-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

05/08/2016

Meus tempos de vendedor viajante



Francisco Bendl

Antes de ser taxista e depois que dei baixa do Exército, já casado e com filhos, a solução para um rendimento compatível com as necessidades da família era ser vendedor-viajante.

Na década de setenta, no seu início, não havia celular, computador, Fax, as linhas telefônicas eram um insulto à paciência, pois se levava horas a fio uma ligação de Uruguaiana a Porto Alegre, por exemplo.

Não havia asfalto em mais da metade do RS, que se caracterizava por diferentes tipos de solo, exigindo perícia dos motoristas e bons carros quando chovia, naturalmente tração traseira, os indefectíveis fuscas!

Trabalhei em quatro multinacionais durante 36 anos a fio. Três eram ligadas a medicamentos, sendo duas veterinárias e uma com linha para humanos, denominados produtos éticos, sem venda ao público, apenas através de receitas médicas ou fazendo parte das linhas de aquisição dos hospitais após aprovação do conselho farmacêutico daquele estabelecimento. A outra era um complexo industrial poderoso.

Ao sair do Exército, tive de me adaptar ao mundo dos civis, mais competitivo, selvagem, indisciplinado, arrogante e prepotente que os superiores hierárquicos que eu me defrontara na caserna!

No entanto, eu tinha comigo a necessidade, condição que não permite barganha, negócio, é seguir em frente e não reclamar.

Viajar e deixar a esposa sozinha com um filho foi uma decisão difícil, mas era a solução para se ter uma vida mais amena. Tanto ela como eu deveríamos nos adaptar às ausências um do outro, recém casados, apaixonados, e os hormônios determinando a intensidade desta relação.

Fora de casa, tive de me adaptar as circunstâncias e dificuldades de um profissional que viajava para vender, levar informações, aperfeiçoamentos, novidades a comerciantes, médicos ou hospitais, pois éramos os agentes desta atualização, ao mesmo tempo que eu aprendia os horários para almoçar e encontrar uma vaga em hotel após o entardecer.

Os restaurantes de pequenas cidades ou à beira das estradas tinham seus horários, e chegar após as 13 h era comer uma comida fria ou restos, então quando em situações deste tipo eu comprava um pão e uma lata de sardinha ou de fiambrada - aquelas em latas de alumínio com uma chave que desenrolava a tampa -, e me deliciava com aquele almoço ocasional.

Conseguir um quarto de hotel após às 16 h era ter a certeza que eu teria de tirar o banco do caroneiro do fusca e dormir naquele espaço, pois não se conseguia lugar. Quando encontrado, os aposentos não eram com banheiros, havia apenas uma pia. O chuveiro e vaso eram coletivos, ou seja, se quiséssemos usá-los dentro de uma certa tolerância à imundície e fedor só de madrugada, antes que a turma aquanauta se dispusesse a chapinhar na água e transbordar a capacidade do esgoto sanitário!

Muitos colegas, experientes, matreiros, usavam a pia do quarto para essas tarefas, mas eu era grandalhão, apesar de estar em plena forma física, assim a pia era para escovar os dentes e lavar o rosto, tão somente.

Havia uma lenda a respeito de se identificar um verdadeiro viajante quando este pedia o tradicional desconto ao hoteleiro.

O dono do estabelecimento tinha um questionário pronto, que perguntava o seguinte:

- Limpas os sapatos com a colcha?
- Usas o lençol para dar-lhes brilho? 
- As toalhas de banho e rosto como esponjas de banho?
- Fazes as necessidades fisiológicas na pia?!
- O sobre-lençol é utilizado para não deixar vestígios de sexo  solitário e libidinoso?!
- Nada fazes desta lista?!
- És uma pessoa educada e civilizada?!
- Então não tens descontos, pois viajante não és!

Da mesma forma, percebíamos quem dirigia bem ou não, bastava que chovesse.

Aqueles que chegassem atrasados ao hotel tinham atolado durante o caminho, e os que haviam conseguido um quarto eram os que sabiam se desvencilhar do barro.

O meu início como vendedor e propagandista veterinário foi com um jipe!

Sem problemas no barro ou nas estradas ruins, menos quando eu transitava em estradas asfaltadas, quando o utilitário se negava a aproveitar o moderno, o conforto, e não ultrapassava 70 km/h porque a suspensão ocasionava o tal “chime”, ou seja, o eixo tremia como vara verde após imprimirmos uma certa velocidade e éramos obrigados a diminuir a velocidade até a retomada da “normalidade”, afora os pneus que chiavam em demasia, não ter um rádio, o limpador de parabrisa era manual e a carroceria de aço, no inverno era um freezer e no verão um forno!

Quando a empresa trocou os veículos porque não eram econômicos, mas dispendiosos, muita oficina, e pouco rentáveis em percorrer distâncias e nos deram flamantes fuscas, foi sair de um Gol, atualmente, para uma BMW, com seus requintes tecnológicos!

