Os Corvos de Odin (ilustração de um antigo manuscrito islandês) |
Francisco Bendl
Interessante os vários símbolos que esta ave, o corvo, representa.
De modo a colaborar, pelo menos, com mais este artigo interessante,
informativo, literário e artístico, do meu caro Pimentel, caracterizado pelo
notável dom de escritor e crítico de arte indiscutível, sério e extremamente
culto, fui pesquisar sobre o corvo, esta ave misteriosa.
Na cultura Celta, o corvo é visto como uma ave ligada à Deusa Morrigan,
uma notável profetisa .
A característica de um corvo é mais voltada à sua inteligência. Estas
aves podem ser treinadas até mesmo para “falar”, habilidade usada como uma
espécie de oráculo. O som emitido polo corvo, “cras cras”, em latim significa
"amanhã"... Isso dá um salto para as lendas que distinguem o corvo
como um pássaro que pode prever o futuro, revelar presságios e sinais.
Sua Sabedoria também esta relacionada a Bran, um herói galês, cujo nome
significa corvo. Bran tinha em sua cabeça um vaso de sabedoria. Diz a lenda que
foi removida e enterrada no sagrado Montebranco em Londres, razão pela qual
muitos corvos habitam a torre, mantendo assim a memória de Bran.
Carl Jung declara que o corvo é o lado obscuro da psique. Com essa parte
podemos nos comunicar com partes de nós mesmos, oferecendo-nos equilíbrio e
libertação, e aumentando nosso poder de sabedoria infinitamente!
Em outras palavras:
através dessa comunicação consistente de profundezas interiores, e a
utilização positiva/ativa de impulsos internos e que segredos esotéricos fiquem
expostos à luz de nossa própria consciência, consta em nosso cerne que o corvo
pode falar conosco!
O que o corvo sussurra para cada um de nós, hein?!
O corvo para algumas civilizações simboliza a morte, a solidão, o azar,
o mau presságio. Por outro lado, pode simbolizar a astúcia, a cura, a
sabedoria, a fertilidade, a esperança. Essa ave está associada ao profano, à
magia, à bruxaria e à metamorfose.
É recente a associação do corvo com o mau agouro, a morte, o azar.
Entretanto, muitas culturas acreditam que essa ave mística simboliza aspectos
positivos, como por exemplo:
para os ameríndios simboliza a criatividade e o sol;
para os chineses e japoneses o corvo simboliza a gratidão, o amor
familiar, o mensageiro divino que representa o bom presságio.
Na China, o emblema do Imperador é um corvo de três patas, tripé
considerado solar, representa o nascimento, o zênite e o crepúsculo ou ainda,
sol nascente (aurora), sol do meio dia (zênite), sol poente (ocaso) e juntos
simbolizam a vida e as atividades do imperador.
Provavelmente, a Europa e o cristianismo foram os propulsores da acepção
negativa atribuída ao corvo e, atualmente, espalhada pelo mundo fazendo parte
de muitas crenças, religiões, mitos, lendas, etc. Desde então, para os cristãos
esses animais necrófagos (que se alimentam de carne apodrecida) são
considerados os mensageiros da morte e são também associados ao Satanás, sendo
que vários demônios são retratados na figura do corvo, como Caim, Amon, Stolas,
Malphas, Raum.
Na Índia, o corvo simboliza os mensageiros da morte;
No Laos, a água utilizado pelos corvos não serve para realizar rituais,
visto que representa a sujidade espiritual.
Na Mitologia Grega, o corvo era consagrado a Apolo, Deus da luz do Sol,
e para eles essas aves desempenhavam o papel de mensageiro dos deuses visto que
possuíam funções proféticas.
Por esse motivo, esse animal simbolizava a luz uma vez que para os
gregos, o Corvo era dotado de poder a fim de conjurar a má sorte.
No manuscrito Maia, o “Popol Vuh”, o corvo aparece como o mensageiro do
Deus da trovoada e do relâmpago.
Ainda de acordo com a mitologia grega, o corvo era uma ave branca. Apolo
deu a um corvo a missão de ser a guardiã de sua amante, mas o corvo se
descuidou e a amante o traiu, como castigo Apolo tornou o corvo uma ave negra.
