos a agir como se soubéssemos todas as respostas, prejulgando, rotulando as coisas, e então fechamos a janela da intuição e essa voz, mais um GPS, fica presa dentro de nós. Se você conversa com a sua intuição, tem muita sorte. Abraço.

      Excluir
  2. Flávia de Barros24/11/2016, 11:29

    Moacir,

    Quanta sabedoria nas suas palavras. Sentir e pensar é o que nos faz gente mas nem sentimos nem pensamos sozinhos. Ninguém é isoladamente. Somos parte de comunidades maiores (queiramos ou não) Nossos comportamentos afetam os de outras pessoas e elas nos afetam de volta de uma maneira positiva ou negativa. Só temos que ler as notícias do jornal para reconhecer que nem sempre somos muito bons em lidar com os sentimentos dos outros. Quanto mais conscientes nos tornamos de nossos próprios sentimentos mais capazes somos de 'sintonizar' com os sentimentos dos outros e melhor vivemos. Exercitar o músculo da emoção dentro dos limites da razão e calçar os sapatos alheios para saber onde aperta o calo é viver cristãmente. Obrigada e um abraço para você.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Moacir Pimentel25/11/2016, 09:17

      Flávia,eu gostei do uso que você fez da expressão "exercitar o músculo da emoção".Porque é isso mesmo:dá trabalho,dá canseira essa tentativa de sair do aconchego dos nossos umbigos para tentar calçar os sapatos alheios.Obrigado pelas belas palavras e outro abraço.

      Excluir
  3. Francisco Bendl24/11/2016, 11:41

    Pois é, comentar mais o quê, depois deste brilhante artigo do Pimentel sobre emoções e razão?

    Vou tentar:
    A vingança, o ódio, podemos considerar como emoções, pois não?

    Tomando por exemplo as duas últimas Grandes Guerras, a humanidade se viu diante de carnificinas jamais imaginadas tanto pelos emotivos quanto os racionais!

    Talvez a razão somente atuasse quando as estratégias e táticas eram distribuídas aos soldados para que as cumprissem, se quisessem vencer o inimigo, apesar de no campo de batalha o determinante fundamental era a emoção de se querer ... sobreviver!

    Imagino o medo (emoção, também, estou certo?) que as pessoas sentiam presas nos campos de concentração nazistas, sabendo que a morte os espreitava em cada momento, e que seria cruel, insana!

    Não acredito na razão como impulsionadora de gestos hediondos, pois a lógica se intrometeria nessas decisões indescritíveis e inacreditáveis, porém sendo o preconceito – outra emoção? - a causa dessas diferenças entre seres humanos, a emoção estaria preponderando sobre a razão, portanto, estaríamos diante de um dilema, quando nos deixamos dominar pela emoção, inicialmente, e depois quando não permitimos que a razão possa dosar tais sentimentos abomináveis como foram verificados em Dachau, Auschwitz, Treblinka, Bergen-Belsen, Sobibor, e outros campos de concentração, legítimas indústrias de mortes!

    (Continua)

    ResponderExcluir
  4. Francisco Bendl24/11/2016, 11:42

    Tenho este livro que mencionaste, Pimentel, sobre a inteligência emocional, que deve estar presente nas decisões empresariais, dos executivos e de qualquer um de nós, no entanto, ainda vejo o ser humano muito mais emoção que razão, contraditoriamente à questão que aborda a emoção não estar desvinculada da razão por não serem estanques, situação que não estaria de acordo com a nossa psique, haja vista conseguirmos viver somente à base da emoção que, inclusive, prepondera sobre a razão de forma absoluta, esta minimamente utilizada pelo fato de não podermos nos desligar de nossos impulsos, de nossos instintos, de nossas sensibilidades, sim.

    Aliás, tivéssemos usado apenas um pouco da razão e não tanto da emoção, certamente a humanidade estaria muito melhor que nos dias atuais, a começar com as diferenças religiosas, políticas, sociais e econômicas, causadoras das inúmeras tragédias que abalaram o ser humano e devidamente registradas pela História.

    (Continua)

    ResponderExcluir
  5. Francisco Bendl24/11/2016, 11:43

    Aqui, no Brasil, temos vários palcos onde a emoção atinge níveis indescritíveis e inexplicáveis:
    Torcidas de futebol, que ao se encontrarem em direção ao estádio ou na saída do jogo, se enfrentam como bestas e, volta e meia, com uma vítima fatal a ser contabilizada, absolutamente guiadas pela emoção!
    O aspecto político, que transforma a pessoa de tal forma que desobedece aos mais comezinhos princípios e valores éticos e morais, em face da sensação de poder!
    Até mesmo a Justiça, que deveria se basear nos fatos para julgar o réu, altera a decisão porque motivada por alegações de advogados muito bem qualificados, que levam para o Júri ou autos do processo boa dose de emoções, de modo a obterem a sentença que lhes agrada.

