fotografia Moacir Pimentel |
Moacir Pimentel
Em Portugal os rios abraçam as cidades. O Tejo, o Douro, o Ave, povoados
todos eles por gaivotas, são tão bonitos mas têm um não sei quê de tristeza que
sabe como o fado.
A mulher da minha vida - portuguesa com certeza - costuma me chamar de
tolinho ao me ver emocionado sempre que escuto a Balada da Despedida seja num
centro de fado ou nas “serenatas monumentais” durante as semanas acadêmicas da
moçada da família à beira do Mondego ou do Douro....
“Coimbra, tem mais encantos na hora da
despedida...”
A canção é a Balada do VI Ano Médico de 1958 da Universidade de Coimbra
e é cantada de norte a sul de Portugal, pelos fadistas das casas de fado
lisboetas como a Severa, por exemplo, e pelos formandos de Medicina de qualquer
faculdade lusitana, como é o caso dos estudantes portistas no vídeo.
Ela foi composta pelo saudoso compositor e cantor açoriano Fernando
Machado Soares e, tendo se tornado um dos grandes emblemas do fado coimbrão,
viajou para muito além dos portões da Universidade onde nasceu só que com o
apelido de Coimbra Tem Mais Encantos.
Nos rigores acadêmicos da década de cinquenta, o tema da balada fez
furor e inaugurou uma era: o fim dos solistas no fado acadêmico!
E o advento da interpretação coletiva, feita pelas vozes de todos os
concluintes, fadistas amadores doidos para soltar o verbo unidos numa mesma
melodia, numa só banda sonora, a declarar amor imorredouro à cidade à qual
estavam dizendo adeus.
São famosas as tais semanas acadêmicas em toda a t’rrinha. Geralmente
realizadas no mês de maio, elas são as festividades estudantis das instituições
de ensino superior, no final de mais um ano letivo.
Normalmente cada instituição tem a sua. Apesar dos vários nomes dados a
essa tradição - “enterro” na Universidade de Aveiro e, sabe-se lá porquê, “enterro
da gata” na Universidade do Minho - a celebração é comumente chamada de “Queima”,
referindo-se à “Queima das Fitas”, por ser o nome da festa acadêmica mais antiga
do país, justamente a da Universidade de Coimbra.
Pense em milhares de jovens vestidos de negro – os “fitados”- cantando
em lágrimas diante da Sé Velha. Um soco no peito. Principalmente para quem,
como eu, tem laços familiares com ex e atuais alunos coimbrões chorões.
Se o fado é a canção da alma portuguesa, o fado de Coimbra tem,
seguramente, o ritmo do coração dos seus estudantes. Intimamente ligado às
tradições da Academia, o Fado de Coimbra surgiu espontaneamente entre os calouros
que, ao mudarem-se para a cidade para frequentar a Universidade, levavam
consigo as suas guitarras portuguesas
.
A tradição mantem-se até hoje. Cantado exclusivamente por homens, o fado
coimbrão é formal e para tenores. Os grupos de músicos e cantores conhecidos
como os Capas Pretas usam o traje acadêmico de calça e capa negras, o que
confere uma certa solenidade às apresentações, quando a rapaziada canta à noite
nas praças e ruas da cidade.
Mas eu faço eco à uma minoria que sabe que em praça pública ou nas
velhas ladeiras de Coimbra as culturas popular e erudita locais se encontraram
faz tempo nesse cantar.
O dito fado de Coimbra teve uma origem aristocrática e nele, ao longo
dos séculos, as músicas folclóricas e as cantigas populares foram se misturando
aos acordes dos serões, dos romances e das modinhas dançadas ao som de cravos e
pianos primordiais.
O fado de Coimbra é uma arte personalíssima onde a poesia culta e
acadêmica e aquela outra dos trovadores e da gente do povo se casaram, para
semear cantigas de amor e trabalho, críticas políticas e sátiras dos costumes,
em serenatas populares.
E dessa mistura nasceu a Canção de Coimbra, dona de muito requinte mas
de pegada fadista, de filão popular, canto e lamento do povo e crônica da
história do lugar.
