fotografia Moacir Pimentel |
Moacir Pimentel
O fado é tudo o que eu já disse dele e muito mais que jamais saberei
teclar. Fado é emoção na veia. Devo confessar que balanço e perco mesmo o
estilo e a compostura e sou mais português que muitos pás, ao escutar Amália cantando
Barco Negro.
Pelamordedeus...como não se arrepiar ouvindo a voz sublime dessa senhora
que tinha o mesmo nome da minha saudosa mãe?
“De manhã, que medo, que me achasses feia!
Acordei,
tremendo, deitada n'areia
Mas
logo os teus olhos disseram que não,
E o sol penetrou no meu coração”.
Agora o rosto de Amália Rodrigues está gravado numa calçada de pedrinhas
no bairro da Alfama, na Rua de São Tomé, em pleno coração de Lisboa.
Foi reinventado por um artista de arte urbana que se assina Vhils, em
colaboração com os calceteiros da câmara municipal de Lisboa. O rosto da
fadista foi executado com calçada portuguesa e o chão se eleva para permitir
que ela possa chorar sempre que chover.
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O nome do bairro mais medieval de Lisboa - a Alfama - vem do árabe
Al-Hamma, que significa fontes ou banhos quentes. Esta esquina da cidade já foi
a área mais importante e rica de Lisboa, e era tudo o que os mouros sonhavam
com suas ruas íngremes, casas próximas umas das outras e um castelo.
Cruzando suas ruelas sinuosas se percebe a influência árabe em cada
palmo do lugar, traços mouros em algumas construções com chaminés de acentuado
sotaque, fachadas de tintas bem claras e reluzentes ao sol da tarde, pequenos
jardins escondidos e bem cuidados, os becos coloridos e cheios de vida e uma
ambiência medieval no entardecer.
Ainda dignas de nota são as varandas minúsculas decoradas com flores e
gaiolas, dividindo espaço com roupas a secar ao sol e as velhas senhoras
portuguesas que sorriem e acenam para os passantes.
Após os terremotos de 1755 os ricos mudaram-se da Alfama para áreas mais
afastadas e o lugar foi ocupado por pescadores e artesãos. A maioria das
construções, no entanto, sobreviveu ao gigantesco terremoto e a Alfama é um dos
caminhos mais curtos para se chegar a lugares interessantes como a Catedral da
Sé e o Miradouro das Portas do Sol e também, é claro, ao Castelo de São Jorge.
Se bem que bom mesmo é subir a Alfama pé, vale a pena pegar o bonde
amarelo na Praça do Comércio para visitar o Castelo, no topo da colina mais
alta de Lisboa e no berço da cidade quando da ocupação romana. O lugar fora
precariamente fortificado no século VI pelos visigodos mas o Castelo só foi
construído na sua imponência total pelos mouros no sétimo século para só ser
tomado pelo primeiro rei de Portugal, Afonso Henriques, em 1147.
Até o século XX o castelo estava em ruínas, e então o ditador Salazar –
o mesmo que ordenara a destruição de todos os fortes – ironicamente o reconstruiu
com as pedras originais - que teriam desaparecido de outra forma - embora elas
tenham sido reutilizadas de forma aleatória. Dos seus jardins com sobreiros e
oliveiras e pavões coloridos temos as melhores vistas de Lisboa do alto de suas
torres, ou caminhando ao longo das muralhas.
Quem desce a colina a partir do Castelo, através de lojinhas e cafés, ao
longo de ruas estreitas e sinuosas, percebe que o traçado do bairro teve a
intenção de tornar mais difícil para o inimigo o transporte de armas como
canhões e que o labirinto de ruas foi projetado para que nele os estrangeiros
se percam (rsrs)
Que não se desorientem ao ponto de perder a oportunidade de fazer barba,
cabelo e bigode, no Barbeiro de Sevilha, lá na Rua do Alecrim. Um dos lugares
que recomendo nesse mundo.
Nesse plano emaranhado das ruas da Alfama, um parque de paralelepípedos
da cor do Velho Mundo, a sua praça principal, o Largo de São Miguel, é o melhor
lugar para observar as nuances atmosféricas daquelas paragens.
As casinhas da Alfama confortam umas às outras na mesquinhez romântica,
enquanto as roupas recém lavandas também choram sobre as calçadas, o cheiro de
mariscos nos faz salivar e os santos favoritos decoram as portas para proteger
as famílias. São Pedro, o protetor dos pescadores, é quase uma unanimidade.
Se você vir tapetes pendurados para secar, isso significa que tem uma lavanderia
nas proximidades. Poucas casas têm a sua própria e então, o bairro tem uma
pública assim com banheiros comunitários. Até recentemente, nas primeiras horas
da manhã, as ruas da Alfama eram tomadas por moradores sonolentos de pijama e
escova de dentes na mão, indo para as “casas de banho” públicas.