    Sinceramente, Pimentel, do alto da minha estupidez e ignorância não acredito que o ser humano use a razão concomitantemente à emoção. Falta-nos condições psicológicas para permitir que a razão em certos casos seja mais posta em prática que a emoção ou que ambas possam andar juntas nas decisões que diariamente temos de tomar.

    Acho que somos demasiadamente emotivos ou muito passivos, mas muito pouco contribuímos para que a razão possa dar o ar da sua graça em momentos importantes de nossa vidas, “razão” pela qual nos deixamos envolver ou nos envolvemos em emaranhados desnecessários, e que depois se tornam difíceis serem solucionados, então o apelo à bebida, ao fumo, às drogas, a condutas improcedentes, a reações intempestivas, única e exclusivamente em face de emoções à flor da pele como se dizia no meu tempo.

    Analisa um dado comigo Pimentel – pelo qual peço ajuda também ao nossos comentaristas -, se vais concordar ou não sobre o que escrevo:

    Na célebre peça Hamlet, Shakespeare, estabelece o confronto da consciência com a ação, inaugurando, por assim dizer, uma nova era ou estágio da compreensão do ser humano.

    Certamente o verso mais conhecido da história, relata o conflito do homem com a sua consciência (razão):

    “Ser ou não ser eis a questão.
    Será mais nobre sofrer na alma
    Pedradas e flechadas do destino feroz
    Ou pegar em armas contra o mar de angústias –
    E, combatendo-o, dar-lhe fim? Morrer; dormir;
    Só isso. E com o sono – dizem – extinguir
    Dores do coração e as mil mazelas naturais”.

    Em outras palavras, na ótica deste estulto e nécio escrevinhador, audacioso e imprudente em ter a pretensão de interpretar Shakespeare(?!), a dúvida cruel do príncipe da Dinamarca era justamente a emoção de uma vida apaixonada ou a mesmice de uma existência destituída de emoção, então dormir e morrer!

    Eu ainda seria mais arrogante, Pimentel, meu caro, em mudar o título do livro em questão, de não mais chamá-lo de Inteligência Emocional, mas A Emoção da Inteligência, situação que nos regozijamos quando RARAMENTE decidimos utilizando a razão e a emoção simultaneamente, e o êxito obtido é total e prazeroso.

    Aceito ser repreendido, Pimentel, se, lá pelas tantas, viajei na maionese, dei asas à imaginação que voou tão alto que desapareceu no céu, mas me senti encorajado em dar a minha opinião sobre o tema porque EMOCIONADO pela importância do que escreveste, e de contribuir com este blog extraordinário porque colocado à nossa disposição com a razão de um cidadão que deseja o enaltecimento do ser humano, e a emoção de ver esta pessoa enfronhar-se em assuntos tão elevados e culturais e, assim, crescer, evoluir, libertar-se de seus limites, e emocionar-se com o sabor inigualável do conhecimento, da verdadeira liberdade, de uma legítima emoção incomparável!!!

    Um forte abraço, meu amigo Pimentel, crítico de artes, intelectual, notável escritor, uma pessoa dota de talento e vocação indiscutíveis para a cultura, que muito aprendo com teus registros, pois alimentam este espírito faminto por ideias e pensamentos tanto racionais quanto emocionais.

    Saúde e Paz!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Moacir Pimentel25/11/2016, 10:01

