imagem metford.fbc.org |
Heraldo Palmeira
Rever Pirenópolis é sempre um
grande prazer. A cidade, voltada ao turismo e acostumada a receber gente do
mundo inteiro aos borbotões, consegue manter aquele ar de cidade do interior que
parou no tempo colonial e nos faz sentir em casa. Com o charme do roteiro
gastronômico obrigatório.
No restaurante do jantar da
primeira noite havia uma sala para espera ao lado do balcão principal, com sofá
de quatro lugares e duas poltronas diante de uma tevê. O programa jornalístico
tratava de meio ambiente e mostrava o fechamento de um lixão.
Quatro crianças assistiam ao programa
com surpreendente interesse. Eram todas de Belém e desfrutavam mais uma das
viagens de férias em família.
Duas estavam realmente cansadas. As
outras, os irmãos Cauê e Raiana – peço desculpas à minha amiguinha se errei a
grafia do seu nome –, de nove e onze anos, se mostraram adoráveis.
Diante da imagem de uma criança magricela
falando a respeito do que era viver no lixão, eu provoquei:
– Já pensou, uma criança vivendo
assim?
– Não, eu nunca pensei – respondeu
Cauê de pronto, inquieto.
Com o fim do programa, entramos em
animada conversa. Raiana e eu falamos de muitas coisas, das viagens que ela já
fez, das que pretende fazer, das aventuras escolares, do pai que já não é
casado com a mãe mas continua presente, e com quem já tinha planejada a
primeira viagem internacional.
Pouco depois, alguns familiares
se achegaram para conferir o bem-estar das crianças proseando com um estranho e
logo se entregaram simpáticos a mais um pouco de conversa. Saí daquele
restaurante encantado e certo de que, com crianças como aquelas, há esperança
no futuro.
Mesmo diante da quantidade de
pequenas criaturas insuportáveis que infestam o mundo – quase sempre “formadas”
à imagem e semelhança dos adultos que as cercam (que bem poderiam aproveitar
alguma dica do livro Crianças francesas
não fazem manha) –, encontrar por acaso aqueles dois meninos e duas meninas
adoráveis ficou guardado como uma prova de que educar é uma arte que pode
passar pelas melhores escolas, mas começa em casa, no comprometimento dos pais
e demais responsáveis.
1) Texto importante. Concordo com o Heraldo. É muito bom conversarmos com crianças inteligentes.
ResponderExcluir2)Certíssimo: Educação começa em casa, desde os primeiros dias do bebê. Vou além: Educação começa na gravidez.
3) Abraços !
Como diria o querido compositor Almeida Prado: "Às vezes, crionças!"
ResponderExcluir