Coimbra tem uma arquitetura peculiar, com ruas estreitas, arcos,
escadarias e praças e duas Sés: uma Velha e uma Nova. É a cidade dos
estudantes, dos jovens que querem mudar o mundo, dos poetas, dos apaixonados,
da famosa Universidade - a mais antiga de Portugal! - e de uma trágica história
de amor.
Quem olha para Coimbra do outro lado do rio Mondego se encanta pelas
suas casas penduradas na encosta. Já a partir dos telhados da Universidade as
vistas longas dos campos e das torres das igrejinhas são tão poéticas que tiram
o fôlego.
Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruto,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuto,
Aos montes ensinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.
(Camões - Canto III dos Lusíadas)
São apaixonantes as ruas tortuosas, as calçadas de pedra, os arcos, as
escadarias e as repúblicas de estudantes da cidade e o rio Mondego que, como
uma serpente azul-verde-prata, divide o cenário ao meio.
Gosto particularmente desta foto, que nos mostra o pátio da Universidade
sendo reformado e no centro do espaço o prezado Del Rei Dom João III, o grande
modernizador da instituição de ensino.
fotografia Moacir Pimentel |
No lado direito do rio fica a Universidade, que na realidade foi fundada
em Lisboa, em 1290, e transferida definitivamente para o Paço Real de Coimbra
em 1537.
Do lado esquerdo, moram todas as referências à trágica e real história
de amor entre o príncipe de Portugal Pedro e a bela Inês de Castro. Essa
história é a versão lusitana de Romeu e Julieta e teve o seu início em 1339,
quando Pedro, o herdeiro do trono português que depois iria ser alcunhado de o
Cruel devido à sua vingança contra os assassinos da amada – casou com a
princesa espanhola Constança mas apaixonou-se perdidamente por Inês, uma das
aias que faziam companhia à sua esposa.
Inês de Castro (imagem planonacionaldeleitura.gov.pt) |
Inês de Castro era filha natural de uma dama portuguesa, Aldonça
Lourenço de Valadares, e de Pedro Fernandes de Castro, fidalgo da corte do rei
Afonso XI de Castela e um dos nobres mais poderosos do reino espanhol.
O que condenou Inês à morte não foi apenas o amor do príncipe herdeiro
pela moça, mas muito principalmente a amizade de Pedro pelos poderosos e nobres
irmãos de Inês - Fernando de Castro e Álvaro Pirez de Castro. Sentindo-se
ameaçados pelos irmãos Castro, os fidalgos da corte portuguesa pressionavam o
rei D. Afonso IV para afastar tal influência do seu herdeiro.
Assim, em 1344, o rei mandou exilar Inês no castelo de Alburquerque, na
fronteira castelhana. No entanto, a distância não foi capaz de apagar a chama
da paixão entre os amantes que, diz a lenda, continuaram a corresponder-se com
frequência.
No ano seguinte, Constança morreu ao dar à luz o futuro rei Fernando I.
Viúvo, Pedro mandou Inês regressar do exílio e os dois passaram a viver juntos,
o que provocou grande escândalo na corte.
Enquanto Pedro recusava-se a casar de novo com as damas de sangue real
que lhe oferecia o pai alegando a dor da viuvez recente, Inês ia tendo os filhos
de D. Pedro, os frutos de seu amor proibido: Afonso em 1346, Beatriz em 1347,
João em 1349, Dinis em 1354.
Tais nascimentos agudizaram a situação: circulavam boatos de que os
Castros conspiravam para assassinar o infante D. Fernando, filho de Constança e
herdeiro de D. Pedro, para que o trono português passasse para os filhos de
Inês de Castro.
O rei finalmente acatou a sugestão de seus conselheiros e mandou matar a
fidalga, com quem Pedro depois jurou que havia se casado secretamente.
A história conta que Pedro, depois que se tornou rei, fez coroar rainha
a sua Inês.
