Francisco
Bendl
Observo tanto ao conduzir passageiros no
táxi quanto em conversas durante as minhas folgas, pessoas que professam uma fé
e tentam se apegar a ela de forma consistente e, outras, que se sentem confusas
a respeito; algumas não dão importância às religiões, mas existem também
aquelas que se autodenominam sabedores da verdade e as que não acreditam em
nada e em ninguém.
Na maioria das vezes existe o
respeito pela crença alheia, mas também há o descaso, a crítica ferina, a
tentativa de se desacreditar uma seita ou corrente religiosa diferente das
tradicionais e mais conhecidas.
Percebo que o assunto religião não deixa
ninguém indiferente. Notadamente os fundamentos das argumentações são sempre de
caráter individual, significando não existir um pensamento único sobre a
questão, isto é, um Deus único e não todos com o seu Deus.
Mesmo os considerados “crentes” ou
evangélicos, divergem sobre o pecado, o perdão, o castigo, o céu e o inferno. A
mensagem divina, os alertas messiânicos, as previsões sobre o futuro da
humanidade e a nossa fragilidade como tal, as exigências do Criador quanto às
observâncias dos mandamentos, levam a discussões intermináveis e sem uma
definição a contento.
Discordo, portanto, do conselho
popular que avisa que sejamos prudentes em não discutir política ou religião.
Penso justamente ao contrário, que
está na conversa (civilizada, educada e respeitosa) o esclarecimento sobre
vários pontos duvidosos, inacreditáveis, irreconciliáveis, de modo a se buscar
algumas conclusões importantes sobre um assunto tão grave e que tem conduzido o
comportamento das pessoas ou para uma espécie de alienação espiritual ou,
então, para uma atividade religiosa que descamba à separação entre membros da
própria família!
Religião jamais poderia ser um fator
de ódio, distinção, separação, distanciamento, rompimento, ao contrário.
Entretanto, essas diferentes
interpretações e comportamento sobre a crença escolhida – algumas
caracterizadas pelas conveniências pessoais, poder político, proibição de se
pensar de outra maneira que não seja a determinada por um líder espiritual,
abrangência total sobre o fiel, obrigações impossíveis de se atender,
exigências absurdas de comportamento, liturgias ultrapassadas, conceitos
primitivos sobre opções divinas por este ou aquele – têm levado o ser humano
para labirintos e armadilhas espirituais que tolhem a sua liberdade,
criatividade, manifestações espontâneas de pessoas em busca de uma vida melhor,
tendo em vista o medo da punição de Deus, o inferno como destino, o castigo
eterno, que as fazem abandonar projetar seus pensamentos à procura de maiores
esclarecimentos sobre o próprio Deus e religião.
Ora, professar uma religião com a
obrigação de se ter “fé”, caso contrário é o castigo como decorrência é falso,
não é verdadeiro, certamente mais acarreta problemas que trazer soluções.
Tenho sessenta anos, experiência
considerável de vida, conheci milhares de pessoas.
Tenho uma família constituída e
filhos formados em profissões liberais, e minha mulher tem inclusive Pós-Graduação.
Morei em várias cidades brasileiras: Brasília, São Paulo, Florianópolis,
Curitiba, e trabalhei em outras: Recife, Salvador, Rio de Janeiro, Belo
Horizonte, além de porto Alegre, claro. Esta vivência em outras regiões, o
contato com outros modos e costumes diferentes do gaúcho, enriqueceram
sobremaneira minhas ideias a respeito de vários temas, afora o crescimento e
evolução naturais que a idade proporciona, caso estejamos abertos às mudanças
ou aperfeiçoamentos, lógico, que alinhavaram um sujeito aberto às questões
religiosas, espirituais, e aceitando todas as crenças existentes e seguidores
sem qualquer restrição, sejam eles católicos, evangélicos, protestantes,
judeus, islâmicos, budistas, hinduístas, espíritas, anglicanos, taoístas,
monoteístas, politeístas, muito respeito às seitas afro (sincretismo), que me
possibilitaram rever posicionamentos passados e adotar com muita pretensão um
pensamento quanto ao nascimento e vida do ser humano.
Sobre a morte e o que vem depois
dela, se é que tem alguma coisa, na razão direta que respeito qualquer
manifestação espiritual a respeito ou o que dizem certas religiões, afirmo que
não há ninguém que saiba algo definitivo sobre existir vida após a morte ou
não, mas somente especulação. O medo, o temor, o desconhecimento, nos impelem a
aceitar o que nos dizem sem maiores reflexões e questionamentos, talvez por
comodidade.
Por eu ser um rebelde nato, atrevo-me
a expandir meus pensamentos sobre o ser humano – não somente a respeito de
religião -, mas abordando a forma de como entendo ser o nosso início e a nossa
vida. O que podemos mudar e o que é imutável, a herança genética, o fardo que
já trazemos de berço, a responsabilidade paterna e o verdadeiro livre arbítrio
na minha concepção.
