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08/08/2016

Crianças

imagem metford.fbc.org




Heraldo Palmeira

Rever Pirenópolis é sempre um grande prazer. A cidade, voltada ao turismo e acostumada a receber gente do mundo inteiro aos borbotões, consegue manter aquele ar de cidade do interior que parou no tempo colonial e nos faz sentir em casa. Com o charme do roteiro gastronômico obrigatório.

No restaurante do jantar da primeira noite havia uma sala para espera ao lado do balcão principal, com sofá de quatro lugares e duas poltronas diante de uma tevê. O programa jornalístico tratava de meio ambiente e mostrava o fechamento de um lixão.

Quatro crianças assistiam ao programa com surpreendente interesse. Eram todas de Belém e desfrutavam mais uma das viagens de férias em família.

Duas estavam realmente cansadas. As outras, os irmãos Cauê e Raiana – peço desculpas à minha amiguinha se errei a grafia do seu nome –, de nove e onze anos, se mostraram adoráveis.

Diante da imagem de uma criança magricela falando a respeito do que era viver no lixão, eu provoquei:
– Já pensou, uma criança vivendo assim?
– Não, eu nunca pensei – respondeu Cauê de pronto, inquieto.

Com o fim do programa, entramos em animada conversa. Raiana e eu falamos de muitas coisas, das viagens que ela já fez, das que pretende fazer, das aventuras escolares, do pai que já não é casado com a mãe mas continua presente, e com quem já tinha planejada a primeira viagem internacional.

Pouco depois, alguns familiares se achegaram para conferir o bem-estar das crianças proseando com um estranho e logo se entregaram simpáticos a mais um pouco de conversa. Saí daquele restaurante encantado e certo de que, com crianças como aquelas, há esperança no futuro.

Mesmo diante da quantidade de pequenas criaturas insuportáveis que infestam o mundo – quase sempre “formadas” à imagem e semelhança dos adultos que as cercam (que bem poderiam aproveitar alguma dica do livro Crianças francesas não fazem manha) –, encontrar por acaso aqueles dois meninos e duas meninas adoráveis ficou guardado como uma prova de que educar é uma arte que pode passar pelas melhores escolas, mas começa em casa, no comprometimento dos pais e demais responsáveis.

2 comentários:

  1. 1) Texto importante. Concordo com o Heraldo. É muito bom conversarmos com crianças inteligentes.

    2)Certíssimo: Educação começa em casa, desde os primeiros dias do bebê. Vou além: Educação começa na gravidez.

    3) Abraços !

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  2. Wagner Amorosino09/08/2016, 10:01

    Como diria o querido compositor Almeida Prado: "Às vezes, crionças!"

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