“As filhas do Mondego, a morte escura
Longo
tempo chorando memoraram
E
por memória eterna em fonte pura
As
Lágrimas choradas transformaram
O
nome lhe puseram que ainda dura
Dos
amores de Inês que ali passaram
Vede
que fresca fonte rega as flores
Que
as Lágrimas são água e o nome amores”
(Os Lusíadas, canto III)
Hoje, os dois amantes estão enterrados no Mosteiro de Alcobaça, e não na
Quinta das Lágrimas, cuja Fonte de Amores - segundo Dona História - presenciou
os beijos e juras desse amor trágico e cuja Fonte das Lágrimas – segundo Dona
Lenda - presenciou Inês chorando pela última vez, quando foi transpassada pelos
punhais de seus assassinos.
A partir da história real nasceu uma belíssima e trágica lenda que os
fatos justificavam. Primeiro na imaginação popular e depois recontada por
artistas, poetas e romancistas.
Os fatos históricos e a presença de raras algas vermelhas na hoje
denominada Fonte das Lágrimas, cedo fizeram o povo português imaginar que tenha
acontecido nos jardins da Quinta a morte da “linda Inês”, que ainda pedindo
emprestadas as palavras de Camões, “depois de morta foi rainha”.
Desde então a Quinta das Lágrimas – lugar histórico dos amores e lugar
mítico da morte – tornou-se um lugar de peregrinação e a lenda, além de ter
ganho um lugar de culto onde ainda hoje se pode sentir o romance, passou a ser
narrada ao som do fado.
O certo é que nem só de Dona Inês sobrevive a Canção de Coimbra e que o
fado de matriz coimbrã e o Fado de Lisboa são gêneros musicais distintos nas
suas maneiras de serem cantados e interpretados, tematizados e dedilhados,
acompanhados e assimilados.
Um não se confunde com o outro e cada qual individualiza e canta a sua
própria origem, região, cidade e mágoa.
Durante a época da ditadura o Fado de Coimbra, por exemplo, serviu à
resistência, as baladas se tornaram veículo de opinião e expressão política
entre os alunos, num tempo em que a palavra valia mais que mil armas.
São pungentes - talvez mais do que aquelas monumentais e realizadas na
presença de milhares de estudantes de negro - as típicas e pequenas serenatas
feitas por alunos sob as janelas das namoradas, as magníficas apresentações dos
grupos em frente à Sé Velha de Coimbra durante todo o ano letivo, o costumeiro
dedilhar nos bares da vida de temas conhecidos que falam da cidade, da vida dos
estudantes, ou acompanham as palavras dos sonetos dos maiores nomes da poesia
portuguesa, como o velho e grande Camões, cujos versos enriquecem esse post:
“Amor é um fogo que arde sem se ver;
É
ferida que dói, e não se sente;
É
um contentamento descontente;
É
dor que desatina sem doer”.
Por certo que, em Coimbra, o fado é mutante e que nele todos os dias, a
poesia se reconcilia com consigo própria, com a modernidade, com a língua, com
o tempo presente, com as vozes jovens que o cantam, sem que seu lirismo seja comprometido,
como se pode ver nos versos das Trovas Novas, da lavra de Manuel Alegre:
Já não há capas ao vento
Nesta nossa trova nova
E de jeans ou de rock
Nem por isso é menos trova
Chega o tempo de outra trova
Menos dor menos lamento
Em Coimbra sempre nova
Chega a trova deste tempo
Trova do amor e talvez
Trova de outro amor mais puro
Porque é de Pedro e de Inês
Com raízes no futuro
Trova de um outro choupal
Que já está dentro de nós
E onde em vez do rouxinol
Chega a vez da nossa voz.
1) Bom artigo, me vi passeando e maravilhando-me, novamente, pelas bonitas ruas coimbrenses. Parabéns !
ResponderExcluir2)Agora, olha que interessante vizinho, parece que estamos em "sintonia": outro dia enviei ao Mano um artigo onde falo de dois livros, mediúnicos, do Chico Xavier, onde ele conta a história de Inês de Castro e Pedro, sob o manto da Espiritualidade, deve ser publicado brevemente.
3)Abraços de bom fim de semana para todos (as).
Antônio, esse transmimento de pensação é comum entre os velhos lobos de pelo grisalho, devotos dos livros para quem raros programas são mais deliciosos do que um café em uma enorme e moderna livraria ou comer poeira em um pequeno sebo. Mas conte-nos melhor , vizinho , sobre a história de Pedro e Inês que geraram 4 filhos sob o manto da espiritualidade(rsrs) Eu de minha parte não esqueci A Leiteira de Vermeer, sobre quem tentarei conversar antes de sair de férias.