Hoje, os jovens optam por viver em outros lugares, atraídos pela
conveniências modernas indisponíveis no bairro e os antigos apartamentos em
prédios caindo aos pedaços estão congestionados por imigrantes - principalmente
ucranianos e brasileiros- atraídos pelo boom da construção de uma década atrás.
Em apenas duas gerações, os habitantes da Alfama mudaram: das famílias de
pescadores para imigrantes jovens e boêmios.
Embora em constante mudança, a herança de Lisboa sobrevive ali, na borda
da Europa, na cultura rica, nas vistas deslumbrantes, nas pessoas amigáveis, e
em um ambiente salgado de mar e de lágrimas.
Apesar da mudança na demografia, as ruas secundárias da Alfama ainda
acolhem salas para a música mais tradicional de Lisboa: o fado. Em nenhum outro
lugar da cidade as dolorosas e belas e assombrosas baladas sobre marinheiros
perdidos e corações partidos são mais honestas, que me desculpe o Bairro Alto.
É depois de escurecer que o bairro da Alfama mais se agita. Os seus
moradores veteranos se reúnem pelos botecos da vida, restaurantes que servem
pouco mais que sardinhas assadas - deliciosas! - para ouvir e cantar o fado
triste de Portugal, o seu lamento mais tradicional. O fado informal, conhecido
por vadio.
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Nós geralmente escolhemos uma mesa lá atrás desses pequenos lugares, de
onde podemos acompanhar os dois tocadores de guitarra portuguesa -
invariavelmente bigodudos - debruçados sobre seus instrumentos e perdidos em
sua música e a participação do distinto público nativo. O melhor da festa.
Os cantores se sucedem apresentados pelo orgulhoso garçom depois de repor
as jarras de vinho da casa sobre as mesas.
E eis que aparece uma estrela: batom vermelho-sangue, cabelo comprido,
um xale de luto por cima do vestido preto. Tão sofrida! Mas o decote revelador
promete vida após a morte e jura-nos que ela merece ser vivida.
A fadista sempre faz uma pose sexy e caras e bocas antes dos bandolins
gemerem e então solta a sua voz de veludo. E parece que canta as ondas do mar
de lágrimas salgadas derramadas pelas mulheres portuguesas vestidas de preto
pelas tristezas de Portugal e pela distância de seus amados. De repente os
comensais começam a cantar e nós aderimos ao coro... arrepiados.
Esta é uma experiência clássica de fado que qualquer pessoa disposta a perambular
tarde da noite pelas ruelas do bairro antigo pode desfrutar. Desde meados do
século XIX essa música tristemente bela que fala de corações partidos, de
romances agridoces, dos marinheiros, dos aventureiros, dos imigrantes e das
famílias que deixam para trás “viralizou” na t’rrinha.
As letras refletem o suspirar por um ente querido além mar, as
esperanças de um reencontro, as lembranças de um doce passado, os sonhos de um
futuro melhor, e o desejo do que poderia ter sido se o destino não tivesse
intervindo.
Embora geralmente triste, o fado pode ser alegre de uma forma nostálgica
e brilhante e feliz quando a canção é sobre as virtudes de cidades como Lisboa
ou Coimbra, ou o calor dos lares portugueses.
As músicas são muitas vezes cantadas em tom menor e o fadista é
acompanhado por uma guitarra de doze cordas - prima legítima do bandolim - ou
por outros instrumentos de cordas únicos de Portugal cujos nomes me escapam.
Geralmente a voz dos fadistas cresce na primeira palavra do verso, como um
brado emergindo de dentro do peito que estoicamente encara o destino.
Não me entenda mal. Eu nada tenho contra as casas de fado tradicionais
como A Severa, cujo nome homenageia Maria Severa - a cantora cigana que no
século XIX foi uma das maiores fadistas de Portugal - ou O Faia, ou a Adega do
Machado no Bairro Alto ou mesmo a Parreirinha de Alfama. Chegamos até a
apreciar no Café Madragoa o repertório da Sofia Ramos que mistura fados
clássicos com bossa nova.
Mas o fado mesmo, distante de armadilhas turísticas, vadio, do piorio, genuíno,
triste e doído é cantado por amadores em bares acanhados da Alfama ou pela
rapaziada de capa negra nas esquinas da bela Coimbra.
1)Belo texto, belas fotos, belo Fado, belo destino !
ResponderExcluir2)Bela Lisboa, belo sábado !
Amei o seu fado 'vadio', Moacir, e Lisboa é tudo de bom. Conte mais! Um fim de semana de sol para você e sua família.
ResponderExcluirBelo post, Moacir. E ouvir a voz maravilhosa da Amália e ver a fotografia da calçada "onde o chão se eleva para que ela possa chorar sempre que chover" também é muito bom.