      Chicão,
      É um prazer lê-lo por aqui. O que me parece que ocorre quando desses nossos bate teclas , é a tal história do copo meio d'água: para mim ele está enchendo , para você esvaziando.
      Para começo de conversa vamos colocar ordem nos fatos : você "não acredita que o ser humano use a razão concomitantemente à emoção."
      Bem, desde que eu li que todos os seres vivos compartilham pelo menos uma ínfima partícula de DNA comum, para mim estava provada a teoria do Darwin : a da evolução. Então se o amigo não é criacionista , se não acredita que Deus fez o mundo em seis dias e descansou no domingo e criou a mulher na segunda-feira e então ...danou-se tudo! (rsrs)sabe que sem racionalidade em vez de dominar o planeta, os da nossa espécie ainda estariam de quatro e balançando o rabo. Só que o nervo emergente da nossa mente é algo recente nos bilhões de anos que levamos para ser poeira cósmica e bactérias e invertebrados e peixes e primatas e homus e os homens que fomos até chegarmos aqui. O verniz da nossa civilização é fino - concordo com você - e os nossos lobos predadores moram à flor da pele . Só que já temos consciência deles e continuamos evoluindo.
      Apesar do meu post falar de empatia e emoção como coisas comuns e unificadoras dos seres humanos, não discordo de você quanto aos sangrentos genes primordiais das nossas feras. Para que a nossa espécie evoluísse qualquer coisa que se desviasse da "norma" era tratada com suspeita. Perigo! Pense numa esquerda evolutiva! (rsrs) Uma espécie de "Nós versus Eles" que leva os seres humanos a proteger a prole, o território e os recursos de intrusos. Assim, em vez de se concentrar nas semelhanças, o bicho homem foi treinado a procurar pelas diferenças. Para sobreviver aprendemos a focar nas diversidades , a buscar coisas para separar os "nós" dos "eles", o quanto mais visíveis os sinais dos aliegnígenas fossem, melhor. Um exemplo? Homens brancos versus escravos negros. Aparentemente um capítulo hediondo superado! Racismo hoje é crime, inclusive. Mas nós jamais seremos capazes de deletar essa tendência dos nossos genes. É instinto. O que podemos fazer é gerenciar a característica separatista e belicosa e trabalhar para que a mente supere as barbáries da guerra e dos genocídios e dos preconceitos e da política pornográfica que deveria ser o comportamento mais ético de uma sociedade - da qual somos membros pensantes - mas não é. E, last but not least , dos comportamentos auto destrutivos. O caminho evolutivo passa pelo conhecimento, pela curiosidade, pela tolerância para com a diversidade, pela civilidade , pela empatia, pela generosidade e isso tudo requer emoção e razão. Um mundo de razão pura seria tudo, menos humano. Essa é a nossa benção e danação: a nossa humanidade. Aposto nela!
      Continuo....

      Excluir
    2. Moacir Pimentel25/11/2016, 10:02

      Quando você diz que " talvez a razão somente atuasse quando as estratégias e táticas eram distribuídas aos soldados para que as cumprissem, se quisessem vencer o inimigo", vou me permitir discordar. Pois , Chicão, estratégia exige empatia. Como Sun Tzu ensinou, "os custos do conflito são muito grandes".Quem diabo é Sun Tzu? O maior especialista em guerra da história - um chinês que viveu há uns dois mil e quinhentos anos - um general estrategista da gema que, civilizado que era, jurava de pés juntos que:
      "A suprema arte da guerra é derrotar o inimigo sem lutar."
      A estratégia - qualquer uma que queira ter sucesso - começa com a imaginação de como os outros pensam e sentem. Pois ný £o sabemos como os outros pensam e sentem. Só podemos imaginar como nos sentiríamos no lugar deles, tentar ter a visão lá da posição deles, aliás um território desconhecido. As pessoas erroneamente pensam que a boa estratégia é insensível às necessidades dos outros. O oposto é verdadeiro. Toda a estratégia eficaz é baseada na empatia. Um estrategista não é um jogador de xadrez que só tem que prever os movimentos de um oponente . Um estrategista deve ser capaz de imaginar as esperanças, sonhos, desejos e medos dos outros. Tem de alavancar os desejos dos outros, motivá-los, criar uma posição subjetiva que possa lhe garantir amigos, apoiantes e aliados e assustar todos os potenciais adversários. Note que , estranhamente, a empatia e a simpatia nascem do egoísmo. Só podemos imaginar as necessidades dos outros porque estamos cientes de nossas próprias necessidades. A empatia é um atributo puramente humano. Não vem de nossos sentidos. Ela vem de nossa autoconsciência. A maioria dos animais tem sentidos mais sensíveis do que nós, mas suas estratégias são limitadas a fugir ou lutar, porque falta-lhes a profundidade da autoconsciência necessária para a verdadeira empatia e a criatividade para gerar soluções. O sucesso nunca virá do conflito, Chicão. As negociações nunca funcionam com criminosos ou tiranos porque eles não podem imaginar qualquer possibilidade além do jogo de soma zero. Eles só podem imaginar seu sucesso baseado no fracasso alheio.O sucesso depende da criatividade. A criatividade depende da empatia. A empatia é trabalho. Constante. Pois...
      " Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas"
      Sun Tzu
      A História parece concordar com o prezado general
      Continuo...

      Excluir
    3. Moacir Pimentel25/11/2016, 10:02

      Quanto a Shakespeare o problema é o que o seu solilóquio é diferente do meu (rsrs). Hamlet não se questionava sobre como viver: se com ou sem emoção. Ele se questionava sobre a vida e a morte.Depois do seu Morrer e Dormir aí em cima, o cara continuou soltando o verbo na tentativa de chegar a um acordo com a própria finitude ....