ExcluirAbraço
Meu caro Pimentel,
ResponderExcluirRecentemente escrevi que eu gostaria muito de conhecer Portugal e Espanha.
Nós, os gaúchos, sempre convivemos muito de perto com os lusitanos - Porto Alegre foi colonizada por sessenta casais de açorianos –, e diante das fronteiras que mantemos com Uruguai e Argentina, o idioma espanhol não é problema, pois o compreendemos muito bem.
Mas Portugal tem a questão de ser nosso descobridor, quem revelou para o mundo esta terra maravilhosa, este celeiro de alimentos e mina incomparável de pedras preciosas, ouro e diamantes!
E foi o país colonizador que abriu as nossas matas, estipulou nossos limites territoriais, descobriu a riqueza de nossa fauna e flora.
Pois aquele meu tio, Rudi, casado com a Tia Wilma, que era instalador de som nos cinemas, um técnico estupendo, montou o cinema Coimbra, em Tramandaí, RS, cujos donos era o sr.Antônio e a dª Maria, portugueses de Póvoa de Varzim, que eu os conheci pessoalmente nos distantes idos dos anos cinquenta.
Antes de as luzes se apagarem para dar início ao filme, as lâmpadas laterais multicoloridas iam perdendo a luminosidade – um acontecimento pela “tecnologia” empregada – ao som da célebre canção Coimbra, até hoje maravilhosa, sem ter perdido com o tempo o seu encantamento e maviosidade:
“Coimbra do choupal ainda és capital de amor em Portugal...”
Pois agora tu me vens com este artigo excelente, característica dos teus textos, claro, que me faz pensar que jamais conhecerei esta cidade tão importante para os lusitanos e para o mundo, local da Universidade maios antiga de Portugal e uma das mais antigas do planeta, fundada em 1.290, conforme mencionaste acima!
Fazer o quê?!
Ainda bem que os teus registros me fazem viajar pelo mundo e assim, os relatos me dão a dimensão, modos e costumes do povo e das cidades, que complemento depois vendo pelo Youtube alguns vídeos sobre as localidades mencionadas.
Mas eu gostaria muito de conhecer Portugal, repito.
O irmão da minha mulher viaja para a “terrinha” com a esposa, que é filha de portugueses - a mãe a acompanha nesta viagem para ver seus familiares após CINQUENTA ANOS! -, justamente perambulando por Lisboa, Porto, Braga, e se hospedando na casa de um dos parentes em ...Coimbra.
Depois, visita Santiago de Compostela, a famosa catedral, na Espanha, perto da cidade do Porto, de trem, e segue de lá para Madri, retornando diretamente para Lisboa, de onde embarca de volta para Porto Alegre!
Obrigado, Pimentel, por mais este artigo belíssimo, que põe a minha mente para viajar por locais que jamais conhecerei, que não me deixam triste, não, apenas tenho um suspiro mais longo que os demais, realçando a minha terra e agradecendo a Deus a família que dei origem nesses pagos.
Um forte abraço, meu caro.
Excelente fim de semana.
Saúde e Paz!
Chicão,parodiando um rei lusitano que era poeta, muito nos alegra que não mais nos tarde o nosso amigo de Rolante nas Conversas.Lê-lo por aqui é uma satisfação e saber que aprecia meus rascunhos uma honra.
ExcluirPousamos em Portugal numa aldeia bem próxima à Póvoa do Varzim - a terra do Sr.Antônio e Dona Maria - e à Vila do Conde. A mais ou menos 25 quilômetros do Porto , que dista por sua vez 230 quilômetros de Santiago de Compostela. Nossa filha e genro caminharam uma média de 35 quilômetros /dia por uma semana, entre Santiago de Compostela e nossa aldeia , por onde passa o Caminho , bem à beira de onde começa nossa rua. Já nosso filho e nora atravessaram o Norte de Espanha , iniciando a peregrinação na fronteira da França , na mesma pisada , até Santiago onde fomos apanhá-los de carro.
