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30/08/2016

Felicidade

imagem www.pursuitofhappiness.org


Francisco Bendl

Definitivamente o ser humano não pode conhecer o que vem a ser felicidade plena, tampouco sentir a devida sensação deste estado, que incluiria o físico e mental.

Drummond de Andrade dizia que, “ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade.”

Penso que sem qualquer impulso não se sabe o que é felicidade, pois alguém que vive o seu mundo é egoísta, desinteressado, e sem que as pessoas que lhe rodeiam não sintam o mesmo, discordo desta definição dada pelo gênio mencionado.

A menos que seja um completo alienado, desinteressado pelos outros e, mesmo assim, a tal felicidade estaria incompleta porque haveria a solidão, o isolamento, e como defini-la desta maneira, sem companhia?

Admito que, em certos momentos da vida, algumas pessoas possam ter tido uma emoção que as levasse perto da felicidade, pois a vida lhe sorriu e seus familiares estavam bem, momentaneamente, porém, com o tempo, esta alegria se dissipou e a existência voltou à normalidade, e seus inerentes obstáculos diários.

Agora, podemos classificar a intensidade desta felicidade, a ponto de podermos afirmar que todos nós, indistintamente, tenhamos tido uma pequena amostra desta sensação e emoção que se tornam únicas, incomparáveis, inigualáveis.

Por exemplo:
O indivíduo estar de posse de seus cinco sentidos, independente da sua situação pessoal, profissional, familiar, social, econômica... Ter a audição, olfato, paladar, visão e tato, é uma bênção, que devemos agradecer diariamente possuirmos esses dons.

Outro momento de felicidade, indiscutível, é o sexo com a mulher amada, pouco importando a condição do momento.

O nascimento dos filhos - são tido e havidos como superiores na felicidade que transmitem aos pais, que predomina sobre a forma como se encontram econômica ou socialmente.

Igualmente quando esses filhos são netos, e ocasionam nos avós uma felicidade que a maioria descreve como quase plena, eu sou um desses que atestam esta emoção e sensação.

Uma viagem dos sonhos que finalmente é realizada, certamente acarreta uma felicidade imensa.

Depois descamba para alegrias no que tange a compras de objetos muito estimados e desejados, tais como a casa própria, um carro, férias em hotéis de luxo ou agradáveis, aquisições de relógios, roupas, livros...

Porém são momentos que não duram a vida inteira, que se perdem pelo caminho ou desaparecem de nossas vidas no transcorrer do tempo, gerando sofrimentos infindáveis e quase insuportáveis, em consequência.

Assim, definir felicidade é impossível, ainda mais quando o intelecto atinge níveis de questionamentos que transcendem a matéria, os metafísicos, a busca de nossas origens, objetivos e destino.

Por outro lado, não acredito que a felicidade seja o poder que temos para dificultar a existência nossa e dos outros, de causarmos problemas graves, uma espécie de sentimento ao contrário de êxtase para sofrimento, de sadismo para o masoquismo. Acho que não, apesar de haver pessoas que se comprazem na dor alheia e de si próprias!

Também não pode ser a felicidade estarmos vivos, pois a morte é inevitável como consequência de se viver, então seria uma explicação muito simplória.

Como definir a felicidade?

Não sei, confesso. No entanto, acredito que a falta de elementos que tenho para defini-la esteja na razão direta que sou humano e emoções, sentimentos, sensações de grande prazer e constantes nos são proibidos porque somos limitados, estamos atrelados à sobrevivência, à comida, à bebida, ao vestuário, a remédios, ao envelhecimento, a tempo de vida, a companhias, de se fazer parte da sociedade...

Entretanto, não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho, diz o monge budista e vietnamita Thich Nhat Hanh.

Pode ser esta a definição mais realista, por subentender-se que, a capacidade de luta, de decisão, é um tipo de felicidade, como a opção feita para se levar a vida adiante é a felicidade almejada, a liberdade!

Particularmente, uma definição sobre felicidade que mais gosto e que mais se aproxima da vida que tive, é fornecida por Sócrates, quando o filósofo grego assim a define:

“Meu conselho é que se case. Se você arrumar uma boa esposa, será feliz; se arrumar uma esposa ruim, se tornará um filósofo.”

Na razão direta que me identifico como um feliz marido, pai e avô, e jamais filósofo, justamente pelas minhas perguntas rotineiras e que não encontro as respostas, o sábio da Grécia tinha plena razão, obrigando-me a concluir que encontrei a felicidade e que dura muitos anos, quarenta e seis, ao me casar com a mulher amada, e mantê-la comigo todo esse tempo!


4 comentários:

  1. 1)Parabéns Bendl, ótima reflexão !

    2)A meu ver, são várias as definições e vivências da felicidade e são sempre temporárias, impermanentes.

    3)De uns tempos para cá estou praticando muito a felicidade da Caridade, ajudando instituições idôneas e ando felicíssimo.

    4)Qdo vc falou no monge budista, me lembrei de um dos epítetos de Sidarta Gautama = Sugata = Buda Felicíssimo.

    5) Tem tb o Buda Gordo e Sorridente.

    6)Em tempo: lendo este blog e sua crônica, fico em Estado de Felicidade !


    4)

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  2. Quem é feliz não precisa inventar definições para a felicidade, Bendl. Apenas seja feliz. E muuuito. É o meu desejo pra você.
    Saúde e Paz
    Abraço
    Ofelia

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  3. Francisco Bendl30/08/2016, 16:19

    Meu caro amigo Rocha,

    Quando te conheci através da Tribuna da Internet, e aprofundamos esta amizade virtual através de correspondências particulares, tive também um momento de felicidade, pois eu aumentava o meu rol de amigos.

    Grato pelo comentário.
    Um forte abraço.
    Saúde e Paz!

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  4. Francisco Bendl30/08/2016, 16:20

    Minha querida Ofélia,

    O mesmo te desejo:
    Felicidade permanente, e intensa!

    Obrigado pela observação e conselho.

    Um abraço forte.
    Saúde e Paz!

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