Jardim Zen (imagem Pat Mouhan) |
Antonio Rocha
Mestre Taisen
Deshimaru (1914-1982) foi um dos grandes monges Zen-Budistas no século 20.
Nasceu no Japão, mas cedo fixou residência na França, de onde tratou de
divulgar o Zen por toda a Europa.
Em seu livro “La
Voz Del Valle” (editora Paidos, Barcelona, 1985) ele conta, à página 232, que
certa feita conheceu pessoalmente o filósofo alemão Karl Jaspers (1883-1969).
Jaspers
andava estudando a vida e a obra do monge budista Dogen (1200-1253), fundador e
patriarca da linhagem Sotô Zen, considerado o Pai da Filosofia no Japão.
Segundo Deshimaru, o filósofo alemão estava “profundamente surpreendido e
impressionado”.
E, mais
adiante, Jaspers declara:
- Se eu pudesse voltar e começar a minha vida,
não escreveria livros. Eu, simplesmente, sentaria e guardaria o silêncio.
Na linguagem
Zen, sentar e guardar o silêncio equivale a fazer Zazen, isto é, meditar.
Muitos
filósofos e pensadores ocidentais admiram o Zen-Budismo e outras vertentes
budistas, é realmente um oceano de filosofias e, aos poucos, mediante a
paciência do Mano, editor deste blog maravilhoso, vamos mostrar para vocês
aqueles que se debruçaram sobre o tema.
Lembrei agora
das palavras do famoso cientista Albert Einstein, quando afirmou:
“A religião do futuro será cósmica e transcenderá
um Deus pessoal, evitando os dogmas e a Teologia. Abrangendo os terrenos
material e espiritual, essa religião será baseada num certo sentido religioso
procedente da experiência de todas as coisas, naturais e espirituais, como uma
unidade expressiva ou como a expressão da Unidade. O Budismo corresponde a essa
descrição”.
A citação
acima encontra-se na bela obra “Budismo – psicologia do autoconhecimento”,
editora Pensamento, s/d, imaginamos que nos primórdios dos
anos 1980. Os autores: Dr. Georges da Silva, médico que,
durante muitos anos foi diretor do INCA - Instituto Nacional do Câncer, RJ e dona Rita Homenko, sua esposa, cantora lírica do Teatro
Municipal do RJ.
Quanto à
declaração do filósofo alemão Jaspers, ele certamente ficou impressionado com a
muitas práticas de meditação, de interiorização deste caminho que, entre outras
diz:
- Quem sabe não fala. Quem fala não sabe.
A proposta
acima é justamente para evitarmos o pensamento discursivo conceitual, pois no
Silêncio Interior encontramos todas as respostas...
Contudo... é
muito bom conversar e o Buddha ficou 45 anos conversando com os amigos e é por
isso que hoje estamos aqui no blog “Conversas do Mano”.
Caro Antônio,
ResponderExcluirEu discordo veementemente do Hamlet para quem "o resto é silêncio". Sou devoto do VERBO e acredito que lá atrás, a EMPATIA já foi instinto. Senão com a nossa espécie teria evoluído e sobrevivido?
Nossa fiação empática varia. Algumas pessoas têm fantástica empatia natural, e podem captar como alguém está se sentindo só de olhar para ele. Outras têm apenas uma pequena quantidade de empatia natural, e não vão notar que estamos com raiva até que comecemos a berrar-lhes impropérios nas orelhas. A maioria das pessoas está em algum lugar no meio.
APRENDENDO.
Acredito portanto que o CONHECIMENTO aliado a essa capacidade de sacar os outros, oriunda do nervo emergente da nossa mente ainda tão pueril , será aquilo que , ao fim e ao cabo , quando o homem tiver atingido o ápice evolutivo de suas cognição e percepção nos levará de VOLTA para um altruísta e cooperativo "estado de graça" , a uma consciência empática instintiva de TUDO.
E então - quem sabe? - retornaremos à nossa espontaneidade natural, à tal fusão paradoxal,ao nirvana ,ao moksha ou ao Paraíso Perdido do grande Milton. Quem disse que um velho saudosista não pode sonhar com um novo Santo Graal para a rehab humana?
Abraço
Alguns paradoxos no Budismo me deixam de cabelos em pé!
ResponderExcluir"Quem fala não sabe ..."
Ora, quem sabe aprendeu de outro que ... falou, que ensinou, que orientou!
Se aprendeu, mas cala-se, não transmite, que raio de sabedoria é esta, Rocha?!
Um abraço, meu amigo.
Saúde e Paz!
1)Prezados Moacir e Bendl,com o silêncio o Zen quer dizer... tem hora de falar, tem hora de calar.Existem outras formas de comunicação além das palavra, por isso o Zen enfatiza muito as artes.
ResponderExcluir2) Muitos místicos cristãos dizem "Quando a alma cala, Deus fala" é para não vivermos tipo tagarelas ...
3) Quando Jesus foi questionado por Pilatos, o Cristo ficou calado. É esse silêncio Zen que interessa, que é criador, é vivencial.
4) Escrevem-se livros e mais livros sobre este silêncio.
5) É uma forma tb de não termos tanta ansiedade, responder logo, mas refletir bastante o que se vai falar ou escrever.
6) Uma sabedoria, um caminho, uma aula podem ser transmitidas de várias formas, até pelo silêncio.
7) Existem várias formas de silêncio...
8) Tudo de bom para vcs.
É como dizer, Antonio, 'quem sabe faz, quem não sabe ensina'.
ResponderExcluirNa verdade, quem sabe, sabe. Ou para fazer, falar ou para ensinar. O que muda, talvez, seja a profundidade no assunto, não é não?
O fazer exige o maior conhecimento. O ensinar, um conhecimento intermediário. E o falar, bem, falar é, de todas as experiências a mais superficial, a que exige menor conhecimento, menor profundidade.
Abç, Antonio
Ou como dizia o Kiko, do Chaves: 'Ora, cale-se, cale-se, cale-se'.
ResponderExcluirÉ isto?
Ofelia