Diz minha senhora que uma das pilastras da Catedral é milagrosa : a central que é encimada por uma imagem do Santo carregando um pergaminho esculpido com a Árvore de Jessé - a genealogia do Cristo. Na sua base se vê um rosto barbudo , parece que um auto retrato do artista escultor,ladeado por outras duas cabeças de gárgulas com imensas bocas escancaradas.
Desde os tempos mais remotos , os peregrinos que chegam ao seu destino, encostam as suas cabeças nessa coluna , supostamente para obter iluminação.Só que ao fazer tal movimento , tantos peregrinos impuseram as mãos sobre o pilar para se equilibrarem, que sulcos profundos foram cavados na pedra. Onde centenas de milhões de mãos peregrinas se apoiaram e se apoiam ainda hoje, ao longo dos séculos foi sendo gravada a impressão de uma mão em baixo relevo , onde cabem perfeitamente os nossos dedos.
Corre a lenda que é indizível a energia deixada ali pelos incontáveis caminheiros que com suas pegadas esculpiram o Caminho e que com a sua fé , continuam a cinzelar uma mão naquela pedra. Os que acreditam dizem que os justos que colocarem as suas mãos na reentrância , terão os seus justos pedidos atendidos.
Peça aos seus para pedir aos pés de Santiago para que você depois de ter atravessado Portugal, possa um belo dia estar ali, agradecendo a viagem.
Abração
Moacir, lindo o artigo que me fez recordar os meus tempos da faculdade de Direito. Tem uma canção antiga que fala que esta cidade é faculdade onde o livro é uma mulher que ensina a dizer saudade. Saudade dos colegas que a gente termina perdendo de vista. Obrigada e bom final de semana para você e sua família.
ResponderExcluirMônica, meu velho pai formou-se em Direito em 1953. Até hoje os velhos companheiros se reúnem uma vez por ano para almoçar juntos. Da última vez que confraternizaram só restavam cinco
Excluirdos rapazes (rsrs) Obrigado por sua leitura e tão generosos comentários.
Moacir,
ResponderExcluirEu estive na Quinta da Lágrimas e no Mosteiro de Alçobaça para ver de pertinho a história de amor de Pedro e Inês que a gente conta sem nem saber que está contando a cada vez que diz que agora é tarde Inês é morta. Adorei a foto do rio e o fado dos estudantes. AMEI ler de novo os versos de Camões que aprendi cantando a canção Monte Castelo da Legião Urbana ( lembra? ) misturados com as palavras de São Paulo na sua Carta aos Coríntios. Mais uma bela crônica para iluminar o sábado nublado. Deixo-lhe o meu abraço.
Cara Flávia,como esquecer a canção da Legião Urbana, na qual onosso rock dos anos 80/90 se misturava com as pretinhas de Camões e dos Coríntios? Mas fazia muito tempo que não a escutava e agradeço-lhe pela lembrança. Camões é imenso e seus versos de amor incomparáveis. Deixo-lhe além de outro abraço alguns mais ...
ExcluirBusque Amor novas artes, novo engenho,
para matar me, e novas esquivanças;
que não pode tirar me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho
Amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que n'alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.
Olá Moacir,
ResponderExcluirSe Coimbra é dos encantos, voce é da peste ( peste boa, digamos), porque mostra e ensina lindas coisas de Porttugal que me deixam com muitas vontades. Vontade de andar por essas ruas tortuosas, pelas calçadas de pedra, passar pelos arcos e ,por que não, chorar com a Amalia num dia de chuva. E ouvir um pouco de fado.
Fico me perguntando quanda saudade não tiveram os meus avós queridos de sua linda terra que nunca mais viram!
