Antonio
Rocha
A literatura
da Birmânia, atual nome de Myammar, é uma das mais antigas do sudeste asiático.
O país é
cercado a oeste, leste e norte por cadeias de montanhas muito íngremes e
inacessíveis, com a Índia, o Tibet e a China. Ao sul tem o oceano Índico,
caracterizando aquele povo como se vivessem em uma “ilha”.
A História
documentada começa no século VIII. A língua é tonal, com elementos
monossilábicos e faz parte do grupo tibeto-birmanês, sintaticamente bem
diferente do antigo chinês.
O rei
Anoratha (1004-1077) unificou a nação. Em 1044, aceitando o conselho de um
monge, elevou o Budismo à condição de religião oficial, mas tolerava o
animismo, o tantrismo budista e a adoração à divindades hindus. Chamou então de
Budismo Meridional, em função da geografia do país, é uma espécie de Theravada
(Budismo Ortodoxo) misturado com os demais credos citados.
Os documentos
literários mais antigos remontam ao século V, eram escritos em folhas de
palmeiras misturadas com barro, formando finas placas argilosas. Escavações
arqueológicas encontraram inscrições em língua páli e em pyu (o idioma nativo)
nas pedras e em tábuas. São trechos conhecidos do Cânon Páli do Budismo
Theravada.
Em 1495, o
monge Shin Thila-wuntha escreveu, na forma de poesia didática, as Dez
Perfeições do Budismo. Em 1495, no mesmo
gênero, escreveu a Prece pela Comunidade Budista. A partir daí, outros autores,
em geral monges e poucos nobres, escreveram mais poesias didáticas com os temas
das vidas pregressas do Buddha que se encontram nos chamados Jatakas.
O teatro
popular também se desenvolveu muito, mas dessa vez, só grupos leigos, sem a
presença dos monges. Havia uma festa anual, tipo carnaval onde os grupos
cantavam e dançavam nas aldeias, faziam procissões com carros de bois, cenas
pantomímicas inspiradas na vida de Buddha, algumas de teor solene e sério,
outras com toques de irreverência e até ridicularizando o público, lembrando a
interação entre palco e plateia.
Com o passar
do tempo foram surgindo também, no meio do leigos, cantadores camponeses
contando histórias de espíritos, baladas de amor, humorismo refinado, generosa
compreensão das fraquezas humanas. Tudo sob as bênçãos e o esplendor do
Buddha.
Eis aí um bom
exemplo de interface entre a Literatura e a Religião e quem quiser aprender
mais é só consultar o fenomenal “História das Literaturas Universais”, em seis
volumes, direção do alemão Wolfgang Einsiedel, editorial Estampa, Lisboa,
Portugal.
Caro Antônio Rocha, mestre e amigo,
ResponderExcluirO nosso Wilson nos ensejou um blog extraordinário, pois além de vermos publicados nossos textos, propicia que aprendamos sobre diversos assuntos.
Dito isso, meu agradecimento por mais esta aula de Budismo a respeito da antiga Birmânia, e escritos que datam do século V que enaltecem as Perfeições do Budismo.
Obrigado, Rocha, por esses ensinamentos, que os considero importantes e úteis quanto a sabermos um pouco desta filosofia de vida que propaga o desapego à matéria, a objetos, à vaidade, à ostentação.
Um abraço, forte e caloroso.
Saúde e Paz!