Se eu ajudar a esclarecer algumas
dúvidas, ótimo.
Se eu contribuir para mais dúvidas, melhor.
Se eu fortalecer a fé de algumas
pessoas em suas religiões de adoção, maravilhoso.
Se eu possibilitar que pensem sobre
essas questões e ideias e comecem a fomentar raciocínios próprios, esse é o
nosso verdadeiro destino: questionar, duvidar, pensar.
Naturalmente que eu não estou sendo
original em dizer que devemos pensar, tendo em vista um célebre filósofo no
passado, Descartes (1596-1650), anunciado para o mundo em 1637, no seu Discurso
do Método que, “Penso, logo existo.”
Na verdade quero marcar a minha
existência com meus pensamentos.
Se ridículos ou não pouco importa;
se carentes de base ou fundamento não
vem ao caso, ou seja, não quero ser um irresponsável que diz o que pensa sem
maiores cuidados, mas não quero omiti-los imaginando que alguém irá criticá-los
por isto ou aquilo ou eu me amedrontar pelo que vão dizer de mim.
A intenção é demonstrar o que penso
sobre um assunto tão importante, repito, e não querer mudar ou transformar quem
quer que seja, muito menos abalar as convicções espirituais de cada um. Meu
desejo é que as pessoas explorem as cavernas de suas mentes e pensem,
raciocinem, meditem, não tenham medo. Se temos inteligência por mais ampla ou
mais modesta que se mostre é para ser usada, atiçada, provocada. Não fosse assim
e não estaríamos desfrutando de grandes inventos e descobertas que nos trazem
conforto e a prova incontestável de pensamentos realizados em obras
extraordinárias.
Inicio, então, dizendo que se
analisarmos o homem e a mulher individualmente serão incompletos como seres
humanos.
Não há geração de vida que se origine
só do homem ou da mulher isoladamente. A junção de um casal dá origem para
outra vida.
Portanto, somente o ser humano
completo - homem e mulher - tem este poder de gerar uma nova vida naturalmente.
Desta forma, os responsáveis pelo
nascimento daquela vida são seus pais, mais ninguém. Em consequência, aquele
novo ser irá trazer consigo uma bagagem genética herdada de seus genitores, que
lhe dará forma física saudável ou deficiente, feia ou bonita, alta ou baixa,
gorda ou magra, além de contribuir à elaboração de um sistema mental que se
desenvolverá mediante os ensinamentos e exemplos que seus pais lhe deixarão ao
longo da existência, e que serão de extrema importância e implicação para a formação
e comportamento desta pessoa.
Isto é imutável.
Trazemos de berço a identificação com
quem nos gerou, mas como foi esta geração?
Tenho para mim que Deus não tem a
menor ingerência sobre a vida do ser humano ( estou dizendo que acredito em
Deus, portanto, não sou ateu).
Caso Deus agisse na vida individual
das pessoas seria discriminatório, preconceituoso. E se somente abençoasse quem
lhe dedica fervor estaria declinando da imparcialidade que o pai precisa ter,
mencionado de forma extraordinária na parábola do filho pródigo, no Novo
Testamento:
Simplesmente um amor devotado a quem
gerou mesmo que afastado, distante.
Deus não pode interferir nas relações
humanas ou nossa história seria muito diferente, a começar pelas atrocidades
que cometemos contra nós mesmos. O pai jamais permitiria que seus filhos se
matassem desta forma. Se fosse preciso que ele, o pai, se imolasse para trazer
paz à sua família que assim fosse, pois foi o responsável pelo nascimento
daquelas vidas, mas não exterminar com a prole porque esta não lhe saiu como
queria.
Justamente neste detalhe de
fundamental importância, ou seja, o poder que o homem e a mulher possuem de
gerar outro ser que eu explico o Livre Arbítrio no meu entendimento e
interpretação sobre esta condição que temos de decisão.
Ouço muitas pessoas falarem do livre
arbítrio como uma espécie de liberdade para que optem entre fazer o bem ou o
mal. Sobre as minhas atitudes benignas ou malignas irei arcar com as
consequências.
Respeitosamente isto não é livre
arbítrio e discordo veementemente desta definição de quem quer que seja.
Eu não posso ser punido por ser
torcedor do Inter e não para o Grêmio, se prefiro o vermelho ao azul.
Não posso ser julgado e condenado
espiritual e fisicamente se fui constituído limitadamente e porque o bem e o
mal fazem parte do ser humano. Se me acompanham desde o meu nascimento os
defeitos que meus genitores me impregnaram, assim como fizeram com eles os seus
pais, meus avós e assim por diante.
Não posso e não devo me penitenciar
pelos defeitos dos que me geraram (sejam físicos e/ou morais) e que terei de
carregá-los pelo resto da minha vida.
Fosse como dizem as religiões sobre
os tributos divinos do perdão, amor e compaixão, a vida nova trazida para esta
existência estaria isenta de deformações espirituais, morais e comportamentais.
