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19/08/2016

Macarena

Nuestra Señora de la Esperanza de Macarena - By Mflito - Own work, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=20456620

Antonio Rocha


Janeiro de 2011 eu estava em Sevilha, Espanha, com minha filha e meu genro. Belíssima cidade, povo hospitaleiro. Foi lá que descobri o Bétis, time de futebol verde e branco local, que passei a torcer.

Todos os dias, pela manhã, saíamos do hotel e íamos tomar café no bar em frente. E sempre eu via dois senhores aposentados conversando com um terceiro, o balconista, que parecia o gerente ou algo assim. Eles falavam o tempo todo em Macarena. Com muita devoção.

Lembrei da música, dança, coreografia latinoamericana que até o ex-presidente Clinton ensaiou uns passos. Mas vi que não era isso, eles falavam com muita Fé.

Belo dia perguntei no meu portunhol: Macarena é uma santa? E um deles respondeu como se fosse um daqueles enigmáticos mestres Zen: “Macarena é tudo”.

Belo dia, passeando pela cidade, encontramos a Basílica de Nossa Senhora La Macarena, então entendi os três devotos no bar matinal.

Também conhecida como Basílica de Santa Maria Macarena, um prédio lindo, local idem, vibrações ótimas. No Brasil ela é conhecida como Nossa Senhora da Esperança, é a Protetora/Padroeira dos Ciganos.

Dizem que no altar da primeira missa no Brasil, em 1500, uma imagem dela estava no altar. Pedro Álvares Cabral e comitiva reverenciavam a mesma.

Observo, de longa data: as Energias que emanam de Nossa Senhora são muito parecidas com as Energias que o Senhor Buddha emana. Escrevo com todo o respeito aos que discordam. Mas, cada vez mais, identifico similaridades...

Falando nisso, já escrevi aqui sobre as minhas origens ciganas, do meu avô paterno, lá em Bezerros, Pernambuco.

Então lembrei que uma vez no Centro do Rio um grupo de ciganas com suas roupas características estavam na Rua Uruguaiana lendo as mãos e a sorte de alguns transeuntes.

Nisso duas vem na minha direção e pedem para ler as minhas mãos. Sorrindo, esclareço:

- Com uma condição.

- Qual ? -  perguntou a mais desinibida.

- Que eu também possa ler as mãos de vocês.

- Assim não vale. E você sabe? Aprendeu aonde?

- Com um monge budista. Às vezes eu acerto, às vezes mais ou menos.

- Deixa pra lá... – e foram saindo.

Confesso que eu gostaria muito de ler as mãos das mesmas e descobrir os seus segredos. Por motivos éticos, claro, ficaria só entre eu e a respectiva.

É fascinante estudarmos estas “ciências” com o intuito de ajudarmos pessoas. Sem cobrar um tostão, foi essa a condição do monge budista que me ensinou. Se você cobrar vai perder a força, a intuição. Nossa linhagem não cobra nada.

É uma caridade, uma orientação, uma dica, um toque de amizade.

- Tu sabes ler palma?! – questionou, certa feita, uma amiga gaúcha. Então tirou xerox das palmas das mãos e enviou pelo correio, no tempo que ainda não tinha e-mail.


Com o Budismo Chinês, aprendi mais tarde, que as linhas dos pés também “falam”... mas este curso ainda não fiz.

4 comentários:

  1. Moacir Pimentel19/08/2016, 10:20

    Antônio,

    Tenho uma grande curiosidade pelos ciganos . Muito aprecio , por exemplo, a música romani. Pelo que sei os povos ciganos chegaram à Europa vindos da Índia , onde se originou a arte da quiromancia . Se bem que não dá para esquecer aquelas mãos rupestres pintadas nas paredes das cavernas nos indicando a existência de um link qualquer , já então , entre as palmas das mãos e o divino.

    Um bom final de semana para você e os seus

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  2. Francisco Bendl19/08/2016, 10:43

    Rocha, meu amigo,

    Admiro sobremaneira a figura de Nossa Senhora, apesar de não seu um de seus fiéis.

    A função de mãe é por si só sagrada, e a genitora de Jesus foi uma mulher ... HUMANA!

    Deus, no instante que mandou o arcanjo Gabriel comunicar-lhe a decisão que Ele a escolhera para ser mãe de Seu Filho - conforme reza a Bíblia, neste episódio -, demonstrou a Sua limitação para o ser humano!

    Por que escolheria uma pessoa muito inferior à Sua onipotência, onisciência?!

    Na medida que havia criado o homem e ter tirado deste uma costela para elaborar a mulher, poderia ter um procedimento diferente com relação a mandar à Terra o Seu amado Filho.

    Não pôde ou não quis?

    Não saberemos a resposta, mas optou por uma pessoa terrestre, humana, mesmo tendo-a punido quando expulsa do Paraíso, ao determinar que a mulher iria parir com dor!

    Interessante que Maria poderia ter "negociado" esta carga terrível que teria de sofrer, mas deixou-se submeter aos desígnios de Deus, do Criador, e se transformou ao mesmo tempo na mãe de todos nós, naquela mulher que padeceu sofrimentos atrozes vendo o seu filho ser torturado e crucificado de modo tão violento e injusto!

    Quantas mães não passaram pela mesma situação de Maria ao longo desses dois mil anos, Rocha?!

    Quantas mulheres que não viram seus filhos serem assassinados da mesma forma que Cristo havia sido morto pelos romanos?!

    A humanidade ainda existe certamente porque as mulheres não permitiram que fôssemos exterminados pelos homens, pois, assim como Deus, trazemos conosco a violência, a injustiça, a truculência, a punição, a vingança, pelo menos este Deus que antecedeu ao Novo Testamento, que anuncia o Deus do perdão, da tolerância, da paz!

    Quando vejo a minha mulher ainda se desdobrando pelos filhos - todos na faixa dos quarenta! - como se fossem crianças, e os netos com dedicação e amor como se fossem os filhos recém nascidos, não só esta mulher que me foi dada por Deus para minha felicidade, mas todas as demais, elas não deixam de ser Nossas Senhoras, mães de todos, e cujo amor que dedicam à espécie humana tem sido o alicerce da nossa continuidade, de não nos tornarmos bestas, animais, mesmo racionais ou por isso mesmo!

    Belíssimo texto, Rocha, que me fez pensar agora pela manhã em como que poderíamos homenagear as mulheres pela importância que elas têm neste contexto religioso/realidade, que se misturam de forma enigmática e, ao mesmo tempo, absolutamente identificável, pois quem pode me contestar que as mulheres não santas?!

    Um forte abraço.
    Saúde e Paz!

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  3. Antonio, 'tu sabes ler palma?'
    Sinto muita curiosidade sobre a linha da vida.
    Comprimento é documento?

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  4. 1)Sim Ofélia,

    2) Mas existem outros aspectos (traços, pontos, sinais) interagindo na linhas.

    3)Vida longa com saúde !

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