Giotto - São Francisco pregando aos pássaros - Museu do Louvre |
Antonio Rocha
Cada
civilização tem uma forma de abordar a beleza dos pássaros, penso.
Certa
feita, década de 1980, publiquei uma resenha em O Globo , de um livro sobre
Biologia e nele o autor informava que nossa espinha dorsal humana equivalia à
espinha dorsal dos dinossauros, deduzindo-se então que somos “primos” distantes
dos mesmos.
Mas, e
os pássaros com isso? Ora, na Evolução os passarinhos e outras aves de hoje,
derivam-se dos imensos dinossauros. Então, vejo as galinhas frágeis e os
tenebrosos tiranossauros, há algo em comum entre eles. Concluo com a “Lei de
Impermanência da Vida que tudo muda”, conforme dizia o Buda no século VI antes
de Cristo.
Pena
que eu tenha esquecido o nome do citado livro. Tão logo reencontre, farei nova
crônica.
Na
antiguidade, a Mitologia Hindu, nos fala de Garuda, “o Príncipe dos Pássaros”
inimigo das serpentes, devoto do Deus Vixnu, o terceiro da Trindade Hinduísta:
Brahma, Shiva e Vixnu, equivalente ao Espírito Santo (respeitando-se as devidas
proporções, escrevo com todo respeito aos que discordam).
A
Literatura Budista dos “Játakas” que fala das vidas anteriores de Sidarta
Gautama, o Buda; esclarece que ele foi, em tempos remotíssimos um dos Garudas,
dando a entender que existe uma espécie de muitos Garudas.
Há um
texto clássico da Literatura Tibetana cujo título é “A Lei do Buda entre os
Pássaros”, cada passarinho se torna um personagem, fala, canta e recita
diversas passagens da Ética Budista.
No
Ocidente, o querido Cristianismo avisa que uma das faces do Criador, o Espírito
Santo, apareceu na forma de uma Pomba Branca quando Jesus era batizado pelo seu
primo, o profeta João Batista, nas águas do Rio Jordão. Na Espanha existe a
Devoção à Nossa Senhora da Pomba.
Por
fim, encerrando esta pequena crônica e não esgotando o assunto que, a meu ver,
é fascinante, esclareço que em português temos um ótimo exemplo de Literatura
Persa: “A Conferência dos Pássaros”, de Farid Ud-Din Attar, editora Cultrix,
1987, 162 páginas.
O
texto data provavelmente do século XII, fala de uma Assembléia de Passarinhos,
uma alegoria simbolizando a alma humana buscando a Divindade.
Farid
é Sufi, a linhagem pacifista do Islã que já tratamos neste blog com o poeta
Rumi. É poesia no estilo prosa: pequenos parágrafos encantando o leitor.
No
final, importante glossário. No verbete “pássaros” temos:
“Acreditam os muçulmanos que todas as
espécies de pássaros (e muitos animais) possuem uma língua com auxílio da qual
falam uns com os outros. O rei Salomão teria aprendido a língua dos pássaros”.
Na
crônica publicada neste maravilhoso blog do Mano, onde falei de Nova Friburgo, disse que
lamentava não poder me comunicar com os pássaros, mas, graças à Literatura esta
parte está encaminhando-se para boa solução.
Através
de preces e orações já entrei em contato com o Espírito do Grande Sábio Rei
Salomão (via pensamento e intuição) e já marcamos o início das aulas.
Depois
eu conto mais para vocês.
Belo post , Antônio, sobre as aves, essas estrelas das lendas do vasto mundo. O corvo que eu me lembre, deu o ar da graça dele na mitologia nórdica, ao lado do prezado Odin e creio que Apolo tinha um deles como guardião.
ResponderExcluirA majestosa águia, era o símbolo de Júpiter, além da Fênix ,é claro, e imagens persas mostram o sol com suas asas. Ela tem vencido muitos dragões do mal e sido cultuada do mesmo jeito na Sibéria e por povos nativos americanos. Taí o Condor! A pomba que já foi símbolo do amor e da fertilidade e associada à grega Afrodite, na China significa fidelidade e na Índia, a alma. Veja as corujas, por exemplo, que para tantas culturas já foram as representantes na Terra da sabedoria, da paciência e do aprendizado, personificava a deusa da chuva para os aztecas e, no mito da criação navajo , foi a heroína mesmo, a responsável pela criação da espécie humana. Há pássaros sagrados na mitologia egípcia e na judaica - cujo nickname agora me escapa - na oralidade árabe,e temos o cisne, o pavão , o beija-flor , o rouxinol, o assum-preto , o asa-branca , o sabiá , o passarim do Jobim, em tantas páginas literárias e poéticas e musicais , nos lembrando que esse namoro com as criaturas aladas e essa vocação voar, são muito humanos e antigos.
Conte mais!