Deus não permitiria o nascimento de seres humanos que se transformariam em
assassinos em série, ditadores desumanos, elementos perniciosos que
prejudicariam a humanidade.
O ser humano é fruto do ser humano.
O livre arbítrio está na capacidade
que homem e mulher têm de gerar outra vida e se PODIAM OU NÃO GERAR OUTRO SER!
Esta é a responsabilidade do ser
humano. Este é o seu livre arbítrio, haja vista que dos seus atos
irresponsáveis de poder e não de comportamento, que é muito diferente, mas de
poder fazer surgir uma nova vida, e caso não tivessem condições necessárias
para tamanho compromisso, os pais desta criança irão acarretar como
consequência do seu ato impensado a infelicidade para esta pessoa através de
uma herança hereditária extremamente difícil porque seus filhos foram meras
consequências de atitudes egoístas, de seres humanos que deveriam refletir
sobre os desdobramentos dos seus gestos, ou seja, são as outras pessoas que
pagam e sofrem pelos nossos erros.
Não preciso dizer que as condições
que me refiro à reprodução da espécie - afinal das contas não somos bichos,
apesar de agirmos assim muitas vezes – não estão vinculadas tão somente ao
aspecto econômico, mas igualmente moral, afora suportes extras à criação de
filhos que exigirão dos pais a consciência que aquela vida não mais lhes
pertencem, ela agora precisa ser canalizada à educação, ao sustento, à
presença, ao amor, à dedicação, ao aprendizado, mas, principalmente, aos
exemplos, que servirão como base à formação da personalidade e caráter dos
filhos (e mesmo com esses cuidados e dedicação plenos que alguns pais conseguem
transmitir e dar a seus filhos, ainda assim surgem pessoas com sérios desvios
de comportamento e se tornam execráveis à sociedade, quanto mais não existindo
tais pressupostos à formação das crianças).
Portanto, não acredito em intervenção
divina em nosso sistema de vida limitado, imperfeito, tendencioso, passional,
caso contrário, Deus estaria sendo simplesmente igual a outro ser humano
qualquer, com preferências, escolhas e simpatias.
Ao comerem do fruto extraído da
árvore do Bem e do Mal que havia lhes sido proibido pelo Criador – assim é
relatado através das Escrituras -, Adão e Eva foram expulsos do Paraíso. Ora,
simplesmente uma simbologia da relação sexual. Seriam, então, o Bem e o Mal, os
filhos gerados com e sem maiores cuidados?
Lembro que Caim matou Abel, filhos
dos excomungados. Esta seria a dicotomia humana? Tanto geramos filhos bons como
maus?
E se Deus de fato agiu desta maneira
com os primeiros humanos que fizera por que permitiu – do alto de sua
onipotência, onisciência – que o início da humanidade se formasse tão errado a
ponto de exterminá-la quase por completo com o Dilúvio?
E se sabia de tudo previamente por
que continuou a permitir que os homens se reproduzissem mesmo após o castigo
das águas não ter adiantado de muito que nos comportássemos e, mais uma vez,
quase nos aniquila em Sodoma e Gomorra?
Tais punições seriam tão somente
acidentes de percurso que deveríamos enfrentar pelo caminho ou para que não
perdêssemos a consciência também de que, além da responsabilidade que temos ao
gerar vida somos também responsáveis pelas suas mortes e que estamos à mercê de
acontecimentos extra-humanos?
A proibição de não comerem daquele
fruto, ou melhor, de não se relacionarem e terem filhos não seria porque Ele
não nos havia feito com qualidades suficientes – seríamos outros Deuses – para
esta finalidade?
Se não foi desta maneira, mas
simplesmente nos abandonou à própria sorte foi sadismo, pura crueldade, ainda
mais que Ele sabia antecipadamente – por ser Deus – o nosso futuro!
Ou, então, escapara das suas mãos ao
nos criar – talvez tenha sido proposital também -, que a ÍNDOLE do ser humano
seria transmitida pelo próprio ser humano, isto é, se bondosa, forte, má,
fraca, destemida, corajosa, prudente, desafiadora, inventiva, autêntica,
dissimulada, confiável, desconfiada, prepotente, orgulhosa, e tantas outras
formas que moldam o indivíduo.
Se Deus deixou a construção deste
arcabouço moral, intelectual e físico que é repassado aos filhos através da concepção,
e que vai tomando forma de acordo com a vida que lhes foi dada, exemplos
deixados e atitudes de seus genitores como modelo e também da sociedade que os
cercam no consentimento ou recusa de comportamentos bons ou ruins, torna-se
muito mais correto aceitar esta possibilidade e responsabilidade que nos é
atribuída, acreditar que Deus permitisse tamanha diversidade de conduta entre
os humanos para lhes cobrar lá adiante uma conduta irrepreensível de
observâncias a normas e leis por Ele determinados, cujo julgamento será,
fatidicamente, ou céu ou inferno, mesmo que Deus nos tenha feito limitados e
imperfeitos!
Não é lógico.
