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Dulce Regina
Estamos
vivendo momentos de fragilidade na sociedade em todo Mundo. Precisamos de
forças e coragem para viver nosso dia a dia, com o mínimo de tranqulidade.
Meditando
sobre isso, cheguei à conclusão de que falta Deus nas relações humanas. Estamos cada vez mais envolvidos com
o TER esquecendo-nos do SER.
Passamos
o final do ano recebendo e enviando mensagens de Paz, e o que fizemos de
concreto para que isso aconteça?
Então
lembrei-me de uma experiência vivida na década de oitenta, quando estava envolvida
mais concretamente com a religião. Como dava aulas de catequese no colégio e na
paróquia, precisava aprimorar meus conhecimentos e vivenciar de forma eficiente a oração . Daí fui
convidada pelo coordenador do SOR - Serviço de Orientação Religiosa - para um
retiro.
De
imediato aceitei, não havia tido essa oportunidade e mergulhei no desconhecido
de coração aberto, sem perguntas. Sabia que seriam sete dias e que aconteceria
no REMAR - Recanto Marista, localizado em Areias, no município de
Ribeirão das Neves, BH. Local privilegiado para diversas atividades religiosas,
pois tem um espaço bonito, simples, tranquilo, moderno e prático, cujo ambiente
concilia tecnologia e natureza.
imagem recantomarista.edu |
Acomodei
minhas tarefas e família, e viajei de carona com dois religiosos, chegando ao
local à noite. Recebida e acomodada num quarto aconchegante e simples, fui
convidada a participar do grupo para receber as orientações. Seria um retiro de
"Silêncio e Oração", ministrado pelo Irmão Aleixo - Marista - Mestre
em Mariologia. Em seguida depois de outras informações, houve as
apresentações... aí veio a grande surpresa!!! Eu era a única leiga, todos os
participantes eram religiosos, a maioria mulheres. Fiquei meio cabreira... e
pensando: O que vai acontecer? Como vou participar?
Fomos
dormir depois da oração, já com o compromisso de horário para a primeira oração
do dia.
Às cinco
horas fomos despertados com uma bela canção: "Surpresa de Deus"
Em
seguida assistimos uma aula, todos em silêncio, e fomos orientados para sair do
local sozinhos e fazermos um "deserto", meditar sobre o que
apreendemos da palestra. Cada um escolheu seu local, parado ou caminhando,
seguindo a orientação do silêncio, isto é: não podia conversar (???)
Apavorei-me...
Como ficaria sem falar? Não iria conseguir...
Chegou a
hora do almoço. Irmão Aleixo desligou até a geladeira, por causa do barulho do
motor... silêncio absoluto! As Irmãs comiam de cabeça baixa, eu olhava ao redor
e todos tranquilos. Pudera! Eram religiosos! Pensei mais uma vez : Não vou aguentar...
Vou embora... Pensei até que fosse um "castigo" do meu coordenador,
pois falo muito. Rsrsrs...
Em
seguida outra aula. Nosso orientador muito tranquilo, carismático, voz mansa e
inteligente, foi, gradativamente,
passando-me uma energia boa.
Orávamos
várias vezes ao dia, cantávamos louvores e conforme os dias passavam, eu
aquietava-me.
Preferia
caminhar, olhar as flores e todos os detalhes da natureza. O céu encantava-me,
cada formato de nuvem ou sombra do sol parecia que conversava comigo. Hoje
tenho a convicção que essa experiência fez-me apreciar mais ainda as maravilhas
de Deus.
fotografia Dulce Regina |
Passaram-se
os dias e, ao término do retiro, fomos orientados para escolher algo concreto
para colocar no altar, na Missa de encerramento. Olhando ao redor, avistei uma
árvore com frutos de vários tamanhos, então escolhi três frutos de tamanhos
diferentes que representariam meus filhos e durante o ofertório coloquei-os no
altar sobre a proteção de Deus.
Terminado
o retiro todos se abraçaram e como foi gostoso sentir o calor de outro ser
humano. As Irmãs sorrindo e curiosas, queriam saber qual era minha congregação,
onde era possível casar e ter filhos. Para mim foi um aprendizado de
valorização à oração, ao silêncio interior e ao ser humano.
Hoje mais
do que nunca urge cultivarmos a união da família, o ritual da religiosidade e o
respeito pelo outro. Façamos nossa parte, praticando e reforçando essa rotina
constantemente e que Deus abençoe todos os povos.
Dulce, minha amiga, eu tenho muito respeito por quem é capaz de fazer o que não sou. Meditar e orar e fazer silêncio para mim são completas impossibilidades. Não é capaz de nada disso a minha pobre mente "pueril". Então...eu teria fugido do seu Retiro antes daquele primeiro jantar silencioso (rsrs)
ResponderExcluirMas o seu texto é um doce presente para quem, como eu , milita no time do grande Martin Luther King:
"O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons."
Às pretinhas e reze por nós!
Abraço
Olá Moacir. A canção postada fala do Silêncio de Maria. Não podemos imaginá-la como uma mulher omissa, submissa e reduzida ao silêncio. Ela foi uma serva do Senhor, silenciosa, humilde e fiel à sua missão. E assim deve ser o cristão comprometido, principalmente nessa era em que a nossa comunicação é tão pobre, em que circulam em nossos ouvidos " tantas palavras vazias, tantas mentiras embrulhadas em verdades e tantas verdades vendidas por mentiras" estamos precisando mais do que nunca desse " silêncio interior " , para ouvirmos o que Deus tem a nos dizer. Não esperemos um momento duro na nossa vida ou uma crise, para perceber o quanto Deus nos ama e que somos abençoados a todo momento. Louvado seja o Nosso Senhor Jesus Cristo ! Dulce
ExcluirOlá Dulce Regina,
ResponderExcluirBelo retiro.
E como voce fala de Deus, natureza, flores e frutos, mando um pouquinho de Cecília Meireles
No mistério do sem fim
Equilibra-se um planeta
E no planeta, um jardim
E no jardim, um canteiro
E no canteiro, uma violeta
E sobre ela o dia inteiro
Entre o planeta e o sem fiim
A asa de uma borboleta
Um abraço para você.
Ana, querida. Obrigada pelo verso de Cecilia. É isso mesmo no mistério do sem fim, encontro sempre uma borboleta , a qual tenho uma relação de amor e carinho muito grande. Beijos ruidosos das maritacas. Dulce Regina
ExcluirDulce, dos textos que você escreveu para o blog, este é o mais simples e o de maior significado. Você sabe o que penso sobre o silêncio e oração e asseguro que saber ouvir é da maior sabedoria para o ser humano.
ResponderExcluirTiro meu chapéu para você. Conheço-o muito bem e se é uma das qualidades que aprecio em você, é o " saber ouvir ". Sempre sereno e paciente. É o que digo aqui em casa eu sou Marta, você Maria. Beijo
ResponderExcluir1) Oi Dulce, belo texto e fotos.
ResponderExcluir2) Nos retiros que fiz também vivenciei Oração, Silêncio e Trabalho...
3) Tornei-me um especialista em lavar panelas, louças, talheres ...