Abraço
1) Moacir, vc tem toda razão.
Excluir2)Esses micro seres alados encantam o planeta.
3) O Criador (Evolução, Ecossistema), não resta a menor dúvida tem ótimo bom gosto.
4)Abraços !
Caro Antônio. Novata no blog e lendo todos os textos publicados, não tive ainda o prazer de pautar aqui. Você normalmente aborda um tema que não conheço então prefiro só ler e aprender. Quanto aos pássaros , devo dizer-lhe que eles têm sim uma linguagem comum a cada espécie. Adoro a serra, e fazemos de Teresópolis nosso refúgio para estarmos perto da natureza. Até pouco tempo tínhamos uma propriedade nossa, e à tardinha sentados na varanda com um belo gramado, jardim e um lago à nossa frente, apreciávamos várias espécies de aves. Elas tinham um ritual diário, cantavam e percebíamos o entrosamento entre elas. O silêncio e a calma permitia até delas se aproximarem de nós, e como gosto de fotografar, havia sempre um click...Hoje vamos muito para o hotel fazenda S.Moritz, lugar acolhedor e gostoso, que nos permite ler um livro, ouvir música, conversar com os moradores do local- gente humilde, simples e sempre amável. Um abraço PS: gostei de saber que Friburgo, retomou a ser a bela cidade. Não vamos lá desde 2011. Já Teresópolis continua triste, ainda não afastamos o fantasma daquele ano, em que perdemos amigos queridos - do nosso condomínio e do próprio hotel e da tão famosa ' feirinha ' - a cada verão ficamos apreensivos.
ResponderExcluirDulce, seria um prazer contar com colaborações suas, o Moacir fala muito bem dos seus escritos. Se quiser nos mandar alguma coisa, por favor mande para meu email maninhowilson@gmail.com
ExcluirGostaria de ter, com o primeiro escrito que você mandar para exame,uma breve apresentação sua, nos moldes das que você encontrará no primeiro post de cada um de nós no mês de junho último.
A única regra inflexível do blog é não falar absolutamente em política, nem nos posts nem nos comentários, para preservarmos um ambiente agradável no meio desta radicalização brutal que está atingindo muitos dos demais blogs.
E, Ofélia, o convite vale para você também, aliás já foi feito pelo Bendl.
Um abraço do
Mano
1) Oi Dulce, então nos fale desse ritual diário das aves.
Excluir2)Pelo menos uma vez por ano vou a Teresópolis, gosto muito. Minha esposa nasceu lá e assim ela vai curtir as lembranças de criança.
3)Respeitosamente sugiro: apareçam; Terê... está bonita.
4) Os que faleceram é pq estava na hora deles. O Budismo fala em Carma Coletivo...
5) Mas a Vida continua !
Meu caro Rocha,
ResponderExcluirPosso estar errado, admito, mas sou contrário aos pássaros serem criados em gaiolas!
Canários, cardeais, sabiás ... considero uma ofensa à Natureza e à liberdade que essas aves representam.
Limitar seus espaços a centímetros, enquanto acostumadas a voar por quilômetros, trata-se de uma agressão violenta contra a vida, mesmo que animal!
Acredito que a desobediência às existências dos seres vivos quanto aos seus direitos inalienáveis - até mesmo dos irracionais -, reflete-se na atual situação do ser humano, contumaz em desrespeitar seus semelhantes, desconsiderá-los, menosprezá-los.
Um abraço, meu caro.
Saúde e Paz!
1) Oi Bendl, eu concordo plenamente com vc.
Excluir2)Sou favorável aos pássaros livres, sem gaiola.
3)Talvez em Zoológicos, em grandes viveiros, mas aí é outra história.
Sim, meu amigo, até porque não escrevi que tu fosses partidário desse modo, de se ter os pássaros em casa, e não sou contra quem se dedica a tê-los desta forma!
ExcluirO meu pensamento é diferente, só isso, daqueles que amam tanto as aves que as mantém engaioladas em apartamentos.
Um viveiro, como disseste, amplo, com vários metros quadrados ajuda, mas mesmo assim limita os voos rápidos, a velocidade, a extensão que poderiam alcançar se livres.
Um abraço, meu amigo, pois sei de antemão que, pela tua filosofia budista, o cerceamento da liberdade não faz parte do que aceitas desta vida.
Um forte abraço.
Saúde e Paz!
Resumindo, Chico e Antonio, os pássaros foram feitos para o céu!
ExcluirQuerer impedi-los de tentar chegar lá é sempre uma violência, não importa o motivo que se alegue.
Boa tarde, Antônio. Não deixamos de ir à Teresópolis. Estamos lá todo mês, só que no hotel fazenda. Qto a Teresópolis estar triste, é porque o comércio e a vida dos moradores estão muito abaladas. " Deus colhe para si, os frutos que Ele julga maduro "
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