Desta forma, vejo-me obrigado a
acreditar na ironia do americano George Carlin (mencionado no livro “Deus, um
delírio” de Richard Dawkins, Companhia das Letras, cap.8, pág.360) que:
“A religião convenceu mesmo as
pessoas de que existe um homem invisível – que mora no céu – que observa tudo o
que você faz, a cada minuto do dia. E o homem invisível tem uma lista especial
com dez coisas que ele não quer que você faça. E, se você fizer algumas dessas
coisas, ele tem um lugar especial, cheio de fogo e fumaça, e de tortura e de
angústia, para onde vai mandá-lo, para que você sofra e queime e sufoque e
grite e chore para todo o sempre, até o fim dos tempos... Mas Ele ama você!”
Definitivamente não somos a obra mais
importante de Deus. Fomos a sua ultima construção. Estamos sujeitos
literalmente às intempéries, ao assombroso e descomunal universo e suas leis –
aí sim! – indiscutivelmente implacáveis.
Somos passageiros de terceira classe neste
planeta que sequer nos respeita, muito menos obedecer (basta olharmos as
travessuras que fizemos contra esta nave espacial que é a Terra para
constatarmos que estamos acabando nós mesmos com o nosso futuro).
A maior hecatombe da história da
humanidade, que foi filmada e gravada e transmitida a todos os países do mundo,
os tsunamis de 2004, que mataram mais de 250.000 pessoas entre homens, mulheres
e crianças, exterminou plantas e animais foi castigo?
Foi carma?
Demonstração do poder divino?
Não há registros na Bíblia de
milagres em série, mas de mortes aos milhares. Manifestação da “bondade” de
Deus?
Quanto aos sofrimentos humanos, Ele
demonstra alguma piedade?
Impediu alguma guerra?
A Bíblia mostra que Deus era chamado
inclusive de Senhor dos Exércitos e, em algumas ocasiões, ensejou a morte de
milhares de pessoas que para Ele não tinham valor, mereciam esse destino.
Recentemente milhões de vidas
perdidas nas duas grandes guerras teriam sido permitidas porque Deus não as
entendia como valiosas ou por que os problemas ocasionados pelos humanos devem
ser resolvidos pelos humanos?
Não é por nada que volta e meia
alguém escreve um livro expondo as razões pelas quais se transformou em ateu.
São livros bem escritos, mas fracos
de conteúdos. Baseiam-se em contradições humanas e não divinas (até porque não
saberiam nada a respeito dos aspectos celestiais, aliás, ninguém sabe).
Um deles, escrito por Richard
Dawkins, “Deus, um delírio”, tendo em
vista que seu autor é biólogo, elegeu os estudos do Darwin, “Origem das
Espécies”, para explicar o surgimento da humanidade.
Não discordo.
Cientificamente o inglês provou que
seus estudos eram verdadeiros sobre a
nossa evolução através de uma seleção natural, tanto humanos, quanto aos
irracionais e vegetais. Um trabalho brilhante, um dos mais importantes da história
da humanidade.
Outro sujeito que se transformou em
ateu foi o jornalista inglês, Christopher Hitchens, que escreveu “deus não é
Grande” (sic), acusando as religiões como uma espécie de veneno à humanidade
porque culpadas de impedirem o desenvolvimento do ser humano.
Em outras palavras, ele passa a não
acreditar em Deus por culpa dos homens que usaram as religiões para fins
duvidosos, perniciosos, pessoais.
Também concordo com este jornalista.
O último livro que saiu abordando
esta temática ateísta foi escrito por Bart D. Ehrman, “O problema com Deus”,
criticando severamente a Bíblia sobre as respostas que ela não dá ao sofrimento
humano.
Apoio este enfoque.
E, se concedo a minha aceitação sobre
esses pensamentos, ressalto que estão confirmando o que digo a respeito de que
reside em nós, os humanos, a solução para nossos problemas. De nada adianta eu
escrever abordando contradições ou interpretações diferentes que venho a ter do
que dizem as Escrituras, se eu não melhoro as relações entre meus pares, se eu
não os considero, se eu não me preocupar devidamente com aqueles que trago para
este mundo.
Então, onde a diferença?
Por que não me transformei em ateu?
Acredito na existência de Deus, que
deu origem ao universo mesmo que tenha sido através do Big Bang, porque do nada
não sai nada. Alguém extremamente poderoso deu início às partículas que foram
formando aquela massa gigantesca e que explodiu dando origem a tudo que se
conhece hoje e que vem evoluindo há bilhões de anos, mas não posso aceitar esse
Deus que me ensinaram ao longo do tempo. Nesse ente mitológico que se eu não
obedecê-lo, servi-lo e amá-lo serei condenado. Não creio neste Deus que abençoa
algumas pessoas em detrimento de outras porque as primei ras rezaram com mais
fervor ou lhe tiveram mais medo ou porque seguem rituais tradicionais ou porque
inovaram seus métodos de culto.