O fusca tinha rádio, a maravilha do século; o limpador de parabrisa não era manual; o carrinho andava até 120 km/h no asfalto; no barro era valente, pois tracionava nas rodas traseiras e, em comparação ao barulhento jipe, o VW era silencioso!

A comida era o churrasco, por excelência. Os restaurantes serviam na maioria das vezes a predileção do gaúcho, a carne mal passada ou não. Mas comer esta iguaria diariamente era problema, então quando à noite encontrávamos algum restaurante na cidade que servisse um à La Carte, fazíamos uma festa!

O horário mais devastador para o solitário viajante, longe da esposa, dos filhos e da sua casa era a “Hora do Ângelus”, às 18h, quando as rádios do interior entoavam a Ave Maria!

Vários desistiam de continuar nesta função pela saudade insuportável do lar, e quem permanecesse construía em torno de si uma carapaça contra emoções, contra o tempo fora de casa por uma, duas semanas completas.

Na razão direta que não podíamos voltar aos fins de semana para casa com o carro da empresa, e os sábados trabalhávamos até ao meio dia, comprovados pelo malote que despachávamos pelos Correios com a Nota Fiscal, data e horário mencionados, percorrer mais 500 ou 600 km até em casa e voltar no dia seguinte era uma gincana, desgastante, cansativa, e se iniciava uma semana muito cansado.

Mais a mais, havia somente o trem, que chamávamos de húngaro, pois tinha sido importado daquele país, e saía somente à noite para a capital, chegando pela manhã, e tendo de fazer o mesmo trajeto de nove, dez horas de volta, momentos após termos chegado em casa!

Assim, eu e a esposa tivemos três filhos em intervalos de dois em dois anos!

“Controlando” a explosão demográfica através de uma tabela onde dez dias “podia” e dez dias “não podia”, percebemos que a cada dois anos ela se invalidava e, quando nasceu o nosso caçula, decidíramos que seria o último.

Eu e ela tínhamos apenas 26 anos e três filhos!

O advento do asfalto, dos telefones mais eficientes, do Fax, do telégrafo, os carros melhores, mais opções de locomoção, inclusive de avião para o interior gaúcho, encurtaram as distâncias entre a casa e o trabalho, e com a vinda do celular, a saudade quase dissipada pela voz da esposa e dos filhos que se podia ouvir em qualquer momento e ocasião.

Tenho este período de viajante como o aperfeiçoamento do que aprendi no quartel.

Sozinho, eu e as minhas decisões, viajar era ao mesmo tempo voltar são e salvo – muitos amigos pereceram neste meio tempo em desastres automobilísticos – em um intermitente ciclo necessário e insubstituível, que exigia nossos esforços por completo, desde a força mental quanto física, emocional quanto equilibrada, de modo a se manter os objetivos determinados quando se saiu de casa, um melhor sustento à família, e a possibilidade de se comprar um dia uma casa, e ter um carro mais ou menos atualizado.

Na verdade intenções simples, porém com riscos graves de instabilidades familiares e falecimento do pobre do viajante, quando não se defrontava com as tragédias conjugais, que se traduziam no encontro de um novo amor para ambos durante as ausências naturais pela profissão do chefe da família ou também conhecidas vulgarmente como traições, um dos preços caros que se pagava pela solidão!

E se o viajante não encontrasse nele mesmo as razões pelas quais decidira pela profissão, se tornava infeliz, e buscava freneticamente pelas noites nas cidades onde se hospedava a companhia de alguém que pudesse lhe trazer uma satisfação mesmo que fortuita, ocasional, mas tão necessária quanto o alimento ou um remédio em  horas demarcadas.

Conheci dois colegas que eram casados e tinham NOIVAS no interior, as vantagens de uma comunicação inexistente à época e meios de se encontrar o profissional no momento.

Após quase quatro décadas viajando pelo Brasil, Uruguai e Argentina, de carro, avião, navio, trem, ônibus, lancha, carroça, caminhão, camionete, Kombi, deixei a profissão em caráter definitivo.

As estradas não mais me atraíam, eu estava cansado, conhecia os automóveis muito bem, havia pernoitado em hotéis simples, luxuosos, alguns portentosos, havia travado conhecimentos com milhares de pessoas, as mais exóticas e estranhas, as mais comuns e normais, de acordo com a minha avaliação, claro, e eu queria ficar em casa com a minha mulher, e ter a companhia dos filhos que iniciavam pôr os pés fora do lar, sair do ninho, e eu queria estar presente nesta ocasião.

Sem o conforto de uma renda assegurada, terminei me aposentando no táxi, que é outra história, de certa forma relatada nas crônicas que o nosso amável e amigo Wilson tem publicado no seu extraordinário blog.