Já na Mitologia Nórdica, encontramos o corvo como o companheiro de Odin
(Wotan), deus da sabedoria, da poesia, da magia, da guerra e da morte. A partir
disso, na Mitologia Escandinava, dois corvos aparecem empoleirados no Trono de
Odin: "Hugin" que simboliza o espírito, enquanto "Munnin"
representa a memória; e juntos simbolizam o princípio da criação.
Nos alfarrábios brasileiros, a ave que se comparou ao corvo foi a
Graúna, de Henfil, no saudoso e imortal Pasquim!
Graúna era a voz ajuizada do grupo, e seu desenho era um ponto de
exclamação, do qual saíam duas perninhas e os grandes olhos.
Nordestina típica e estereotipada, Graúna vivia com fome, além de sempre
criticar o "Sul Maravilha" com questionamentos políticos que seus
companheiros nunca sabiam responder. Se não era alienada, Graúna entretanto
estava tão envolvida em seus próprios problemas (como chocar os ovos), que não
tinha como levar a termo suas revoltas.
Grato, Pimentel pela oportunidade de eu participar deste teu artigo
notável, pois teus escritos são verdadeiramente únicos, irrepreensíveis.
Um forte abraço.
Saúde e Paz!
Chico, eu só acrescentaria à sua aula que os espectadores de "Guerra dos Tronos" ou os que não assistem mas são leitores (como eu) dos livros "Songs of Ice and Fire" do George Martin, em que a série se baseia, foram apresentados aos corvos como os portadores inteligentes de mensagens naqueles reinos, idéia que sem dúvida nasceu dessas referências mitológicas tão interessantes que você nos trouxe.
ResponderExcluirCaro Mano,
ExcluirA pesquisa que fiz teve a intenção de colaborar com o Pimentel sobre esta ave misteriosa.
E cujos conceitos e lendas acompanham o tempo desde os tempos bíblicos!
Qual a bruxa que se prezasse à época que éramos crianças, que não tinha na sua janela um corvo?
Grato pela transformação do comentário em artigo e pelo texto de agora.
Um forte abraço.
Saúde e Paz, extensivos aos teus amados.
Chic voce ,viu Francisco Bendl, com comentário virando post!
ResponderExcluirParabéns!
Até mais.
Querida Ana,
ExcluirNa verdade fui alvo da bondade do Mano, da sua cordialidade, da sua amizade, que é evidentemente mútua e recíproca.
Um abraço, Ana.
Saúde e Paz, inclusive aos teus amados.
Oi Bendl,
ResponderExcluirvocê só esqueceu de revelar o mistério do corvo com o anel(?) no bico, no maravilhoso portão em Buda.
É um anel ou uma aliança. Você sabe o significado? Conhece a história?
Me conta?
Parabéns por todos esses corvos que você nos trouxe. Enriquecedores.
Abraço
Ofelia
Querida Ofélia,
ExcluirTentei, mas não encontrei uma linha que fosse sobre o que me pediste, lamento.
Nas pesquisas feitas, abaixo o que encontrei:
O corvo é uma figura animal comum na heráldica. Há conhecimento do uso de sua imagem em emblemas desde a Idade Média, onde o conde escocês Corbet já o utilizava no ano de 1170 em seus brasões.
Sua representação é pouco espetacular: de cor negra, geralmente mostrando as asas estendidas em sua largura sobre um trimonte.
Se estiver representado como uma ave de pé, mas com as asas fechadas, provavelmente haveria confusão com a imagem da Pega-rabuda.
O corvo é, assim como todos os animais heráldicos, uma figura comum e também pode ser representado com pernas de diferentes cores ou com língua (armadura). Ele pode segurar em seu bico um ANEL, ramos, bolota ou outras adições.
O corvo está relacionado aos brasões de armas de Rabenau (Saxônia), Raab (Alta Áustria), Rapperswil (Berna), Raben Steinfeld ou Corbières (Suíça). Embora, muitas vezes, numa leitura etimológica popular não-durável com o nome do lugar.
O corvo também é representado no emblema de Matias I da Hungria (Matias Corvino).
Por outro lado, quando alguém está prestes a morrer, perto de partir dessa para melhor, dizem que o moribundo “tá no bico do corvo”.
Um forte abraço.
Saúde e Paz!