Acredito em Deus pelo poder que me
foi dado de entender a minha insignificância diante do universo, pois,
paradoxalmente, esta minha pequenez como ser humano e ser incomparavelmente
menor diante da grandiosidade do Cosmo e impossibilidade de dimensioná-lo, somos
os únicos , “pelo menos até o presente momento – a gerar vida inteligente.
Seres que irão ter consciência um dia que Deus não pode se intrometer em nosso
sistema de vida sob pena de desequilibrá-lo e por ser impotente para tal.
Estou cometendo uma heresia?
Explico:
Conforme reza o Novo Testamento, qual
foi a forma encontrada para que o filho de Deus nascesse? Através de Maria, uma
mulher, ser humano que teve outros filhos.
O Criador não usou do barro para
construir o seu herdeiro. Deus se revela neste episódio de suma importância
para o esclarecimento do nosso surgimento o seu limite escancaradamente, isto
é, humanos geram humanos; humanos sofrem as consequências e padecem de
sofrimentos por causa daqueles que trazem para este mundo sem maiores cuidados,
sem uma análise responsável de suas verdadeiras capacidades de serem pais.
O sofrimento de Cristo não foi para
nos perdoar dos nossos pecados ou as igrejas não estariam mais nos ameaçando
com o inferno;
espiritualistas ou partidários da
reencarnação não teriam mais como argumentar o nascimento por este meio que se
tornaria desnecessário a nossa evolução ou carma a cumprir ou Lei da Causa e
Efeito inócua, justamente porque Jesus já o cumprira para nós;
a reencarnação seria, então, sem
sentido, menos a morte, que passaria a ter um grande significado porque nos
mostraria que somos causadores (nós, os humanos) de grandes tragédias, de
sofrimentos inenarráveis e Deus não tem nada com isto!
O exemplo que deixou Jesus na
condição de humano, exatamente como somos, foi o de transmitir a todos que se
quisermos podemos mudar as nossas vidas através de sentimentos que beneficiem a
todos os seres humanos indistintamente: Bondade, solidariedade, compaixão,
amor, respeito, caridade.
Posso ficar rezando por oitenta e
sete anos a fio com a maior devoção e fé em qualquer igreja, mesquita,
sinagoga, templo, tenham lá o nome que tiverem essas casas de oração, pedindo
que Deus mate a fome de uma só pessoa e nada vai acontecer. No entanto, se eu
não vou rezar, mas tomo a iniciativa de comprar um pão e oferecê-lo a quem tem
fome vou contemplar a necessidade de um semelhante sem a interferência divina.
Não podemos fugir à responsabilidade
sobre nós mesmos.
Não podemos mais nos esconder na
falsa fragilidade que temos perante Deus. Estamos à mercê dos poderes da
natureza: Tufões, maremotos, terremotos, chuvas torrenciais, secas, choque de
cometa sobre a Terra, essas grandes catástrofes que ceifam a vida de milhares
de pessoas instantaneamente.
Talvez para compensar essas forças
inimagináveis, destruímos a nós mesmos através de guerras fratricidas, matamos,
estupramos, abandonamos nossos filhos, deixamos nossos pais de lado, provocamos
sofrimentos sem fim.
Teria razão o extraordinário Carlos
Drummond de Andrade (1902-1987), ao dizer que:
“Para
isto vieste: para a inutilidade do nascer”.
Precisamos considerar que nosso
crescimento como seres humanos está na razão direta do bem estar que
proporcionamos às pessoas, e não na
medida das nossas orações e devoção a Deus, ou seja, não há mérito na crença
que eu adotei se eu entendo meu semelhante como um “pecador” por ele não
comungar comigo da mesma religião, se eu me distanciar dessas pessoas e ainda
desejar que sejam punidas ou pensar que serão castigadas porque hereges ou
descrentes de normas ou dogmas religiosos.
Nesse aspecto, o espiritismo é um
exemplo a ser seguido porque não faz distinção de quem quer lhe frequentar os
centros de passes ou estudos. Simplesmente estende para quem quiser seus
ensinamentos e siga quem achar que deve, mas calcado na caridade e bondade.
Seus exemplos maiores de pessoas que
contribuíram para amenizar um pouco o sofrimento alheio, Chico Xavier e,
atualmente, Divaldo Pereira Franco, podem ter seus contestadores, os que não
acreditam em nada do que pregam e dizem fazer, mas são modelos de vidas
dedicadas ao bem dos outros.
No caso do Divaldo, um legítimo
cavalheiro, um homem educadíssimo, a sua obra a Mansão do Caminho, em Salvador,
BA, que reúne três mil pessoas, aproximadamente, sob seus cuidados de sustento,
educação e profissão, deveria ser premiado com o Nobel da Paz e enaltecido pela
ONU, mostrado pelas igrejas e seitas existentes como o exercício da caridade em
sua excelência.
Eu não acredito em tudo que o Divaldo
diz sobre o espiritismo, porém, não posso deixar de elogiá-lo e reverenciá-lo e
reconhecer a sua dedicação e abnegação com o ser humano independentemente da
sua origem e o que virá a ser posteriormente.