      Morrer – Dormir! Talvez sonhar.
      Aí está o obstáculo!
      Os sonhos que hão de vir no sono da morte
      Quando tivermos escapado ao tumulto vital
      Nos obrigam a hesitar: e é essa reflexão
      Que dá à desventura uma vida tão longa.
      Quem suportaria as chibatadas e o desprezo do tempo
      Se não fora o temor de algo após a morte,
      O país não descoberto,
      De cuja fronteira nenhum viajante retorna,
      Que nos confunde a vontade
      E nos faz suportar as mazelas terrenas,
      A voar para outros lugares que não conhecemos?

      A questão era por que na dor insuportável, simplesmente não nos matamos ?

      Ao longo da peça, Hamlet perde gradualmente esse medo da morte. Na verdade, pouco antes da cena de sua morte, em um momento de serenidade, longe de sua paura do tal país não descoberto, ele diz a Horatio:

      De modo algum, nós desafiamos a sorte; há uma providência especial na queda de um pardal .Se tiver que ser agora , não está para vir; se não estiver para vir , será agora; e se não for agora mesmo assim virá. O ESTAR PRONTO É TUDO!

      Muitos se agarram à última frase de Hamlet O RESTO É SILÊNCIO para resumir a moral da história. Eu prefiro focar na frase O ESTAR PRONTO É TUDO. Note que o contraste entre as duas afirmações é o mesmo das opostas vida e morte.
      Só que , so sorry , aí há uma cronologia. Antes de estar pronto para a morte há que estar pronto para a vida. Para encarar a vida , bebê-la , traduzi-la,tentar dar-lhe significado, gozá-la, amá-la ,sofrê-la em um processo que exija de nós uma atenção, uma concentração, uma entrega , uma disponibilidade total, uma PRONTIDÃO extrema.
      Recuso-me a ser apresentado às mortes em vida. Imagino-me sim diante da Velha Senhora a qualquer instante, mas vivido, rodado, usado, gasto, exaurido, extenuado, cansado mesmo.Por ter vivido. De ter sido. E aí ,sim, e só assim e então, fará sentido o silêncio mortal. E como diz a Cecília, "estarei mudo – mais nada".
      Obrigado pela atenção da leitura , pelos importantes comentários, por estar de novo conversando conosco, Chicão.

      Excluir
    4. Francisco Bendl25/11/2016, 10:03

      Não podemos resumir essa peça tão famosa como exatamente feita à base da mais pura emoção?

      Quem pode estabelecer um "diálogo" entre a vida e a morte se não tomado de fortes emoções?

      Até mesmo a disposição de pensar sobre esta possibilidade somente se levado pela emoção ou de um fim ou de um início trepidante!

      Enfim, quem sou eu para discorrer sobre a intenção do notável dramaturgo inglês em seu Hamlet ou o seu personagem, se não altamente emocionados?

      Outro abraço, Pimentel.
      Mais saúde e paz!

      Excluir
  6. Moacir, você é fascinante.
    Pra minha cabeça que pensa dois mais dois são quatro, mas pode, sim, serem cinco - pra onde foi o mais um? - eu me deixo ficar de olho colado nessa tela, acolhendo, dando um trato às minhas emoções, às quais você consegue falar tão de perto.

    Como consegue ser tão lúcido e, ao mesmo tempo, misturar todas as suas cores nas emoções que nos atingem?

    É, você explica, mas eu não sei se entendo. Só sinto. E sentir é quase tudo.
    Abraço
    Ofelia

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Moacir Pimentel25/11/2016, 09:23

      Ofélia, acho que vou pular a matemática (rsrs) mas penso que esse desentendimento - não é desinformação - resulta da mania que as coisas têm de brincar de dúvidas a meio caminho entre a razão e a alma funda. Nessa viagem os nexos ficam pelo caminho e, assim, a gente bem que sabe, bem que entende, mas não pode explicar talvez porque nos ensinaram que a razão desmente a sensibilidade. Parece que, em você , uma não é a tradução infiel da outra. Abraço.

      Excluir
  7. Minha cabeça se distancia de mim, do meu dom inicial, quando escrevo que pode... serem. Deus!

    Corrijo sem saber se estou certa, perco a mão: 'podem, sim, ser cinco'.

