-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

16/08/2016

O Banho de Sábado

By Dario Sanches from São Paulo, Brazil - AZULÃO Cyanoloxia brissonii ) Uploaded by Snowmanradio, CC BY-SA 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=12279614

Antonio Rocha

Este aprendiz de escriba que vos fala, através das letras, no fim de semana que coincidiu com o “Dia dos Pais” foi para a região serrana do RJ e cheguei à aprazível cidade de Nova Friburgo, originalmente colonizada por alemães.

Hoje, disse-me um taxista, beira os duzentos mil habitantes. Está bem cuidada (pelo menos, pelo centro, por onde andei). Está limpa. O teleférico que caiu em 2011, naquela triste chuvarada já está funcionando a pleno vapor e de lá se descortina belo visual.

O título da crônica é em homenagem aos azulões, família de passarinhos que rondavam os jardins da pousada onde estávamos. Supostamente azulões, penso. Bem que eu gostaria de aumentar os meus conhecimentos em Ornitologia... mas nem sempre é possível.

Foi no café da manhã, de sábado, que contemplamos a referida família banhando-se no chafariz ao ar livre que estava próximo ao refeitório onde saboreávamos suculento café com leite. Lá fora, na madrugada fizera nove graus... e eu, um pernambucano friorento, imaginava aquela água fria, gélida, quem sabe, e os “meus” simpáticos pássaros curtindo as ondas provocadas pela queda d´água.

Observei que nos outros dias eles não voltaram, assim não posso dizer se banharam-se novamente, entretanto... apegos vários me trouxeram de volta ao Rio, assim deduzo que, no inverno o banho deve ser sabatino.

Me fez lembrar de outra crônica que publiquei neste importante blog do Mano, onde falei de um casal de João-de-Barro que construía o ninho de segunda à sábado e no domingo descansavam. Então pensei que os meus amigos azulões pontificavam o chafariz aos sábados.

O interessante é que os outros passarinhos como pardais e demais deixaram a “piscina” só para a citada família.

A Natureza é realmente linda e misteriosa, lamento não poder conversar com os amigos voadores azulões...

Continuando o fim de semana, uma senhora, na rua, nos diz que ama Nova Friburgo: a criminalidade é mínima, o número de desempregados é ínfimo e a maioria das casas confirmei que têm os muros baixos, nada de altitudes tipo aquelas fortalezas cercadas com arame farpado eletrificado.

A Economia da cidade gira em torno de “peças íntimas”. Em determinada época do ano tem uma das maiores feiras brasileiras do setor. E até vi roupas fabricadas com fibras de bambu... incluindo calças compridas e camisas ...

Foi o fim de semana do Festival de Inverno local. No dia 12, a abertura foi com o cantor e compositor Lenine e sua Banda. Quadra Poliesportiva do SESC lotada e apesar do frio as músicas e o público ajudaram a esquentar o ambiente. Perto, ardia um fogueira que foi até bem tarde da noite.

No dia seguinte, a peça Galileu Galilei, maravilhosa para se ver, rever, sempre que possível. Pelas manhãs e às tardes, atividades para crianças, danças, exposição de artes plásticas, literaturas, contações de histórias múltiplas...

Procurei saber como sempre faço, quando chego a uma localidade. Perguntei quem era o “padroeiro” e uma senhora me disse feliz: “São João Batista”. Eu e minha esposa fomos até à Matriz: fizemos reverências budistas respeitosas ao Santo e pedimos permissão para adentrar e passear pelo Município.

É bom ser ecumênico, interreligioso. Lá em cima, eles, de diversas religiões e filosofias confraternizam-se amigavelmente. Aqui por baixo, belo dia, será assim!


3 comentários:

  1. Meu caro Rocha,

    Essas crônicas me encantam, principalmente quando abordam o dia a dia, e observações que fazemos em certos momentos.

    Parabéns, mais uma vez, pelas lições que nessas palavras estão contidas, de admiração à Natureza e porque dela fazemos parte, inclusive somos a espécie mais frágil, apesar de sermos animais racionais agindo muitas vezes irracionalmente, por mais contraditório e paradoxal que seja!

    Um forte abraço.
    Saúde e Paz!

    ResponderExcluir
  2. Obrigado Bendl,
    Me lembrei que, quando solteiro, fiz parte de uma Banda. Eu tocava percussão "de ouvido". Convidados pela Prefeitura nos apresentamos lá no Teatro da Cidade de Nova Friburgo, isso, quarenta anos atrás... os dois outros componentes da Banda eram alunos da Escola de Música da UFRJ; eu da Letras e o cantor-líder já era semi-profissional, mas ... a vida me levou para as Literaturas ...

    ResponderExcluir
  3. Moacir Pimentel17/08/2016, 11:24

    Belo post, Antônio.Eu também procuro ler sobre todas as religiões.Afinal , não importam as fontes, a canção nem as estradas mas que nelas os pássaros continuem de asas e determinados a voar.
    Abração

    ResponderExcluir

Para comentar, por favor escolha a opção "Nome / URL" e entre com seu nome.
A URL pode ser deixada em branco.
Comentários anônimos não serão exibidos.