Isto é amor.
Onde está a dificuldade que temos em
não seguir exemplos desta natureza – que existem outros – que iriam beneficiar
a nossa existência e amenizá-la de maiores sofrimentos?
No egoísmo?
Na presunção e arrogância que a
corrente espiritual do Divaldo vai de encontro a outras interpretações que não
consta na Bíblia?
Mesmo o Divaldo fazendo o bem ele não
serve como exemplo porque não pertence à minha religião?
Continuamos intolerantes, então?
E frequentamos as igrejas, sinagogas,
mesquitas, templos para rezarmos a Deus e pedir proteção e graças?
Não percebemos a nossa contradição e
mesquinhez, desrespeito e descaso alheios, ao agirmos desta maneira?
Será que ao maltratarmos as pessoas
através de nossas maledicências e menosprezo, desinteresse e falta de compaixão
não estaríamos ofendendo a Deus?
Não seríamos, neste caso, INIMIGOS de
Deus ao considerarmos nossos semelhantes como tal, por esta ou outra razão
qualquer?
Rezamos para quê?
Vamos às casas de oração por quê?
Para confirmarmos nossa hipocrisia?
Mil vezes alguém que estende a mão a
um necessitado que milhares de pessoas rezando sem fazerem nada ao próximo!
A verdade é que queremos um tipo de
proteção para que possamos fazer o que bem entendemos. Buscamos religiões que
nos convém ou nos mostram diferentes da maioria ou porque queremos demonstrar
que somos mais fiéis ou porque sabemos mais que os outros, mas sempre com o
intuito de humilhar e desprezar o próximo, tão filho de Deus quanto qualquer
um.
Claro que não foi o Deus que o trouxe
ao mundo, foram seus pais, seus legítimos responsáveis e orientadores e
provedores até o fim da vida, mas se a nossa origem é uma só e não importa como
aconteceu o nosso surgimento, claro que compomos a obra da Criação, portanto,
considerar o semelhante e ajudá-lo quando precisar é obrigação nossa, e ela se
torna muito maior quando são nossos filhos.
Eis o Livre Arbítrio para mim, o
poder de decisão que me foi dado pela metade, que se completa quando outro ser
humano, a mulher (estou falando na condição de homem), compartilhar comigo do
mesmo desejo de termos filhos, diante da responsabilidade deste ato em
consequência.
Desta forma, sou obrigado a mencionar
a frase notável de François Jacob, Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia, em
1965, quando disse que:
“O ser vivo representa a execução de
um plano, mas um plano que nenhuma inteligência concebeu. Ele tende para um
fim, mas um fim que nenhuma vontade escolheu.”
Estamos sendo desvirtuados de nossos
maiores objetivos. Nossos valores se confundem com nossas conveniências. Nosso
amor pela família está sendo substituído pelo conforto, pelos bens adquiridos
ou, no caso contrário, pela extrema dificuldade de sobrevivência. Ambas as
situações demonstram a falta de condições à geração de filhos que irão sofrer e
fazerem sofrer outras pessoas pela nossa falta de responsabilidade e desprezo à
importância que requer a paternidade e maternidade, lógico.
Muito fácil, e até ridiculamente
infantil, que atribuamos ao demônio as nossas faltas, erros e omissões.
Que culpemos o diabo pelas nossas
mazelas ou atitudes impensadas, violências e ofensas ao próximo ou a nós
mesmos.
Pobre gente que acredita nesta
simples alegoria, uma figura de contos da carochinha, mas com poderes mais
sutis e eficientes para deturpar a vida das pessoas que o próprio Deus não
consegue evitar! Uma excrescência religiosa, mera mistificação e vã tentativa
do homem fugir à responsabilidade direta dos atos indignos que produz.
Causa-me perplexidade conversar com
pessoas de boa formação cultural, dotadas de senso crítico – pelo menos
aparente - que acreditam na existência desse ser maligno, dessa estupidez
inventada por pessoas espertas que se faziam e se fazem capazes de expulsá-las
de corpos alheios para impressionar os demais. Nada que a psiquiatria não
explique. Tolice escancarada. Uso abusivo de imagem que ainda amedronta
incautos e medrosos, despreparados e primitivos espiritualmente.
Os profissionais das religiões ainda
pensam que precisam fazer crer na existência do anticristo não importando a
forma que adotam, desde que eficaz.
O teatro, os gritos, os clamores, os
temores, as súplicas, os agradecimentos pelas bênçãos alcançadas, os exorcismos
coletivos, conduzem as pessoas a um êxtase facilmente explicável, mas os
profissionais do ramo muitas vezes são vítimas da própria eloquência e sucumbem
às tentações do “demônio” que eles mesmos criaram.
Os exemplos de líderes religiosos que
se deixaram levar pelas artimanhas do “belzebu” existem às centenas. Esquecem,
no entanto, de enaltecer o ser humano; de valorizá-lo, incentivá-lo.