    ResponderExcluir
  8. Dulce Regina24/11/2016, 16:18

    Uuuuufffffaaaaa !!! Você foi fundo hein..., meu amigo. Acredito que razão e emoção correm na mesma pista, lado a lado, uma acelera outra breca, sempre nesse ritmo. Uma não existe sem a outra. Acredito também, que a espiritualidade contribui muito para as duas se afinarem e se expressarem de acordo com o ritmo da vida vivida, de cada um de nós. Li algum tempo atrás um poema sobre o tema. " Razão que ancora; Emoção que decola / Razão calma e paciente emoção ilusória, passional / Emoção que desalinha; desencadeia loucuras deixa sem rumo, sem noção, Não mede tempo ou esforço / Razão que abraça a coerência Bate o pé com a carência Encerra ciclos, vira páginas Encara a vida de forma racional / Emoção que consome Queima de vontade Arde na ausência Cega na realidade / Razão fria Direta Simples Objetiva / Emoção que rouba o chão Inconsequente Inquieta Intempestiva / Razão que equilibra Emoção que balança No agitado mar da vida Meu barco parou de dançar . ( Poeta dos Mares ) Deixo meu abraço, com o meu barco navegando no mar. Dulce Regina

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Moacir Pimentel25/11/2016, 09:34

      Dulce, minha amiga , me ensinaram que só se responde uma poesia com outra. Obediente , lhe mando uma das minhas gregas - terra que tanto amamos! - favoritas:
      "Se partires um dia rumo à Ítaca
      Faz votos de que o caminho seja longo
      Numerosas serão as manhãs de verão
      Nas quais com que prazer, com que alegria
      Tu entrarás pela primeira vez um porto
      Para correr as lojas dos fenícios
      E a muitas cidades do Egito
      onde aprenderás dos doutos.
      Tem todo o tempo Ítaca na mente.
      Estás predestinado a ali chegar.
      Mas, não apresses a viagem.
      Melhor muitos anos levares de jornada
      E fundeares na ilha velho enfim.
      Rico de quanto ganhaste no caminho
      Sem esperar riquezas que Ítaca te desse.
      Uma bela viagem deu-te Ítaca.
      Sem ela não te punhas a caminho.
      Mais do que isso não lhe cumpre dar-te.
      Ítaca não te iludiu
      Se a achas pobre.
      Tu te tornaste sábio, um homem de experiência.
      E, agora, sabes o que significam Ítacas.
      Abraço

      Excluir
  9. Olá,
    Gostei demais. Esse assunto me fascina.
    Porque a gente planta manjericão, couve e violeta. E é essa nossa necessidade ancestral do belo , Lascaux que o diga,que extrapola a sobrevivência e burila nossa percepção.
    O que será das nossas crianças que estão sempre com uma tela de permeio? Como aprenderão a ler expressão corporal, a explorar sua empatia e usar a intuição?Tem que surgir uma nova forma.
    Li a primeira vez com a sofreguidão do querer saber, a segunda para dialogar. Vou ler a terceira para aproveitar. Agora habito no seu escrito, bom demais.
    Aqui em casa o Mano é o inteligente, eu sou a empática. Dá certo, viu?
    Até mais.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Moacir Pimentel25/11/2016, 09:38

      Donana,
      A nossa espécie é boa nessa coisa de inventar novas formas e soluções. Que talvez sejam simplesmente regar suas plantas e enfeitar a sua casa de violetas e fazer seus lindos objetos e não esquecer de providenciar la pasta al pesto para a Redação. Inteira aos pedaços. Quanto à combinação mineirim de inteligência e empatia - que ri dos compartimentos estanques - só podia mesmo dar certo. Abraço.

      Excluir
  10. 1)Vocês falaram/escreveram quase tudo. Autor e comentaristas inspiradíssimos.

    2) Este é um ótimo livro que me desapeguei, passei adiante... se não me falha a memória tem uma citação do Aristóteles que usei bastante por aí, nos meus momentos pacifistas:

    3)Diz mais ou menos assim: "Zangar-se é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa, no momento certo e da forma certa, não é fácil".

    4) Recolho-me à contemplação bela do que vcs me ensinaram.

    ResponderExcluir
  11. Moacir Pimentel25/11/2016, 09:43

    Antônio, meu vizinho de mundo
    As pessoas que possuem energia e magia , não são aquelas que se dedicam fervorosamente a uma certa ação mas, em vez, aquelas que com calma, entre uma constelação de possibilidades, tem disposição para reduzí-las naquilo que é apropriado para cada momento, no movimento certo. Inclusive , zangando-se, vez por outra. Namastê!

    ResponderExcluir

Para comentar, por favor escolha a opção "Nome / URL" e entre com seu nome.
A URL pode ser deixada em branco.
Comentários anônimos não serão exibidos.