Querida Ofelia. O Corvo da foto do Moacir é símbolo do Rei Matias Corvino da Hungria . Conta a lenda documentada por Gaspar Heltai, que diz que o pai de Matias, João seria filho bastardo do rei Sigismundo de Luxemburgo, depois eleito imperador do Sacro Império Romano-Germânico . Esse rei , após a morte de sua esposa, teria conhecido Isabel Marjeana, uma donzela virgem, e se apaixonado. De manhã o rei dera um anel real à moça , prometendo tomar conta de seu filho que nascesse. Após o nascimento a familia viajou até Buda ( hoje Budapeste ) até o palácio de Sigismundo . Durante a viagem pararam para descansar. Como o bebê João chorava, Isabel deu-lhe o anel para brincar e acalmá-lo. Nesse momento, um corvo apareceu e roubou o anel. O irmão de Isabel atirou uma flecha à ave , mas o corvo miraculosamente não morreu e o anel foi recuperado. Ao receber a familia na corte , Sigismundo encheu o berço da criança com pedras preciosas. Ess lenda deve ter algum fundamento verídico, já que seu suposto pai , Vojk/Vojcu, nunca teve um brasão com ave de rapina, e repentinamente alterou -o por alguma razão. O filho de João, o rei Matias ergueu uma estátua de Sigismundo em Visegrád e o considerava seu avô. Na torre da Igreja de S. Matias , tem um corvo com um anel dourado no bico. ( Cópia da Wikipédia ) A foto do Moacir fica no Portão do Corvo, no Palácio em Buda. Abraços
ExcluirChicão, posso me meter na conversa para dar umas informações complementares à Ofélia? Dá licença?
ExcluirDiz a lenda que era uma vez um rei de nome Sigismundo apaixonado por uma garota de nome Isabel que lhe dera um filho de nome João. Feliz com o garotão o soberano presenteou a amada com um anel real prometendo-lhe zelar pelo filho o melhor que pudesse.
Um belo dia, enquanto a família viajava para Buda, como o bebê João chorasse, Isabel deu-lhe o anel para brincar querendo distraí-lo e acalmá-lo. Nesse momento, apareceu um corvo e, atraído pelo brilho das pedras, roubou da criança o anel. O irmão de Isabel mirou a ave e atirou-lhe uma flecha , mas o corvo fugiu miraculosamente e o anel foi recuperado. Dizem que o rei Sigismundo encheu o berço do bebê com pedras preciosas para "distraí-lo".
Mas a lenda deve ter algum fundamento, já que o menino passou a ser chamado de João Corvino e a família que jamais estivera relacionada à ave antes , repentinamente adotou a representação de um corvo no seu brasão e o nome Corvinus,em latim. O bebê João cresceu e foi o pai do Matias, já mencionado por você, Chicão. No momento mais sombrio da história da Hungria, segundo outra lenda, então em Praga e com apenas 15 anos, Matias recebeu da mãe um pedido de socorro: uma carta num anel no bico de outro corvo que supostamente voora sem parar desde a Transilvânia para alertar o adolescente. Matias retornou a tempo ,administrou os problemas e traições e foi coroado rei. Até hoje é cantado em verso e prosa e lendas como Matias, o Justo, o herói mais popular ,o governante mais justo e sábio, idolatrado pelos húngaros. Fascinado pela Renascença ele promoveu a cultura,patrocinou artistas e inventou a saúde e a educação públicas no país. A sua biblioteca foi a maior da Europa no século XV, só perdendo para a do Vaticano.
Durante seu reinado a Hungria alcançou sua maior extensão territorial, incorporando as terras das atuais Dalmácia, Bulgária, Polônia e o sudeste da Alemanha. O reinado de Matias Corvino é considerado o capítulo mais glorioso da história da Hungria. E o corvo ? Bem, pelo menos para a Hungria ele jamais levou más notícias. Vive pousado num portão de ferro que dá para as colinas numa lateral do Castelo e eu o fotografei sem saber da sua nobre extirpe e ele terminou no meu último post.
Agradeço-lhe mais uma vez , Chicão, pelo informativo artigo e deixo-lhe um enoooorme abraço já que nele tem que caber também a Ofélia.
Ofelia você é sensacional !!! Admiro o jeito de como você expressa nas pretinhas, seu pensamento e opinião. Copiei a lenda do Corvo e aí vem nosso Mestre e dá uma aula magnifica, explicando sobre ela. Ficou minha simples contribuição para esse texto tão elucitativo do querido Francisco. Abraços , Dulce
Excluir1) Ótimo artigo do Chicão sobre o Corvo, bela pesquisa mitológica. Parabéns !