No entanto, parece ser melhor negócio
fragilizá-lo perante Deus;
querem que sejamos pequenos,
insignificantes, desprezíveis.
E deixam de levar em conta este nosso
poder extraordinário que temos de fazer novas vidas, de trazê-las para este
mundo, que podemos fazê-las sofrer, padecer, e continuar este sofrimento e
padecimento ocasionados pelos filhos que tivemos porque não lhes demos o amor devido,
a atenção necessária, a importância que mereciam.
Mas queremos que Deus se apiede de
nós!
E nós não temos nenhum sentimento
para com os outros, ao contrá¡rio, eles são aqueles que Deus irá castigá-los,
pensamos cínica e hipocritamente.
Tu, homem, estás preparado para ser
pai?
Tu, mulher, já pensaste na
grandiosidade da maternidade?
Vocês estão em condições morais,
culturais e materiais para terem filhos?
Possuem o amor necessário para se
dedicarem a eles?
Estão conscientes que serão os
exemplos que as crianças irão se espelhar para suas vidas e futuro?
Se responderem sim a esses
questionamentos vocês são pequenos deuses, estão outorgados daqueles poderes
divinos de criação e é exatamente para isso que estamos neste planeta:
PARA AMAR E SER AMADOS!
1) O artigo do Bendl abre uma frente de possibilidades de comentários.
ResponderExcluir2)Parabéns pelo texto instigante, questionador Chicão.
3)Vou tocar só em um aspecto: Divaldo Pereira Franco, gosto muito dele, aprecio os seus livros, concordo com o que leio.Um grande médium e ótimo ser humano.
Rocha, meu amigo,
ResponderExcluirGrato pelo comentário.
Divaldo Pereira Franco é extraordinário.
Um abraço.
Saúde e Paz!
Chico, um post instigante, corajoso e contestador. Como disse Antonio, o post abre toda uma frente de possibilidades de comentários (mas, talvez por sua fina delicadeza budista, tenha fugido ele mesmo de comentar :).
ResponderExcluirA questão essencial da discussão religiosa, a meu ver, é que uma religião que se diz oriunda de uma revelação bloqueia em seus fiéis a discussão dessa mesma revelação - como discordar da palavra de Deus? Então toda discussão desse fiel com um professador de outra religião acaba esbarrando nesse obstáculo inamovível.
A convivência, então, entre os adeptos de diversas religiões exige um espírito de tolerância que é minado por qualquer posicionamento demasiado fundamentalista.
Complique isso com o que acontece com qualquer religião quando ela se confunde com o poder do Estado e aí passa a ser vinculada a uma forte estrutura material que inevitavelmente julga necessário preservar, ou quando ela aspira a crescer para chegar a esse estado, e você tem aí a matéria prima para as guerras religiosas que mataram através dos tempos tanta a gente, e para a catequização forçada de civilizações diferentes.
Quando religião se mistura com poder econômico ela fatalmente compromete seus fundamentos éticos.
Na parte do livre arbítrio, toda uma discussão pode ser feita sobre a extensão do determinismo genético e de ambiente. Não vou entrar nessa porque poderíamos nos estender indefinidamente... Mas creio que existe, sim, uma medida de livre arbítrio na resolução das questões de bem e de mal (que são elas mesmas subjetivas e sujeitas a este ambiente. Eu pessoalmente acredito num cerne de bem e de mal essenciais que está para além desta questão. Mas, como eu disse, isto iria longe :)
Parabéns, amigo Chico, por ter trazido à baila um assunto tão instigante. Continue a nos trazer artigos corajosos como este.
Caro amigo Wilson,
ResponderExcluirGrato pelo comentário e porque entendeu a razão pela qual eu elaborei esta crônica.
Eu queria mesmo discutir religião, debatê-la, dissecá-la, sem medo de heresia ou pecado contra Deus!
A intenção foi de ampliar o que compreendemos como livre arbítrio, dogmas, e até que ponto somos limitados pelo medo de punições fora desta vida.
Ora, mesmo esta inteligência limitada que fui contemplado pelos meus antepassados e pelo Criador, ela deve ser exercida conforme as dúvidas que assolam a minha mente, na razão direta que outros pensamentos podem me fazer ratificar ou retificar as minhas interpretações neste sentido.
A meu ver, trata-se de um tema apaixonante, se levado em conta como aperfeiçoamento e busca de conhecimento pelo ser humano com relação à sua origem, finalidade e destino.
Um forte abraço, Wilson.
Saúde e Paz!
Bendl, eu estava escrevendo um comentário que se tornava longo, deu um tilt aqui. Não vou repeti-lo, nem saberia como.
ResponderExcluirSó para dizer que não questiono Deus, ele, pra mim, simplesmente está comigo, e acho que era essa a herança que minha mãe desejava me deixar quando me matriculou em colégio católico e não laico, para que eu não me transformasse em herege como meu irmão.
Meu irmão é pior do que eu por isso? Claro que não. Apenas ele não tem o mesmo conforto que tenho ao achar que Deus está comigo, embora Deus esteja com ele também, meu irmão é que não sabe disso.
