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29/01/2017

O Buda e os Serviços de Inteligência

Estátua de Buda, em Andhra Pradesh, India (imagem wikimedia)



Antonio Rocha


A polêmica, que aconteceu recentemente, sobre a espionagem praticada pelos Estados Unidos em relação ao Brasil me fez lembrar de um texto clássico da Literatura Budista:

Certa feita, o rei Pasenadi, de um reino chamado Kosala, foi visitar o Buda na floresta e conversavam animadamente sob uma árvore.

Nisto, um grupo de religiosos de outra linhagem passa perto. O rei interrompe o diálogo com o Buda, vai até os ascetas, andarilhos, peregrinos e faz as reverências cabíveis nestas ocasiões. Depois voltou para sentar-se e continuar a conversa com o Buda. Mas o rei observou que o Mestre Sidarta não fez os cumprimentos tradicionais, respeitosos e ecumênicos para o grupo que já se afastava, nem se levantou para saudar os caminhantes. Então perguntou:

- Eles são homens santos e o senhor não saiu do lugar, não moveu uma palha?! São pessoas ímpares, conduta notável e o senhor não os cumprimentou como recomenda a boa educação e quer nos ensinar as boas maneiras éticas!?

Sorrindo, Sakyamuni ponderou:

“É na adversidade, após um longo tempo, que as pessoas se revelam, quem realmente são. E não em um encontro inicial, superficial”.

Agora foi a vez do rei sorrir e dizer:

- Maravilhoso Senhor! Eles são meus soldados, dos serviços de inteligência, andam disfarçados de religiosos e me informam sobre tudo o que o povo pensa, fala e faz.

Então o mestre Gautama completou, novamente sorrindo:

“Um homem não é facilmente conhecido pela aparência exterior. Leva-se muito tempo para confiarmos ou não nele. Homens descontrolados andam pelo mundo disfarçados de controlados, equilibrados.”

Fonte: páginas 222 e 223, “Ensinamentos do Buda – Uma antologia do Cânone Páli”, Nissim Cohen, 2008.

Moral da História: o rei Pasenadi de Kosala, como era conhecido, tentou fazer uma “pegadinha” como o Buda, mas não deu certo.

Uma das características do Estado de Buda ou Estado de Deus é que a pessoa consegue ler na aura de cada um, isto é, no campo vibratório em torno de si, quem ela realmente é.

Como já escrevemos aqui neste blog uma vez, até os vinte e nove anos o Buda foi treinado para ocupar o trono. Então ele conhecia os meandros dos poderes e a pegadinha do rei amigo não foi possível.

E se alguém estranhar que naquele tempo, século VI antes de Cristo, já existiam serviços de inteligência, é preciso esclarecer: desde que existem os poderes na face do planeta, estes mesmos poderes sempre cuidaram da proteção dos reis e soberanos das mais diversas formas.

Buda, quando morava no Palácio também tinha os seus seguranças. As vezes que precisou sair fora dos muros fortificados, fazia-se acompanhar dos soldados.

Mas um belo dia, ele renunciou a tudo e virou um asceta, andarilho. Claro, ele tinha antiga missão já decretada a milhares de anos: revelar que todo ser vivo tem em Estado Potencial o Estado de Buda, de Iluminação, de Esclarecimento.

Para fazer isso, precisava desapegar-se das benesses dos poderes. Depois que atingiu o tal estado, ele voltou para casa, sua esposa e filho o acompanharam pelo resto da vida.

Digamos, ele foi fazer um MBA nas florestas... Meditação Bem Aplicada.




6 comentários:

  1. 1)Obrigadíssimo Mano, bom domingo !

    2)Bênçãos para todos (as)!

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  2. Moacir Pimentel29/01/2017, 19:50

    Antônio,
    Sim a espionagem existe , como você disse , desde que inventaram o poder. O seu post me lembrou da Arte da Guerra do general chinês Sun Tzu, que se acredita ter vivido praí e valentes 2500 anos atrás. O livrinho é mencionado na internet retalhado em citações como, por exemplo:
    "A suprema arte da guerra é derrotar o inimigo sem lutar"
    Quem o leu a sério não esquece que um dos capítulos era dedicado aos espiões. O general já então afirmava que a informação era poder e que aquela prévia, vital para o planejamento estratégico das guerras não se podia obter "de fantasmas nem espíritos, nem por analogia, nem descobrir mediante cálculos"
    Tinha que ser recebida de pessoas que conhecessem a situação do adversário. O velho general dividiu os espiões em diversas categorias: nativos, internos, duplos, mal informados , volantes etc, etc, etc.
    Parece-me que Sun Tzu não fazia a leitura das auras.Coisa que avalio por demais complicada.
    Nessa leitura, confesso, sou analfabeto
    Abração

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  3. 1) Oi Moacir, grande lembrança, vc está certíssimo.

    2)Eu tb tenho o "Livro da Guerra", hoje muito aplicado no campo da Administração de Empresas, Gestão e afins.

    3)Boa semana !

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  4. Você consegue ler aura, Antonio?

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    Respostas
    1. 1) Oi Ofélia,

      2)Eu não leio aura, mas os textos dizem que o Buda lia, e outros grandes mestres da humanidade tb liam.

      3)Então acredito.

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  5. Olá Antônio,
    Comentei ontem, com um fora genial mas o redator retirou a tempo, espero.Voce chegou a ler?
    Afora o fora. Seu texto está ótimo! Continuo aprendendo.
    Até mais.

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