Como podem perceber, a vida tem sido um constante aprendizado, que deixa a cada ano as experiências que enriquecem a existência ou a desvalorizam, dependendo se a banca aprovou ou não os exames posteriores, como a manutenção da família, a coerência, a mesma disposição para novas tarefas como esta, de escrever, e a quantidade de amigos obtidos ao longo deste caminhar constante, difícil e paradoxalmente nostálgico, pelo tempo que nos cobrou de aprendizado, solidão, sofrimento, e que se foi embora para sempre!
  

9 comentários:

  1. 1) Ótimo texto. Gostei muito de viajar "literariamente" com o Bendl.

    2) Me fez lembrar que, outro dia, eu e o Moacir, conversávamos (via e-mail) sobre crônicas de viagem.

    3) Esse Brasilzão e seus mais de 5 mil municípios tem muitas crônicas nos esperando ... para ler e para escrever ...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Francisco Bendl05/08/2016, 14:06

      Rocha,

      Muito obrigado por estares lendo as minhas bobagens.
      Mas as recordações de um profissional desta área são muitas, principalmente o "trabalho" que se passava em se conseguir hotel, um restaurante ...

      Antes que eu esqueça:
      NÃO HAVIA CARTÃO DE CRÉDITO, e o pessoal não aceitava cheque, que levavam mais de QUINZE DIAS PARA COMPENSAR!!!

      A gente saía de casa para viajar com dinheiro no bolso para QUINZE, VINTE DIAS!!!

      BaH, Rocha, meu caro, mas eu sou um Jurássico!!!

      Abraço, forte.
      Saúde e Paz!

      Excluir
  2. "O dono do estabelecimento tinha um questionário pronto, que perguntava o seguinte:

    - Limpas os sapatos com a colcha?
    - Usas o lençol para dar-lhes brilho?
    - As toalhas de banho e rosto como esponjas de banho?
    - Fazes as necessidades fisiológicas na pia?!
    - O sobre-lençol é utilizado para não deixar vestígios de sexo solitário e libidinoso?!
    - Nada fazes desta lista?!
    - És uma pessoa educada e civilizada?!
    - Então não tens descontos, pois viajante não és!"

    Bend, você é um escritor!!!
    Eu me deliciei com a sua história.

    Saúde e Paz
    Ofelia

    ResponderExcluir
  3. Francisco Bendl05/08/2016, 14:03

    Ofélia,

    Tenho a honra de dizer que fiz parte daquele caixeiro-viajante romântico, que se deliciava nas janelas dos trens, indo de município em município oferecer o seu material.

    Nós éramos a fonte de informação dos comerciantes e médicos do interior, pois levávamos as novidades para o primeiro e os avanços para
    o segundo, diante da falta de comunicação.

    Por exemplo:
    Os jornais de Porto Alegre chegavam em certas localidades à noite!

    O rádio era este manancial que se tinha, mas havia pouca penetração, havia limite na Onda Média, e a FM tampouco existia!!!

    A verdade é que as senhoras escondiam as suas filhas quando sabiam que vendedores-viajantes estavam na cidade, pois o nosso conceito era de que NINGUÉM escapava do nosso papo, da lábia, além de sermos da capital, senhores do mundo!

    Ofélia, quando eu vendia e divulgava produtos veterinários, que eu visitava as fazendas pelo interior de distritos, inclusive, eu me deparava com pessoas que a minha imaginação não concebia que alguém sequer conhecesse a cidade do SEU MUNICÍPIO!!!

    Não conhecer Porto Alegre, tudo bem, era longe de certas localidades, mas de seiscentos, setecentos km, mas a sede do município era muito.

    No entanto, a maioria dos peões, que trabalhava nas fazendas imensas do RS, com mais de 15, 20 algumas com mais de 50 quadras de campo - uma quadra equivale a 88 ha(!) - tinham até 10.000 bovinos, cinco mil caprinos e 200, 300 cavalos!!!

    Também eram conhecidas como "cabanhas" porque se especializavam em criar gado de raça e sem mistura, como havia no gado de corte.

    E não havia no RS o Zebú ou o búfalo, só depois que eu deixei o setor, vinte anos após, uma que outra fazenda tentou criar o zebu, a raça Nelore, o branco, e tentou-se a cruza com a raça Charolês, um gado branco de porte, com touros pesando até 1.200/1.400 kg de peso!!!

    Não deu certo, claro.

    Então, Ofélia, tenho muitas lembranças daquela época, pois estive viajando por mais de 35 anos, razão pela qual conheço quase todo o Brasil, Uruguai e Argentina.

    Grato pelo comentário.

    Um abraço.
    Saúde e Paz!