ResponderExcluir2)Lembrei recentemente, quando o Papa Francisco soltou uma pomba branca simbolizando a Paz, em um domingo, no Vaticano.
3) Veio um corvo e matou a pomba, ainda voando. A imprensa não comentou nada, mas eu vi no incidente um sinal de que precisamos orar muito pela Paz Mundial.
Meu amigo Rocha,
ExcluirNo Budismo há um conto sobre a cobiça do corvo, que o levou à morte.
Grato pelo comentário.
Um forte abraço, meu caro.
Saúde e Paz!
Bendl, você também é budista?
ResponderExcluirAbraço, Bendl. Obrigada pela informação sobre o corvo.
Agradeço também a Dulce e ao Moacir. Três explicações seguidas. Fiquei honrada. Abraços do tamanho do Bendl pra vocês. Dizem que ele é grande. De texto eu sei que ele é.
Ofelia
Oi Moacir,
ResponderExcluirsão necessárias belas histórias para distrair quem está 'no bico do corvo', como diz o Bendl, não?. Para distrair uma criança não seria a mesma coisa?
Por que pedras preciosas, você sabe? Criança não deve dar a mínima pra elas, você não acha?
Abraço, Moacir
Ofelia
Ofélia,talvez o prezado Sigismundo, que esperava pela jovem mãe e o seu filho viajantes no seu Castelo em Buda, em meio às suas atividades reais não tivesse lá muito tempo para contar "estórias" e imaginasse que o bebê, como o corvo, se encantaria pelo brilho das pedras.O maroto deve ter engolido várias(rsrs) Mas, penso eu, cada um dá o que pode e é mais fácil dar do que se tem - quando se tem muito então, maravilha! - em vez do que se é. Parece-me que o rei entre as tantas riquezas oferecidas ao filho ilegítimo esqueceu de um detalhe desimportante: de dar -lhe o próprio nome. Por isso o João pegou emprestado o do corvo.
ExcluirAbraço
Ofélia, minha cara,
ResponderExcluirNão, não sou budista, apesar de gostar muito do modo como Buda deu a entender como seria este mundo com relação às vidas pregressas e aquelas que estão ainda por vir.
Aprecio a maneira como Buda enfatiza a contemplação, meio utilizado para refletirmos sobre nós mesmos, as circunstâncias, nossos relacionamentos familiares, pessoais, profissionais, de trazer à mente sobre o que se vai contemplar de acordo com as normas ou diretrizes budistas, acho que é mais ou menos isso que escrevi.
Apenas discordo, a meu ver - considerando a minha ignorância a respeito de reencarnação -, que, no Budismo, a pessoa pode retornar ao plano terrestre em forma de várias vidas, tais como um cachorro, formiga, cavalo ... e para mim esta possibilidade seria uma involução justamente no desenvolvimento da pessoa se, lá pelas tantas, a reencarnação é justamente para nos fazer evoluir espiritualmente, caso contrário seria uma espécie de "pegadinha" divina, penso.
Um abraço Ofélia, e excelente quinta-feira.
Saúde e Paz!
(Sim, Ofélia, sou um sujeito cuja dimensão é maior daqueles considerados normais e elegantes)
Bendl, agora só dá pra ser boa sexta-feira, desculpa.
ExcluirQue dizer que você é assim como a Oceania?
Só não pode deixar suas placas tectônicas se moverem muito, ou a gente corre o risco de um tsunami. Não tem o efeito Trump? Então, depois vem o tsunami Bendl. Pra afogar quem estiver pela frente.
Brincadeira, amigo, larga de ser bobo.
Tá chovendo, Bendl. Que bom!!!
Abraço
Ofelia
Meu amigo Pimentel,
ResponderExcluirEu que agradeço a tua intervenção sobre este tema, que peguei emprestado do teu artigo, e apenas estendi informações sobre o lendário e místico corvo.
Por sinal, a ave tem uma literatura a respeito impressionante, sinal de que ela sempre teve uma importância que sequer imaginávamos, eu, pelo menos.
Um abraço forte, meu caro.
Saúde e Paz, extensivo aos teus familiares, lógico.