ResponderExcluirFaz muito tempo, muito tempo mesmo, que minha família veio de lá. Mas acho que, não importa quanto tempo passe, o fado vem e fica nos nossos corações. Talvez já tenha nascido neles, ou talvez, como cantou o João Braga,
A origem do fado não importa
Ele é a própria origem ou talvez
D. Pedro coroando Inês já morta
Ou a história escondida atrás da porta
Onde se aninha o medo português
Não procures a origem: ele é a origem
Antes do antes e antes do começo
Como oiro no avesso da fuligem
Ou Lisboa e Pessoa e aquele verso
Onde os sentidos sentem o que fingem
Não procures na história: ele está fora
E estando fora ele é o próprio centro
A hora antes da hora e aquela hora
Onde o dentro está fora e o fora dentro
Do momento que passa e se demora
Não busques noutro lado: ele é aqui
E sendo aqui é sempre o outro lado
O presente e o passado e o nunca achado
País que é e não é dentro de ti
Onde tudo começa e tudo é fado
Moacir,
ResponderExcluirPrimeiro eu me apaixonei pela foto depois me emocionei com o fado do barco negro. Lindos! A sua crônica deliciosa sobre o bairro de Alfama liga tudo confirmando que você tem alma de artista. Posso perguntar onde você fotografou o barco? Obrigada e um grande abraço para você.
Viva! Viva o nosso guia espiritual (porque faz bem à alma) de estimação (porque é muito querido) de Portugal (foi lá que deixou seu coração) e crítico amador ( porque é um apaixonado) dA arte.
ResponderExcluirBom domingo!
Donana ,não mereço, é claro , as suas pretinhas generosas , mas elas me deixaram ao mesmo tempo, sem jeito e muito contente. Ah, mas gostei! Sabe? Como o seu Mano eu também tinha muitos tios e tias e uma delas, muita bela ,em segundas núpcias, aos 32 anos casou-se com um homem doze anos mais novo que ela e perdidamente apaixonado.Foram muito felizes.Sessentão mas bem de saúde e de bem com a vida ele queria ainda passear e viajar. Ela cansada , reclamava: "Vá sozinho , não vê que estou velha ?" Ele, que jamais foi na esquina sem a mulher amada,retrucava: "Como assim? Você está linda e bem disposta!", e ela balançava a cabecinha sorria e resumia a conversa: "Que Deus te conserve cego!"
ExcluirO mesmo digo eu hoje a senhora!(rsrs)
Grande abraço
Oi Moacir,
ResponderExcluirseu navio 'pirata' assaltou muitas almas e levou com ele um TANTO de nós. Como pode essa foto ser tão linda? É o tal olho de ver, do qual muita gente acha graça, pensando que ele não existe, que é como o Saci, apenas uma história. Não é.
O melhor é que tive visão semelhante desse mar em outro mar, e sem o barco, lá em Niterói. Praia da Boa Viagem? Que sabemos eu e a minha cabeça, além da lembrança de entrarmos, eu e as primas, em uma caverna na rocha, antes quase vazia, mas que a água preencheu ligeiro quando veio a maré cheia, que chega sem avisar. E afoga, se deixarmos.
Uma emoção experimentada e que sobrevive ao tempo.
Não sei o que acho mais bonito. Se as varandinhas (sou encantada com elas), se o rosto da Amália Rodrigues (Amália era o nome da minha avó materna, chamada de dona Bebê), que chora, quando chove, lágrimas de chuva.
Vou escolher a imagem do barco, que tanto leva como traz de volta.
Escolho ainda o fado, que além de canção sofrida e tão bela, tem para nós, mortais, também o sinônimo de destino.
E ainda, e sobretudo, VOCÊ, capaz de mexer com todos nós dessa forma que se lê por aí.
Abraço
Ofelia
Ofelia,não sei se com o tal olho de ver, mas tenho visto muita coisa bonita e feito muitas fotos desde que deixamos de pagar os olhos da cara para revelá-las, coisa que não tinha graça nenhuma. Tenho um grande afeto pelo fado e por esse barco negro que vai e volta e troca porque não acredita em mares ou praias sem boas viagens .