    ResponderExcluir
  4. Dulce Regina Liporace05/08/2016, 14:28

    Caro Francisco ( me permita chamar-lhe de você ). Comentarista novata no blog, amiga do Moacir, devo dizer-lhe que viajei com você nessa narrativa, isso porque lembrei-me do inicio do meu casamento, quando meu marido também viajava à trabalho. Desde o noivado sua função roubava-o de mim quase metade do mês. Nos seis primeiros meses de casados ainda não tinha engravidado- já estava preocupada, pois era o que mais queria - , consultando o médico ele nos orientou à respeito e logo em seguida engravidamos. Temos três filhos homens, total maravilha. Assim como você o meu viajante tem histórias memoráveis de hotéis, economia das despesas, 'causos' referentes a rotina do trabalho, e o meu ciúme. Imagina! Recém casada e o meu bonitão longe ! Mas estou aqui para parabenizá-lo pelos seus textos, estou adorando caminhar com você no seu táxi, nas suas vivências. Seu relato simples e complexo, deixa a sensação de um homem culto, vivido, pai e marido amoroso, além de um ser humano preocupado com o ' outro '. Parabéns !

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Francisco Bendl06/08/2016, 10:23

      Prezada Dulce Liporace,

      Posso quase afirmar que por eu ter sido vendedor-viajante por mais de três décadas, que o meu casamento tenha chegado atualmente aos 46 anos de uma união estável, carinhosa e amorosa!

      Quero tentar comemorar as Bodas de Ouro, 50 anos, algo que ninguém da minha família conseguiu.

      Mas, conforme escrevi acima, quando eu voltava das viagens eu e a cônjuge não tínhamos tempo para brigas, aquelas rusgas naturais de um casal que se vê diariamente.

      A gente queria era ... isso mesmo!

      Evidente que reconheço o esforço da minha esposa para cuidar dos filhos, trabalhar, dar atenção à casa e sozinha, pois eu estava perambulando ora pelo RS ora Brasil afora.

      A minha mulher foi e tem sido extraordinária, razão pela qual mesmo sob tentações inerentes à idade, vinha à tona em minha mente os esforços que ela dispendia em prol da família, de mim, dos filhos, e arrefecia os ânimos de um homem jovem e longe de casa.

      Indiscutivelmente a fidelidade foi o alicerce, a base do casamento, apesar do tempo que ficávamos separados.

      Eu diria, Dulce, que tanto eu como ela havíamos encontrado as pessoas de nossas vidas, que viveríamos juntos até o fim, e que nada iria nos impedir de sustentar, educar e formar os filhos que tivéssemos, da mesma forma que o casamento seria indissolúvel até um de nós se despedir deste mundo.

      Um abraço ao marido, ao colega, que lhe desejo um merecido descanso agora em casa e em tua companhia. O outro abraço é teu, pelo comentário e palavras que me deixaram emocionado, que as agradeço imensamente.

      Saúde e Paz, Dulce, e também aos teus amados.




      Excluir
  5. Bendl, o texto da sua resposta é tão bom quanto o post. Quanta vivência.
    Eu me lembrei do Ney Latorraca naquela série em que ele, como caixeiro-viajante, tinha três mulheres, cada uma mais bonita que a outra. E era um sujeito querido e divertido.
    Acho que gostava das três.

    Gostaria de poder dizer 'Confesso que Vivi'. Mas é para poucos a expressão.
    Saúde e Paz, Bendl.
    Abraço
    Ofelia

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Francisco Bendl06/08/2016, 10:31

      Ofélia,

      Muito obrigado por esta comunicação que temos, que me deixa alegre, animado, e sempre disposto a escrever algo de minhas memórias para diverti-la, da mesma forma que se tornaram inesquecíveis justamente porque a maioria foi agradável, de um aprendizado que me deixou a experiência necessária para seguir em frente e resistir às armadilhas pelo caminho.

      Assim, relatando-as, quero que as pessoas compartilhem comigo esses momentos bons, e que e que saibam que todos nós tivemos e ainda temos as mesmas dificuldades diariamente, mas que não podem impedir que a amizade prepondere, as relações amistosas que fazemos questão em manter, e de ampliar esta gama de amigos e amigas espalhados pelo Brasil e sem conhecê-los pessoalmente, apenas pelo que escrevemos e registramos como pensamentos, ideias e conceitos sobre a vida.

      Outro abraço, Ofélia, forte e caloroso.
      Saúde e Paz!

      Excluir
  6. Bom dia! Que história linda! Me emocionei! Pois também sou vendedor viajante a 25 anos! E amo minha profissão! Vou repassar para outros amigos! Deus abençoe muito!

    Wilson também é meu nome!

    Obrigado por este texto!

    ResponderExcluir

Para comentar, por favor escolha a opção "Nome / URL" e entre com seu nome.
A URL pode ser deixada em branco.
Comentários anônimos não serão exibidos.