Sou católica de berço, minha bisa materna usava as iniciais JMJ (Jesus, Maria, José) no vocativo das correspondências.
Deus não é para ser explicado, mas sentido e internalizado, Bend, é o que penso.
Ainda ontem (JURO QUE É VERDADE!), eu saía do restaurante na hora do almoço, uma mocinha me parou na calçada e perguntou se eu aceitava a bíblia. Respondi que sim, se ela me desse. E ela deu. Não sem antes me entregar, com a bíblia, uma folha impressa sobre o cego de Jericó. E argumentou que Jesus sabia de todas as coisas, mas queria que fôssemos a ele e pedíssemos o que queríamos.
Trouxe a folha pra casa e li o clamor do cego que recuperou a visão: "Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim."
Fez bem pra minha alma, pro meu coração. 'Isso' é Deus, Bendl.
Saúde e Paz
Um abraço, amigo
Ofelia
PS: E que fôlego o seu, hem?
Minha querida Ofélia,
ExcluirDe fato, não temos como explicar Deus diante de nossas limitações em níveis de inteligência e conhecimentos.
Não faço isso, apenas tento entender a relação que existe entre nós e o Criador, diante do sofrimento que é viver!
Aceitá-lo, ter fé, acreditar em Deus, não invalida, a meu ver, alguns questionamentos sofre a nossa existência, inclusive a respeito do livre arbítrio, que por ser livre, não poderia trazer repercussão ou punição se fosse apenas uma questão de escolha, diferente da maneira como abordo, onde saliento as implicações do livre arbítrio, que somente se daria a partir do momento que sou responsável por trazer uma vida para este mundo.
Muito obrigado pelo teu comentário, sempre pertinente e adequado, caracterizado pela tua sensibilidade e inteligência.
Um abraço, forte e caloroso.
Saúde e Paz!
Amigo Bendl,
ResponderExcluirQuem questiona o livre-arbítrio não tem que automaticamente se tornar fatalista e se convencer que seus esforços não fazem a menor diferença. Nós não estamos nos movendo em direção a um destino inevitável. Existe um caminho a seguir que preserva tanto o poder inspirador da crença no livre-arbítrio quanto a compreensão compassiva oriunda do determinismo.
A nossa consciência não flutua, como um fantasma, inteiramente acima da cadeia causal e talvez seja bom pensar sobre a liberdade de escolha em termos das nossas habilidades muito reais e sofisticadas para mapear várias respostas possíveis para uma situação particular. Na nossa capacidade, em qualquer situação dada, para gerar uma ampla gama de opções para nós mesmos e para decidir entre elas, sem restrição externa, tomando decisões em ambientes complexos e em mudança, dentro dos ideais e padrões éticos que se tem.
Tudo bem que ninguém escolheu seus genes ou o ambiente em que nasceu mas daí a defender que ninguém tem a responsabilidade final pelo o que é e pelo que faz é um longo e tortuoso argumento. Mais uma vez o caminho do meio seria aquele no qual apesar de não sermos os únicos arquitetos de nossas realizações, podemos pelo menos tentar ajudar a nós mesmos a realizar nossos potenciais. Lembrando do Milton:
"A mente que não deve ser alterada por lugar ou tempo.
A mente é seu próprio lugar, e em si mesma
Pode fazer um céu do inferno, e um inferno do céu".
A fé no livre arbítrio não está morta da mesma forma que Deus não morreu depois que a mente humana inventou a ciência e ela reescreveu a história que diferiu e muito da poesia bíblica. Porque todas as mentiras que nos contaram nasceram de um único fato verídico. Como dizem os franceses "il y a quelque chose qui manque".
O que a nossa espécie tem feito desde que ficou de pé, passou a abstrair e a enterrar os seus mortos é cogitar se ISSO que falta , que angustia, que impulsiona, que pinta o 7, que deseja sempre mais não se sabe o quê, essa força estranha dentro da gente que empurra para frente, para além de tão evidentes limites ...não seria Deus?
O fato inegável é que o bicho-homem tem fome de espiritualidade e que dentro dele deus continua , ainda que muitas vezes, sem nome e sem teto.
Abraço
Caríssimo Pimentel,
ExcluirObserva como pensamos diferente sobre o mesmo assunto, que o torna apaixonante e necessário.
Na verdade interpretamos o livre arbítrio conforme a nossa capacidade mental e conhecimentos, experiência e tempo de vida, que lhe configura a extrema dificuldade de haver um denominador comum a respeito dessa condição que tem o ser humano, de decidir sobre a sua existência e daqueles que trouxer para este mundo.
Na verdade, a partir desse livre arbítrio, jamais o ser humano poderia ser punido quando deixasse este plano terreno, pois as suas escolhas seriam determinantes ou para a sua felicidade, então a recompensa, ou para seu sofrimento, então a punição, mas nesta vida, e não em outra, caso existir!
Um abraço, Pimentel, forte e fraterno.
Saúde e Paz!