ExcluirE SIM fique comigo, conosco, com as pretinhas, com as Conversas, com o Drummond:
"Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças
Entre eles, considero a enorme realidade
O presente é tão grande, não nos afastemos
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas"
Um grande abraço para você
Que sábado encantador você nos trouxe com cheirinho de sardinhas assadas, as lembranças do bairro de Alfama com suas peculiaridades como , as casinhas coloridas, as roupas no varal, as varandas floridas, as ruas estreitas parecendo um labirinto, boas para nos perdermos e nos encontrarmos, a visão do rio Tejo. Tudo isso acompanhado com a voz divina de Amália. Quanta saudade gostosa me trás, da minha mãe. Só falta o vinho verde bem gelado. Volte sempre com essas lembranças poéticas. Abraços, Dulce
ResponderExcluirDulce Regina, minha amiga, sabia que mesmo em dezembro, lá na t'rrinha comemos as sardinhas do verão? A malta as congela em água salgada, dentro daqueles garrafões de água mineral. Com uma salada de rúcula e tomates secos , "pimentos" assados nas brasas , batatas ao muro, broa de milho lambuzada com a gordurinha dos peixinhos libertos das peles ( são indigestas!)tudo regado por vinho verde SIM, mas tinto, é de se comer ajoelhado. Absolutamente poético. E você sabe que para mim não tem como não falar de Portugal : é feitiço dos bravos!
ExcluirO abraço de sempre
Não judia do meu paladar....fiquei com água na boca, só em pensar nessas sardinhas, com batatas, salada de rúcula e tomates secos ( adoooooro !!! ), pimentões, batatas ao murro acompanhado de vinho tinto dos bons, que no inverno nos apetece mais. Está na agenda para o ano que vem, se Deus quiser...Boa semana ! Abraços lusitanos, Dulce
ExcluirPimentel, meu caro,
ResponderExcluirTaí um pais que eu gostaria muito de conhecer, Portugal!
O meu cunhado, Bio, irmão da Marli, parte em julho do ano que vem para a "terrinha", passando rapidamente pela Espanha, Santiago de Compostela e, de trem, até Madri!
Ah, se eu pudesse, se eu pudesse ...
Sempre gostei do fado. Música nostálgica, poderosamente tocada por violões, e interpretado magistralmente por esta fantástica Amália Rodrigues!
No Brasil, tivemos na década de sessenta, um cantor português que alcançou um relativo sucesso. Chamava-se Francisco José, meu xará.
Imagino-me, às vezes, navegando ou pelo Doro ou Tejo, e ouvindo o fado, pensando na saudade que os lusitanos não sentiam quando deixavam para trás o seu país e tentavam a vida no Brasil, o quanto não sofriam!
Se, eu, que sequer descendo de portugueses, o fado me emociona, quanto mais aos amantes dessa música e daqueles que precisaram sair de sua pátria por necessidade.
Meu aplauso, Pimentel, por mais esta obra prima de tua autoria, que nos faz viajar pelos mais variados cantos do mundo, e embalados por canções maviosas, enternecedoras e inesquecíveis!
Um forte abraço.
Saúde e Paz!
Chicão,fico satisfeito que você tenha apreciado o texto e muito obrigado pelo incentivo.De vez em quando eu também fico imaginando o que pensavam aqueles caras , naquelas caravelas frágeis se lançando ao mar desconhecido. Penso nisso à beira do Tejo e na foz do Douro, mas nenhum lugar é melhor para tais divagações do que Sagres. No Algarve, em meio a uma paisagem selvagem, na ponta mais a sudeste da Europa,onde já se acreditou ser onde a terra terminava. São dois promontórios, muralhas de dezenas de metros de altura , falésias e longas extensões de areia e a extrema violência do mar e dos ventos. Foi lá que fundaram a tal escola, onde se reuniram cartógrafos, astrônomos ,engenheiros e marinheiros, construíram as caravelas e começaram a exploração da costa africana. Eu olho aquela imensidão, me imagino no século XV e , meu amigo, tiro o chapéu aos caras.
ExcluirAbração
Antônio, se você quis dizer que na sexta a gente começa a ficar contente porque amanhã será sábado que os sábados nem precisam ser de sol para serem belos enquanto que as segundas nem precisam ser chuvosas para serem tristes, concordo com você.
ResponderExcluirMônica, o fado ainda vai render e tenho tanto a dizer sobre a t'rrinha que, ao fim e ao cabo , você vai pedir para , como se dizia antigamente , "virar o disco" ou "mudar de estação"
Wilson, ainda não vi Dona Amália chorar mas vou continuar insistindo. Você fechou com chave de ouro o post com os versos cantados pelo Braga: "A hora antes da hora e aquela hora/ Onde o dentro está fora e o fora dentro/ Do momento que passa e se demora/E sendo aqui é sempre o outro lado/ O presente e o passado e o nunca achado/País que é e não é dentro de ti."
Acho que o nome DISSO é VIDA.
Flávia, a foto foi tirada no Algarve de dentro de uma caverna nas falésias nos arrebaldes da Praia da Rocha,em Portimão. Um paraíso principalmente depois e defronte de uma tasquinha erguida na areia e chamada Oh, Zé! que serve as melhores amêijoas e polvos ao sul do Tejo!
Muito obrigado pela leitura e comentários e abraço geral