Obrigada pela história, pelas imagens que ficaram na minha memória... porque "...asi como los hechos reales se olvidan, también algunos que nunca fueran pueden estar en los recuerdos como si hubieran sido." (GGM -Memorias de mis putas tristes)
Donana,
ExcluirAcho que não era só o Gabo que tinha memórias não vividas ou saudades de coisas desconhecidas. Milito nesse time. Talvez sejam as imagens nos filmes , os parágrafos nas leituras , as lyrics nas canções, as histórias e o amor pela t'rrinha e o fado nas vozes de nossos ascendentes que tecem enredos nas nossas mentes e nos façam sentir em portuguais desconhecidos a impressão que já estivemos ali. Só não lembramos quando, como e porquê. Voltei ao arquivo para resgatar uma conversa sobre um destes lugares que, quando visitei pela primeira vez, me pareceram estranhamente familiares sendo perfeitamente desconhecidos.
Quem não acredita em magia - yo no creo en brujerías, pero que las hay, las hay - jamais esteve no Vale do Rio Zêrzere, à beira das Penhas da Saúde e antes de Manteiga, na Serra da Estrela. Nos finais de tarde, quando o céu perde a cor - mais ao menos às 19 horas no verão e às 16 no inverno - a atmosfera, não sei porque, fica enevoada, tomada por uma luz suave e difusa, que modifica contornos, formas e cores, nos dando a sensação de estarmos nas brumas de Avalon. O vale é árido, mas aqui e ali ainda sobrevivem pinheiros bravos, castanheiros e o amarelo das flores da carqueja e das maias ilumina a paleta monocromática de cinzas fantasmagóricos. Eu tenho certeza de que já vivi à beira daquele rio. Minha mulher ri e fala que , naquelas paragens, devo ter sido um pastor de ovelhas se referindo à Lenda da Serra. Mas essa já é outra conversa.
Abraço
ResponderExcluirGrande texto, Moacir. Você é imbatível nas viagens. O passeio por Coimbra não pode ser a última escala em Portugal. Mande mais!
Carlos, ainda passearemos muuuito pela t'rrinha. Aguarde!
ExcluirObrigado pelo comentário e um abraço
Olá, Moacir. Belíssimo texto para encantar nosso fim de semana. Coimbra é uma " lição de sonho e tradição .. ", assim diz a letra da música cantada divinamente por Amália. E quem por lá já passou vive essa atmosfera de sons, amor, lágrimas e saudades. Obrigada por mais esse presente. Abraços, Dulce
ResponderExcluirOlá Dulce,
ExcluirPara a amiga serena, que ama a arte e as coisa pequenas e grandes de Portugal e do vasto mundo , nesta noite de domingo mando Madredeus
https://www.youtube.com/watch?v=5qSAg1-4Zes
Abraço
Viva Coimbra e a balada do VI Ano Médico da sua Universidade. Viva os calouros, os estudantes, os formandos, os residentes de Medicina. Viva os médicos e obrigado a você por essa crônica, manovéio.
ResponderExcluirMárcio, meu amigo, considere-se, entre os mafiosos de branco, o maior dos homenageados pela balada.
ExcluirAbração
Oi Moacir,
ResponderExcluireu ganhei apenas UMA das abotoaduras do estudante de capa preta, de Coimbra, que foi visitar o colégio em que eu estudava aqui no Rio. Ele me deu a dele e eu dei a minha. A minha era uma pobre abotoadura igual a outras tantas fabricadas sob encomenda com o símbolo, as iniciais do colégio.
A dele era/é de ouro, linda. Como o seu coração, Moacir, que tão bem escreve esse texto e tantos outros.
Já reparou? Tudo o que é bom e especial é UM.
Abraço
Ofelia
And last but not least, Ofélia.Eu lembro de você ter comentado em um dos meus posts sobre o rapaz português de capa preta que visitara a sua escola. Mas, não sei porque, pensei erroneamente que ele lhe dera um anel. Em vez vocês trocaram abotoaduras. Que pena que não abotoaram melhor essa, que poderia ter sido uma linda história. Mas duvi-d-o-dó que apesar do presente dele ter sido de ouro e o seu de metal, hoje o prezado tuga lembre da menina brasileira com mais carinho do que ela lembra dele. Quanto ao meu coração antigo ele não é de ouro - nada disso ! - mas é teimoso e constante quando quer bem. E finalmente , discordo veementemente da teoria do UM, seja ela qual for. Aliás , sobre o tema , estou com a galera santíssima e não abro : Crescei e multiplicai-vos!
ExcluirBom ler você por aqui
Abraço